Créditos Fotográficos: Tomás Monteiro Site de opinião Lugar ao Sul distingue pelo segundo ano consecutivo uma personalidade marcante do ano.
Uma personalidade ímpar que em 2018 cimentou a sua posição como um dos grandes músicos da nova geração da cena cultural nacional. Júlio Resende, pianista e compositor Algarvio, teve um ano de 2018 imparável e recebe agora a distinção de “Personalidade do Ano a Sul 2018” atribuída pelo segundo ano consecutivo pelo site de opinião “Lugar ao Sul”. Participou no Festival da Canção como compositor da música que Emmy Curl interpretou e teve a oportunidade de actuar, com Salvador Sobral, para uma audiência de milhões de pessoas em todo o mundo ao lado de um dos seus ídolos, Caetano Veloso, na final do Festival Eurovisão da canção em Lisboa. O palco tem chamado insistentemente por ele. Seja a solo, seja em dueto com Salvador Sobra, seja através do projecto comum de ambos, a banda Alexander Search, foram muitos os concertos que o apresentaram definitivamente ao país em 2018. Ainda em 2018 Júlio Resende volta a editar um novo álbum, "Cinderella Cyborg". O Jornal Público escreve que este “é um nome em que o pianista pretende reflectir não um choque, mas um encontro entre aquilo que há de mais inocente e poético – na vida e na música –, e o lado mais maquinal e frio associado à tecnologia.” Este seu novo álbum foi nomeado como melhor álbum português de 2018 pela plataforma Altamont e ficou ainda considerado entre os melhores discos pela equipa do Observador (jornal on-line). Os últimos anos tem sido intensos para Júlio Resende. Em 2007 grava o seu primeiro álbum – “Da Alma” - através de prestigiada editora de Jazz, Clean Feed, tornando-se o mais jovem músico português a editar um disco para esta editora, enquanto líder. Segue-se, em 2009, “Assim Falava Jazzatustra”, álbum que viria a ser considerado um dos melhores discos do ano pela crítica especializada. Em 2011 surge “You Taste Like a Song”, um disco em Trio, com a participação de grandes músicos tendi sido classificado com 5***** Estrelas pela Revista TimeOut. Em Outubro de 2013 lança Amália por Júlio Resende. O seu primeiro disco a solo, onde revisita algumas canções do repertório de Amália Rodrigues, iluminado pela memória e pela Voz da Diva, num dueto (im)possível no tema “Medo”. Este trabalho mereceu a melhor atenção por parte da crítica nacional e internacional. Da prestigiada Clássica francesa onde recebeu CHOC DISC***** à célebre Monocle, o consenso foi claro: este é um disco que marca e “está ao nível do que de melhor se faz pelo vasto Mundo”. Seguem-se “Fado & Further” e “Amália por Júlio Resende”. Pelo caminho ainda cria “Poesia Homónima” com o psiquiatra Júlio Machado Vaz onde apresentam poemas de Eugénio de Andrade e Gonçalo M. Tavares. De relevância assinalável é igualmente o cuidado que tem na escolha das vozes que acompanha ao piano, onde se destacam, a titulo de exemplo, para além de Salvador Sobral, Elisa Rodrigues e Sílvia Perez Cruz, com quem também já gravou. Mas Júlio Resende não se esgota na música. Assina uma coluna de opinião na Revista Visão onde aborda temas tão diversos. O também licenciado em Filosofia é pois alguém que reflete regularmente sobre si e sobre os outros. Quando questionado recentemente pela revista Blitz sobre a forma como a Filosofia o acompanha, afirmou que o “obriga a pensar em conceitos interessantes. E a trabalhá-los bem. E tento trazer essas reflexões para o mundo musical, ainda que a música seja outra coisa, que vem depois da reflexão. A reflexão faz-se para trás, a vida faz-se para a frente, como se costuma dizer em Filosofia. E a música também.” Júlio Resende é um profissional inspirador e os autores do site Lugar ao Sul entenderam distingui-lo, depois de em 2017 ter sido distinguido O Prof. Dr. João Guerreiro, ex-reitor da Universidade do Algarve, que foi o presidente da Comissão Técnica Independente responsável pelo apuramento das causas das tragédias dos incêndios de 2017. Em 2018, Júlio Resende conseguiu impor a sua marca num pais que ainda vive profundamente centralizado. Além disso entendemos que a sua forma de olhar o mundo vai ao encontro do que temos vindo a defender no Lugar ao Sul: necessitamos de mais e melhor opinião. Sobre essa ideia, Júlio Resende, tem uma frase lapidar: “As pessoas que digam coisas! Mas tentem pensá-las antes de dizer, já não seria mau.” A data e local da cerimónia pública de atribuição desta distinção será anunciada em breve.
