Lugar ao Sul
  • Sobre nós
  • Autores
  • Convidados
  • Personalidade do Ano a Sul
    • Personalidade de 2017
  • Contactos
  • Sobre nós
  • Autores
  • Convidados
  • Personalidade do Ano a Sul
    • Personalidade de 2017
  • Contactos

Bem-vindo

Júlio Resende é a Personalidade do Ano a Sul 2018

1/1/2019

0 Comments

 
Imagem
Créditos Fotográficos: Tomás Monteiro ​
Site de opinião Lugar ao Sul distingue pelo segundo ano consecutivo uma personalidade marcante do ano. 

Uma personalidade ímpar que em 2018 cimentou a sua posição como um dos grandes músicos da nova geração da cena cultural nacional. Júlio Resende, pianista e compositor Algarvio, teve um ano de 2018 imparável e recebe agora a distinção de “Personalidade do Ano a Sul 2018” atribuída pelo segundo ano consecutivo pelo site de opinião “Lugar ao Sul”.

Participou no Festival da Canção como compositor da música que Emmy Curl interpretou e teve a oportunidade de actuar, com Salvador Sobral, para uma audiência de milhões de pessoas em todo o mundo ao lado de um dos seus ídolos, Caetano Veloso, na final do Festival Eurovisão da canção em Lisboa.

O palco tem chamado insistentemente por ele. Seja a solo, seja em dueto com Salvador Sobra, seja através do projecto comum de ambos, a banda Alexander Search, foram muitos os concertos que o apresentaram definitivamente ao país em 2018. Ainda em 2018 Júlio Resende volta a editar um novo álbum, "Cinderella Cyborg". O Jornal Público escreve que este “é um nome em que o pianista pretende reflectir não um choque, mas um encontro entre aquilo que há de mais inocente e poético – na vida e na música –, e o lado mais maquinal e frio associado à tecnologia.”  Este seu novo álbum foi nomeado como melhor álbum português de 2018 pela plataforma Altamont e ficou ainda considerado entre os melhores discos pela equipa do Observador (jornal on-line). 

Os últimos anos tem sido intensos para Júlio Resende. Em 2007 grava o seu primeiro álbum – “Da Alma” - através de prestigiada editora de Jazz, Clean Feed, tornando-se o mais jovem músico português a editar um disco para esta editora, enquanto líder. Segue-se, em 2009, “Assim Falava Jazzatustra”, álbum que viria a ser considerado um dos melhores discos do ano pela crítica especializada. Em 2011 surge “You Taste Like a Song”, um disco em Trio, com a participação de grandes músicos tendi sido classificado com 5***** Estrelas pela Revista TimeOut. Em Outubro de 2013 lança Amália por Júlio Resende. O seu primeiro disco a solo, onde revisita algumas canções do repertório de Amália Rodrigues, iluminado pela memória e pela Voz da Diva, num dueto (im)possível no tema “Medo”. Este trabalho mereceu a melhor atenção por parte da crítica nacional e internacional. Da prestigiada Clássica francesa onde recebeu CHOC DISC***** à célebre Monocle, o consenso foi claro: este é um disco que marca e “está ao nível do que de melhor se faz pelo vasto Mundo”. Seguem-se “Fado & Further” e “Amália por Júlio Resende”. Pelo caminho ainda cria “Poesia Homónima” com o psiquiatra Júlio Machado Vaz onde apresentam poemas de Eugénio de Andrade e Gonçalo M. Tavares. De relevância assinalável é igualmente o cuidado que tem na escolha das vozes que acompanha ao piano, onde se destacam, a titulo de exemplo, para além de Salvador Sobral, Elisa Rodrigues e Sílvia Perez Cruz, com quem também já gravou.

Mas Júlio Resende não se esgota na música. Assina uma coluna de opinião na Revista Visão onde aborda temas tão diversos. O também licenciado em Filosofia é pois alguém que reflete regularmente sobre si e sobre os outros. Quando questionado recentemente pela revista Blitz sobre a forma como a Filosofia o acompanha, afirmou que o “obriga a pensar em conceitos interessantes. E a trabalhá-los bem. E tento trazer essas reflexões para o mundo musical, ainda que a música seja outra coisa, que vem depois da reflexão. A reflexão faz-se para trás, a vida faz-se para a frente, como se costuma dizer em Filosofia. E a música também.”

Júlio Resende é um profissional inspirador e os autores do site Lugar ao Sul entenderam distingui-lo, depois de em 2017 ter sido distinguido O Prof. Dr. João Guerreiro, ex-reitor da Universidade do Algarve, que foi o presidente da Comissão Técnica Independente responsável pelo apuramento das causas das tragédias dos incêndios de 2017.

Em 2018, Júlio Resende conseguiu impor a sua marca num pais que ainda vive profundamente centralizado. Além disso entendemos que a sua forma de olhar o mundo vai ao encontro do que temos vindo a defender no Lugar ao Sul: necessitamos de mais e melhor opinião. Sobre essa ideia, Júlio Resende, tem uma frase lapidar: “As pessoas que digam coisas! Mas tentem pensá-las antes de dizer, já não seria mau.”
​

A data e local da cerimónia pública de atribuição desta distinção será anunciada em breve.
0 Comments

O orçamento de Estado e o Algarve: a insustentável leveza do ser

14/11/2018

1 Comment

 
Por Cristiano Cabrita
Imagem
Tal como o enredo de Milan Kundera, o proximo orçamento de Estado para o Algarve não passa de uma mera conceção filosófica.

A diferença é que consegue, só explicado pelo conteúdo  alienígena em que se baseia, ser ainda mais preverso que Timothy Leary.  É grave caros algarvios. Aliás, corrijo, é muitíssimo grave aquilo que se está a passar no Algarve com o permanente delapidar daquilo que devia ser a criação de condições mínimas para o desenvolvimento económico-social do Algarve.

O próximo orçamento de estado não contempla qualquer tipo de verba minimamente impactante para o Algarve.  Repito, não há investimento previsto para a região algarvia nos próximos tempos.

Esqueçam a saúde, a EN125, as variantes de acesso, a via do Infante, esqueçam os programas de apoio e desenvolvimeno.

Esqueçam. Esqueçam. Esqueçam.

O OE é uma mão cheia de nada. E é isto que temos. Infelizmente.

1 Comment

Chegou a Terceira Vaga ao Lugar ao Sul

4/11/2018

0 Comments

 
António Gedeão cantava que o sonho é uma constante da vida.

O Lugar ao Sul, agora com dois anos, conseguiu algo que pouco acreditávamos ser possível: ter uma vida longa e robusta. É certo que já teve os seus momentos menos participados mas nunca deixou de ter actividade constante e regular. Em dois anos de vida foram produzidas mais de trezentos artigos de opinião sobre os mais variados temas e das mais variadas formas.

Tal como outros famosos e espartanos 300, marcam uma resistência. Ao alheamento, ao marasmo opinativo, crítico, reflectivo em torno do Algarve, mostrando que esta região tem pensamento e voz. Valerá o que vale, mas para nós é muito.

Não só pelo empenho e carinho emprestado a esta ideia, mas fundamentalmente porque acreditamos que conseguimos criar um fórum de opinião que tem ganho o seu espaço no espaço público regional, conciliando gente de diferentes áreas, formações e ideologias em torno de um princípio comum: o Algarve e o Sul de uma forma geral como espaço de pensamento e debate.

E, de forma imodesta, acreditamos, porque o vemos, tem vindo a conseguir contagiar a região, que hoje, mais do que há 2 anos, se olha, pensa e discute com outro vigor. Poderá não ser ainda o desejável, mas todo o caminho se inicia com o primeiro passo.

Isto importa porque a continuidade deste projecto, contra a espuma dos dias, se deve mais aos leitores que assiduamente fazem do Lugar ao Sul um site com um volume de visitas invulgar para uma plataforma deste género – fora dos grande centros urbanos e longe dos grandes centros de poder – do que aos autores que o realizam todos os dias. É pois devido um grande agradecimento a todos vós que, pelas mais variadas razões, nos vão acompanhando, que nos lêem, que nos elogiam e nos partilham, mas também aquelas que opinando criticam. São todos vós a fasquia que nos ajuda a elevar o debate.

Obrigado. 
Imagem
Outro factor que tem contribuído para o sucesso do Lugar ao Sul é a capacidade que tem tido para chamar a si novos protagonistas. Em 2017 uma segunda vaga de “habitantes” assentou arraial neste “Lugar” e duplicou a nossa densidade de opinar. Agora, já com dois anos e uma curta mas importante história, é tempo de dar as boas vindas a uma terceira vaga de novos elementos.

É também tempo de dizer até já a outros, que deixaram de escrever, pelo menos regularmente.

Sem a sua disponibilidade e a sua entrega, este projecto que, recorde-se, nada mais é que um acto de cidadania activa sem qualquer propósito comercial, não seria possível.

Por isso, ao Pedro Pimpão, à Dália Paulo, ao João Fernandes e à Joana Cabrita Martins, o nosso muito obrigado por terem acedido fazer esta viagem connosco. E, sempre que a queiram continuar, as portas deste vosso Lugar ao Sul estarão sempre abertas para vos receber.

Aos novos elementos, damos as boas vindas e dizemos que contamos com eles para continuar a inquietar mentes, agitar águas e criar ideias e novos pensamentos.

Entram em cena a Patrícia de Jesus Palma, a Anabela Afonso, a Luísa Salazar, o Paulo Patrocínio Reis, a Vanessa Nascimento, a Ana Gonçalves, o Dinis Faísca e a Sara Fernandes.

Conheçam um pouco mais sobre todos, carregando aqui. O restante muito que há a descobrir, conhecerão através dos seus textos.

Esta é a nova vida do Lugar ao Sul.

O propósito é o de sempre: um sentido a Sul, contribuindo para o debate e crescimento deste território. 
0 Comments

2 anos neste Lugar

1/10/2018

0 Comments

 
Por Lugar ao Sul

O Lugar ao Sul completa hoje 2 anos de existência.


São 2 anos a tentar contribuir para uma reflexão crítica em torno do Algarve, das suas dinâmicas, dos seus problemas, do seu tremendo potencial, de tudo o que permita a construção do seu futuro, em moldes de maior prosperidade, equilíbrio e, acima de tudo, felicidade para todos os que aqui vivem, trabalham e nos visitam.

