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Bem-vindo

2019: fazer da guerra ao plástico uma prioridade

31/12/2018

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Por Anabela Afonso
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Esta imagem sintetiza o dilema que enfrentamos num futuro próximo. 2018 foi o ano em que se disseminaram pelas redes sociais e não só, as imagens da quantidade de plástico que está a inundar os nossos mares. Seja nas impressionantes ilhas de plástico, ou nos invisíveis microplásticos que parecem ter entrado definitivamente na cadeia alimentar, já é óbvio para todos - à exceção do Sr. Trump e seus acólitos - que, ou levamos a sério a guerra contra o plástico, ou o mundo que nos espera será, em breve, o do lado mais árido da imagem.

Sei que hoje também não será o dia mais adequado para pensar em coisas muito sérias, e que estamos todos mais concentrados na noite de festa que marca todas as viragens de ano. Mas mesmo nestas alturas é possível tomar pequenas decisões que marcam a diferença. E quais são elas? O Público no seu suplemento P3 deixa 5 sugestões neste artigo intitulado "Uma mão cheia de resoluções para tornares o teu 2019 mais verde". 

E como é dia de festa, não é preciso martirizar-nos porque não conseguimos fazer tudo isto, mas como em tudo na vida, começar com um pequeno passo é melhor do que não dar passo nenhum. Assim, como resolução para o novo ano, que tal começarmos por antecipar a recente proposta da Comissão Europeia, para que se venha a banir o fabrico de alguns produtos de plástico descartáveis, e deixar de utilizar, no nosso dia-a-dia, palhinhas, cotonetos e talheres de plástico? Parece que estes três são uma verdadeira praga dos oceanos.

​Por isso, esta noite, sempre que forem buscar uma bebida, não se esqueçam: bebida, só sem palhinha!

Feliz 2019!
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Mais sentido de comunidade

28/12/2018

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Por Sara Fernandes

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Estamos a três dias de encerrar o ano de 2018, e é uma altura propícia à reflexão individual. Neste ponto tenho incidido bastante, e se há algo que acredito que todos deveríamos desejar para 2019 seria: mais sentido de comunidade.

Como podemos contribuir e sermos mais participativos nas acções que decorrem na nossa comunidade? Como podemos ser melhores cidadãos? Como poderíamos investir o nosso tempo livre em acções que contribuíssem para um bem maior? E será que desta forma as comunidades poderiam crescer de uma forma mais unida e sustentável?

Deixo-vos estas questões para reflexão e despeço-me desejando-vos um ano de 2019 repleto de conquistas.

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Desejos para 2019

27/12/2018

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Por Vanessa Nascimento
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​O ano de 2018 está a terminar e claro a maioria dos comuns mortais começa a pensar nas resoluções/desejos de Final de Ano. E se em vez dos 12 desejos que se pede, enquanto se come 12 passas ao ritmo das 12 badaladas, encontrássemos uma lâmpada mágica na Praia de Faro com um Génio? Até porque eu nunca consegui a mestria de pensar em 12 desejos, enquanto mastigo 12 passas e ainda conto 12 badaladas! Nesse sentido achei que um génio da lâmpada seria tão ou igualmente realista. Claro que os 3 desejos podiam passar pela Paz Mundial, acabar com a fome e com o aquecimento global. Mas isto está longe de ser um concurso da Miss Mundo e por uma questão prática parece-me que pedidos mais pequenos são menos megalómanos.

#DESEJO_1: Uma redução significativa do plástico que acaba no nosso belo mar (e não só), talvez cairmos na loucura e pedir para que todos os grandes eventos de Verão deixem de utilizar copos e pratos de plástico. Ou meia loucura, como aderirem a campanhas de trocas reduzindo o impacto.

#DESEJO_2: A isenção de portagens na Via do Infante em Julho e Agosto. Porquê? É simples, só quem nunca esteve no Algarve nesses dois meses é que não desejou que a teleportação do Star Trek fosse uma realidade. É chato para quem vem de férias mas insuportável para quem cá vive/trabalha e leva 3h de Faro a Portimão pela N125. Coisa pouca, é o mesmo tempo que se leva a chegar a Lisboa.

#DESEJO_3: Que os bombeiros deixem de ser um fenómeno mnésico de Verão e que de uma vez por toda sejam melhoradas as suas condições laborais. É imprescindível que sejam capacitados com meios, ordenados e formação mais adequados ao risco profissional.  E sim existem bombeiros a ganhar o ordenado mínimo nacional.
​

Podia pedir 12 desejos em vez de 3? Podia, mas não era a mesma coisa! Decidi ficar-me pelo ambiente, acessibilidades e a prestação de socorro. Votos de um 2019 mais composto! Haja sáude, felicidade, uns trocos na carteira  e uns belos dias de sol, pois estamos no Algarve.