0 Comments
António Gedeão cantava que o sonho é uma constante da vida. O Lugar ao Sul, agora com dois anos, conseguiu algo que pouco acreditávamos ser possível: ter uma vida longa e robusta. É certo que já teve os seus momentos menos participados mas nunca deixou de ter actividade constante e regular. Em dois anos de vida foram produzidas mais de trezentos artigos de opinião sobre os mais variados temas e das mais variadas formas. Tal como outros famosos e espartanos 300, marcam uma resistência. Ao alheamento, ao marasmo opinativo, crítico, reflectivo em torno do Algarve, mostrando que esta região tem pensamento e voz. Valerá o que vale, mas para nós é muito. Não só pelo empenho e carinho emprestado a esta ideia, mas fundamentalmente porque acreditamos que conseguimos criar um fórum de opinião que tem ganho o seu espaço no espaço público regional, conciliando gente de diferentes áreas, formações e ideologias em torno de um princípio comum: o Algarve e o Sul de uma forma geral como espaço de pensamento e debate. E, de forma imodesta, acreditamos, porque o vemos, tem vindo a conseguir contagiar a região, que hoje, mais do que há 2 anos, se olha, pensa e discute com outro vigor. Poderá não ser ainda o desejável, mas todo o caminho se inicia com o primeiro passo. Isto importa porque a continuidade deste projecto, contra a espuma dos dias, se deve mais aos leitores que assiduamente fazem do Lugar ao Sul um site com um volume de visitas invulgar para uma plataforma deste género – fora dos grande centros urbanos e longe dos grandes centros de poder – do que aos autores que o realizam todos os dias. É pois devido um grande agradecimento a todos vós que, pelas mais variadas razões, nos vão acompanhando, que nos lêem, que nos elogiam e nos partilham, mas também aquelas que opinando criticam. São todos vós a fasquia que nos ajuda a elevar o debate. Obrigado. Outro factor que tem contribuído para o sucesso do Lugar ao Sul é a capacidade que tem tido para chamar a si novos protagonistas. Em 2017 uma segunda vaga de “habitantes” assentou arraial neste “Lugar” e duplicou a nossa densidade de opinar. Agora, já com dois anos e uma curta mas importante história, é tempo de dar as boas vindas a uma terceira vaga de novos elementos.
É também tempo de dizer até já a outros, que deixaram de escrever, pelo menos regularmente. Sem a sua disponibilidade e a sua entrega, este projecto que, recorde-se, nada mais é que um acto de cidadania activa sem qualquer propósito comercial, não seria possível. Por isso, ao Pedro Pimpão, à Dália Paulo, ao João Fernandes e à Joana Cabrita Martins, o nosso muito obrigado por terem acedido fazer esta viagem connosco. E, sempre que a queiram continuar, as portas deste vosso Lugar ao Sul estarão sempre abertas para vos receber. Aos novos elementos, damos as boas vindas e dizemos que contamos com eles para continuar a inquietar mentes, agitar águas e criar ideias e novos pensamentos. Entram em cena a Patrícia de Jesus Palma, a Anabela Afonso, a Luísa Salazar, o Paulo Patrocínio Reis, a Vanessa Nascimento, a Ana Gonçalves, o Dinis Faísca e a Sara Fernandes. Conheçam um pouco mais sobre todos, carregando aqui. O restante muito que há a descobrir, conhecerão através dos seus textos. Esta é a nova vida do Lugar ao Sul. O propósito é o de sempre: um sentido a Sul, contribuindo para o debate e crescimento deste território. Por Lugar ao Sul
O Lugar ao Sul completa hoje 2 anos de existência. São 2 anos a tentar contribuir para uma reflexão crítica em torno do Algarve, das suas dinâmicas, dos seus problemas, do seu tremendo potencial, de tudo o que permita a construção do seu futuro, em moldes de maior prosperidade, equilíbrio e, acima de tudo, felicidade para todos os que aqui vivem, trabalham e nos visitam. Este esforço nem sempre é fácil, e nem sempre o conseguimos. Mas não paramos. Nem desistimos. E porque não há 2 sem 3, iniciamos este novo ano preparando novidades que em breve serão partilhadas. Entretanto, boas leituras! Por Joana Cabrita Martins Durante 7 dias... 27 mil hectares... do saudável e vigoroso pulmão do Algarve ficaram carbonizados! O Algarve padece, e não