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De quarentena na “Ilha dos Cães”: o Algarve e a peste bubónica em 1522

30/3/2020

21 Comments

 
Por Andreia Fidalgo

Todos os anos, lá pelos inícios de Dezembro, a Porto Editora costuma lançar a lista das dez palavras que mais marcaram o ano que está prestes a findar, para votação e subsequente eleição da Palavra do Ano. Em 2019, a lista era composta por palavras como “desinformação”, “sustentabilidade”, “violência doméstica”, “influenciador”, entre outras. A votação elegeu a “violência doméstica” como palavra do ano, uma preocupante realidade que também não devemos descurar nos dias que correm, tal como a APAV já veio relembrar na recente campanha “Quem está isolado também pode ser vítima”.

Ainda estamos longe do final de 2020, mas talvez não seja assim tão despropositado assumir que entre as palavras da futura lista em votação poderão constar “pandemia”, “isolamento social”, “quarentena”… E é precisamente a propósito desta última que decidi trazer aqui, a este Lugar ao Sul, mais um apontamento histórico.

A quarentena é, na verdade, uma das medidas mais antigas e eficazes para se evitar a propagação e o contágio de doenças altamente infecciosas. A origem da palavra remonta ao século XIV, altura em que a Europa foi também assolada por umas das mais mortíferas pandemias da História: a peste negra – também conhecida por peste bubónica –, responsável pela morte de cerca de um terço da população europeia e por uma grave crise económica e demográfica.

Nessa época, a Península Itálica era o centro do movimento comercial europeu, pela sua privilegiada posição no Mediterrâneo; porém, precisamente por isso, era também um território muito exposto ao contágio da peste que chegava por via marítima aos seus portos. Foi por esse motivo que em Veneza, o maior porto comercial à época, se começou a decretar um período de isolamento para os navios que aí ancoravam: todos os passageiros, animais e mercadorias deveriam ficar isolados dentro do navio por um período de 40 dias antes de poderem desembarcar. Mais tarde, em 1403, seria também em Veneza, numa das ilhas da sua lagoa, que viria a ser criado o primeiro local de isolamento dedicado exclusivamente à quarentena marítima.

Foram os quarenta dias – ou, melhor dizendo, os quaranta giorni, em italiano – que estiveram na origem do termo quarentena.  Porquê um período de quarenta dias? A resposta não é consensual, mas pode estar relacionada com o simbolismo e presença desse número em várias passagens bíblicas do Antigo e Novo Testamentos: foi durante 40 dias e 40 noites que Moisés permaneceu no Monte Sinai para receber a Lei; foi durante 40 dias e 40 noites que Jesus se retirou para o deserto, privando-se de comer, antes de iniciar a vida pública; durou 40 dias o período em que Jesus ressuscitado instruiu os seus discípulos antes de subir ao Céu; dura 40 dias a Quaresma, período de penitência, oração e abstinência que antecede a Páscoa, iniciado na Quarta-feira de Cinzas.

A quarentena enquanto método de isolamento generalizou-se posteriormente a outros territórios além da Península Itálica, e foi recorrentemente utilizado em várias épocas de surtos epidémicos. Ainda que o período de isolamento estipulado nem sempre fosse o de quarenta dias, o termo quarentena subsistiu e continua ainda hoje a ser empregue para designar qualquer período de isolamento preventivo, independentemente do número de dias.

À semelhança do que assistimos actualmente com o Covid-19, a necessidade da quarentena justificava-se sobretudo devido à mobilidade das pessoas: aplicava-se, obviamente, para prevenir que uma determinada comunidade ou grupo fossem contaminados por indivíduos que tivessem vindo de territórios assolados por uma epidemia, ou que pudessem já ser eles próprios os portadores da doença. Neste contexto, Portugal, na sua vocação marítima e expansionista desenvolvida do século XV em diante, foi sempre um território muito exposto aos surtos epidémicos, e não raras vezes recorreu à quarentena para prevenir os contágios.
Foi precisamente o que aconteceu no Algarve, no século XVI.

No contexto da política régia de expansão além-mar, o Reino do Algarve, outrora muito isolado do restante Reino de Portugal em virtude dos seus condicionalismos geográficos, adquire uma posição central e estratégica devido aos seus excelentes acessos portuários, tornando-se subitamente o palco privilegiado para a partida das expedições marítimas. A sua situação periférica inverte-se, com localidades como Lagos e Tavira a adquirirem uma importância decisiva na política expansionista.

