Créditos Fotográficos: Tomás Monteiro Site de opinião Lugar ao Sul distingue pelo segundo ano consecutivo uma personalidade marcante do ano.
Uma personalidade ímpar que em 2018 cimentou a sua posição como um dos grandes músicos da nova geração da cena cultural nacional. Júlio Resende, pianista e compositor Algarvio, teve um ano de 2018 imparável e recebe agora a distinção de “Personalidade do Ano a Sul 2018” atribuída pelo segundo ano consecutivo pelo site de opinião “Lugar ao Sul”. Participou no Festival da Canção como compositor da música que Emmy Curl interpretou e teve a oportunidade de actuar, com Salvador Sobral, para uma audiência de milhões de pessoas em todo o mundo ao lado de um dos seus ídolos, Caetano Veloso, na final do Festival Eurovisão da canção em Lisboa. O palco tem chamado insistentemente por ele. Seja a solo, seja em dueto com Salvador Sobra, seja através do projecto comum de ambos, a banda Alexander Search, foram muitos os concertos que o apresentaram definitivamente ao país em 2018. Ainda em 2018 Júlio Resende volta a editar um novo álbum, "Cinderella Cyborg". O Jornal Público escreve que este “é um nome em que o pianista pretende reflectir não um choque, mas um encontro entre aquilo que há de mais inocente e poético – na vida e na música –, e o lado mais maquinal e frio associado à tecnologia.” Este seu novo álbum foi nomeado como melhor álbum português de 2018 pela plataforma Altamont e ficou ainda considerado entre os melhores discos pela equipa do Observador (jornal on-line). Os últimos anos tem sido intensos para Júlio Resende. Em 2007 grava o seu primeiro álbum – “Da Alma” - através de prestigiada editora de Jazz, Clean Feed, tornando-se o mais jovem músico português a editar um disco para esta editora, enquanto líder. Segue-se, em 2009, “Assim Falava Jazzatustra”, álbum que viria a ser considerado um dos melhores discos do ano pela crítica especializada. Em 2011 surge “You Taste Like a Song”, um disco em Trio, com a participação de grandes músicos tendi sido classificado com 5***** Estrelas pela Revista TimeOut. Em Outubro de 2013 lança Amália por Júlio Resende. O seu primeiro disco a solo, onde revisita algumas canções do repertório de Amália Rodrigues, iluminado pela memória e pela Voz da Diva, num dueto (im)possível no tema “Medo”. Este trabalho mereceu a melhor atenção por parte da crítica nacional e internacional. Da prestigiada Clássica francesa onde recebeu CHOC DISC***** à célebre Monocle, o consenso foi claro: este é um disco que marca e “está ao nível do que de melhor se faz pelo vasto Mundo”. Seguem-se “Fado & Further” e “Amália por Júlio Resende”. Pelo caminho ainda cria “Poesia Homónima” com o psiquiatra Júlio Machado Vaz onde apresentam poemas de Eugénio de Andrade e Gonçalo M. Tavares. De relevância assinalável é igualmente o cuidado que tem na escolha das vozes que acompanha ao piano, onde se destacam, a titulo de exemplo, para além de Salvador Sobral, Elisa Rodrigues e Sílvia Perez Cruz, com quem também já gravou. Mas Júlio Resende não se esgota na música. Assina uma coluna de opinião na Revista Visão onde aborda temas tão diversos. O também licenciado em Filosofia é pois alguém que reflete regularmente sobre si e sobre os outros. Quando questionado recentemente pela revista Blitz sobre a forma como a Filosofia o acompanha, afirmou que o “obriga a pensar em conceitos interessantes. E a trabalhá-los bem. E tento trazer essas reflexões para o mundo musical, ainda que a música seja outra coisa, que vem depois da reflexão. A reflexão faz-se para trás, a vida faz-se para a frente, como se costuma dizer em Filosofia. E a música também.” Júlio Resende é um profissional inspirador e os autores do site Lugar ao Sul entenderam distingui-lo, depois de em 2017 ter sido distinguido O Prof. Dr. João Guerreiro, ex-reitor da Universidade do Algarve, que foi o presidente da Comissão Técnica Independente responsável pelo apuramento das causas das tragédias dos incêndios de 2017. Em 2018, Júlio Resende conseguiu impor a sua marca num pais que ainda vive profundamente centralizado. Além disso entendemos que a sua forma de olhar o mundo vai ao encontro do que temos vindo a defender no Lugar ao Sul: necessitamos de mais e melhor opinião. Sobre essa ideia, Júlio Resende, tem uma frase lapidar: “As pessoas que digam coisas! Mas tentem pensá-las antes de dizer, já não seria mau.” A data e local da cerimónia pública de atribuição desta distinção será anunciada em breve.