Este esforço nem sempre é fácil, e nem sempre o conseguimos.

Mas não paramos. Nem desistimos.

E porque não há 2 sem 3, iniciamos este novo ano preparando novidades que em breve serão partilhadas.

Entretanto, boas leituras!
Imagem
Imagem
0 Comments

O alambique monchiquense de António Costa: uma história medieval

15/8/2018

0 Comments

 
Por Cristiano Cabrita
Prometi a mim mesmo que não escreveria nada de extemporâneo sobre o incêndio de Monchique. Apesar da dificuldade, acreditem que a vontade era muita, não o fiz. Esperei para a situação serenar na expectativa de ter todos os elementos que me permitissem elaborar um artigo de opinião objetivo e, sobretudo, verdadeiro. Afinal, não devemos fazer juízos precipitados. Agora, à devida distância, sinto que o devo fazer por uma questão de consciência e dever para com as populações afetadas pelos incêndios da semana passada. Façamos, então, uma curta viagem no tempo. É o início da nossa história medieval passada no Reino dos Algarves.

Manhã de sexta-feira, dia 10 de Agosto.

Uma semana depois do incêndio de Monchique ter deflagrado, o Ministro Eduardo Cabrita chega ao Algarve munido apenas e só do seu intelecto e da sua, devo dizer, latente arrogância pizarrista. Ao bom sabor medieval, tocam os tambores. Somos todos ignorantes e desprovidos de sensatez. Temos estado à espera que um Illuminati nos explique o que realmente sucedeu. Na verdade, os algarvios têm uma visão obscurecida dos acontecimentos.  Os incêndios foram – no limite – essenciais para constatar a pronta resposta dos meios de proteção civil. Foi tudo em prol da comunidade monchiquense. Palmas. Muito agradecidos por tamanha honra, ouve-se em surdina. Apresenta-se o muy nobre senhor Cabrita.

Do alto do seu raciocínio socrático – misturado com uma aura de conquistador espanhol -, e mergulhado no espírito vanguardista dos twitters de António Costa, Cabrita dirige-se aos jornalistas e, mais importante, aos algarvios. Não vem de Caravela, mas traz altivez e uma poção mágica guardada no seu manto bordado a mentiras. Com o seu porte senhorial, pulveriza-nos o fármaco. É o suficiente para hipnotizar as almas perdidas.

Talvez por ter feito uma visita guiada ao alambique do Rui André, julga-se divino e profere algo semelhante ao bíblico Sermão da Montanha. Por momentos, o núcleo terrestre deixa de girar. Atrás do Sr. Ministro, perdão, do muy nobre senhor, seque o séquito de aias e gueixas algarvias, com os seus imponentes coletes de cor laranja.  Cospem fogo e fazem malabarismos. Manifestam o desejo de provar a sua existência política porque, na realidade, ali não acrescentam nada.

Ao longe vislumbram-se uns sorrisos que brilham quando as câmaras de televisão estão a gravar. Atropelam-se e, pasme-se, vendem o Algarve com um único propósito: cair nas boas graças do muy nobre Ministro. São algarvios? Talvez não. São Presidentes de quaisquer coisas, mas donos de lugar nenhum. O cortejo continua. Entram mais alguns bobos e a festa instala-se. Cabrita prepara o terreno para a chegada da corte lisboeta.

Tarde de sexta-feira, dia 10 de Agosto.

Combinada a entrevista ao Expresso, numa clara tentativa de combater a onda crítica que germina no Reino dos Algarves, o Príncipe João, peço desculpa, o Príncipe António Costa chega a Monchique. Rapidamente, dirige-se ao alambique do Rui André – a cave já está quase vazia depois da visita do Cabrita – e embrenha-se num ritual complexo, mas simples: a arte do bebericar. Como um pardal num dia de chuva, beberica muito. A visão do Primeiro-ministro é ofuscante e o andar estranho, to say the least. Cambaleia. Costa estranha a palete cinzenta que as cinzas dão à paisagem, tão diferente da roseira de Sherwood do Palácio de São Bento, verdejante, verdejante, verdejante. Não estranha tudo. Afinal, o cheiro a queimado persegue-o desde Pedrogão. O pequeno Kim da política portuguesa, depois de ter proferido que Monchique é a “a exceção que confirmou a regra do sucesso”, compara a terra algarvia à Califórnia. Conclui, afirmando que é «absolutamente extraordinário» que ninguém tenha perdido a vida. Bom, isso não corresponde inteiramente à verdade. No Reino dos Algarves todos os dias perdem a vida súbditos de Sua Alteza Real nos Hospitais e na EN125, mas essa é outra (triste) história. Continuemos.

Os boçais que o ladeiam não entendem o latim. Afinal de contas, nos EUA os bombeiros estão coordenados por uma proteção civil eficiente. Aqui o boy Vaz Pinto – o tal das “equivalências” à la minute –, revela (novamente) incompetência no desempenho da sua função. Ninguém estanha. Faz parte daquela fornada “licenciada” que não soube lidar com os incêndios do ano passado.

Depois do Caldeirão, Monchique vê-se refém deste escudeiro de 2ª classe. É substituído quatro dias depois do incêndio ter deflagrado, quando já não há nada a fazer. Pergunta: se o combate inicial fosse diferente o incêndio teria tomado esta dimensão? Não sabemos. Os ébrios saúdam o comando nacional da proteção civil. O cortejo continua acrescentando-lhe, agora, alguns palhaços malabaristas. A ocasião assim o exige. O Príncipe saúda o Cabrita pelas ordens que deu à GNR. Pode arder tudo, não pode é haver mortes. Tudo menos isso. Objetivo alcançado. Comemoram. Sorvem mais umas gotas do líquido precioso escondido, desta vez, no alforge do escudeiro Luís Graça que terá uma incumbência futura: criticar a Câmara Municipal de Monchique. “São eles, os monchiquenses, os verdadeiros culpados disto tudo”. É esta a mensagem que o fiel lacaio deve passar. Dão-lhe a devida recompensa, jogando para o chão alguns dinheiros rapidamente arrebanhados por tão menor membro da corte. Olha para os seus Senhores de baixo para cima. Dão-lhe uma festa. Ele sorri, extasiado no meio de espasmos musculares. Continuam.

Sábado, dia 11 de Agosto.

O vendedor da banha da cobra pragueja do alto da serra. Chega o Rei Marcelo. A corte é maior, a vergonha menor. Dois ou três plebeus dizem o que lhes vai na alma. A guarda real tem dificuldade em conter o desagrado. O defensor da terra de Monchique, o nobre José Chaparro, lê as cartas ao Rei reforçando o desagrado dos plebeus. Marcelo afirma que devemos analisar o problema com «serenidade». Naturalmente meu muy nobre Senhor. Não devemos agitar as águas do Reino até porque alguém se pode lembrar do edital de Pedrogão ou de Tancos. Em 2019, o Reino vai a votos. Passeiam-se todos juntos pelos Paços do Concelho como se nada se tivesse passado. Dizem adeus. A caravana abre caminho de volta à corte lisboeta. Chaparro dá nota do seu desagrado e atira-lhes medronhos maduros. Costa dá ordem para parar. Enchem os alforges, pois nunca se sabe se haverá um alambique a caminho de Lisboa. No reino da loucura é preciso bebericar. Bebericar muito. A visão fica ainda mais toldada. Fica a promessa de regressarem. Alguém diz: não voltem. Com razão.
​
Nota aos leitores do lugar ao sul: esta é apenas uma “história” medieval fictícia que não corresponde necessariamente a nenhum fato real, ou será que sim?
0 Comments

Que época balnear para o Algarve ?

16/5/2018

0 Comments

 
Por Cristiano Cabrita
Ontem foi aberta oficialmente a época balnear no Algarve. Há muito tempo que é debatida a questão da sazonalidade na região. Gastaram-se milhares e milhares de euros no desenvolvimento de estudos sobre formas de optimização da economia algarvia. A ideia é simples: encontrar áreas complementares ao sol e praia, relacionadas com cultura, desporto, natureza, gastronomia, eventos âncora etc...

Diga-se, em abono da verdade, que o saldo tem sido positivo naquilo que é a conquista de novos nichos de mercado. Agora o Algarve tem problemas que urge resolver. Não vou abordar as problemáticas relacionadas com a EN125 e com o estado calamitoso da saúde no Algarve pois creio que os portugueses, em geral, e os algarvios, em particular, já se aperceberam que com este Governo dificilmente os problemas terão uma solução condizente com os ensejo básicos da população.

O primeiro twist da questão é que não vale a pena desenvolver grandes estratégias de promoção se as actuais condições se mantiverem.

O segundo twist da questão é que continuamos (aliás, é um problema que varre o país) a não conseguir responder àquilo que é uma necessidade básica dos nossos veraneantes: a segurança. Não, não se trata de garantir a segurança nas ruas embora este também seja um enorme problema, basta ver a realidade diária de cidades como Albufeira, Portimão ou Faro. O reforço de Verão só chega no início de Junho o que provoca vários constrangimentos.  Este tema dará, seguramente, para uma outra análise que não esta.

O que padece de reflexão é o seguinte: porque é que que a época balnear só se inicia em 15 de Maio quando, no limite, os operadores turísticos começam a operar no Algarve em Março?

Porque é que vendemos um destino turístico que, para todos os efeitos, só garante a segurança dos banhistas de 15 de Maio  a 15 de Outubro ou, em alguns casos, de Junho a Outubro ?

Porque é que a maioria dos municípios algarvios não muda de estratégia (a excepção tem sido Albufeira, Lagoa e Portimão)?Afinal o Algarve é para "todo o ano" , ou não?

É importante reflectir e exigir a resolução de questões complexas, mas também é necessário ter a capacidade necessária para ultrapassar problemas que podem ser resolvidos numa estratégia conjunta entre autarquias, região de turismo do Algarve, Capitanias, CCDRAlg e APA.

