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Bem-vindo

Boião de cultura algarvia

5/7/2019

2 Comentários

 
Por Gonçalo Duarte Gomes

O Verão é uma altura em que muita gente aproveita para pôr a leitura em dia.

Agora que a desejada estação aparenta ter chegado a terras meridionais, fica uma sugestão: Algarve Manifesto, de Jacinto Palma Dias.
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Sem adiantar grandes spoilers, direi apenas que é uma viagem pela História do Algarve - disciplina/exercício que propõe em jeito de assumida heresia - que nos leva por caminhos pouco comuns, porque intrincados e muitas vezes com ligações a longe, muito longe, e de há muito, muito tempo, numa prova cabal de que a condição cosmopolita da região não surgiu por aqui apenas com o advento das agências de viagens e com a predatória condição de activo turístico.

A proposta de Jacinto Palma Dias é precisamente a de revelar a multidimensionalidade do Algarve, para lá da planura genérica e acéfala do folheto turístico e da magnanimidade dos descontos de 50% para residentes quando já não atrapalham as enchentes de "estrangeiros" (de aquém e além fronteiras). Um Algarve com complexas matizes culturais, económicas e sociais. Um Algarve que faz pensar, e que tem a capacidade - e a obrigação, já agora - de se pensar

Uma outra publicação que recomendo (com a reserva de ser um tanto ou quanto difícil de encontrar) é "O Algarve revisitado" também da autoria de Jacinto Palma Dias e de João Brissos, editado há pouco mais de 25 anos.
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Aqui, novamente, o Algarve é preenchido com efectiva substância, para lá da mera aparência, encontrando-se reflexões sobre o passado (revisitado) mas também sobre o então presente, que, constatamos agora, não se alterou grandemente com o futuro entretanto chegado.

Do conteúdo riquíssimo desse livro, destaco, quase em jeito de curiosidade mas não só, um mapa que identifica diversas particularidades e, diria quase, "identidades sub-regionais", que no seu conjunto conformam o Algarve.

Um Algarve que importa sempre revisitar, para que, interpretando-o, o consigamos em permanência actualizar sem no entanto desvirtuar.
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Encarado, enfim, o Algarve.

As outras culturas do Sul do País não podiam nem podem mais suportar os encaixes que lhe pré-fabricaram de modo a que elas nunca sentissem o pertencerem a elas próprias. O chamado gótico-alentejano, que estranhos interesses pretenderam recuperar em seus proveitos, ou o estilo mourisco, que não se encaixando nos parâmetros dos ditos, define por si uma amálgama de diversas manifestações que poderão não ter nada a ver com a presença moura na Península Ibérica,
​
São de aqui e agora proclamadas como falsos. Aquilo que no entanto se retém, após a viagem agora interrompida neste terminus livresco é a visão de uma cultura ritmada por alternâncias civilizacionais, ora verticalizando as imagens ora horizontalizando as mesmas, ora arredondando os espaços, preenchendo-os socialmente, ora esvaziando-os e precarizando os laços humanos, mas ritmos que de um modo ou de outro obedecem ao princípio de que algures um raio luminoso, fulminante, constitui subitamente um atributo do olhar, guindando-o para a esfera superior como orgão do poder, para mais além e muito para além do verbo, o que para quem tem estas gentes do sul por gentes de permanentes algarviadas constitui - sem dúvida - surpresa grande, porque evidência que apenas pelo silêncio se assoma.


                     - "O Algarve revisitado" - J. Palma Dias; J. Brissos (1994)
2 Comentários
Miguel
6/7/2019 22:07:03

Bem haja pelas propostas de leitura sobre a nossa região, desconhecia ambas e irei procurar em bibliotecas, livrarias locais, pois obras de caracterização do Algarve não são abundantes e muito menos de cunho critico; as referidas por si certamente se juntarão ao "Homem na perspectiva Ecológica" excelente obra de Manuel Guerreiro e o livro do Alportel de Estanco Louro.

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Gonçalo Duarte Gomes
8/7/2019 10:22:19

Miguel, subscrevo integralmente a recomendação dessas duas outras obras.
O "Livro de Alportel" é uma obra-prima das monografias, em que o espírito visionário de Estanco Louro (em quem é notória a influência de Leite de Vasconcelos, que marcaria também Orlando Ribeiro) o afirma como precursor de uma abordagem integrada às questões da paisagem e da identidade vincada pela interacção gente/terra.
As obras de Manuel Gomes Guerreiro (justa homenagem seria a reedição completa da sua obra) são autênticas pérolas. Para além do livro que o Miguel refere, destaco sempre "A Ecologia dos Recursos da Terra", que é uma pequena grande obra sobre a visão abrangente que devemos lançar à nossa presença e actuação no planeta, sem quaisquer complexos, sejam eles de grandeza ou inferioridade.

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