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Carta aberta ao Pai Natal

25/12/2018

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por Luisa Salazar (3 minutos de leitura)

​Querido Pai Natal,
​
Sei que já não tenho idade para te escrever, mas acreditar que coisas boas acontecem, não é apenas próprio das crianças, mas dos adultos também… Por isso, como algarvia que sou e com o coração no meu Algarve te digo:
Temos sido muito bons ao longo do ano 2018, somos bons estudantes e bons colegas, contribuímos de forma sempre consistente para o PIB nacional, fazemos com que os turistas que visitam o Algarve, sintam que estão também em Portugal, aos residentes de todas as nacionalidades acolhemos de braços abertos, deixamos e promovemos que os nossos visitantes conheçam também o resto do nosso pais. Temos ajudado em tudo como podemos aproveitando as nossas potencialidades e contornando as condicionantes que teimam em não melhorar…
Por tudo isto, gostava que neste Natal os algarvios recebessem alguns presentes:
1-      Um novo hospital Central – sabes Pai Natal, para podermos contribuir para o desenvolvimento precisamos de pessoas, que essas pessoas possam ter acesso a cuidados de saúde como nas zonas mais desenvolvidas do nosso pais, que possam ter acesso a médicos das diferentes especialidades sem ter de recorrer sempre à saúde no sistema privado. Que o Sistema Nacional de Saúde seja melhorado e revitalizado para o Algarve;
 
2-      Uma Via do Infante sem portagens – Tu não vais notar Pai Natal, porque as tuas renas para trazer estes presentes vão voar por cima da Estrada Nacional 125 e à hora que tu viajas não há muito trânsito, mas sabes que há muitas pessoas que trabalham e que não conseguem pagar as portagens e têm de recorrer à única estrada que existe além da Via do Infante… Precisamos da tua ajuda para ver se as promessas dos diferentes governos sempre acabam por ser colocadas no “nosso sapatinho”… Ah, e que não sejam pedras no “sapatinho”, Pai Natal;
 
3-      Sabes não sei se é pedir muito, mas também gostava de ver os transportes públicos melhorados no nosso Algarve, quer em termos de novas estruturas, quer em termos de melhoria dos transportes férreos. Sabes que em Faro, a linha do comboio, faz com que os moradores e visitantes não possam ter acesso à Ria directamente. É incrível, não é? Como uma beleza natural está vedada o acesso e o usufruto a quem por cá vive…
 
4-      Não te vou pedir muito mais, porque também não quero abusar, mas seria também bom que se lembrassem do Algarve, como Pólo dinamizador e fixador de empresas nacionais e internacionais, start-ups de inovação, porque temos aqui excelentes condições para se trabalhar, temos uma Universidade que nos dá os melhores recursos humanos para criar empregos mais qualificados. Temos, também, vontade para fazer com que o nosso país e região evoluam…
 
E era só isto, Pai Natal! Um bom ano de 2019 e que o próximo ano nos traga tudo de bom e que precisamos!

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Terra Coroada

24/12/2018

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Por Patrícia de Jesus Palma

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É ao som das palavras de António Ramos Rosa que desejo Boas Festas aos leitores do Lugar ao Sul!


Renovo neste dia os meus votos – votos diários! – para que o espírito luminoso de proximidade, de partilha e de solidariedade se alargue maravilhosamente por todo o ano, para uma pacificação e convívio fraternos em todos os lugares e para que possamos, apesar da inverosimilhança dos dias, conhecer a Alegria e o Amor, como nos inspiram estas palavras do poeta:

«O amor cerra os olhos, não para ver mas para absorver: a obscura transparência, a espessura das sombras ligeiras, a ondulação ardente: a alegria. Um cavalo corre na lenta velocidade das artérias. O amor conhece-se sobre a terra coroada: animal das águas, animal do fogo, animal do ar: a matéria é só uma, terrestre e divina.»

António Ramos Rosa, in Três Lições Materiais (1989)

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O sr. Manuel não usava colete amarelo.

21/12/2018

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Por Gonçalo Duarte Gomes

A Sara Luz pôs em marcha um pequeno desafio opinativo que tínhamos combinado há tempos: relacionar saúde (o seu tema preferencial e de coração) com ambiente (o meu tema mais recorrente), naturalmente aplicando ao contexto algarvio.

Pedindo-lhe desculpa pelo adiamento, vou deixar o início da minha resposta para o ano que vem.