​Não será fácil, seguramente, mas pensem em destinos que outrora eram um farol turístico e que hoje em dia foram ultrapassados pela gritante incapacidade de resolver os seus problemas. Vários problemas dão origem a um grande problema. A questão é que podemos resolver com tempo as pequenas questões, enquanto os grandes desafios dificilmente têm resolução. Fica a reflexão. 
0 Comments

A ficção, a tempestade e a bonança.

12/3/2018

0 Comments

 
Por Anabela Afonso
Imagem
​Começou na passada quinta-feira, dia 1 de outubro, mais uma fantástica série na RTP2. Ocupados é uma série Norueguesa, produzida em 2014, que nos coloca perante um cenário em que, cumprindo as suas promessas eleitorais - assumidas no seguimento de um fenómeno meteorológico extremo que matou centenas de compatriotas - o primeiro-ministro norueguês decide interromper a produção petrolífera do país assumindo como prioridade o combate às alterações climáticas. Esta decisão leva a uma crise energética europeia e, em resultado, a uma invasão daquele país pelos russos, com o aval da União Europeia. Daqui desenrola-se uma trama política intensa, na qual se percebe a fragilidade da democracia e da soberania de um país que tem a ousadia de desafiar o sistema.

Coincidência ou não, esta série teve início na mesma semana em que, num curto espaço de quatro dias, Faro foi assolado por dois tornados que deixaram claros vestígios de destruição num território que não está muito habituado a lidar com fenómenos meteorológicos extremos, muito menos tão próximos temporalmente. Nos dias que se seguiram, e nos quais a chuva, e sobretudo o vento forte e a agitação marítima foram uma constante, foram vários os registos de derrocadas de arribas na costa algarvia, já para não falar nos estragos em casas e estabelecimentos comerciais.
​
O fenómeno não é novo, mas a sua concentração em tempo e intensidade deixou-nos em alerta e confrontou-nos com a nossa fragilidade. É nos momentos trágicos que percebemos como é fácil o mundo, como o conhecemos, desmoronar de um dia para o outro como se de uma arriba se tratasse, depois do embate da tempestade, e como tudo pode mudar tão repentinamente.

Seguem-se os gritos de angústia e os pedidos para que alguma coisa se faça para repor a realidade como a conhecemos. Isto quando já todos sabemos que nada será como antes e que o exercício necessário é o de começar a aprender a recuar, a desocupar, a reduzir, a abrandar, a começar de novo, talvez. Vivemos num mundo com recursos finitos mas continuamos a comportarmo-nos como se não houvesse limite ao progresso, entendido como a possibilidade de termos, sempre, cada vez mais e melhor. Progresso deveria ser preservar aquilo que verdadeiramente é imprescindível à vida e que é, precisamente, termos um planeta viável e saudável que permita aos nossos filhos uma vida plena. Talvez seja pedir muito e talvez sejam ainda necessárias mais tragédias para acordarmos. Até lá, vamo-nos entretendo com a ficção que sabemos nunca conseguir ultrapassar a realidade, enquanto aproveitamos a bonança esperando, serenamente, pela próxima tempestade.

Read More
0 Comments

Lugar ao Sul nas conferências "O Algarve, Portugal e o Futuro"

8/3/2018

0 Comments

 
Por Lugar ao Sul

Dando continuidade àquela que é já uma tradição, o Lugar ao Sul voltou a marcar presença no ciclo de conferências “O Algarve, Portugal e o Futuro”, organizado e dinamizado pela editora algarvia Sul, Sol e Sal, e pelo Rotary Club de Faro.

Desta vez, a nossa Dália Paulo, tal como a nossa convidada Lídia Jorge, fez parte do painel que discutiu as perspectivas e desafios que se colocam à Cultura no Algarve, no sentido da sua plena afirmação como pilar fundamental da identidade da região e alicerce para a construção do seu futuro.

E, claro está, com o apoio dos restantes a partir da bancada.

No Dia Internacional da Mulher, a Dália promoveu uma excelente representação das mulheres deste nosso Lugar, que demonstram e afirmam (para os muito distraídos que ainda possam ter dúvidas), no seu dia-a-dia, nos seus diferentes papéis sociais, a mais-valia indispensável que é poder contar com a participação feminina no pleno usufruto dos seus direitos, livre de preconceitos e injustiças,  em autêntica equidade. 

Também uma saudação muito especial à organização, pela iniciativa que em boa hora materializaram e que claramente vai conquistando o seu espaço como acontecimento de referência no panorama do debate do carácter, momento e devir algarvio.

Até à próxima!
0 Comments

Adeus a Carlos Silva e Sousa

23/2/2018

0 Comments

 
O Lugar ao Sul interrompe-se pela dor e pela consternação.

Hoje o nosso sal é de lágrimas, no adeus a Carlos Silva e Sousa, o Presidente da Câmara Municipal de Albufeira.

Servidor público, voz crítica numa região que sonhou e defendeu, com convicção política de regionalista.

Neste Algarve, que lhe corria nas veias, plantou vinha, semeou valores e simplicidade. Parte, e deixa a colheita e os ensinamentos, em favor de um território e de uma família que sempre valorizou.

À família, a equipa do Lugar ao Sul endereça sentidas condolências.

Ao Carlos, um abraço, e até um dia.
Imagem
0 Comments

Valorizar Albufeira

21/2/2018

0 Comments

 
Imagem
Por Cristiano Cabrita

Recentemente foi tornado público que a região algarvia terá mais de uma dezena de representantes entre os nomeados para os Publituris Trade Awards, que vão ser entregues, no dia 28 de Fevereiro, na Bolsa de Turismo de Lisboa. E, não obstante, o mérito e a dedicação dos restantes nomeados permitam - me que saliente a importância que o concelho de Albufeira alcançou no importante mercado do turismo. Não é somente ostentar o título de "Capital do Turismo" - que é seu por mérito próprio-, é também trabalhar diariamente para o manter.

De uma maneira geral é transversal isso tem sido feito por todos os agentes económicos e empresariais, contando, naturalmente, com o trabalho desenvolvido pela autarquia de Albufeira. Se os exemplos negativos devem ser sublinhados, os positivos também merecem o devido destaque.    
    
Atentamente, verificamos que na categoria de Melhor Espaço para Congressos, o Salgados Palace & Congress Center é o único representante algarvio, na categoria de Melhor Parque/Empresa de Animação Turística, o Zoomarine aparece destacado. Já na categoria de Melhor Marina, a de Albufeira destaca-se.

Por fim, Albufeira concorre para o título de melhor autarquia. É, pois, motivo de satisfação para os albufeirenses, para os seus empresários, para aqueles que gostam verdadeiramente da cidade e, naturalmente, para o seu presidente da câmara municipal: Dr. Carlos Silva e Sousa.

Seria injusto deixar igualmente uma palavra de apreço por aquilo que se faz, e bem, no concelho de Loulé. Seria também impensável não referir o trabalho da Região de Turismo do Algarve neste processo.

Esta conjugação de sinergias ajudará a fazer do Algarve um destino seguramente mais competitivo no futuro.
0 Comments

João Guerreiro propõe a criação de um fundo de coesão regional com base nas receitas das transações imobiliárias da região

7/2/2018

0 Comments

 
Presidente da comissão técnica independente que analisa os incêndios do ano passado, recebeu a distinção de “Personalidade do Ano a Sul – 2017” atribuída pela plataforma de reflexão “Lugar ao Sul”
Um fundo de coesão regional para o Algarve, criada pelas autarquias e absorvendo parte das receitas do Imposto Municipal sobre as Transmissões de Imóveis. Foi esta uma das grandes ideias que o Professor Doutor João Guerreiro deixou a uma plateia de cerca de meia centenas de convidados que assistiram no passado dia 05 de Fevereiro a entrega da distinção “Personalidade do Ano a Sul – 2017” organizada pela primeira vez pela plataforma de reflexão “Lugar ao Sul”.

Numa intervenção pautada pela necessidade de afirmação regional do Algarve, a proposta de João Guerreiro visa a concretização de um conjunto de investimentos regionais de base supramunicipal, não dependentes de ciclos políticos autárquicos ou legislativos. A ideia, segundo explicou, seria criar um fundo que pudesse levar a efeito projetos de investimento que por um lado são estruturantes mas também outros que possam esbater as assimetrias existentes dentro da própria região. Seria um fundo que teria de beneficiar adicionalmente da participação de recursos nacionais e comunitários.
​
Com diversos presidentes de câmara na plateia, com o Reitor da Universidade do Algarve, com diversos dirigentes regionais, com um conjunto de pessoas de referência em diversas áreas da vida da região e ainda com o presidente da AMAL, Jorge Botelho, ao seu lado, o ex-reitor da universidade do Algarve interpretou a distinção que lhe estava a ser atribuída como uma necessidade de debater mais a região mas ao mesmo tempo de criar pontes que permitam que possamos ser mais concretizadores.
A plataforma de reflexão “Lugar ao Sul” que numa base regular produz textos de opinião no site www.lugaraosul.pt entendeu atribuir esta distinção ao Professor João Guerreiro não apenas através do trabalho realizado nos diversos cargos de responsabilidade que ocupou no passado, desde a presidência da então Comissão de Coordenação Regional do Algarve à Reitoria da Universidade do Algarve, mas também pelo seu pensamento e ação enquanto cidadão. De resto foi esta amplitude de pensamento que norteou a intervenção de Idálio Revés, jornalista do Público, que fez uma resenha da vida do Professor João Guerreiro.

Em 2017, na sequência dos dramáticos fogos da zona de Pedrógão e também dos incêndios de Outubro, João Guerreiro foi a pessoa a quem foi atribuída a missão de coordenação da Comissão Técnica Independente responsável pelo apuramento das causas das tragédias e também pela elaboração de propostas para o futuro da organização institucional, territorial e operacional do País.
Este inequívoco reconhecimento a nível nacional da capacidade e competência do Prof. João Guerreiro constitui uma nota de prestígio para o Algarve, e também mote para uma reflexão interna, pois é de uma das regiões mais carenciadas ao nível do ordenamento e competitividade territorial que é escolhida a pessoa a quem incumbe uma das mais profundas e graves tarefas nesse capítulo, quando as suas ideias nem sempre têm a merecida e devida atenção a Sul.