Numa primeira fase, foi a urbe de Lagos que ganhou primazia. Em 1415 foi conquistada a cidade norte-africana de Ceuta e a partir de então, o porto de Lagos, estrategicamente localizado no prolongamento do Cabo de São Vicente e com uma ampla baía com condições ideais para a navegação, tornou-se o principal centro de operações. Foi aí que o Infante D. Henrique assentou residência poucos anos depois da tomada de Ceuta, depois de ter sido encarregue por D. João I da sua defesa e provimento. Sob a liderança do Infante, partiriam de Lagos as navegações exploratórias em direcção ao Atlântico, tais como a expedição de Gil Eanes, em 1434, que foi além do limite marítimo conhecido, ao ultrapassar o Cabo Bojador. Progressivamente estabeleceram-se novas rotas do Atlântico e a empresa marítima tornou-se cada vez mais atractiva, sobretudo pelas lucrativas actividades mercantis.

Lagos prosperava. Mas a morte do Infante D. Henrique, em 1460, viria a ditar um ponto de viragem: o centro coordenador das navegações foi-se transferindo gradualmente para Lisboa, e Lagos, ainda que permanecesse o principal centro de comércio ultramarino na região, foi perdendo a sua posição de destaque no Algarve. Não obstante, o Reino do Algarve continuou a prosperar e a crescer, sendo que a partir de 1471, com a conquista das praças norte-africanas de Tânger e Arzila, a simbólica designação de Reino do Algarve transformou-se em Reino dos Algarves, abrangendo simultaneamente a região d’aquém mar e as regiões d’além mar.

Doravante, a vocação do Algarve já não seria tanto a de servir de palco às navegações no Atlântico. Com o crescente número de praças portuguesas no norte de África – às já referidas Ceuta, Arzila e Tânger somam-se Alcácer Ceguer, Safim, Azamor e Santa Cruz de Cabo de Guê, e, ainda, a construção de raiz da praça de Mazagão já durante o reinado de D. Manuel I – o centro das operações marítimas muda-se para Tavira nos finais de Quatrocentos e sobretudo na primeira metade de Quinhentos. Esta vila localizada na metade oriental do Algarve, com bons acessos marítimos e um porto em crescente evolução, passou a ser o local de eleição para o contacto e acesso às praças norte-africanas e ao Mediterrâneo.

A posição privilegiada de Tavira não só permitia o contacto frequente com o norte de África, como a própria povoação desempenhou funções importantes na defesa militar das praças africanas, cedendo o seu porto para ser utilizado pelas armadas da Coroa, mas também enviando as suas gentes para a sua guarnição militar e defesa. Em 1508, por exemplo, os tavirenses desempenharam um papel importante no combate ao cerco de Arzila. Por isso mesmo, no ano seguinte, D. Manuel manda fundar em Tavira o Mosteiro de Nossa Senhora da Piedade, mais conhecido por Mosteiro das Bernardas, em acção de graças pelo levantamento desse mesmo cerco, para o qual o contributo dos tavirenses havia sido determinante. Em 1516, foram novamente os moradores de Tavira que impediram a perda de Arzila.

Mas os perigos no Algarve d’além mar não eram somente de cariz bélico. Em 1522, Arzila é assolada por um nefasto período de fome e de peste bubónica, que levou a que as mulheres e filhos das famílias que guarneciam essa praça quisessem regressar a Portugal. Foi-lhes dado salvo-conduto para que o pudessem fazer, mas era necessário acautelar que a peste do Algarve d’além mar não viria assolar também o Algarve d’aquém mar. A estratégia passou, então, pela quarentena para todos os que regressassem daquela praça marroquina para terras lusas.

É através de Bernardo Rodrigues, autor dos Anais de Arzila – crónica inédita do século XVI – que ficamos a conhecer melhor de que forma se processou a quarentena. Diz-nos este que aquando da peste, as mulheres e filhos dos moradores portugueses de Arzila regressaram a Portugal entre os meses de Fevereiro e Março de 1522. Foram mais de quinhentas pessoas que então embarcaram em Arzila com destino ao Algarve, tendo ficado obrigadas a cumprir dois meses de quarentena na ilha dos Cães, perto de Tavira, com a excepção da senhora condessa, esposa do Capitão de Arzila, que se refugiou e cumpriu quarentena em Renilha.

