Por Filomena Pascoal Sintra Num confronto de emoções com notícias livrescas da semana, como “O último alfarrabista de Faro fechou portas e quer doar milhares de livros” e “Um Livro Roubado, em pequenas bibliotecas, nas ruas de Castro Marim”, recorre o pensamento, sobre o desempenho das bibliotecas públicas municipais. Partindo do local para o global e da ideia de que é necessário que aconteçam mudanças na forma como as bibliotecas públicas se apresentam e de disponibilizam à população, num país em que se editam cada vez mais livros, mas se vai cada vez menos à biblioteca, e que se sucedem as falências das pequenas livrarias, procura-se a raiz da sua história. Recuo à memória da geração, também a minha, de quem só lia os livros levados à aldeia, muito espaçadamente, pela “carrinha vermelha” da Fundação Calouste Gulbenkian, com paragem junto à escola primária, e com o incentivo permanente da professora, para que requisitássemos o máximo possível de livros, três. Poucos os liam, mesmo sem as actuais ocupações da era digital. Esta memória de três décadas, cruza-se com a génese da história das bibliotecas públicas de acesso generalizado em Portugal. Até à criação do Serviço de Bibliotecas Itinerante, no seio da Fundação Calouste Gulbenkian fundada em 1953, as bibliotecas eram de acesso restrito e elitista. Com subvenções próprias, esta Fundação, suportara fundos livreiros e dezenas de “biblio-carros”, com o objectivo de assegurar um serviço gratuito para todos e domiciliário. Numa sociedade fechada, controlada e iletrada, estas pequenas bibliotecas eram pequenas janelas de luz e conhecimento. Já bem depois da Revolução dos Cravos, a Secretaria de Estado da Cultura (1986), promove por via de um Despacho, as bases para uma política nacional para a promoção da leitura pública, resultando daí o Programa da Rede Nacional de Bibliotecas Públicas (RNBP). No âmbito desse Programa, o Estado, nos últimos trinta anos, tem vindo a apoiar técnica e/ou financeiramente os municípios na criação e instalação de bibliotecas públicas, sendo hoje 215 as bibliotecas apoiadas e que se encontram em funcionamento. Anualmente é publicado um Relatório Estatístico da Rede Nacional de Bibliotecas Públicas (RNBP). São interessantes os números dos Títulos, das Monografias, das Requisições, dos Empréstimos, mas, se fizermos uma análise critica mais aprofundada, somos forçados a reflectir. Do muito que se aparenta gastar, pouco representa por habitante. Em 2015, gastava-se por habitante, residente em concelho servido pela RNBP:
No Algarve, existem doze bibliotecas da RNBP, na sua maioria comparticipadas pelo o antigo IPLB – Instituto do Livro e das Bibliotecas. Exceptuando Lagos, Lagoa e Portimão, as demais, integraram a nova geração de Bibliotecas Públicas, a partir de 1998, obrigando-se a critérios de construção, atendimento e serviço, tipificado a nível nacional. Seria interessante, que a partir do inquérito base da DGLB, as bibliotecas do Algarve, aprofundassem o conhecimento sobre a dinâmica gerada na região, e se percebesse se o serviço publico por cá prestado, se ajusta às nossas especificidades. Algumas convicções de partida:
Os belíssimos edifícios que constituem a rede, precisam de asas. Precisam de abelhas polinizadoras. Precisam de despertar novas paixões e criar emoções. É necessário inovar e reinventar. Numa sociedade onde a televisão nos entra em casa, a internet nos leva ao mundo, as redes sociais que nos agarram os tempos livres, como cativar para MAIS LER?! Se cada um de nós fizer o exame de consciência sobre o aproveitamento da sua biblioteca municipal, concluiria que... Termino citando Carlos Simões, que num luto com o desapego anunciado àquilo que construiu na vida enquanto alfarrabista, crê que “o Livro ainda é a melhor ferramenta da Humanidade”. http://bibliotecas.dglab.gov.pt/pt/ServProf/Estatistica/Paginas/default.aspx https://gulbenkian.pt/
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