A cerimónia contou com o apoio da Câmara Municipal de Tavira e na ocasião o seu presidente, Jorge Botelho, enalteceu a ideia desta distinção defendendo a ideia da necessidade de termos mais reflexão regional pois só assim conseguimos criar as condições para o crescimento e desenvolvimento do Algarve.
0 Comments

Qual é o valor do Algarve para o Estado Central?

3/1/2018

0 Comments

 
Por Cristiano Cabrita

​A resposta é pouco, muito pouco. Talvez nada. Ou melhor, para as contas do Governo a equação é muito simples, o Algarve representa apenas e só 380 mil eleitores. A verdade, sendo crua e desprovida de sentimento, é esta: para Lisboa somos pouco importantes. A nossa relevância  está reduzida, de quatro em quatro anos,  a uma mera ponderação eleitoral que,  no caso algarvio, é demasiado  periférica. São os números que determinam o futuro do desenvolvimento económico-social da região e, infelizmente, o rácio negativo penaliza-nos diariamente. Não se trata propriamente de uma novidade - ao longo das últimas décadas o território tem sofrido bastante com esta arimética governativa -, mas este ano o fenómeno conseguiu surpreender mesmo os mais desatentos.
 
De facto, o novo ano será bem pior. O Orçamento de Estado para 2018 determinou que o Algarve não terá investimento público. Bom, stricto sensu, e para sermos inteiramente justos não será mesmo assim, existem algumas décimas (menos de 1%) que estão reservadas para o sul do país. Parece ridículo, tanto mais que em 2017 o contributo do Algarve para as contas do país aumentou, situando-se quase nos 5% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.
 
Sem querer entrar num debate demasiado alargado diria somente isto: acredito plenamente no combate às assimetrias regionais e que as regiões mais desenvolvidas do país devem contribuir para minimizar, entre outros, os problemas existentes no interior do país, mas também acredito na equidade e no respeito pela Constituição da República Portuguesa.
 
No que concerne ao Algarve, basta ler com atenção o Artigo 9.º da CRP (Tarefas fundamentais do Estado) para constatar que o Governo não está a cumprir a alínea d) “Promover o bem-estar e a qualidade de vida do povo e a igualdade real entre os portugueses, bem como a efectivação dos direitos económicos, sociais, culturais e ambientais, mediante a transformação e modernização das estruturas económicas e sociais” nem a alínea g) “Promover o desenvolvimento harmonioso de todo o território nacional […]”.
 
Recentemente, para não parecer exagero, a súmula desta lógica resultou na falência (mais uma) do Estado português em terras algarvias. Como é possível que utentes estejam quase 24 horas no Hospital de Faro à espera de ser atendidos, muitos deles sentados e deitados no chão? Esta é a realidade terceiro-mundista que existe no Algarve. Uma realidade demente, perversa, imprópria, que de tanto regular arrisca a ser “absorvida” como “natural” pelos milhares de algarvios que dependem do Serviço Nacional de Saúde para sobreviver. A ela devemos acrescentar as inúmeras deficiências estruturais que eu próprio e os meus colegas do Lugar ao Sul fomos denunciando ao longo do ano transacto.  Tantas vezes se invoca a CRP para justificar o Estado de Direito, onde está essa obrigatoriedade no que concerne à  promoção da “igualdade real entre os portugueses” e “do desenvolvimento harmonioso de todo o território nacional”? Pois, é criteriosa e, no Algarve, inexistente. A saúde é apenas a ponta do Icebergue que esconde problemas estruturais muitíssimo mais graves e que, se não forem resolvidos rapidamente, resultará numa inversão do crescimento económico com consequências directas para a região e para o país.
 
A realidade anda distorcida e os empresários estão atentos.  Então um algarve que enche de orgulho o país quando recebe os mais altos e variados galardões ao nível da indústria hoteleira, um Algarve que é uma referência gastronómica a nível mundial, um Algarve que é notícia pela beleza das suas praias, um Algarve que tem uma incomensurável potencialidade económica é esquecido desta maneira? A resposta é clara. Estamos no início de um processo de desinvestimento com contornos ainda por esclarecer, mas que é necessário contrariar,  talvez à custa de um menor centralismo. 
 
A partir do momento em que os cidadãos não podem contar com o Estado nas suas obrigações mais básicas e fundamentais o paradigma altera-se. Assim sendo, é tempo de dizer basta e caminhar com convicção rumo à regionalização. Este é o caminho que devemos defender, simplesmente porque não existe um plano B. Espero bem que assim seja, em nome dos que aqui têm os seus investimentos, as suas famílias, os seus empregos e que procuram alcançar um futuro melhor.
0 Comments

O Lugar ao Sul faz 1 ano!

1/10/2017

0 Comments

 
365 dias. 52 semanas.

​Mais de 300 publicações. Mais de 190.000 visitantes únicos. Mais de 330.000 visualizações de página.

Ou, como preferimos dizer, um bom começo.

O Lugar ao Sul completa hoje um ano de existência. Obrigado a todas as pessoas que fazem dele um ponto de encontro, reflexão e participação.

André, João, Filomena, Cristiano, Bruno, Luís, Dália, Pedro, Sara, Hugo, Joana e Gonçalo
Imagem
0 Comments

OS DESAFIOS DA (I) MOBILIDADE NO ALGARVE*

20/9/2017

0 Comments

 
Por Cristiano Cabrita
Imagem
*a propósito da Semana Europeia da Mobilidade
 
De 16 a 23 de Setembro, comemora-se a Semana Europeia da Mobilidade e é com esse intuito que a Comissão de Migrações (CMig) da Sociedade de Geografia de Lisboa (SGL), em parceria com a Associação Internacional de Paremiologia / International Association of Paremiology (AIP-IAP) e o Clube UNESCO de Paremiology-Tavira (CUP-T) entendeu organizar um Seminário, em Tavira, sobre este importante tema. O mesmo irá realizar-se no próximo Sábado, dia 23, no Hotel Vila Galé Tavira, e terei o privilégio de ser um dos oradores presentes. Neste contexto, queria aproveitar o Lugar ao Sul não só para endereçar o convite a todos os que pretendam assistir, mas também para avançar, em primeira mão, parte do argumento que irei debater naquele fórum.
 
Antes de esmiuçar o tema numa perspectiva algarvia, vejamos alguns dados gerais sobre a questão da mobilidade em Portugal. Desde logo, uma evidência – que poderá não valer muito, é certo, mas que não deve deixar de ter o seu espaço interpretativo – dos 308 municípios portugueses apenas 51 comemoram a Semana Europeia da Mobilidade com um conjunto de eventos mais ou menos relevantes. Dos 16 municípios algarvios, somente 6 juntaram-se à Semana Europeia da Mobilidade. É, portanto, uma evidência negativa. Não sendo nada de dramático, revela-nos a inexistência de uma sensibilidade própria sobre esta matéria.
 
Outro dado objetivo diz-nos que, entre 2011 e 2015, conforme noticiado esta semana no Expresso, o sistema de transportes públicos português perdeu cerca de 100 milhões de utentes. Os portugueses, apesar das campanhas de sensibilização potenciadoras do conceito “sharing”, continuam a não aderir a esta forma de mobilidade com os números, por exemplo, do “carsharing” a roçar o irrisório. Por outro lado, enquanto cerca de 15 % dos europeus escolhem a bicicleta como meio de transporte diário, em Portugal apenas 1% da população considera este meio adequado à sua vida mundana. Em Lisboa e no Porto, estão em marcha um conjunto de medidas que visam aumentar a qualidade da mobilidade dos munícipes no âmbito dos transportes metropolitanos, com especial incidência no metro e nos autocarros. A primeira resposta para a resolução do problema, ao que parece, encontra-se numa maior articulação dos concelhos das áreas metropolitanas do Porto e de Lisboa.
 
A ideia geral é que os municípios “pensem” a mobilidade num plano coletivo, no sentido lato do termo. Parece-me que o conceito está no caminho correto, muito embora deva ser aprofundado, aliás, não faz sentido construirmos muralhas nos municípios que partilham entre si a responsabilidade de dar ao cidadão a melhor opção possível para a sua mobilidade. Mas este cenário diz respeito às duas grandes metrópoles portuguesas. E o Algarve? Especificamente, qual é o impacto da mobilidade (ou falta dela) no Algarve, em geral, e no que concerne ao turismo, em particular. Esta é a pergunta de partida que importa responder. Em primeiro lugar, do meu ponto de vista, ambas estão intrinsecamente ligadas. Ou seja, se houver um aumento exponencial da qualidade da mobilidade que os municípios algarvios proporcionam aos seus munícipes, invariavelmente, a mesma refletir-se-á na qualidade da mobilidade dos nossos turistas. Por isso, acredito que o primeiro desafio que se coloca à maior parte dos municípios algarvios é a elaboração de uma estratégia que, num primeiro momento, permita encarar qualquer obra pública numa perspectiva da mobilidade, para depois, num segundo momento,  enquadrá-la no âmbito regional. Basicamente, o modelo local deve ter uma consonância regional. Bem sabemos que esta ideia é difícil de concretizar na sua plenitude, face às vicissitudes e interesses individuais de cada concelho, mas é para isso que existe a CCDR e a AMAL. E, há que reconhecer, pese embora o estado embrionário, que ambas as estruturas regionais estão a trabalhar nesse sentido com projetos interessantes, como o VAMUS (Projeto de Mobilidade Urbana Sustentável do Algarve), lançado pela AMAL.

A CCDR Algarve, através do seu Portal da Mobilidade e Transportes, no último relatório que apresentou (referente ao primeiro trimestre de 2017) veio avançar que, comparativamente com o trimestre homólogo do ano anterior, houve “aumentos nos fluxos e tráfegos na região, em praticamente todos os meios e modos de transporte”. A exceção verificou-se no modo fluvial/marítimo da Ria Formosa e na carreira do Guadiana. Sem ainda ter acesso aos dados referentes ao segundo e terceiros trimestres, levanto, desde já, uma questão. Quer isto dizer que estamos perante uma maior mobilidade em terras algarvias? Se quisermos uma maior qualidade da mobilidade no Algarve? Afinal, os números dizem-nos que existiu, pelo menos, uma maior utilização do serviço regional do modo ferroviário e também um maior movimento de passageiros no transporte coletivo rodoviário. A isto devemos somar o aumento de passageiros no Aeroporto Internacional de Faro e no Tráfego Médio Diário (TMD) nos eixos rodoviários principais. Existe aqui um nexo de causalidade positivo? Sinceramente, não acredito.
 