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António Gedeão cantava que o sonho é uma constante da vida. O Lugar ao Sul, agora com dois anos, conseguiu algo que pouco acreditávamos ser possível: ter uma vida longa e robusta. É certo que já teve os seus momentos menos participados mas nunca deixou de ter actividade constante e regular. Em dois anos de vida foram produzidas mais de trezentos artigos de opinião sobre os mais variados temas e das mais variadas formas. Tal como outros famosos e espartanos 300, marcam uma resistência. Ao alheamento, ao marasmo opinativo, crítico, reflectivo em torno do Algarve, mostrando que esta região tem pensamento e voz. Valerá o que vale, mas para nós é muito. Não só pelo empenho e carinho emprestado a esta ideia, mas fundamentalmente porque acreditamos que conseguimos criar um fórum de opinião que tem ganho o seu espaço no espaço público regional, conciliando gente de diferentes áreas, formações e ideologias em torno de um princípio comum: o Algarve e o Sul de uma forma geral como espaço de pensamento e debate. E, de forma imodesta, acreditamos, porque o vemos, tem vindo a conseguir contagiar a região, que hoje, mais do que há 2 anos, se olha, pensa e discute com outro vigor. Poderá não ser ainda o desejável, mas todo o caminho se inicia com o primeiro passo. Isto importa porque a continuidade deste projecto, contra a espuma dos dias, se deve mais aos leitores que assiduamente fazem do Lugar ao Sul um site com um volume de visitas invulgar para uma plataforma deste género – fora dos grande centros urbanos e longe dos grandes centros de poder – do que aos autores que o realizam todos os dias. É pois devido um grande agradecimento a todos vós que, pelas mais variadas razões, nos vão acompanhando, que nos lêem, que nos elogiam e nos partilham, mas também aquelas que opinando criticam. São todos vós a fasquia que nos ajuda a elevar o debate. Obrigado. Outro factor que tem contribuído para o sucesso do Lugar ao Sul é a capacidade que tem tido para chamar a si novos protagonistas. Em 2017 uma segunda vaga de “habitantes” assentou arraial neste “Lugar” e duplicou a nossa densidade de opinar. Agora, já com dois anos e uma curta mas importante história, é tempo de dar as boas vindas a uma terceira vaga de novos elementos.
É também tempo de dizer até já a outros, que deixaram de escrever, pelo menos regularmente. Sem a sua disponibilidade e a sua entrega, este projecto que, recorde-se, nada mais é que um acto de cidadania activa sem qualquer propósito comercial, não seria possível. Por isso, ao Pedro Pimpão, à Dália Paulo, ao João Fernandes e à Joana Cabrita Martins, o nosso muito obrigado por terem acedido fazer esta viagem connosco. E, sempre que a queiram continuar, as portas deste vosso Lugar ao Sul estarão sempre abertas para vos receber. Aos novos elementos, damos as boas vindas e dizemos que contamos com eles para continuar a inquietar mentes, agitar águas e criar ideias e novos pensamentos. Entram em cena a Patrícia de Jesus Palma, a Anabela Afonso, a Luísa Salazar, o Paulo Patrocínio Reis, a Vanessa Nascimento, a Ana Gonçalves, o Dinis Faísca e a Sara Fernandes. Conheçam um pouco mais sobre todos, carregando aqui. O restante muito que há a descobrir, conhecerão através dos seus textos. Esta é a nova vida do Lugar ao Sul. O propósito é o de sempre: um sentido a Sul, contribuindo para o debate e crescimento deste território. Por Lugar ao Sul
O Lugar ao Sul completa hoje 2 anos de existência. São 2 anos a tentar contribuir para uma reflexão crítica em torno do Algarve, das suas dinâmicas, dos seus problemas, do seu tremendo potencial, de tudo o que permita a construção do seu futuro, em moldes de maior prosperidade, equilíbrio e, acima de tudo, felicidade para todos os que aqui vivem, trabalham e nos visitam. Este esforço nem sempre é fácil, e nem sempre o conseguimos. Mas não paramos. Nem desistimos. E porque não há 2 sem 3, iniciamos este novo ano preparando novidades que em breve serão partilhadas. Entretanto, boas leituras! Por Anabela Afonso Começou na passada quinta-feira, dia 1 de outubro, mais uma fantástica série na RTP2. Ocupados é uma série Norueguesa, produzida em 2014, que nos coloca perante um cenário em que, cumprindo as suas promessas eleitorais - assumidas no seguimento de um fenómeno meteorológico extremo que matou centenas de compatriotas - o primeiro-ministro norueguês decide interromper a produção petrolífera do país assumindo como prioridade o combate às alterações climáticas. Esta decisão leva a uma crise energética europeia e, em resultado, a uma invasão daquele país pelos russos, com o aval da União Europeia. Daqui desenrola-se uma trama política intensa, na qual se percebe a fragilidade da democracia e da soberania de um país que tem a ousadia de desafiar o sistema.