é de agora, de uma doença crónica, como aliás todo o Portugal. DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica) em estádio grave com uma percentagem elevada de incapacidade respiratória, cuja recuperação vai exigir uma terapêutica radical e prolongada. Foram 7 dias não de criação divina mas de destruição diabólica. E ouviremos com certeza, mais dia menos dia, Assunção Cristas dizer que este incêndio só foi travado por intervenção divina, porque ao 7º dia como todos sabemos há que descansar. Ouvi muito, li muito e vi muito, neste momento estou ainda a tentar ingerir e digerir tanta informação e contra-informação. Não sendo entendida na matéria, esta é no entanto um assunto que não me é minimamente indiferente. Se por um lado se verbaliza com um sorriso que esta calamidade, que outro adjectivo não o tem, foi a excepção que confirmou um sucesso a nível nacional no combate aos incêndios. Outros dizem estar muito satisfeitos “ de estar aqui a celebrar a circunstância de estarem vivas", referindo-se obviamente às pessoas, porque animais e vegetação não tiveram a essa sorte de poder dar essa mesma satisfação ao Ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita. A mim, custa-me de facto perante a realidade encontrar alguma satisfação e/ou sucesso. Mas neste alinhamento de pensamentos deveria ser positiva e pensar que felicidade a minha avó ter morrido há 8 meses de forma a não presenciar o fogo a bater-lhe à porta!!! Mas não, não consigo pensar positivo como os senhores que agora iniciam o seu desfile na passadeira vermelha até hoje, e cinza de hoje em diante... Que tenham cuidado para não caírem dos vossos saltos altos Sr. Costa, Sr, Cabrita, Sr. Marcelo... Deixo para reflexão um excerto da intervenção de Clemente Pedro Nunes (Professor do Instituto Superior Técnico) em duas edições do Negócios da Semana, programa da SIC Notícias, respectivamente: 17-08-2017 _ Negócios da Semana: porque razão arde Portugal? 01-03-2018 _ Negócios da Semana: limpeza das florestas é possível até 15 de março? Welcome, Welcome, Welkom, Bienvenue, Bienvenidos, Benvenuto, добро пожаловать, 歡迎 , ようこそ ...8/6/2018 Por Joana Cabrita Martins Et voilàààà !!! Welcome, Welcome, Welkom, Bienvenue, Bienvenidos, Benvenuto, добро пожаловать, 歡迎 , ようこそ ... Chegou Junho e com ele chega a época da sardinha assada, do figo, dos Santos Populares e a mais importante... A época dos turistas!!! Ilustrações - Inês Montalvão Prazeres, em Algarve quem és tu? E pese embora nós consigamos ter e preservar sardinhas, figos e até Santos todo o ano neste nosso Algarve desde tempos longínquos, os turistas... Os turistas foram espécie rara de Setembro a Junho até há bem poucos anos. Andamos há largos anos a tentar desenvolver técnicas de preservação, como fizemos para a sardinha com a salga e a seca ou a conserva enlatada, com a seca e torra dos figos, com as capelas e as igrejas para os Santos e Santinhos, mas os turistas, ai os turistas... Salgados, enlatados e torrados são de facto técnicas de preservação que nos pareceram ser indicadas tanto para o peixe, como para as frutas, e que na verdade também funcionam na perfeição com os turistas. No entanto é só mesmo no Verão. Começou então a tentar-se descobrir e desenvolver novas técnicas de preservação dos elementos da espécie migratória de turistas que todos os anos por esta época, vindos um pouco de todo o mundo incluindo do resto do pais, arribam este Lugar ao Sul. E chegou-se recentemente a uma que me parece bastante interessante e com um enorme potencial. O Turismo criativo. ‘‘Tourism which offers visitors the opportunity to develop their creative potential through active participation in courses and learning experiences, which are characteristic of the holiday destination where they are taken.” Crispin Raymond and Greg Richards, 2000 Este conceito que nasceu há uns anos já se encontra em fase de consolidação em várias regiões do mundo. Em Portugal está-se a iniciar esta nova técnica um pouco por todo o pais, nomeadamente a Sul. No Algarve o Turismo Criativo começou a desenvolver-se na cidade/conselho de Loulé e como qualquer boa técnica, está a expandir-se, a