Porque, nesta época de Natal, não posso deixar passar em branco a história do sr. Manuel.

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Créditos: João Porfírio/Observador

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Que futuro(s)?

20/12/2018

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Por Ana Gonçalves 
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A Universidade do Algarve entrou em contagem decrescente para comemorar o seu 40º aniversário. Este marco de entrada nos “entas” institucionais está revestido de muito simbolismo e também de muitos desafios que não se resumem exclusivamente aos constrangimentos financeiros vividos atualmente por algumas (demasiadas) Universidades Portuguesas.

Instalada em 1979, a Universidade do Algarve desde cedo se diferenciou das restantes Universidades Portuguesas. O seu espectro territorial e a necessidade de responder aos desafios que a ausência de uma dimensão crítica desde logo potenciaram, conferiram-lhe sempre uma missão integradora, agregadora, projetada para o impacto no desenvolvimento regional e para a atenuação dos efeitos da sua natureza periférica.

Foi em 1982 que a Universidade do Algarve viu nomeado o seu primeiro Reitor, o Professor Doutor Manuel Gomes Guerreiro. Munido de uma visão assente na indispensável afirmação da Região, afirmou, desde logo, o carácter irreversível da instituição e a necessidade de uma aposta sólida no “investimento intelectual”. Como o próprio afirmou em entrevista ao primeiro número do Informativo da Universidade do Algarve (1984),

“o investimento intelectual, embora com efeitos a médio prazo, é o que melhor e mais rapidamente pode responder aos anseios de desenvolvimento de um povo; não só é o menos oneroso em termos de divisas mas também o mais democrático, fecundo e multiplicador. Na realidade o investimento intelectual é o que permite congregar o maior número de pessoas de uma Região num mesmo projeto de solidariedade institucional.”

Assim, desde o primeiro momento que a Universidade do Algarve foi pensada para se apresentar como um elemento indispensável ao desenvolvimento da região, privilegiando a comunidade em detrimento da individualidade, democratizando o acesso ao conhecimento e contribuindo para diminuir os efeitos causados pelas assimetrias territoriais. Certo é que, volvidas quase 4 décadas, alguns dos desafios com que a Universidade do Algarve se deparava mantém-se e a propriedade e a clareza de espírito com que o então primeiro Reitor abordava os desafios da Universidade e da Região são demasiado atuais: a distância simbólica que afasta consecutivamente o Algarve dos centros de decisão; a escassez de financiamento que retira liberdade e autonomia às instituições; a fragilidade do tecido produtivo; e, também, a dificuldade de atrair capital humano competente e qualificado.

É inegável que nos seus quase quarenta anos de história, a Universidade do Algarve tem superado bastantes constrangimentos, mostrando ser uma instituição resiliente, determinada e comprometida com a envolvente regional. Esse caminho merece ser enaltecido, valorizado e encarado com orgulho. Mas é também evidente que o maior desafio que enfrenta atualmente é aquele em que se alicerça a crise de valores, de identidade e de solidariedade que tem vindo a caracterizar a ação das Universidades Portuguesas.
​
As pessoas. Os territórios e as instituições são, em primeiro lugar, as pessoas que estão lá dentro. A Universidade do Algarve é, desde o seu primeiro momento, a gente que está lá dentro. E esta é uma dimensão que tantas vezes parece ser relegada para segundo plano, como se olhar para as pessoas tornasse a aritmética demasiado confusa. É este o efeito que o PREVPAP (Programa de regularização extraordinária dos vínculos precários na Administração Pública) tem gerado nas universidades: uma aritmética confusa. Sendo bastante elucidativo da forma como a precariedade se institucionalizou no seio do Estado e, particularmente, nas Universidades, este programa colocou em destaque a forma instrumental, numérica, com que as Universidades têm lidado com o assunto.

É certo que as Universidades precisam de mais financiamento. É certo que as Universidades precisam de mais estudantes. É certo, também, que as Universidades necessitam de tempo para se ajustarem a uma nova realidade. Mas também é certo que o maior valor que as Universidades têm são as pessoas que as constroem. E a este respeito, que futuro(s) estamos a traçar?
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“Vidas e Vozes do Mar e do Peixe”

19/12/2018

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Por Bruno Inácio 
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Este é último texto que vos escrevo em 2018. Pensei em retomar um texto que escrevi no final de 2017 onde encarnei um de leitor da sina ou de bola de cristal e procurava prever o 2018. Hoje estive a reler e confesso que é trágica a sensação de que a ironia foi tão certeira que só nos pode deixar tristes voltar aquelas palavras.