Coincidência ou não, esta série teve início na mesma semana em que, num curto espaço de quatro dias, Faro foi assolado por dois tornados que deixaram claros vestígios de destruição num território que não está muito habituado a lidar com fenómenos meteorológicos extremos, muito menos tão próximos temporalmente. Nos dias que se seguiram, e nos quais a chuva, e sobretudo o vento forte e a agitação marítima foram uma constante, foram vários os registos de derrocadas de arribas na costa algarvia, já para não falar nos estragos em casas e estabelecimentos comerciais. O fenómeno não é novo, mas a sua concentração em tempo e intensidade deixou-nos em alerta e confrontou-nos com a nossa fragilidade. É nos momentos trágicos que percebemos como é fácil o mundo, como o conhecemos, desmoronar de um dia para o outro como se de uma arriba se tratasse, depois do embate da tempestade, e como tudo pode mudar tão repentinamente. Seguem-se os gritos de angústia e os pedidos para que alguma coisa se faça para repor a realidade como a conhecemos. Isto quando já todos sabemos que nada será como antes e que o exercício necessário é o de começar a aprender a recuar, a desocupar, a reduzir, a abrandar, a começar de novo, talvez. Vivemos num mundo com recursos finitos mas continuamos a comportarmo-nos como se não houvesse limite ao progresso, entendido como a possibilidade de termos, sempre, cada vez mais e melhor. Progresso deveria ser preservar aquilo que verdadeiramente é imprescindível à vida e que é, precisamente, termos um planeta viável e saudável que permita aos nossos filhos uma vida plena. Talvez seja pedir muito e talvez sejam ainda necessárias mais tragédias para acordarmos. Até lá, vamo-nos entretendo com a ficção que sabemos nunca conseguir ultrapassar a realidade, enquanto aproveitamos a bonança esperando, serenamente, pela próxima tempestade. Por Lugar ao Sul Dando continuidade àquela que é já uma tradição, o Lugar ao Sul voltou a marcar presença no ciclo de conferências “O Algarve, Portugal e o Futuro”, organizado e dinamizado pela editora algarvia Sul, Sol e Sal, e pelo Rotary Club de Faro. Desta vez, a nossa Dália Paulo, tal como a nossa convidada Lídia Jorge, fez parte do painel que discutiu as perspectivas e desafios que se colocam à Cultura no Algarve, no sentido da sua plena afirmação como pilar fundamental da identidade da região e alicerce para a construção do seu futuro. E, claro está, com o apoio dos restantes a partir da bancada. No Dia Internacional da Mulher, a Dália promoveu uma excelente representação das mulheres deste nosso Lugar, que demonstram e afirmam (para os muito distraídos que ainda possam ter dúvidas), no seu dia-a-dia, nos seus diferentes papéis sociais, a mais-valia indispensável que é poder contar com a participação feminina no pleno usufruto dos seus direitos, livre de preconceitos e injustiças, em autêntica equidade. Também uma saudação muito especial à organização, pela iniciativa que em boa hora materializaram e que claramente vai conquistando o seu espaço como acontecimento de referência no panorama do debate do carácter, momento e devir algarvio. Até à próxima! O Lugar ao Sul interrompe-se pela dor e pela consternação.