ser apropriada e posta em desenvolvimento noutras cidades do litoral ao interior. Desde Municípios, a empresas, passando por associações locais, vários são os projectos que no Algarve começam a ser cozinhados com o selo do Turismo Criativo. Alguns deles já demonstram que este método de conservação e preservação de Turistas é eficaz, provando que é possível atrair e manter na região esta espécie migratória durante todo o ano com actividades ligadas ao património material e imaterial Algarvio, como, a título de exemplo, a gastronomia, arquitectura, história, artes tradicionais, natureza… Assim contrariando a tendência que se traduziu na pratica de décadas. Neste contexto realizou-se nos últimos 3 dias uma conferência internacional dedicada ao Turismo Criativo, num Lugar a Norte, na cidade de Braga (cidade criativa da Unesco). O objectivo deste encontro foi o de partilhar experiências sobre o potencial deste novo método, e criar redes e sinergias a nível nacional. Tendo estado presentes projectos emergentes de Norte a Sul do pais, destaco a presença de 10 projectos de Turismo Criativo em desenvolvimento a Sul (Algarve) que cobrem quase toda a área geográfica do litoral ao barrocal, do barlavento ao sotavento, e cuja criatividade, inovação e ambição auguram um novo turismo, mais sustentável, equilibrado e identitário. Dentro de um ano a conferencia realizar-se-à neste lugar ao Sul (Faro) e espero que até lá esta nova técnica esteja mais do que testada e com resultados comprovados em época baixa... Até lá desejo a todos os Algarvios e Turistas uma excelente época de salga, enlatamento e torranço!!! Nota: Por opção, a autora não escreve aplicando o acordo ortográfico actualmente em vigor. Por Joana Cabrita Martins No início do presente mês foi divulgado um estudo da OMS (Organização Mundial de Saúde) que revela as cidades Portuguesas que ultrapassam os níveis de poluição máximo recomendado de partículas finas inaláveis*. Notícia do DN É no entanto interessante constatar que a legislação Europeia e consequentemente a Portuguesa não se regem pelos mesmos valores, colocando-os bem acima dos valores recomendados pela OMS. Do limite máximo de 10 microgramas por metro cúbico de ar recomendado pela OMS as legislações europeias estabelecem os 25 microgramas por metro cúbico de ar como o seu limite máximo. Sem ser necessário conjecturar sobre teorias da conspiração, esta tão grande discrepância de mais 150% é mais que suficiente para pressupor uma série de razões de cariz económico e financeiro que estariam afectas a uma abrupta quebra nos seus lucros/negócios, algo que seria calamitoso para uma estruturada sociedade baseada nos mais altos valores do consumo, caso se regulasse pelos números preconizados pela OMS. Uma vez mais valores capitalistas se sobrepõem ao bem estar e saúde do ser humano. À parte esta curiosidade, e visto este estudo por cá não ter tido grande divulgação e/ou impacto, a mim pessoalmente preocupa-me constatar que 2 das cidades que se encontram acima dos valores, segundo a OMS, são Algarvias, a saber, Albufeira e Faro. Preocupa-me perceber que a diferença de valores entre ambas e a cidade de Lisboa é de apenas 1 micrograma por metro cúbico de ar, de 12 microgramas registados em Albufeira e Faro para 13 microgramas registados em Lisboa. Isto porque comparando as dimensões da capital Portuguesa com as cidades algarvias (ainda que uma delas seja também capital) seja em termos de área, seja em termos de população residente e visitante, e consequentes meios e recursos utilizados por estes, os valores deveriam apresentar uma maior amplitude de diferenciação com valores significativamente mais baixos para as cidades de Albufeira e Faro. Debruçando-me especificamente sobre Faro, capital da região, e minha “casa”, uma cidade de pequenas dimensões inserida em pleno Parque Natural da Ria Formosa apresenta-se incompreensível que os níveis de poluição do ar se encontrem em valores superiores ao máximo estabelecido pela OMS para preservar a qualidade de vida e saúde dos seus cidadãos residentes e visitantes. No entanto se fizer uma breve análise por alto da cidade, consigo entender