No escrito preconizava um avanço significativo no processo de descentralização, a conclusão da requalificação da EN125, a colocação do Hospital Central no seu devido local de concretização (ou seja, betão no chão) e requalificação da oferta turística. Não vos peço para ler isto porque quero que passem umas festas felizes e com esperança no futuro.

Quero falar de coisas boas, de coisas frescas. Nesta fantástica região, plena de defeitos e de concretizações adiadas existem aqueles (que acredito serem muitos) que lutam contra a inércia que a espuma dos dias nos impõe. Aqueles que olham com amor para um mar sem fim e que descobrem nas nossas gentes, no nosso passado mas também no nosso futuro, um raio de sol que nos ilumina de esperança mas que também nos enche de vaidade de sermos quem somos. Falo-vos da Maria Manuel Valagão, da Nídia Braz e do Vasco Célio cuja força do amor pelo Algarve os levou a concretizar mais uma obra literária magnífica e fundamental para o nosso presente e futuro: “Vidas e Vozes do Mar e do Peixe” é um guia magnífico da nossa identidade que merece ser folheado e que serve para muito, mas muito mais do que ocupar um lugar de lombada em estante.

A Maria Manuel Valagão e o Vasco Célio, então acompanhados pelo sempre genial Chef Bertílio Gomes, já nos haviam emprestado o seu saber e o seu trabalho na obra “Algarve Mediterrânico - Tradição, Produtos e Cozinhas”. Para mim, este trabalho foi, é, e dificilmente deixará de ser, a melhor testemunho contemporâneo daquilo que é a nossa identidade.

O fresquíssimo “Vidas e Vozes do Mar e do Peixe”, já nas bancas, é um testemunho riquíssimo de histórias e estórias de gente que viveu ou vive o mar. É um retracto bem pintado da nossa paisagem e da nossa maritimidade. É um filme retrospectivo da nossa memória colectiva embalada em imagens das nossas gentes. Não as imagens que estamos habituados, mas imagens com gente lá dentro que saltam cá para fora num discurso fluido e regado de sabores. É também uma mesa posta de produtos do mar que combinam com os produtos da terra mas é também a voz da modernidade que vê no amanhã o que o mar tem para nos dar.

O “Vidas e Vozes do Mar e do Peixe” é uma obra certeira para podermos olhar para nós próprios neste fim de ano e, ao contrário do texto que escrevi o ano passado, nos encher de esperança e orgulho neste Algarve de todos nós.

A si, que faz o favor de nos ler, nos comentar e nos partilhar, mas também aos outros, nossos concidadãos deste “Reino”, os meus sinceros votos que passem umas Festas Felizes. Bom Natal e um 2019 com saúde e concretizações pessoais e profissionais. 
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Loulé na vanguarda da sustentabilidade ecológica!

18/12/2018

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Por Sara Luz

Bem a propósito da Conferência da ONU sobre alterações climáticas realizada na Polónia no início deste mês, resolvi dar resposta a um desafio lançado por um dos residentes deste Lugar ao Sul, o Gonçalo Duarte Gomes, em sair da minha zona de conforto – a área da saúde – e escrever sobre o ambiente. Abordar um tema que não é minha especialidade e, em simultâneo, controlar a inquietude da mente sobre questões que as alterações climáticas levantam na ótica da saúde pública (e.g., risco aumentado do desenvolvimento de doenças malignas devido à poluição do ar, de mortalidade causado por ondas de calor e inundações, do desenvolvimento de doenças infeciosas transmitidas por vetores pelo aumento da temperatura, do aparecimento de problemas respiratórios em virtude de incêndios florestais) não é tarefa fácil. Ainda assim, e face ao compromisso, decidi seguir a perspetiva da cidadania que, à luz do conhecimento atual, talvez seja mesmo a mais pertinente.

Da Cimeira do Clima, António Guterres alertou-nos para o facto de “estarmos em apuros”, que é “difícil exagerar a urgência” e que para muitas populações já se trata de “uma questão de vida ou morte”. O tom foi dramático, mas atendendo ao número e à intensidade de desastres naturais a ocorrerem por todo o mundo (e.g., furacões no Atlântico Norte (2017), cheias no Nepal, Bangladesh e Índia (2017), onda de frio na Europa do Leste e Central (2017), incêndios florestais na Califórnia (2017; 2018), erupção vulcânica no Havai (2018), tempestade de poeiras na Índia (2018), tsunami na Indonésia (2018), furacões no Pacífico (2018)), não é caso para menos.