Hoje o nosso sal é de lágrimas, no adeus a Carlos Silva e Sousa, o Presidente da Câmara Municipal de Albufeira. Servidor público, voz crítica numa região que sonhou e defendeu, com convicção política de regionalista. Neste Algarve, que lhe corria nas veias, plantou vinha, semeou valores e simplicidade. Parte, e deixa a colheita e os ensinamentos, em favor de um território e de uma família que sempre valorizou. À família, a equipa do Lugar ao Sul endereça sentidas condolências. Ao Carlos, um abraço, e até um dia. Presidente da comissão técnica independente que analisa os incêndios do ano passado, recebeu a distinção de “Personalidade do Ano a Sul – 2017” atribuída pela plataforma de reflexão “Lugar ao Sul” Um fundo de coesão regional para o Algarve, criada pelas autarquias e absorvendo parte das receitas do Imposto Municipal sobre as Transmissões de Imóveis. Foi esta uma das grandes ideias que o Professor Doutor João Guerreiro deixou a uma plateia de cerca de meia centenas de convidados que assistiram no passado dia 05 de Fevereiro a entrega da distinção “Personalidade do Ano a Sul – 2017” organizada pela primeira vez pela plataforma de reflexão “Lugar ao Sul”.
Numa intervenção pautada pela necessidade de afirmação regional do Algarve, a proposta de João Guerreiro visa a concretização de um conjunto de investimentos regionais de base supramunicipal, não dependentes de ciclos políticos autárquicos ou legislativos. A ideia, segundo explicou, seria criar um fundo que pudesse levar a efeito projetos de investimento que por um lado são estruturantes mas também outros que possam esbater as assimetrias existentes dentro da própria região. Seria um fundo que teria de beneficiar adicionalmente da participação de recursos nacionais e comunitários. Com diversos presidentes de câmara na plateia, com o Reitor da Universidade do Algarve, com diversos dirigentes regionais, com um conjunto de pessoas de referência em diversas áreas da vida da região e ainda com o presidente da AMAL, Jorge Botelho, ao seu lado, o ex-reitor da universidade do Algarve interpretou a distinção que lhe estava a ser atribuída como uma necessidade de debater mais a região mas ao mesmo tempo de criar pontes que permitam que possamos ser mais concretizadores. A plataforma de reflexão “Lugar ao Sul” que numa base regular produz textos de opinião no site www.lugaraosul.pt entendeu atribuir esta distinção ao Professor João Guerreiro não apenas através do trabalho realizado nos diversos cargos de responsabilidade que ocupou no passado, desde a presidência da então Comissão de Coordenação Regional do Algarve à Reitoria da Universidade do Algarve, mas também pelo seu pensamento e ação enquanto cidadão. De resto foi esta amplitude de pensamento que norteou a intervenção de Idálio Revés, jornalista do Público, que fez uma resenha da vida do Professor João Guerreiro. Em 2017, na sequência dos dramáticos fogos da zona de Pedrógão e também dos incêndios de Outubro, João Guerreiro foi a pessoa a quem foi atribuída a missão de coordenação da Comissão Técnica Independente responsável pelo apuramento das causas das tragédias e também pela elaboração de propostas para o futuro da organização institucional, territorial e operacional do País. Este inequívoco reconhecimento a nível nacional da capacidade e competência do Prof. João Guerreiro constitui uma nota de prestígio para o Algarve, e também mote para uma reflexão interna, pois é de uma das regiões mais carenciadas ao nível do ordenamento e competitividade territorial que é escolhida a pessoa a quem incumbe uma das mais profundas e graves tarefas nesse capítulo, quando as suas ideias nem sempre têm a merecida e devida atenção a Sul. A cerimónia contou com o apoio da Câmara Municipal de Tavira e na ocasião o seu presidente, Jorge Botelho, enalteceu a ideia desta distinção defendendo a ideia da necessidade de termos mais reflexão regional pois só assim conseguimos criar as condições para o crescimento e desenvolvimento do Algarve. Por João Fernandes
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365 dias. 52 semanas.