que estes valores sejam reais e facilmente atingíveis numa cidade em que a utilização do automóvel per capita é elevadíssima, e em que a maioria da população não prescinde do mesmo para fazer deslocações de 500m de casa para o trabalho e vice-versa, em que o espaço público é invadido e usurpado pelos carros, onde os passeios deixam de ter a função de servir os utilizadores pedonais e se tornam parques de estacionamento legais aos olhos de quem governa e fiscaliza. Um aeroporto (tb ele em pleno Parque Natural da Ria Formosa), em que em mais de metade do ano o tráfego aéreo que sobrevoa a cidade é bastante intenso sem ser preciso grande esforço para se contabilizar. Basta estar no centro da cidade para se ser interrompido periodicamente pelo sobrevoar dos pássaros gigantes que ao chilrear nos fazem calar. E que do alto da sua passagem vão contribuindo, e não é com esmolas, para o aumento das micropartículas. Se juntarmos a este factores humanos os naturais e/ou climatéricos decorrentes da nossa posição numa zona geográfica de clima temperado a tender para o seco, com predominância para periodos de secas estremas e aumento significativo das temperaturas, temos toda uma conjuntura mais que favorável para que os valores apresentados este mês não só tenham tendência a manter-se como mais que provavelmente a aumentar. Se relativamente aos factores naturais, directamente, pouco poderemos fazer para alterar a situação, o mesmo não é aplicável aos factores humanos, civilizacionais. Os decisores locais, regionais e nacionais deveriam seriamente debruçar-se sobre o tema e procurar pôr em pratica leis e planos estratégicos concertados que promovam alterações significativas nas cidades e nos estilos de vida dos seus habitantes. E se poderá, porventura, existir algo que seja mais moroso ou arriscado de preconizar como reduzir o numero de viaturas nas cidades, ou restringir o acesso das mesmas a determinadas áreas da mesma, há por outro lado acções práticas bem simples e efectivas que fazem a diferença. Cuidar, preservar e aumentar os espaços verdes das cidades é uma delas. Na capital do Algarve durante anos os poucos espaços públicos verdes existentes, foram completamente negligenciados, o que deveria per si ser considerado um acto criminoso quando se fala de assuntos como este de saúde pública. Uma simples planta multiplicada por vários canteiros e uma simples árvore de porte médio grande multiplicada por outros tantos, em cada rua, em cada praça, poderia fazer a diferença na purificação do ar da cidade. Em Faro ao longo dos últimos anos foram abandonados canteiros, foram amputadas e deixadas morrer árvores e flores, foram calcetados canteiros... foi-se desertificando a cidade e deixando aumentar a poluição do ar. Foi com grande felicidade e alguma incredulidade que na semana passada e esta semana vi serem descalcetados antigos canteiros do centro da cidade e ....plantadas árvores!!! Em duas áreas vizinhas, outrora oásis de palmeiras, posteriormente desertificadas sugiram nestes últimos dias novas árvores. Será um sinal de mudança nas estratégias e entendimento dos decisores? Vou manter a esperança. Que pode ser que se venha a confirmar, caso completem o trabalho de descalcetar os restantes canteiros do outro lado da rua (que inexplicavelmente não tiveram direito a árvores). E aquele cujo corpo morto de uma outrora palmeira jaz ainda solitário no meio de novas espécies... Sim... Sim quero acreditar que foi só o começo e que o trabalho será terminado, e que por traz deste começo esteja uma estratégia bem delineada para tornar Faro mais verde, mais fresca, e MENOS POLUÍDA. *”Indicadores da Qualidade do ArO nível da poluição do ar é medido pela quantificação das principais substâncias poluentes presentes neste ar, os chamados Indicadores da Qualidade do Ar. Considera-se poluente qualquer substância presente no ar e que, pela sua concentração, possa torna-lo impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde, inconveniente ao bem estar público, danoso aos materiais, à fauna e à flora ou prejudicial à segurança, ao uso e gozo da propriedade e às atividades normais da comunidade.