Embora devamos reconhecer que o crescimento do turismo no Algarve tem uma componente muito importante que resulta do trabalho de todas as autarquias, o problema é que o aumento exponencial de turistas veio levantar sérios problemas na mobilidade urbana. À semelhança do que acontece em Lisboa e no Porto, que já tinham uma forte pressão de tráfego por parte dos utilizadores habituais, também a região do Algarve está a sofrer com a pressão acrescida dos turistas que avidamente procuram conhecer o máximo das cidades, muitas vezes no menor tempo possível. E essa pressão faz-se não só sobre o espaço público, mas também ao nível dos transportes públicos, cujo dimensionamento é capaz de não estar totalmente ajustado ao incremento do número de turistas. E se o problema já era grave, recentemente ganhou uma nova dimensão.
 
Independentemente dos estudos, das análises, dos dados quantitativos, existem evidências suficientes para afirmar que o Algarve ainda tem que crescer muito em termos de mobilidade. E falo da mobilidade em termos gerais. Ou seja, o facto de grande parte das cidades do Algarve não ter condições para as pessoas com mobilidade condicionada. O facto de ser totalmente inexplicável a inexistência de uma ligação ferroviária do Aeroporto de Faro à sua cidade e, consequentemente, a também carência de um terminal intermodal. Não basta somente fomentar o debate sobre a mobilidade sustentável e a modernização administrativa da região, é necessário criar impulsos reais para resolver o problema.
 
O que vale este tipo de debates sobre ciclovias ou novas “vias”, se continuamos a barrar a entrada dos turistas espanhóis na A22? Que debate sério queremos fomentar quando a EN125 opera como um agente estrangulador da mobilidade algarvia? Que tipo de legitimidade existe quando, por exemplo, há cerca de um ano a rede de transportes públicos que serve Faro era completamente obsoleta – confesso que desconheço se entretanto algo melhorou –, não existindo articulação de horários entre comboios e autocarros urbanos que servem faculdades e escolas. Algo tão simples. Ridiculamente simples. Quem é que acredita que as portagens da Via do Infante sejam potenciadoras de mobilidade? Pois.
 
Numa década, no algarve, o uso do transporte individual nas deslocações urbanas e interurbanas cresceu cerda de 30% e entre 2001 e 2011 os transportes públicos perderam cerca de 20% de quota de mercado. Isto diz-nos que algo não está bem. E se não está para os que aqui vivem, muito pior estará para os turistas que, muitas das vezes sem informação condigna, procuram orientar-se nas suas deslocações por terras algarvias. Se queremos crescer enquanto modelo societário é imperativo que o façamos tendo a mobilidade como pano de fundo.
 
Por outro lado, o Algarve tem, nos últimos anos, cimentado a sua posição estratégica no importante sector do Turismo. Sobretudo, a marca “Algarve” tem obtido um reconhecimento ímpar, não só a nível nacional,  mas  também  no mercado internacional. As praias, a  gastronomia, a segurança, o legado  cultural,  as  gentes,  entre  outros,  têm  funcionado  como  distintos  embaixadores  na promoção  da  região.  Somos  um  exemplo  mundial  ao  nível  do  turismo.  Mas  arriscamos  o futuro. Porquê? Porque apresentamos paupérrimas condições estruturais, não só, mas também, na  área  da  mobilidade.  Numa  altura  em  que  se  debate,  e  bem,  as  potencialidades  da mobilidade  sustentável  e  a  modernização  administrativa  da  região  (smart  regions), verificamos a carência de acessibilidades ferroviárias, rodoviárias e aeroportuárias. Ora, esta realidade, se não  for  rapidamente  invertida,  funcionará  como  um  freio  na  potencialização económica  da  região.  Em  suma,  é  vital que o  Algarve  ultrapasse  nos próximos  anos  estes desafios à «imobilidade» para que consiga afirmar-se em definitivo como um destino turístico de excelência a nível mundial.
0 Comments

Orgulhosamente algarvios: votem em Paderne, votem no Algarve!

30/8/2017

0 Comments

 
Por Cristiano Cabrita

O mundo só pode ser
Melhor que até aqui,
- Quando consigas fazer
Mais p'los outros que por ti!*

*António Aleixo
 
Os algarvios, por natureza, são bairristas e assumem a luta do seu vizinho como a sua. Fazem-no desprovidos de interesse, com uma naturalidade sadia e com um sentimento de apego que traz sorrisos e aquece o coração de quem tem o privilégio de ser algarvio. E o “ ser” algarvio não se aplica somente aqueles que aqui nasceram ou que aqui têm raízes familiares, aplica-se também àqueles que aqui decidiram constituir as suas famílias, abrir os seus negócios, usufruir da sua reforma, enfim, que decidiriam “viver” o Algarve. O cheiro a maresia, as cores do barrocal algarvio, a beleza da nossa costa, a riqueza da nossa fauna e flora, o azul deste mar, o património histórico e etnográfico e os sabores característicos da região são passaportes identitários que elevam a riqueza da nossa região a patamares únicos no mundo. A própria oralidade é um cimento agregador da nossa forma de estar e ser. Conseguir discernir a origem do môce de Lagos, de Portimão, do Alvor, de Loulé ou de Faro, simplesmente pela maneira de falar é de uma complexidade e de uma riqueza sem comparação.
 
A última vez que senti esta maneira de estar e ser algarvio, este sentimento de apego e partilha comum, foi num dos momentos mais difíceis que tive a oportunidade de viver em primeira mão, no dia 1 de Novembro de 2015. As inundações em Albufeira foram uma tragédia para a cidade. Mas, houve um lado positivo. Foi indiscritível a onda de solidariedade que recebemos de todo o país, do estrangeiro, mas, em particular, de todos os municípios do Algarve e de todos os algarvios. O sentimento, a vontade de ajudar, fosse com um ou dois homens, fosse com um camião, com uma simples bomba de água, ou com apenas uma palavra de apoio, o calor que sentimos naquele dia frio e trágico para a História de Albufeira, aqueceu-nos a alma e deu-nos força para continuar a lutar e reerguer a cidade dos escombros. Nessa semana, houve união sincera, da mesma maneira que todos nos solidarizámos com Monchique aquando dos incêndios que fustigaram aquele concelho, da mesmíssima maneira que nos unimos contra os contratos de exploração de petróleo na costa sul.
 
Talvez por nos considerarmos diferentes, herdeiros de um legado milenar, talvez porque nos sintamos distantes do poder central por razões que não cabe agora discorrer, talvez porque, para o resto do país, quando atravessamos a Serra do Caldeirão, deixamos de ser apenas “albufeirenses”, “monchiquenses”, “louletanos”, “farenses” ou “lacobrigenses”, passando a ser também algarvios. Talvez porque este sentimento é apenas isso, um sentimento que as palavras não conseguem exprimir na sua verdadeira dimensão. Na sua incomensurável grandeza.
 
Por tudo isto, hoje faço um apelo diferente para que votem em Paderne, aldeia finalista do concurso “7 Maravilhas – Aldeias de Portugal”. Como é público, Paderne é a única representante algarvia, concorrente na categoria Aldeias Rurais e para ser considerada uma das 7 Maravilhas de Portugal vai precisar de contabilizar mais votos do que a sua concorrente, a aldeia de Sistelo.
 
Teria a mesma postura se tivesse em causa a eleição de Estoi, de Alte, da Bordeira (Aljezur) ou de qualquer outra localidade algarvia porque entendo que o Algarve é um património comum que deve ser defendido até à exaustão. Da mesma maneira que sou um promotor do Festival de Marisco de Olhão; que aplaudo a Noite Branca de Loulé; que enalteço o Festival F em Faro; que valorizo a tradição vitivinícola de Lagoa e a FATACIL; que promovo o legado de Monchique; que difundo a Feira Medieval de Silves e que aconselho a Fortaleza de Sagres, o Castelo de Silves, a Ermida de Nossa Senhora da Guadalupe e a Fortaleza de Lagos, entre outros, a todos os que nos visitam. Da mesma forma que valorizo e divulgo as maravilhas encerradas em Cacela, Monte Gordo, Cabanas de Tavira, Burgau, São Brás, Bensafrim, Santa Barbara de Nexe, Aljezur ou Castro Marim, venho agora apelar ao voto comum de todos algarvios em Paderne.
​
Se Paderne ganhar, ganhará o Algarve, ganhará o património algarvio, ganharemos todos nós.
 
Para votar em Paderne basta ligar para o número 760 10 70 03, até dia 3 de Setembro, data em que se realiza, em Piodão, a gala final, conduzida por Catarina Furtado e José Carlos Malato, no decorrer da qual vão ser anunciadas as 7 aldeias Maravilhas de Portugal. Caso Paderne seja vencedor, tornar-se-á na terceira maravilha do Algarve, neste caso, na categoria de Aldeias Rurais, depois da eleição da Ria Formosa, em 2010 (7 Maravilhas Naturais) e de Odeceixe, (7 Maravilhas Praias).
0 Comments

Do Algarve ao Minho: onde está o wally costa?

16/8/2017

0 Comments

 
Por Cristiano Cabrita
Imagem
​Antes de iniciar o artigo, permitam-me que deixe duas notas introdutórias. Em primeiro lugar, o Lugar ao Sul é essencialmente utilizado para debater questões relacionadas com o Algarve. É o que tenho feito até aqui. Hoje, abro uma raríssima excepção para abordar aquilo que é uma violação do mais elementar direito que cada português tem, isto é, o direito a ter protecção do Estado para si, para a sua família e para a sua propriedade. Se retirarmos este direito constitucional da equação, caminhamos a passos largos para o fim do Estado de direito.
 