Ilha dos Cães? Renilha? Estes topónimos requerem, claro, uma explicação adicional. Comecemos pelo último. Renilha é, na realidade, Santo António de Arenilha, povoação localizada no extremo-oriental algarvio, na foz do Guadiana, nas proximidades da qual se iria edificar, na década de 70 do século XVIII, por ordem do Marquês de Pombal, Vila Real de Santo António. Quanto à ilha dos Cães, o próprio Bernardo Rodrigues refere tratar-se de uma ilha nas imediações de Tavira. Podemos assumir, assim sendo, que se trata de uma das ilhas-barreira da Ria Formosa, sendo que a carta corográfica de João Baptista da Silva Lopes, de 1842, localiza o topónimo de ilha dos Cães na actual ilha da Culatra.
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Pormenor da carta corográfica do Reino do Algarve, de João Baptista da Silva Lopes, 1842
Apesar dos eventuais perigos oriundos dos ataques piratas à costa algarvia, as ilhas-barreira da Ria Formosa constituíam, de facto, pelo seu isolamento, o local ideal para um período de quarentena. No entanto, sem quaisquer construções de alvenaria, estas ilhas não seriam, certamente, providas de grandes infraestruturas para albergar o mais condignamente as famílias oriundas de Arzila. Será lícito supor que as mesmas teriam ficado instaladas em estruturas provisórias, possivelmente cabanas de colmo em tudo semelhantes às dos pescadores que proliferavam um pouco por todo o litoral algarvio, nas comunidades piscatórias sazonais.
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Cabana de colmo da Praia de Monte Gordo, representativa do tipo de construções efémeras de várias zonas costeiras algarvias
A medida preventiva de 1522 evitou, de facto, um surto de peste bubónica na região algarvia nesse ano. O Algarve, porém, não se livraria de ter de lidar com surtos de peste noutras épocas: foi o que aconteceu em 1601-1602, anos de peste em Lagoa, Faro, Portimão e Alvor, agravados pela fome e más colheitas; foi o que aconteceu em 1645-1646 com uma peste importada no Norte de África, que atingiu particularmente Tavira, que terá perdido entre 10 a 24% da sua população; foi o que aconteceu, também, em 1649-1650, quando a peste bubónica, nessa altura uma verdadeira epidemia mediterrânica, atingiu Silves, Lagos, Loulé e Faro, sendo que nesta última localidade terá vitimado entre 19 a 31% dos habitantes.

A História da região algarvia relembra-nos, pois, da sua vocação marítima e da sua posição estratégica no complexo luso-hispano-marroquino do golfo de Gibraltar e na ligação ao Mediterrâneo; por isso mesmo, tratava-se de uma região muito exposta aos surtos epidémicos, quer fosse pela actividade piscatória que se estendia até aos mares de Larache, quer fosse pelas rotas marítimas de circulação de pessoas e bens, que abrangiam todo o Mediterrâneo e se alargavam até ao Norte da Europa e, inclusivamente, à América do Norte. Por aqui circulavam pessoas oriundas de várias partes do globo. E onde circulam pessoas, podem circular, também, doenças, em períodos de surtos epidémicos.

Actualmente, tal como no passado, a região continua a ser potencialmente muito exposta às epidemias, ainda que por motivos diferentes. O Algarve é uma região apetecível pela sua vocação turística, o que no actual contexto já suscitou preocupação, por parte das autoridades e da população em geral, de que os que cá possuem segundas habitações decidam rumar à região para “vir curtir uma quarentena esperta, aquecida ao Sol do Algarve”. Não o façam! Neste momento de estado de emergência deve imperar o bom senso, o civismo e o respeito máximo pelas recomendações das autoridades.

Ademais, olhemos para a nossa História e retiremos daí as melhores aprendizagens que conseguirmos: ninguém nos está a pedir, tal como aconteceu aos nossos antepassados, que façamos quarentena numa ilha totalmente desprovida de condições sanitárias, onde as instalações resumir-se-iam certamente a umas poucas e frágeis palhotas. Temos – pelo menos, e felizmente, para a maioria de nós – o privilégio de poder cumprir o isolamento e a quarentena no conforto dos nossos lares, sentados nos nossos cómodos sofás, permanentemente ligados ao mundo através da internet.

Será que pedirem-nos, pelo bem comum, que fiquemos em casa, é pedir assim tanto?
21 Comments
Magda Fernandes
30/3/2020 13:33:21

Parabéns Andreia Fidalgo e Lugar ao Sul!
Uma leitura muito interessante e necessária no contexto atual.
Votos de boas escrituras, em casa!

Reply
Andreia Fidalgo
30/3/2020 16:43:06

Muito obrigada, Magda. Pela leitura, comentário e partilha. É para isso que cá estamos. Votos de boas leituras!

Reply
Antonio Goncalves
30/3/2020 14:14:24

Há quem advogue que a Ilha dos Cães se localizava frente à actual praia do Ancão na Freguesia de Almancil. Seria esta uma língua de areia extensão da actual Ilha de Faro que estava separada pela entrada na barra de Farrobeirões e terá desaparecido na totalidade em 1755.