Estes Indicadores representam materiais sólidos e líquidos em suspensão na atmosfera, como poeira, pó e fuligem. O tamanho das partículas é o critério utilizado para a classificação destes materiais. Partículas mais grossas ficam retidas no nariz e na garganta, provocando incômodo e irritação, além de facilitar que doenças como gripe se instalem no organismo. Poeiras mais finas podem causar danos ao aparelho respiratório e levar outros poluentes para os alvéolos pulmonares, provocando efeitos crônicos como doenças respiratórias, cardíacas e câncer. As pessoas que permanecem em locais muito poluído por partículas inaláveis, são mais vulneráveis a doenças de forma geral.” meioambiente.pr.gov.br “As partículas presentes na atmosfera são provenientes de fontes naturais, como vulcões, aerossóis marinhos e a ação do vento sobre o solo, e de outras de caráter antropogênico, tais como a queima de combustíveis fósseis, processos industriais e tráfego rodoviário. As partículas presentes na atmosfera são normalmente designadas pelo método através do qual são medidas. Nos últimos anos foi dedicada especial atenção aos efeitos das partículas e portanto as medições tradicionais de Partículas Totais em Suspensão (PTS) têm vindo a ser substituídas pela medição da fração PM10 (partículas com um diâmetro 5 aerodinâmico inferior a 10 µm), dado serem estas as partículas que representam um maior risco para a saúde(Elsom,1989;Seinfeld,1986). O material particulado ou aerossol atmosférico é constituído pelas partículas sólidas e líquidas em suspensão na atmosfera. As partículas inaláveis(PM10) são definidas como partículas com diâmetro aerodinâmico menor que 10 µm, estas dividem-se em partículas grossas inaláveis com diâmetro aerodinâmico entre 2 e 10 µm e as partículas finas com diâmetro aerodinâmico menor que 2 µm(Seinfeld,1986). Estudos recentes têm demonstrado a existência de correlações entre as variações dos níveis diários de PM10, produzidas por diversas fontes e os efeitos nocivos à saúde humana. Em muitas cidades as PM10 são consideradas como um dos poluentes que causam maiores preocupações, estando a sua ação relacionada com todos os tipos de problemas de saúde, desde a irritação nasal, tosse, até à bronquite, asma e mesmo a morte(Cerqueira,2000). A fração mais fina das PM10 ( 0,5µm a 1,0µm) pode ter efeitos muito grave para a saúde, uma vez que este tipo de partícula pode penetrar profundamente nos pulmões e atingir os alvéolos pulmonares, provocando dificuldades respiratórias e por vezes danos permanentes. As partículas desta dimensão penetram facilmente no interior dos edifícios (Elsom,1989;Seinfeld,1986). Partículas com diâmetro inferior a 1 µm, podem permanecer em suspensão na atmosfera durante semanas e serem transportadas ao longo de centenas ou milhares de quilômetros, enquanto que partículas maiores que 2,5 µm, são removidas no período de algumas horas por precipitação e sedimentação. As dimensões das partículas finas, principalmente das partículas emitidas pelos veículos a diesel, são da ordem de grandeza do comprimento de onda da luz visível podendo, por este motivo, reduzir sensivelmente a visibilidade. A capacidade do material particulado em aumentar os efeitos fisiológicos dos gases presentes no ar é um dos aspectos mais importantes a ser considerado. Os efeitos de uma mistura de material particulado e dióxido de enxofre, por exemplo, são mais acentuados do que os provocados na presença individualizada de cada um deles. Além disso, pequenas partículas podem absorver o dióxido de enxofre do ar e, com água (umidade do ar) formam partículas contendo ácido, o que irrita o sistema respiratório e pode danificar as células que protegem o sistema.” Estudo da Dispersão de Poluentes para fontes Industriais - Universidade Federal Rio Grande do Sul ![]() Por Joana Cabrita Martins