Depois, em segundo lugar, quero enviar uma palavra de solidariedade à população da Madeira que, depois dos incêndios do ano passado, se vê novamente a braços com uma tragédia. Quero também reconhecer – e, seguramente, que é esse o sentimento de milhares de portugueses – o esforço hercúleo de centenas de bombeiros que diariamente têm arriscado a sua vida em prol de todos nós. Sei que ser bombeiro não é fácil, mas também sei que muitos deles se sentem reconhecidos com um simples obrigado. E é isso que devemos fazer sempre que encontramos um bombeiro, um GNR, um PSP, um militar, um elemento da protecção civil, entre outros, que luta para nos proteger a nós e à nossa propriedade. Um singelo obrigado é algo que perdura para sempre.
 
Posto isto, é simplesmente vergonhoso, inconcebível, desesperante, exasperante, impensável, viver num país onde estes homens lutam sem terem meios suficientes para combater as chamas. E atenção as palavras não são minhas. O sentido de revolta atravessa dezenas de autarcas que têm visto as suas florestas, as suas matas, as suas ruas, as suas casas, a arder sem poder fazer nada. Ontem, o presidente da Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros, Manuel Moreno, corporizou numa frase o que realmente se passa: "Os incêndios morrem quando os combatemos de início". Enquanto isso, no Fundão viviam-se momentos dramáticos com o Presidente da autarquia, Paulo Fernandes, a apelar ao “reforço dos meios”. Ou seja, se existissem meios suficientes muitas destas tragédias não teriam acontecido. O problema é que não os há.
 
Consequentemente, enquanto as pessoas perdem as suas vidas, enquanto o país arde, o debate resvala quase sempre para uma simples questão: de quem é a culpa? Bom, em termos latos, a génese de um incêndio pode ser imputada a um pirómano, a um qualquer acidente ou a uma simples condição de natureza. Sendo importante encontrar “culpados”, o verdadeiro problema surge depois, isto é, na forma planeada - ou desorganizada - como se combate as chamas. Sim, mas de quem é a culpa? Objectivamente, é de todos os Governos pós 25 de Abril que até aqui tomaram decisões erradas naquilo que é o planeamento florestal e naquilo que também é a (in) definição estratégica de uma força área especializada no combate aos fogos.
 
Mas, vamos partir do princípio que eu sou um cidadão que habita nos concelhos de Coimbra, Cantanhede, Montemor-o-Velho, Ferreira do Zêzere ou Tomar. Já para não falar de Pedrogão. Vamos considerar que perdi tudo o que tinha e faço um exercício introspectivo e questiono-me: “de quem é a culpa?”

Read More
0 Comments

Algarve: mais do que a descentralização, queremos a regionalização!

2/8/2017

0 Comments

 
Por Cristiano Cabrita

O atual Governo está enamorado pela descentralização. De facto, no último ano, António Costa tem vindo a público defender a necessidade de avançar fortemente com a descentralização “com claro reforço das competências dos municípios e das freguesias na gestão dos seus territórios". A ideia é que o processo esteja concluído durante esta legislatura. Recentemente, o Ministro-adjunto, Eduardo Cabrita, sublinhou que a "descentralização é um grande desafio da reforma do Estado e é uma prioridade do Governo", e que o objetivo da legislação "é dar mais poderes às autarquias". O objetivo é que a intervenção municipal assuma uma maior preponderância em áreas como a educação, a saúde, a acção social, na gestão das praias, na reparação de estradas nacionais, entre outras. O que pressupõe, a curto e médio prazo, que as autarquias absorvam as competências do governo central.

Este momentum merece, desde logo, três considerações rápidas. Em primeiro lugar, a descentralização é um tema que tem vindo a ser debatido há muitos anos e não me parece que se consiga agora dar um salto em frente, cortando tudo a direito, sem o devido espaço para discussão e consensos. Parece-me, isso sim, mais retórica política do que outra coisa, mas esperemos para ver. Aliás, o tema foi sendo sucessivamente debatido desde o Governo de Durão Barroso. E, na anterior legislatura, também existiram alguns avanços nesta matéria. Por isso, não foi encontrada nenhuma fórmula mágica tendo em conta que o debate não é novo.
 
Em segundo lugar, tenho sérias dúvidas sobre a eficácia do efeito “descentralizador”. Ou seja, não acredito plenamente nos objetivos que se propõe a alcançar. Tenho algumas dúvidas, para não dizer muitas, de que terá o mesmo efeito em todos municípios e freguesias do país, as quais encerram em si especificidades próprias. Será que um Município com um orçamento anual de 10 milhões de euros tem capacidade para “assumir” o papel do Estado, nas várias áreas? Esta passagem de competências far-se-á num corte a direito? Por outro lado, por exemplo, existem autarquias algarvias que há longos anos que se substituem àquilo que deve ser o papel do Estado, mas que, devido à ponderação do número de residentes, recebem apenas 4 ou 5 milhões de euros dos cofres do Estado, quando na realidade todos os meses têm no seu território cerca de 150 mil pessoas. Existirão novas ponderações em termos de afetação de verbas por parte do Governo? A proposta em cima da mesa não responde claramente como serão efetuadas as repartições de competências e os poderes de cada entidade e, mais importante, como é que o financiamento chegará.
 
Repare-se que o trabalho desenvolvido pelas CCDR’s e pelas Áreas Metropolitanas tem ficado aquém das expectativas sendo órgãos sem legitimidade prática e com competências em áreas, muitas vezes, transversais a outras entidades, como as autarquias. Posto isto, uma solução assente na descentralização aumentará o risco dos titulares dos órgãos nem sempre estarem preparados para as funções e responsabilidades de gestão administrativa. É também verdade que podemos elencar as vantagens teóricas da descentralização, como a maior celeridade na administração, maior democraticidade, maior facilidade da participação dos interessados na gestão da Administração, e uma maior limitação do poder público, consequência da sua repartição pelas pessoas coletivas. Mas, no global, fico com a sensação de que não passa de uma solução intermédia.
 
Em terceiro lugar, quanto a mim, e aqui é que está o cerne da questão, este debate pretende esconder um outro ponto mais importante: saber se existem condições para voltar a debater a temática da regionalização. Isso é que importa discernir. E este é um tema que deve interessar ao Algarve, no geral, e aos algarvios, em particular. Porquê? Porque, sinceramente os algarvios estão cansados de serem constantemente esquecidos pelo poder central.
 
O Algarve é a região do país que mais contribui para o PIB proveniente do sector do turismo, representando mais de cinquenta por cento das receitas, e onde esta atividade apresenta uma maior relevância económica. Além disso, como se viu recentemente, geramos mais de metade dos bens transacionáveis em Portugal. Somos um exemplo mundial ao nível do turismo. Mas arriscamos o futuro. Porquê? Porque temos paupérrimas condições estruturais na região! Este é o retorno que temos por parte do Estado central. Como é que queremos competir com outros destinos turísticos quando diariamente nos deparamos com a inexistência de acessibilidades ferroviárias e rodoviárias? Como é que abordamos a promoção turística quando existe falta de médicos e quando os Centros de Saúde operam em condições precárias? Quando é que entendemos de uma vez por todas que as portagens na Via do Infante representam uma “barreira” económica para residentes e turistas? Quando é que o Hospital Central do Algarve sai do papel? São as autarquias que neste suposto processo descentralizador vão construir um novo hospital no Algarve? Não me parece. Mais, quando é que os utentes hospitalares têm um tratamento condigno? Quando é que se resolvem os problemas da orla costeira? Quando é que os acidentados deixam de esperar uma hora por uma ambulância? São as autarquias que vão resolver este problema, criando um INEM de raiz? Também não é crível.  Quando é que acabam as obras na EN125? Quando é que a região assume o controlo do seu próprio destino e deixa de ser esquecida? Sim, porque não vale a pena pensarmos num paradigma de valorização do Algarve quando depois apresentamos um conjunto de respostas estruturais que são manifestamente insuficientes. É contraprudecedente. Qual é denominador comum? Todos os grandes problemas que existem no Algarve resultam da inércia do Governo central. O mais grave disto tudo é que não conseguimos controlar a nossa galinha dos ovos de ouro. É como ter um carro topo de gama e ao abrirmos o capô encontramos um motor de um corta relvas. A dimensão é extremamente preocupante porque somos completamente dependentes desta indústria, mas não conseguimos controlar as respostas para aumentar a qualidade da mesma. Estamos num colete de forças, maniatados pelo centralismo.

Desde logo, importa relembrar que a Constituição da República Portuguesa de 1976, consagrava a organização do poder político local no artigo 238º. No número 1 do mesmo artigo lia-se: “no continente as autarquias locais são as freguesias, os municípios e as regiões administrativas”. Portanto, em termos constitucionais, existe esta possibilidade desde o período pós revolucionário. A regionalização em Portugal deve ser uma meta a atingir, o problema é que o país tem adiado a decisão, talvez fortalecido pelo negativismo que saiu do referendo de 1998, refugiando-se em processos de descentralização e em instrumentos de desconcentração para, sucessivamente, adiar a regionalização preconizada na Constituição de 1976. Acredito que a regionalização, a prazo, poderia trazer grandes benefícios económicos para o país e para os portugueses. Teria uma maior legitimidade democrática e um papel mais forte junto das populações, em relação a órgãos distantes e intermédios, como é o caso das CCDR’s. Dentro da própria União Europeia as regiões também têm ganho uma maior importância e são um exemplo positivo neste aspeto.
 
Todavia, a realidade diz-nos que os sucessivos Governos não acreditam na regionalização. Na generalidade, acreditam que tal processo colocaria em risco a coesão nacional e a integridade num país pequeno como o nosso. Que geraria mais burocracia e um clima de conflito entre regiões, que seria um risco desnecessário num país onde não existem diferenças socioculturais evidentes. Que a despesa aumentaria e que, em caso de dúvida, é preferível reforçar os poderes das autarquias e manter o modelo atual de descentralização. Não partilho desta opinião, sobretudo, se colocarmos em cima da mesa o exemplo do Algarve. Acredito, isso sim, que a regionalização reforçará a coerência das políticas públicas; que será importante para cumprir com o princípio da subsidiariedade e com o aprofundamento da democracia, diminuindo o peso excessivo do Estado e o centralismo; que também pode reforçar o peso das organizações da sociedade civil que atuam em benefício do desenvolvimento local e regional; que mitigará as desigualdades e as assimetrias locais e regionais, podendo reforçar o desenvolvimento regional; que a probabilidade é bem grande da diminuição das despesas do Estado porque o número de autarcas regionais é diminuto e implicaria o desaparecimento de alguns cargos atualmente existentes na Administração Pública como, por exemplo, os presidentes das comissões de coordenação e desenvolvimento regional e respectivo quadro de pessoal; que melhoraria também as vias de comunicação nos domínios rodoviário, ferroviário e aéreo com ganhos para a mobilidade das populações; que distribuiria de uma forma mais justa e racional a riqueza gerada na região; que tornaria o país mais moderno e mais auto sustentável. Dito isto, sou a favor daquilo que deve ser o combate das assimetrias regionais e em prol de uma maior equidade social.