Mais de 300 publicações. Mais de 190.000 visitantes únicos. Mais de 330.000 visualizações de página. Ou, como preferimos dizer, um bom começo. O Lugar ao Sul completa hoje um ano de existência. Obrigado a todas as pessoas que fazem dele um ponto de encontro, reflexão e participação. André, João, Filomena, Cristiano, Bruno, Luís, Dália, Pedro, Sara, Hugo, Joana e Gonçalo Por João Fernandes
Por João Fernandes
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Quando se pensava que o combate à desigualdade era um denominador comum a qualquer pessoa esclarecida, comunidade informada ou país desenvolvido, eis que ressuscitam os mesmos de sempre a dar corpo ao indefensável. Na semana passada decorreu o maior encontro europeu de economistas. Este encontro ficou marcado pelo confronto entre Vítor Constâncio (Vice-Presidente do Banco Central Europeu) e Vítor Gaspar (Diretor do Fundo Monetário Internacional) sobre o efeito da desigualdade no crescimento económico. Sim, para Vitor Gaspar não há qualquer evidência de que a desigualdade prejudica o crescimento… Desenganem-se os que pensam que se trata de uma disputa isotérica, meramente académica, e sem consequências para as vidas dos comuns mortais! Para além dos “enormes” impactos das opções que grandes instituições adotam, em função das convicções dos seus líderes, a jusante, há que contar com as lições que os “bons alunos” nos aplicam no plano europeu, na governação nacional ou mesmo ao nível local. E o resultado final desta linha neoliberal fundamentalista já o conhecemos, não só é eticamente condenável, como prejudica a produtividade da economia! Para Portugal, este desígnio é ainda mais importante. De acordo com os últimos dados disponíveis do Eurostat (2015), de entre 34 países europeus, Portugal está entre os 10 em que a desigualdade de rendimentos é maior. Exatamente por termos uma economia desigual, hoje sabemos que as medidas de austeridade aplicadas pelo anterior governo tiveram impactos sociais agravados e efeitos recessivos mais fortes do que o esperado. Não é certamente promovendo a acumulação de riqueza em apenas alguns e empurrando todos os outros para o sobre-endividamento que se estimula um crescimento sustentável. Vale a pena enaltecer o mais recente trabalho de Joseph Stglitz (Prémio Nobel da Economia) - The Price of Inequality: How Today's Divided Society Endangers Our Future - 2012. Neste livro Stiglitz retrata a desigualdade de rendimento nos EUA, criticando a crescente disparidade de riqueza e os seus efeitos sobre a economia em geral. Um dos argumentos base de Stiglitz é o de que a desigualdade se auto perpetua. Chega mesmo a afirmar que a desigualdade é gerada pelos mais ricos, através do controlo da atividade legislativa e regulatória… “O mercado neoliberal fundamentalista foi sempre uma doutrina política a serviço de certos interesses. Nunca recebeu o apoio da teoria económica. Nem, agora fica claro, recebeu o endosso da experiência histórica. Aprender essa lição pode ser a nesga de sol nas nuvens que hoje pairam sobre a economia global.” —Joseph E. Stiglitz Felizmente, há também no FMI novos ventos… diria que mais arejados. Recentemente, três economistas do departamento de investigação desta instituição (Ostry, Berg e Tsangarides) publicaram um relatório em que mostram que menor desigualdade estimula um crescimento duradouro e sustentado (“Redistribution, Inequality and Growth”). Além das gravíssimas implicações éticas e de justiça social, de que modo são estas desigualdades prejudiciais à sociedade? Não será também a desigualdade causa do avanço dos populistas em economias avançadas e em povos ditos desenvolvidos? É imprescindível que esta temática adquira ainda maior relevância no debate político e, sobretudo, na ação. E nós? Não necessitamos de ser versados em “economês”. Podemos, por exemplo, exigir que as prioridades da ação dos autarcas do nosso Lugar ao Sul passem por políticas que visem um crescimento socialmente justificável. CRESCER pode efetivamente expressar diferentes propósitos: Desenvolver-se, tornar-se maior ou avançar para alguém com modos agressivos. Resta-nos pois optar pelo significado que realmente pretendemos para a palavra! Por João Fernandes