Reply
Andreia Fidalgo
30/3/2020 16:47:26

Caro António, obrigada pela leitura e comentário. É verdade e eu tenho muitíssimas reservas relativamente à localização da ilha dos Cães. A cartografia antiga não é muito explícita nem rigorosa nas representações e na maioria das vezes não refere esse topónimo. Aliás, se fosse apenas pela descrição do texto dos Anais de Arzila, tudo indicaria que se tratava da Ilha de Tavira, já que essa crónica refere uma ilha nas proximidades de Tavira (e não nas proximidades de Faro). Só uma pesquisa de fontes documentais nos pode realmente ajudar a esclarecer melhor esse mistério.

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Sandra Martins
30/3/2020 16:11:43

Obrigada Andreia. Que leitura tão interessante!

Reply
Andreia Fidalgo
30/3/2020 16:49:55

Sandra, eu é que agradeço muito a leitura. Beijinhos.

Reply
Domingos Rodrigues
30/3/2020 19:04:32

Leitura bem informativa. Historia do nosoo Algarve.

Reply
Andreia Fidalgo
31/3/2020 10:42:53

Muito obrigada! É um prazer partilhar um pouco daquilo que sei sobre a nossa história. Espero que regresse sempre ao Lugar ao Sul. Até breve!

Reply
Elizabete Belchior
30/3/2020 19:13:31

Muito obrigada ! Gostei de informação

Reply
Andreia Fidalgo
31/3/2020 10:40:56

Muito obrigada pela leitura e comentário. Espero que regresse sempre ao Lugar ao Sul! Até breve!

Reply
Rui Palma
30/3/2020 19:22:18

Exelente leitura. Obrigado.

Reply
Andreia Fidalgo
31/3/2020 10:39:33

Agradeço muito a leitura atenta e espero que regresse sempre a este nosso Lugar ao Sul. Obrigada!

Reply
Eduardo Reis José link
30/3/2020 23:43:32

Excelente abordagem a um tema actual numa narrativa histórica sobre o nosso Algarve.
Espero por mais iniciativas do género. O meu agradecimento.

Reply
Andreia Fidalgo
31/3/2020 10:37:58

Muito obrigada pela leitura atenta e comentário. Hei-de regressar a este Lugar ao Sul com mais temas sobre a nossa história regional. Até breve!

Reply
Rui Frias
31/3/2020 00:43:13

Parabéns a Andreia Fidalgo e a Lugar ao Sul. Uma leitura interessantíssima, que nos prende à historia do Algarve, desafiando a curiosidade de novos estudos sobre as suas cidades.

Reply
Andreia Fidalgo
31/3/2020 10:36:06

Muito obrigada. Felizmente temos já muito boa gente a investigar a História do Algarve e a divulgar novos estudos. É uma História que se está a aprofundar cada vez mais. Votos de boas leituras e regresse sempre ao Lugar ao Sul.

Reply
João Lelo
31/3/2020 05:29:16

Excelente. Não é preciso muitas mais palavras. Obrigado pela tua partilha de conhecimentos e paixão.

Reply
Andreia Fidalgo
31/3/2020 10:33:23

Obrigada, João, pela leitura atenta e pelas tuas palavras. Hei-de regressar com mais temas sobre a nossa história.

Reply
Leonardo Amado
31/3/2020 17:09:45

Muito interessante mesmo! Pudemos aprender muito com o passado para não se voltar a repetir no futuro e espero que assim seja para o bem de todos! Boa quarentena para todos.

Reply
Andreia Fidalgo
1/4/2020 10:38:25

Muito obrigada, Leonardo. Regresse sempre ao Lugar ao Sul. Votos de boas leituras e de muita saúde.

Reply
João Tomás Rodrigues
4/11/2021 10:57:19

Excelente artigo, Andreia. Na linha de tudo o que costumas fazer e publicar, é um artigo com um extraordinário suporte bibliográfico e que integra preciosos elementos de conhecimento da nossa região. Gostaria apenas que me referenciasses em resposta privada ao meu email, a fotografia da casa de colmo em Monte Gordo, informando-me em que anos foi feita. Esta foto estará no acervo do Calé? É que se houverem mais séria importante para desenvolver um trabalho com os meus miúdos do 7ºano, da EBI de Monte Gordo e para lhes dar exemplo da transição de um elemento do Neolítico, para a quase atualidade. Beijinhos e continuação do teu ótimo trabalho.

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