Por Luís Coelho. Dados revelados no início da semana passada pela Associação de Hóteis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA) mostram uma quebra homóloga na procura originada pelo mercado Britânico para a região do Algarve na ordem dos 12.6%. Segundo esta Associação, tal fenómeno está directamente relacionado com o Brexit o qual terá levado a libra a desvalorizar-se em cerca de 15% face ao euro no decurso dos últimos 12 meses. A questão é: ficaremos por aqui? A entrevista do presidente da Região de Turismo do Algarve (RTA) ao Postal do Algarve no dia 06 de Julho de 2016 revela bem a importância do mercado Britânico para o Turismo nacional em geral e para o Algarve em particular. À data, Desidério Silva comentava que os britânicos eram responsáveis por 8,3 milhões de dormidas anuais em alojamento classificado. Cerca de 70% destas dormidas acontecem na região do Algarve, representando uma receita na ordem dos € 1 500 milhões de euros (i.e. 75% do total nacional). Estes valores traduzem bem a relevância deste mercado para a nossa região e o quão importante o mesmo é para o equilíbrio das contas externas do País.
Não estranha pois que o Brexit seja uma ameaça significativa para o nosso estilo de vida actual. Do ponto de vista genérico, os efeitos da saída do Reino Unido da União Europeia (UE) são ainda uma verdadeira incógnita. De facto, nunca antes um dos membros do clube decidiu mudar de vida pedindo, com isso, o divórcio de forma unilateral. À parte de óbvias consequências militares (o Reino Unido é o único país da União com um verdadeiro exército), este divórcio levanta questões legais interessantes (como consumar o desejo expresso em sede de referendo pela maioria do povo britânico?), sérios problemas económicos (como conviver no futuro com um país que, até aqui, representou uma das maiores economias da UE?) e eventualmente, um gigantesco imbróglio social derivado dos milhares de cidadãos da UE que residem e trabalham no Reino Unido (e vice-versa). Veremos como é que a UE e o Reino Unido tratam destas matérias sensíveis, sendo que, tendo em conta o que conhecemos da máquina burocrática instalada em Bruxelas, não devemos esperar nada de bom. Portugal é, neste contexto, um País particularmente interessado no processo. Desde logo porque Portugal e Inglaterra firmaram a mais antiga aliança internacional ainda em vigor (Tratado de Windsor, em 1386). Depois pela influência que a cultura Anglo-Saxónica tem tido sobre o nosso País nos últimos anos, o que levou a que uma enorme comunidade de Portugueses tenha escolhido o Reino Unido para viver e trabalhar. Há, depois, o Turismo. Como mencionado no início desta pequena nota, o Reino Unido é um importante emissor de turistas que chegam ao nosso País. Aparentemente a desvalorização ocorrida na Libra já afectou (ainda que marginalmente e em época alta) o fluxo inbound para solo Lusitano. Mas... Será esta a história toda? Em particular, até que ponto o acordo final que será assinado entre a UE e o Reino Unido trará ou não mais novidades negativas neste contexto (e.g. maior carga burocrática na circulação de pessoas, travões à circulação de capital – algo que poderia impactar o nosso mercado imobiliário, fiscalidade mais agressiva para os súbditos de Sua Majestade – o que afectaria a significativa comunidade britânica que reside em Portugal e em particular no Algarve)? O tempo o dirá. Para já temos de ficar alerta e estar preparados para opinar sobre estas temáticas quando for o momento apropriado.
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