Para encontrarmos um período tão positivo para as contas portuguesas teríamos que recuar uma década, até ao último trimestre de 2007. E…pasme-se, o INE vem confirmar que o crescimento do segundo trimestre se alicerçou na procura interna (investimento e consumo)…Ele há diabos assim! No âmbito de uma iniciativa promovida pela Delegação Regional da Ordem dos Economistas do Algarve, o Ministro da Economia afirmou que Portugal vive um bom momento e que acredita que os resultados do primeiro semestre são um bom prenúncio para o futuro. Segundo o Ministro, pelo terceiro trimestre consecutivo, o Produto Interno Bruto (PIB) cresce mais do que a média da União Europeia! Convicções, aliás, secundadas pela estimativa rápida do Instituto Nacional de Estatísticas (INE), que informam que a economia portuguesa voltou a crescer no segundo trimestre 2,8%, em termos homólogos, e 0,2%, em cadeia. Ao nível do investimento externo, o ministro revelou ainda que, para além das inúmeras Intenções de investimento de PMEs, estão já em fase de concretização relevantes projetos de reforço do investimento de grandes empresas estrangeiras com participações em Portugal (VW, Bosch, PSA…), cujo impacto se fará sentir nos próximos trimestres. Numa perspetiva mais abrangente, o Prof. Caldeira Cabral relembra o expressivo aumento das nossas exportações nos últimos 12 anos, que nos permite hoje assegurar que a competitividade do tecido empresarial português ultrapassou com sucesso os primeiros impactos da globalização. Trata-se de um crescimento que também evoluiu de forma mais equilibrada, diversificando a sua base, com o contributo de vários setores como o agroalimentar, o automóvel ou o do metal, embora sempre com o Turismo à cabeça dos desempenhos mais favoráveis. Verifica-se igualmente uma clara melhoria no mercado de trabalho e no desemprego, em quase todos os índices. Comparando o período de abril a junho de 2017 com o mesmo trimestre em 2016 (evitando assim enviesamentos devidos à sazonalidade), podemos constatar que a população empregada cresceu 3,4% (+158 mil novos posto de tralho), o que permitiu diminuir a taxa de desemprego em 2 % (de 10,8% para 8,8%). Não menos importante é destacar que o desemprego de longa duração reduziu de 6,9% para 5,2%. Já no que se refere ao desemprego juvenil, não obstante a considerável descida de 26,9% para 22,7%, continuamos a registar valores a que é necessário dar prioridade. Do lado do emprego, para além do mencionado aumento, há a salutar o facto de cerca de 90% destes novos empregos estarem suportados em contratos sem termo! É bom relembrar que no Orçamento de Estado 2017 o Governo previa um crescimento do PIB para este ano de 1,8%, sendo que a maioria das organizações internacionais apontavam para desempenhos bem mais modestos, mostrando-se mesmo muito relutantes em aceitar as propostas do atual executivo português. No mesmo sentido, os dados do desemprego foram, felizmente, muito mais baixos do que os Intenção de investimento “ameaçados” pelo Fundo Monetário Internacional, Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Económico, União Europeia…que apontavam para valores superiores a 10%! Estes resultados demonstram que a estratégia e as políticas públicas do nosso governo são adequadas, ao contrário do que a grande maioria das organizações internacionais jurava a pés juntos! Valeu a pena restabelecer rendimentos aos portugueses, acelerar fundos comunitários para financiar o investimento, agilizar a capitalização das empresas, baixar o IVA da restauração, sanar os imbróglios da banca… Uma nota final para destacar o desígnio apresentado pelo Prof. Francisco Serra, Presidente da CCDR Algarve, e que a todos deverá mobilizar. Em 2020, a nossa região deverá cumprir a meta contratualizada com a União Europeia, por forma a contribuir para o PIB nacional na ordem dos 4,9%, sendo que estamos no bom caminho (em 2016 – estima o Pres. CCDR, deveremos ter atingido os 4,6%). Um bem-haja à Delegação do Algarve da Ordem dos Economistas, cujo presidente é o nosso ilustre companheiro de pena deste Lugar ao Sul, Pedro Pimpão, pela iniciativa de discutir a economia nacional na região que maior contributo dá para o motor dessa mesma economia – O Turismo. Por João Fernandes
É hoje cada vez mais comum ouvirmos dizer que o sentido da palavra democracia ("governo do povo") tem sido esvaziado ao longo dos tempos. Que este regime político, eleito pelos povos de todos os países mais desenvolvidos, foi reduzido à mera escolha de representantes. Que não existe uma participação ativa e efetiva da sociedade civil na administração dos seus interesses. Mas será que nós, os cidadãos, estamos genuinamente disponíveis para participar? O que fizemos quando a oportunidade/dever nos bateu à porta? Em Portugal, realizaram-se até hoje três referendos nacionais, dois sobre Interrupção Voluntária da Gravidez (1998 e 2007), e um sobre a Regionalização (1998), mas nenhum deles contou com mais de 50% dos eleitores… A taxa de abstenção nas eleições para a Assembleia da República passou de 8,5%, em 1975, para 44,1%, em 2015! Nas últimas eleições autárquicas (2013) a abstenção chegou mesmo a 47,4% e na eleição