Lugar ao Sul
  • Sobre nós
  • Autores
  • Convidados
  • Personalidade do Ano a Sul
    • Personalidade de 2017
  • Contactos
  • Sobre nós
  • Autores
  • Convidados
  • Personalidade do Ano a Sul
    • Personalidade de 2017
  • Contactos

Bem-vindo

E se Gúrria e a OCDE fossem...

7/2/2017

0 Comments

 
Por Luís Coelho.

Quem me conhece sabe que tenho dificuldade em ver o mundo por outras lentes que não as de um Economista. É uma limitação. Eu sei. Talvez por isso me abespinhe quando as instituições internacionais decidem falar sobre o nosso País. Ora, ontem tivemos Ángel Gurría, secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) em Lisboa a apresentar em pleno Ministério das Finanças um relatório desta instituição sobre o nosso país. Num tom que alternava entre o modestamente simpático e o grave Gúrria (cudos por se ter esforçado para falar em Português) dizia aos nossos governantes máximos algo que traduzido para linguagem comum soaria como “Rapaziada, o esforço até é simpático, os resultados notáveis mas é preciso mais. Muito mais.” E precisamente neste momento pensei “E se Gúrria e a OCDE fossem...”
Vamos a alguns factos. Tal como Gúrria relembrou durante a sua apresentação, Portugal prepara-se para anunciar formalmente um valor para o deficit público em percentagem do Produto Interno Bruto (PIB) em 2016 muito perto dos 2%. Este é um resultado verdadeiramente histórico, nomeadamente se olharmos para o que aconteceu no período pós-25 de Abril. É de relembrar que no início do ano TODAS as intuições internacionais, carregadas de sábios e bruxos com bolas de cristal infalíveis eram unânimes ao dizer que tal seria simplesmente impossível. Notem, também eu pensei que seria difícil alcançar este objectivo tendo em conta a situação de partida e o que o governo pretendia fazer. Não sendo este o resultado que nos interessa (de facto, precisamos de chegar a uma situação de superavit nas contas do estado) é algo que merece bem mais do que uma nota de rodapé numa intervenção de um alto responsável internacional que fala num país que passou (e está a passar) pelo que nós, Portugueses, bem sabemos. Depois há ainda a questão da performance do sector exportador da nossa economia. O secretário-geral da OCDE referiu (e bem) na sua apresentação que hoje em dia o peso das exportações no PIB ascende a 40%, valor que compara com 27% há apenas dois anos atrás. Podemos discutir se o cabaz que exportamos é o que mais nos interessa. Podemos também achar que 40% é pouco. Ainda assim, a dinamização do sector exportador do nosso País é também facto muito relevante e que poucos entendiam como possível há bem pouco tempo. Logo, é matéria que merece um verdadeiro destaque e não uma mera referência en passant no discurso de Gúrria.

Tomemos agora os remoques do costume. Durante a sua intervenção, o Angel Gurría “alertou” o nosso governo para três aspectos centrais: problemas com o sector financeiro (onde se inclui a questão do crédito mal-parado), a baixa qualificação da mão-de-obra e a disparidade de rendimentos. Dificilmente precisamos de um alto funcionário de uma instituição supra-nacional para saber que a população nacional tem problemas ao nível das suas competência e formação. Há anos que o País luta contra esta situação, com sucessos limitados (quanto a mim muito mais teria de ser feito, nomeadamente a introdução de uma verdadeira cultura de exigência nos mecanismos de formação que existem por troca com o facilitismo que, em função da pressão dos números, vai abundando). Por outro lado é totalmente líquido para a maioria dos meus concidadãos que existe uma disparidade inaceitável no que toca à distribuição de rendimentos no País. Infelizmente, a última crise veio agravar a situação sendo que não vejo no discurso de Gúrria ideias claras sobre o que fazer para resolver a questão (qualificação da mão-de-obra, sistemas de remuneração desenhados em função da produtividade – no sector privado e público, combate sem quartel à corrupção, justiça a funcionar em condições, entre outras). Quanto à situação da banca só lamento que a OCDE não tenha dado uma mãozinha ao País na altura de negociar o valor e condições do resgate com a Troika. De facto, teria sido importante ter tal parceiro connosco a exigir (sim, a palavra é mesmo esta) mais dinheiro para resolver um problema que era conhecido de todos mas que muitos acharam por bem colocar debaixo do tapete.
​
Mais haveria a dizer mas este post já vai longo. Termino pois com uma pérola do secretário-geral da OCDE. Nas palavras de Gúrria, devemos caminhar no sentido de ter uma  "globalização mais justa e inclusiva, em geral, e em particular em Portugal". Imagino que Gúrria não veja televisão ou que prefira fazer fast forward quando se fala de Trump e da sua visão para o mundo. Imagino, também, que prefira ignorar os efeitos que a “globalização” que temos vindo a ver tem tido sobre o ambiente (a China é uma catástrofe ecológica de escala inimaginável; e, infelizmente, está bem acompanhada por outros BRICS) e sobre o bem-estar de uma parte muito considerável da população das chamadas economias desenvolvidas. Logo, globalização sim desde que todos apliquem as mesmas regras E que ninguém coloque o interesse de um país em particular à frente das preocupações que todos temos de ter para com o planeta. A geração actual e, sobretudo, as vindouras agradecem.
0 Comments



Leave a Reply.

    Visite-nos no
    Imagem

    Categorias

    All
    Anabela Afonso
    Ana Gonçalves
    André Botelheiro
    Andreia Fidalgo
    Bruno Inácio
    Cristiano Cabrita
    Dália Paulo
    Dinis Faísca
    Filomena Sintra
    Gonçalo Duarte Gomes
    Hugo Barros
    Joana Cabrita Martins
    João Fernandes
    Luísa Salazar
    Luís Coelho
    Patrícia De Jesus Palma
    Paulo Patrocínio Reis
    Pedro Pimpatildeo
    Sara Fernandes
    Sara Luz
    Vanessa Nascimento

    Arquivo

    October 2021
    September 2021
    July 2021
    June 2021
    May 2021
    April 2021
    March 2021
    February 2021
    January 2021
    December 2020
    November 2020
    October 2020
    September 2020
    August 2020
    July 2020
    June 2020
    May 2020
    April 2020
    March 2020
    February 2020
    January 2020
    December 2019
    November 2019
    October 2019
    September 2019
    August 2019
    July 2019
    June 2019
    May 2019
    April 2019
    March 2019
    February 2019
    January 2019
    December 2018
    November 2018
    October 2018
    September 2018
    August 2018
    July 2018
    June 2018
    May 2018
    April 2018
    March 2018
    February 2018
    January 2018
    December 2017
    November 2017
    October 2017
    September 2017
    August 2017
    July 2017
    June 2017
    May 2017
    April 2017
    March 2017
    February 2017
    January 2017
    December 2016
    November 2016
    October 2016
    September 2016

    RSS Feed

    Parceiro
    Imagem
    Proudly powered by 
    Epopeia Brands™ |​ 
    Make It Happen
Powered by Create your own unique website with customizable templates.