A Região de Turismo do Algarve elegeu o seu “novo” representante máximo. João Fernandes, actual vice-presidente, será dentro de poucos meses empossado Presidente da RTA, após ter ganho as eleições desta sexta-feira, nas quais concorreu contra o actual presidente, Desidério Silva. Desde já deixo os meu parabéns ao novo eleito. E deixo também os meus desejos e ânsias, como Algarvia nascida na década de 80 e como actual empresária neste mesmo sector que, foi vendo a sua Região ser moldada, abandonada, adulterada, aniquilada na sua génese, na sua identidade, nas suas actividades endógenas pela actividade turística ao longo dos últimos 30 anos. Desejo que este novo mandato seja pautado pelo respeito e pela ética rumo à sustentabilidade da região. Que se promova e defenda um turismo em que os residentes locais tenham um lugar principal e não sejam meros figurantes. Significa isto, lutar por legislação que estruture e resguarde também ela o espaço e o papel dos residentes sem detrimento do dos visitantes por forma a criar uma coexistência em equilíbrio. Seja na salvaguarda dos mais básicos sectores sociais, como a regulação de acessos e preços de habitação, bens e serviços em que a desregulada especulação turística restringe e inflaciona, causando severos constrangimentos à população residente. Seja na regulamentação do trabalho no sector do turismo, relativamente a contratos laborais, horários, salários, que não sejam exploratórios, desumanos e sazonais. Que se promova e defenda um turismo em que a natureza, a paisagem e os recursos endógenos Algarvios que lhe são identitários e diferenciadores sejam enaltecidos. Em que a paisagem mediterrânica com a sua fauna e flora características, a sua agricultura e pecuária próprias, têm que, também eles ser actores principais neste turismo do séc XXI. A paisagem e os recursos naturais devem ser encarados como mais-valias a ressalvar e estimar e a não serem arrasados por empreendimentos turísticos megalómanos como se têm feito em áreas que deveriam ser protegidas, da costa ao barrocal. Que se promovam e defendam projectos turísticos com respeito pelo legado arquitectónico algarvio, que contem a sua história e que sejam feitos de acordo com os materiais, paisagem e condições climatéricas características do local a que se destinam, em detrimento dos empreendimentos sem sentido de pertença ou personalidade. Que se promovam e defendam projectos turísticos que reconheçam, elogiem e prestigiem a nossa cultura, história, estilos de vida regionais. Que se promova e defenda um turismo variado, diversificado e com carácter identitário e não massificado, apostando em empresas que estimulem a economia local e invistam os seus recursos financeiros e humanos na região. Que se promovam e defendam empresas e entidades que trabalhem um turismo singular e inovador, marcado pela qualidade com respeito por todos os anteriores factores e se distingam pelas boas práticas e cumprimento dos requisitos legais. Que se combata a massificação e a ilegalidade por um turismo sustentável e ético com respeito pela região, pelas suas gentes e pelos seus visistantes. Volto a mencionar Doug Lansky, como já fiz anteriormente, a propósito da sua visão e opinião sobre o tema: “Hoje é muito mais barato e muito mais frequente viajar. Isso é bom porque muito mais gente tem a possibilidade de conhecer outros países. Mas nas suas conferências diz que não é sustentável. Porquê? Porque não é. Quem fica com a maioria dos lucros de um aumento tão rápido do número de pessoas que visitam uma cidade são os Mariotts e os Continental, os Expedia, os Booking e os Starbucks deste mundo. Alguns nem pagam impostos nos locais onde estão, mas os que pagam, mesmo assim pagam uma taxa para hotelaria ou restauração que é a mesma cobrada a um outro restaurante ou hotel muito mais pequeno. Utilizam os recursos da cidade, criam filas para lugares e serviços que os locais também precisam de usar e tudo isto sem regulamentação. Também o turismo, para não se perder numa espiral de consumo ‘até à medula’ dos recursos das cidades onde existe, precisa de ser regulado. O turismo internacional está a crescer muito mais depressa do que a população. ” É o que se passa com todos os setores quando começam… Exatamente. Lança-se um novo produto, um novo setor e estica-se a corda quase até partir e depois os governos têm que entrar no