do atual Presidente da República 51,3% dos eleitores “optaram” por não votar (dados PRODATA). Como podemos retratar a nossa participação? A democracia também é o que dela fazemos! Bem, mas será que estamos todos amorfos ao que se passa à nossa volta? Não é bem assim, um exemplo em voga de democracia participativa são os orçamentos participativos, que tem o propósito de submeter o aplicação de parte dos recursos públicos à consulta pública. Em Portugal, os Orçamentos Participativos estão cada vez mais consistentes e enraizados na cultura democrática local. Temos assistido a um crescimento exponencial do recurso a estes mecanismos, com particular expressão nas autarquias (camaras municipais e juntas de freguesia) e em iniciativas direcionadas para a juventude. Ao nível nacional, concretizou-se pela primeira vez este ano o Orçamento Participativo Portugal, que, de acordo com o Primeiro-ministro António Costa, “será para repetir em 2018 e com mais dinheiro.” Segundo a entidade responsável pelo Observatório Nacional dos Processos de Democracia Participativa em Portugal, a Associação In Loco (com sede no Algarve), “Portugal é o único país com um Orçamento Participativo (OP) a nível nacional e um dos países com maior número de OP, considerando que não existe enquadramento legal que torne obrigatória a realização dos mesmos por parte dos municípios, uma vez que resultam da vontade política em envolver os cidadãos nas decisões de investimento sobre os seus territórios.” O primeiro orçamento participativo desenvolvido em Portugal teve lugar em Palmela e São Brás de Alportel foi o município algarvio pioneiro no desenvolvimento desta abordagem. São Brás de Alportel detém aliás o OP com mais continuidade. Desde 2006, 12 municípios desenvolveram OP no Algarve, sendo que São Brás de Alportel e Tavira criaram ainda OP dedicados especificamente à juventude. É certo que os OP não apresentam todos a mesma ambição, temos casos em que o processo é apenas consultivo e outros em que a população pode propor e votar projetos. E será que para 2018 esta onda vai crescer? Realizar um OP depende sempre da decisão dos executivos municipais e não é possível fazer esta previsão. Sabe-se, contudo, que este será um ano atípico em termos de continuidade dos OP, devido às eleições autárquicas. Ao longo do ciclo dos OP em Portugal, os anos de eleições têm representado quebras na continuidade de alguns processos, devido às mudanças de executivo, e prevê-se que este período não seja diferente. Fica aqui o repto para que haja vontade política de envolver os cidadãos nas decisões que lhes dizem respeito e que a adesão dos cidadãos a estas boas práticas transmita também o devido reforço a quem as executa! Por João Fernandes
Não sendo propenso a misticismos ou a prognósticos incautos, arriscar-me-ia a dizer que os próximos três anos serão muito positivos para o turismo em Portugal e, em particular, para o Algarve. É certo que num setor exposto à concorrência global e num contexto em que a mudança e a instabilidade são as constantes mais credíveis, ninguém no seu perfeito juízo pode afirmar que estará livre de um qualquer imprevisto que altere rapidamente as previsões mais consolidadas…Como diria o João Pinto “Prognósticos só no fim do jogo”. Ainda assim, o histórico recente da evolução da procura, o feeling de quem está no terreno e as perspectivas traçadas pelos mais conceituados organismos internacionais, levam-me a, com alguma segurança, afirmar que não estamos a viver um momento meramente conjuntural. O turismo deverá continuar nos próximos anos a ser o principal motor das exportações portuguesas e do crescimento do país. As previsões são da entidade de referência do sector turístico ao nível internacional, o Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC), que em parceria com a Oxford Economics estimou o impacto económico e a relevância social que o turismo vai protagonizar em cada país no espaço de uma década. Para Portugal, as avaliações do WTTC não deixam dúvidas quanto à hegemonia do turismo. Entre 2016 e 2027, o contributo total do turismo para a economia portuguesa deverá subir, de 16,6% para 18,5%, no que toca ao PIB, e deverá subir ainda mais, de 19,6% para 22,6%, no que toca ao emprego do país. Vejamos então alguns dados que retratam a evolução do comportamento recente dos destinos turísticos concorrentes nos contextos europeu, mediterrânico e da Península Ibérica. Europa Já este ano, de acordo com o primeiro relatório trimestral da European Travel Commission (ETC), quatro em cada cinco destinos europeus registaram crescimentos de dois dígitos nos primeiros meses de 2017. A Islândia continua a liderar o crescimento (+54% chegadas, relativamente ao período homólogo de 2016), beneficiando de um aumento contínuo da capacidade aérea nas rotas transatlânticas. Portugal (+25% chegadas) e Malta (+23% chegadas) revelam importantes conquistas na atenuação da sazonalidade, sendo acompanhados neste primeiro trimestre pela Finlândia, Estónia, Eslovénia e Bulgária, que assinalaram igualmente fortes crescimentos. As companhias aéreas confirmam também a forte tendência de crescimento, em parte devido à redução dos custos de combustíveis. Quanto à ocupação hoteleira, assistimos a um incremento sustentado na maioria dos países europeus, mas os hoteleiros afirmam continuar cautelosos relativamente à subida acentuada de preços. No seu mais recente barómetro de viagens intercontinentais para a Europa, a ETC aponta ainda para que alguns mercados emissores de longo curso, como a China, os EUA, a Índia e o Japão, terão forte influência no crescimento das chegadas na Europa. Em contraste, o Brasil é apresentado como um mercado emissor envolto em grandes incertezas. Em Portugal, os mais recentes dados do INE disponíveis, referentes a Maio, assinalam um expressivo crescimento dos hóspedes oriundos dos E.U.A. (+51,5%) e do Brasil (+121,7%). Mediterrâneo Segundo dados da Organização Mundial de Turismo (OMT 2016), relativos aos 13 principais destinos turísticos da bacia do Mediterrâneo, Portugal foi o terceiro país com maior crescimento da procura internacional (+12,8%). Depois de Chipre (+19,8%) e da Bulgária (+13,8%), Portugal cresce claramente acima da média do Mediterrâneo e do seu principal concorrente - Espanha (+10,3%). Em termos do indicador receitas turísticas, Portugal registou igualmente um crescimento muito positivo (+10,7%), só superado pela Bulgária (+15,7%) e Chipre (+11,9%). Neste mesmo contexto geográfico, se considerarmos a diferença entre o ponto de partida da procura internacional em 2013 e os resultados de 2016, há a destacar que destinos como a França, Turquia, Egipto e Tunísia perderam cerca de 17 milhões de chegadas internacionais. No que respeita à Turquia, um importante destino concorrente do Algarve, os primeiros meses deste ano seguem a tendência negativa que começou em 2015 (chegadas caíram 8,1%, em relação ao mesmo período de 2016). Em contraponto, os restantes nove países receberam no ano passado mais 35 milhões de chegadas de estrangeiros do que em 2013. Ou seja, nestes 4 anos, apesar dos ataques terroristas e da instabilidade política, a procura turística internacional pelo Mediterrâneo continuou a evoluir positivamente, atraindo aproximadamente 18 milhões de chegadas a mais que em 2013, quando a conjuntura era bastante distinta. Fica também claro que, sobretudo no último ano, as taxas de crescimento do turismo em Portugal não se devem apenas a desvios de fluxos. Há que reconhecer que, mesmo atentando a essa realidade, o nosso país conseguiu apresentar taxas de crescimento superiores à de concorrentes como a Grécia, a Itália, a Croácia ou mesmo Espanha, quer em termos de procura, quer no que respeita à receita. Portugal vs Espanha Comparando os principais indicadores do primeiro quadrimestre da atividade turística em Portugal e em Espanha, Portugal apresenta inclusive taxas de crescimento superiores às dos nossos vizinhos (11,2% e 4,7%, respetivamente - dados INE - dormidas em estabelecimentos hoteleiros). Ao nível das regiões, o Algarve destaca-se na comparação com as suas “concorrentes” espanholas. Neste mesmo período, enquanto o Algarve regista aumentos de 11,7% nas dormidas de estrangeiros, a Andaluzia (+7%), Canárias (+3,4%) e Baleares (+0,5%) ficam ainda assim muito abaixo destas taxas. Sabemos bem que estes resultados refletem um conjunto vasto de fatores, que vão desde a melhoria das condições económicas nos principais mercados emissores até à capacidade e condições da oferta em cada país recetor de turistas, passando pelas inúmeras condicionantes inerentes à sua intermediação. Principais Mercados Emissores de Turismo para o Algarve As previsões de crescimento médio anual para os gastos turísticos até 2020 dos nossos principais mercados emissores (Fonte: Turismo de Portugal), são igualmente favoráveis: Portugal – Mercado interno (+2,3%); Reino Unido (+3,1%); Alemanha (+4,7%); Holanda (+2,4%); Irlanda(+5,4%); Espanha (+4,5%); França (+4,4%). Resumindo: As perspectivas são muito boas e reforçam a confiança de que temos tudo para continuar este ciclo virtuoso do turismo. É importante acompanhar, antecipar e garantir que estamos a desenvolver todos os esforços necessários para garantir que este crescimento continua a acontecer. Por João Fernandes Por João Fernandes
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