Compreendo, em teoria, por exemplo, a especificidade das regiões autónomas da Madeira e dos Açores, para manter um estatuto “autónomo” sustentado num Governo Regional. Todavia, não concordo que se invoque “características específicas” para dotar aquelas regiões com um estatuto político-administrativo e de órgãos de governo próprios. A geografia, a insularidade, não pode, não deve, ser suficiente para determinar a especificidade de uma região. Se assim o for, então o Algarve tem um conjunto de características próprias, já para não falar na História, que serve de um bom ponto de partida.
 
Agora, tudo isto não vale de nada se, em caso de um novo referendo, mais de 50% da população portuguesa voltar a ficar em casa, e mais de metade dos algarvios não votar no SIM!
0 Comments

Sr. Presidente da AHETA: Capital do Turismo, com muito orgulho!

19/7/2017

9 Comments

 
Imagem
Por Cristiano Cabrita

Coincidência ou não, no seguimento do meu último artigo intitulado “ empresários algarvios low cost”, o Sr. Presidente da AHETA – Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve, fez chegar aos seus associados um rol de propostas, diria mesmo acusações, à autarquia de Albufeira. Partindo dos acontecimentos que aconteceram na rua da oura, na noite de 25 de Junho, o representante daquela associação enumera um sem fim de acções e medidas que, segundo o mesmo, irão resolver de imediato todos os problemas. Até aqui, apesar da sua fragilidade argumentativa, tudo bem. Todos temos o direito de manifestar as nossas opiniões, em nome pessoal, ou em nome de uma associação, mesmo que a maioria dos seus associados não se revejam no teor da exposição. Todos temos o direito de manifestar os nossos juízos, nem que passemos anos sem dizer nada sobre o assunto. Vivemos numa sociedade democrática e num Estado de Direito que nos dá, e bem, essa liberdade de expressão. O problema é que este mesmo representante, compôs o seu ramalhete argumentativo com um artigo publicado no Região Sul, com o seguinte título “Capital do turismo à rasca”. Aqui a coisa muda completamente de figura porque, inadvertidamente, acabou por atingir as gentes de Albufeira. Mas já lá irei.
 
Não vou discutir um a um todos os pontos que achei por bem frisar no artigo que escrevi no dia 5 de Julho. Debati incessantemente o meu argumento com os albufeirenses, com amigos, com desconhecidos, com pessoas com quem  falo diariamente, com outras que troco dois dedos de conversa esporadicamente, com quem partilho ideias nas redes sociais, com quem cresci, com quem andei na escola secundária, com colegas de trabalho, com quem joguei futebol, com quem pratiquei atletismo, com quem vi noites memoráveis no Summertime, no Alabastro, na baixa de Albufeira,  no Splash , com colegas de carteira, com quem debati política (muita política) e livros, com quem discuti, com quem sorri e chorei, com colegas de universidade, com quem fiz surf, com quem convivi, enfim, com quem vivi nestes últimos quarenta anos…em Albufeira!
 
Fi-lo e escrevi em nome próprio, sem politiquices, sem intenções camufladas, dizendo aquilo que me ia na alma. Quem me conhece sabe que não podia ser de outra maneira. Simplesmente, senti-me inseguro ao percorrer naqueles dias as ruas da minha cidade. Senti uma estranha insegurança na minha própria terra, algo que não aceito. Algo que muitos albufeirenses não aceitaram!

Read More
9 Comments

Estamos a crescer

12/7/2017

0 Comments

 
Imagem
0 Comments

Empresários algarvios low cost

5/7/2017

2 Comments

 
Imagem
Por Cristiano Cabrita

Os recentes acontecimentos em Albufeira – com um grupo de turistas ingleses, oriundos de bairros problemáticos dos arredores de Londres –  veio colocar a cidade sobre os holofotes da má fama. Falou-se muito – nem sempre bem, aliás, na maior parte das vezes mal – sobre os turistas embriagados, seminus, que diariamente chegam ao Algarve a partir do mês de Maio. Invariavelmente, a questão resvalou para a competência das autarquias nesta matéria. Errado. As autarquias – sejam elas quais forem –, devem zelar para que a (s) cidade (s) estejam preparadas para receber estes turistas da melhor maneira possível, ao nível do saneamento, da limpeza das praias, da iluminação pública, da hospitalidade, da informação prestada, de programas culturais e de animação, das acessibilidades, etc. Esta é a vocação dos Municípios. Diria que é a ponta do icebergue mais visível a partir do momento que os veraneantes chegam até nós, e que vem completar todo um trabalho de “bastidores” feito ao longo de todo o ano patente, por exemplo, na promoção turística.
 
Consequentemente, do meu ponto de vista, o problema não está nas autarquias. A questão resume-se a dois pilares estruturantes. O primeiro, de cariz empresarial, e o segundo no foro da segurança.
 
Quanto ao primeiro, o cerne da discussão está numa geração de empresários que, elogiosamente, chamarei de "empresário low cost". Pois bem, este é o tipo de empresário algarvio que não sabe, nem entende, a riqueza que tem à sua volta. É no fundo um empreendedor ignorante que é movido pelo cheiro dos euros fáceis, vendendo a galinha dos ovos de ouro por tuta e meio. É o empresário que paga salários de 600 euros e que exige que o empregado trabalhe 12 horas por dia.  É aquele empresário que aposta no volume de vendas, em detrimento da qualidade daquilo que vende. O problema é que se o mesmo apostasse na qualidade (uma palavra que muitos têm dificuldade em pronunciar), vendia o mesmo e retiraria daí maiores dividendos. Sim, os euros fáceis duplicariam! Mas, a maior parte ainda não chegou a essa conclusão. Em suma, são eles os principais responsáveis pela degradação do tipo de turista que chega ao Algarve.
 
Vejamos o exemplo do que aconteceu em Albufeira, mas que sucede um pouco por todo o Algarve, embora com menos visibilidade. A logística que permitiu a vinda deste grupo a Albufeira começou a ser preparada há largos meses. Neste período, houve empresários que se predispuseram a alojar estes desordeiros, com ou sem ajuda de agências de viagens. Existiram reuniões. Fecharam-se contractos com estabelecimentos de diversão nocturna. Planearam-se excursões. Enfim, fez-se um plano de férias. Até aqui tudo bem. O problema é que "ofereceram" o produto " Algarve" e a marca “Albufeira” por uns míseros 700 euros/semana com base no “tudo incluído”. Ora, ao praticar estes preços, desvalorizaram o nosso produto. Isto é um erro estratégico! Qual é a intervenção que as autarquias devem ter neste tipo de visão? Rigorosamente nenhuma, pela simples razão que excede o foro das suas competências. São os empresários que devem escolher qual é o tipo de turista que querem.Ponto final. E aqui o discernimento não foi o melhor.
 
Como é que podemos defender com todas as nossas forças um Algarve próximo do que se faz em Nice, Marselha, Saint Tropez, Sardenha, Miami, Florianópolis, Ibiza, entre outros, quando depois direccionamos a nossa oferta para este tipo de cliente? Não se pode, evidentemente.
 
Há empresários algarvios que assumem em fóruns, em discussões públicas, esta vontade de mudar para melhor. Concordo plenamente. O problema é que muitos deles fazem-me lembrar aquelas salas de aulas da primeira classe onde a Professora pergunta se todos entenderam a lição e todos, sim, todos, respondem em uníssono "sim, senhora professora". Qual é o problema? Quando saem da sala de aula, cada um segue o caminho. Começam a congeminar como é que se baixa o preço do quarto para ser mais competitivo do que o vizinho. Oferecem uma refeição a 3 euros porque o empresário do lado vende a 5 euros. Um copo de Whisky é vendido a 4 euros, até que o vizinho passe para os 3 euros, para que depois o passe a "oferecer" a 2 euros. Oferecem o transfer do aeroporto. Oferecem alojamento às crianças. Oferecem o vinho ao jantar. Oferecem a sobremesa ao almoço. Oferecem, oferecem, oferecem. Obviamente, tudo com o carimbo low cost.  Ou seja, ao diminuir-se a qualidade da oferta, diminui-se também a qualidade do consumidor. Diminuindo-se a qualidade do consumidor, aumentam os problemas.
 
Enfim, estes são os empresários que vivem inebriados com uma posição que é egoísta e que em nada defende os interesses do Algarve. Coloco no mesmo saco todos aqueles que defendem o sistema "tudo incluído" para o Algarve. O “all inclusive” e os “ cheap deals” são hoje uns parasitas da região e das suas gentes. Bom, nem todos. Posso até defender/defender aqueles resorts que se encontram a 10/15 km das povoações mais próximas. Agora, aqueles que ficam paredes meias com localidades algarvias deviam ser proibidos de exercer a sua actividade. Nós não estamos na Republica Dominicana, nem no México, onde os resorts são construídos do meio do nada e onde a segurança é um problema grave, não existindo acesso directo a serviços e bens mais elementares. Definitivamente não. Estamos, isso sim, num dos melhores sítios do mundo para viver e passar férias.
 