jogo. Medicamentos, por exemplo. Ou comida. Durante muito tempo produziram-se medicamentos e produtos de alimentação sem qualquer regulamentação e um dia alguém notou que havia gente a morrer por culpa disso e passou a existir controlo. É uma coisa natural. O que se passa com o turismo, de forma muito resumida, é isto: uma cidade, ou vila, começa a receber turistas, os restaurantes ficam um pouco mais cheios e os hotéis começam a ter mais reservas, a ter um pouco mais de lucro. Depois, quanto mais pessoas vêm, as companhias internacionais, que conhecem bem a indústria, descem como abutres sobre esses sítios e tomam conta dos negócios. Chegam as H&M e as Zaras e as páginas de reservas de tudo em “pacote”, que deixam de fora os restaurantes pequenos e as lojas pequenas. As cidades têm que aguentar com o consumo dos seus recursos: a água, as ruas, o sossego, mas não há retorno para todas as pessoas.” Doug Lansky, jornalista de viagens e especialista em turismo em entrevista para o Observador Como o turismo no Algarve não é de hoje, mas sim de há 30 anos, deveremos por esta altura ter já assimilado estes paradigmas iniciais e ter uma estratégia sustentável desenhada. Assim sendo faço votos de que, para além de autor neste Lugar ao Sul, sejas um grande actor no sector do turismo neste lato lugar ao sul! Bom mandato João Fernandes! Nota: Por opção, a autora não escreve aplicando o acordo ortográfico actualmente em vigor. "But the reality is that the air you breathe, the water you drink and the food you eat all ultimately rely on biodiversity. Some examples are obvious: without plants there would be no oxygen and without bees to pollinate there would be no fruit or nuts." "What is biodiversity and why does it matter to us", in The Guardian Por Joana Cabrita Martins Não é de hoje, aliás “sempre assim foi” é do que mais se ouve quando se aborda o tema das podas de rolagem, que é prática corrente não só a Sul mas um pouco por todo o país. Tenhamos pois consciência pelo menos, de que “sempre assim foi” não é argumento válido para justificar uma acção. As podas de rolagem nas árvores urbanas no município de Faro, como em tantos outros, têm de facto sido feitas anos após anos e ...tem sido também elas polémicas anos após anos! Hoje, ontem e anteontem tem sido levado a cabo mais uma acção de poda nas árvores em toda a envolvência da Igreja de S. Pedro o que levou a uma onda de indignações por parte de cidadãos/munícipes da cidade que, de várias formas foram dando a sua opinião sobre as mesmas. Esta questão parece-me de extrema importância. Como tal deveria ser amplamente debatida e compreendida por se tratar de uma questão básica de sustentabilidade. Devemos entender que as árvores em contexto urbano desempenham uma serie de funções nomeadamente ambientais, ao produzirem oxigénio e consequentemente reduzem os níveis de dióxido de carbono e ao promoverem a regulação térmica através das suas copas. Assim como assumem funções culturais, sociais e estéticas ao proporcionarem espaços de lazer e paisagens urbanas distintivas. Se por um lado deveria ser de senso comum que deveríamos preservar e ampliar os nossos espaços verdes urbanos, por todos os indicadores que temos actualmente sobre as alterações climáticas e seca extrema que, particularmente a sul atravessamos com gravidade. Também o é pelos vistos que este género de poda é exactamente isto, cuidar e preservar. Não o entendendo como tal e não sendo especialista na área, resolvi investigar e informar-me com técnicos e especialistas sobre o assunto e o que descobri vou aqui partilhar para que cada um por si possa reflectir e tirar as suas conclusões. O 1º artigo que partilho é do Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa... Muito simples e objectivo, tanto que até uma criança de 10 anos compreenderia. :) http://www.isa.ulisboa.pt/files/lpvva/pub/docs/documentos-diversos/Ramos_Caetano_2017_Arvores_Urbanas_e_Podas_de_rolagem.pdf O 2º é a página do site da Câmara Municipal do Porto dedicada às podas...igualmente simples e explicativa.
|
Visite-nos no
Categorias
All
Arquivo
October 2021
Parceiro
|