A propósito da segurança, aproveito para lançar o segundo pilar. Há cerca de um mês tive a oportunidade de discorrer aqui sobre “a segurança endógena no Algarve”. O que aconteceu em Albufeira está intrinsecamente ligado àquilo que escrevi. Ou seja, como é que queremos impor a autoridade do Estado com meia dúzia de polícias de intervenção? Quando é o Governo entende que o Verão chega ao Algarve em Abril, e não em Junho? Verdade seja dita, muito fizeram aqueles homens que conseguiram manter a segurança e ordem pública face a uma multidão de 600 pessoas. Os distúrbios teriam acontecido se o efectivo policial fosse maior? Provavelmente, não. Temos urgentemente que mudar o paradigma e apontar as baterias para um novo tipo de mercado. Um mercado baseado na qualidade. Ele existe. Basta perguntar aos milhões de turistas que todos anos gastam biliões de euros em Ibiza, Marbelha, Mykonos, Nice, Miami, Florianopolis, Punta del Este, etc. Sinceramente, o Algarve não fica atrás destes destinos. Aliás, na minha singela opinião, temos capacidade para nos tornarmos um destino turístico de excelência a nível mundial, com capacidade de ombrear com aquilo que de melhor se oferece lá fora. Basta que todos apontem na mesma direcção. A opção B é tornarmo-nos apenas mais um destino de sol e praia. Deixo a questão: qual é o Algarve que os senhores empresários querem para o futuro?
 
Nota final: Espero que sejam poucos os empresários algarvios que se identifiquem com aquilo que acabei de escrever. Quanto aos outros, se faz favor, mudem o paradigma de “low cost” para “high quality”. O Algarve agradece.
2 Comments

A lição de Pedrogão: um país governado por incompetentes!

21/6/2017

0 Comments

 
Imagem
Por Cristiano Cabrita 

Pensei muito sobre se deveria escrever sobre a recente tragédia de Pedrogão. Numa altura em que os familiares e amigos das 64 vítimas mortais choram as suas perdas, ponderei se o devia fazer porque acredito que aquelas pessoas precisam de paz de espírito para seguir com as suas vidas e fazer o seu luto. Mas, num misto de revolta e emoção, não poderia deixar passar em claro a tragédia do passado sábado. E, ao contrário do que os nossos governantes têm apregoado, é necessário apurar responsabilidades. Sim, responsabilidades. Aquela palavra com difícil pronunciação que parece secar a garganta dos nossos políticos. Mas já lá irei.

Por agora, diria que a principal causa do que aconteceu está identificada: a incompetência! Sobretudo, a incompetência de todos os nossos governantes que até ao dia de hoje tiveram ou têm responsabilidades políticas no Portugal democrático pós-25 de Abril. Aqui não há Partidos com maior ou menor responsabilidade. Todos são responsáveis. É preciso que as pessoas saibam esta triste realidade. Diria até que seria necessário, pedagógico, que os responsáveis políticos tirassem a cabeça da areia e assumissem os seus próprios erros. Até agora, não ouvi rigorosamente nada. Nada. É um silêncio exasperante.

Por muito mais que as nossas “mentes brilhantes” – para garantir uma certa aura de intelectualidade, que lhes seria naturalmente negada – advoguem a necessidade de travar um “debate profundo” sobre esta matéria, os incêndios acontecem por falta de uma estratégia concertada para o ordenamento do território. E este problema tem décadas. Ponto final, parágrafo. Podem travar inúmeros debates e discussões, mas esta é a razão principal.

Posto isto, é também importante analisar a complexidade (e incompetências) deste assunto, a montante e a jusante.

Read More
0 Comments

A segurança endógena no Algarve

7/6/2017

0 Comments

 
Imagem
Cristiano Cabrita junta-se à equipa do Lugar ao Sul e publica hoje o seu primeiro artigo. Semana sim, semana não poderá encontrar os seus artigos à quarta-feira.

Quem é Cristiano Cabrita?
Cristiano Cabrita nasce em Loulé no ano de 1977, filho de mãe louletana (boliqueime) e pai albufeirense (olhos de água). Doutorado em Ciência Política e Relações Internacionais pelo Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa. Licenciado e Mestre em Relações Internacionais pela Universidade Lusíada de Lisboa. É pós-graduado em Estudos Europeus pelo Instituto de Estudos Europeus da Universidade Católica Portuguesa. É Investigador Universitário na Universidade Católica Portuguesa e na Universidade Lusíada de Lisboa. Em 2007 inicia a sua carreira profissional na Câmara Municipal de Albufeira como técnico superior de relações internacionais. É, desde 2013, Chefe do Gabinete de Comunicação, Relações Públicas e Relações Internacionais. É um benfiquista dos quatro costados e aproveita todas as ocasiões para praticar o seu desporto favorito – futebol.  Viajar é para si um acto de enriquecimento cultural sendo, além da leitura, o seu hobby favorito. Explorador utópico do perfeccionismo, gosta de um bom convívio entre amigos, de todos os momentos em família e de um bom filme. Sobretudo, aprecia o silêncio dos sábados de manhã em que o telemóvel está desligado. Muito importante, é um acérrimo defensor de uma forma de autonomia política e administrativa para o Algarve.
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------


​A segurança endógena no Algarve
Por Cristiano Cabrita

Hoje, a convite do meu amigo Bruno Inácio, inicio uma colaboração com o Lugar ao Sul. Faço-o com redobrado apreço. Em primeiro lugar, porque já era um assíduo leitor deste Fórum. Depois, porque os meus “pares” – que semana após semana trazem novos temas para reflexão – são pessoas que se preocupam genuinamente com o Algarve e com as gentes algarvias. E isso, caros amigos, para mim, é alvo de reconhecimento pessoal e intelectual.

Como o leitor deve calcular, existe um conjunto de assuntos merecedores de análise, mas hoje decidi discorrer sobre a segurança no Algarve.

Após o ataque terrorista na cidade balnear de Sousse, na Tunísia, em 2015, começou-se a debater em círculos mais ou menos abertos o impacto que um acontecimento análogo teria na região. Talvez porque estivéssemos perante um destino concorrencial, muitas foram as vozes que pediram especial atenção para este novo elemento de instabilidade.

Consequentemente, seguiram-se seminários, conferências, debates, sessões de esclarecimento e outros (múltiplos) encontros em que o ponto de ordem era debater a (in) segurança no Algarve. A forma incessante como se debateu a temática resvalou, muitas vezes, para o campo da subjectividade ao confundir-se condições de segurança endógenas e exógenas. Por definição, as últimas descrevem as ameaças produzidas por factores externos, como é o caso do terrorismo. As primeiras relacionam-se, a meu ver, com condições que tem origem no interior, por exemplo, a segurança pública.

Antes de mais é preciso fazer um ponto de ordem: Portugal, em geral, e o Algarve, em particular, são dos destinos mais seguros do mundo. Não obstante, é importante reconhecer a dificuldade que as forças de segurança e serviços de informação têm em “dominar” a condição exógena. Por muito mais elaborado que seja o plano de segurança, por muitos milhões que se invistam na prevenção, na monoritização e na vigilância, basta a vontade de um ou mais indivíduos – como se viu recentemente em Londres e em Paris - para alterar toda esta dinâmica. Portanto, creio que até é contraproducente discutir a “segurança” ou a “insegurança” no Algarve. Quando existe segurança – porque essa condição lhe assiste fruto de um longo trabalho realizado por múltiplos actores – não é preciso andar constantemente a afirmá-la, sobretudo, se depender de factores externos.

Já a segurança endógena é um assunto completamente diferente. Passo a explicar. Ano após ano, Governo após Governo, a falta de efectivos de segurança no Algarve (PSP e GNR), tem sido um assunto constantemente debatido. O denominado “reforço de verão” só chega ao Algarve em meados de Maio/Junho, quando a época alta há muito que chegou às ruas algarvias. A aritmética é simples. Se um posto da GNR tem 50 efectivos para uma população de 40 mil residentes, e se esse índice populacional passa para 300/400 mil é óbvio que não se consegue impor a autoridade do Estado e a segurança com apenas 100 agentes da autoridade, mesmo que isso signifique o dobro dos efectivos. Isto para dizer que à semelhança do défice existente ao nível das infra-estruturas rodoviárias, de saúde e de serviços, entre outros, o Algarve também é alvo de negligência por parte do Estado Central no que concerne à segurança endógena. Imagine-se o que seria se a maioria das autarquias algarvias projectasse a sua estrutura orgânica  - e os seus serviços - somente para a população residente. Quando o verão chegasse, o Algarve fechava portas por falta de condições estruturais. Por isso mesmo, deve ser pensado um modelo que corporize verdadeiramente as necessidades de segurança do Algarve, ao longo de todo o ano.

E aqui , caros amigos, a garantia da condição endógena depende apenas e só do Estado Central e não de factores “externos”. É precisamente este ponto que devemos debater e defender até à exaustão.

0 Comments
    Visite-nos no
    Imagem

    Categorias

    All
    Anabela Afonso
    Ana Gonçalves
    André Botelheiro
    Andreia Fidalgo
    Bruno Inácio
    Cristiano Cabrita
    Dália Paulo
    Dinis Faísca
    Filomena Sintra
    Gonçalo Duarte Gomes
    Hugo Barros
    Joana Cabrita Martins
    João Fernandes
    Luísa Salazar
    Luís Coelho
    Patrícia De Jesus Palma
    Paulo Patrocínio Reis
    Pedro Pimpatildeo
    Sara Fernandes
    Sara Luz
    Vanessa Nascimento

    Arquivo

    October 2021
    September 2021
    July 2021
    June 2021
    May 2021
    April 2021
    March 2021
    February 2021
    January 2021
    December 2020
    November 2020
    October 2020
    September 2020
    August 2020
    July 2020
    June 2020
    May 2020
    April 2020
    March 2020
    February 2020
    January 2020
    December 2019
    November 2019
    October 2019
    September 2019
    August 2019
    July 2019
    June 2019
    May 2019
    April 2019
    March 2019
    February 2019
    January 2019
    December 2018
    November 2018
    October 2018
    September 2018
    August 2018
    July 2018
    June 2018
    May 2018
    April 2018
    March 2018
    February 2018
    January 2018
    December 2017
    November 2017
    October 2017
    September 2017
    August 2017
    July 2017
    June 2017
    May 2017
    April 2017
    March 2017
    February 2017
    January 2017
    December 2016
    November 2016
    October 2016
    September 2016

    RSS Feed

    Parceiro
    Imagem
    Proudly powered by 
    Epopeia Brands™ |​ 
    Make It Happen
Powered by Create your own unique website with customizable templates.