De acordo com o Secretário-Geral da ONU, três anos após a celebração do Acordo de Paris “ainda não estamos a fazer o suficiente” o que, sinceramente, não me surpreende. Conforme escreve Yuval Noah Harari, em Homo Deus, “quando chega o momento de optar entre o crescimento económico e a estabilidade ecológica, os políticos, os CEO e os eleitores quase sempre escolhem o crescimento económico”, o que leva a crer que o resgate do planeta em pleno século XXI está cada vez mais dependente dos comportamentos individuais (e.g., reduzir o consumo de eletricidade no aquecimento e arrefecimento das casas; evitar a utilização do carro; utilizar fontes de energia limpa; diminuir o consumo de carne de vaca e produtos lácteos; reduzir, reutilizar e reciclar) e das iniciativas das autarquias locais.
​
No âmbito do poder local, o Município de Loulé é um dos municípios do país que mais tem apostado na promoção da sustentabilidade ambiental, com uma Estratégia Municipal de Adaptação às Alterações Climáticas onde são consideradas mais de 20 opções de adaptação. No âmbito da mobilidade urbana sustentável, este município algarvio tem em marcha a criação de ciclovias, o rebaixamento dos passeios (mobilidade reduzida) e um sistema de bicicletas partilhadas já com início no próximo ano. Em 2017 adquiriu três viaturas 100% elétricas e um posto de carregamento interno, pretendendo que 25% dos veículos da sua frota sejam elétricos aquando da renovação da mesma; existe também a intenção de tornar os camiões do lixo 100% elétricos e adquirir um autocarro 100% elétrico. Ainda no domínio da eficiência energética, tem vindo a substituir as luminárias tradicionais por LED na cidade de Loulé, com vista a alargar esta medida a grande parte do território municipal. A estratégia de reflorestação passa por continuar a plantar mais árvores e a constituir um grande pulmão verde na cidade de Loulé. Para isso, a autarquia louletana pretende dar continuidade à ampliação do parque municipal. Após concluir o primeiro alargamento da zona verde em redor do skate parque em 2015, está agora previsto para o ano de 2019 um segundo alargamento juntamente com a construção de um campo de treino informal e um campo de basquetebol. Outra medida sustentável adotada refere-se à substituição dos garrafões de água e copos de plástico pelo consumo de água da torneira e copos de papel na Câmara Municipal. O desperdício de água tem sido igualmente merecedor de grande atenção, visto existirem discrepâncias de perda de água significativas no Concelho (e.g., 30% na cidade de Loulé contra 4% na Quinta do Lago), pelo que está em desenvolvimento um plano de intervenção para tornar os processos mais eficientes. Salientar, por último, o projeto piloto na Avenida Sá Carneiro, em Quarteira – Quarteira EcoLab –, onde serão adotadas soluções inovadoras nas áreas da energia, mobilidade, ambiente, edifícios e economia circular. Neste projeto 100% sustentável, que terá lugar entre a “Rotunda do Polvo” e a “Rotunda do Terminal Rodoviário”, estão previstas, a título de exemplo, a construção de ciclovias e passadeiras de mobilidade reduzida, iluminação LED e Wi-Fi em todo o percurso, redução do número de lugares de estacionamento e tarifação dos mesmos, plantação de vegetação autóctone e sensores de rega e luminária.

Muitos dirão que o dinamismo louletano em torno da adaptação e mitigação das alterações climáticas se deve ao facto de poder contar com um orçamento de 100 milhões – o mais avultado da região do Algarve. Mas, a verdade é que essa não é per si condição sine qua non para a aposta no desenvolvimento sustentável. Para corroborar esta afirmação, deixo à consideração o vídeo abaixo sobre uma iniciativa autárquica sustentável em San Pedro La Laguna, um pequeno município de um país de terceiro mundo (Guatemala).
 
​A todos, desejos de um feliz e sustentável natal! 
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Afinal, é possível formar médicos no Algarve!

17/12/2018

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Por Anabela Afonso

Em 2019 o Curso de Medicina da Universidade do Algarve atingirá a sua primeira década, facto que a comunicação social nacional assinalou nos últimos dias, pelo menos num artigo do Público, e numa reportagem na TSF.

Para aqueles que acompanharam mais de perto este processo, são 10 anos de luta contra ventos e marés, pois foram várias as vozes que se levantaram da Serra do Caldeirão para cima, contra a criação deste curso na nossa Universidade. Felizmente, quem esteve durante estes anos à frente dos destinos da Academia Algarvia não baixou os braços, e nas peças jornalísticas referidas, é reconhecida a qualidade do curso e o mérito dos primeiros médicos formados a Sul, e que já estão por esse país fora e até além-fronteiras.

Apesar de considerada uma região rica, pelo menos nos critérios que determinam a atribuição de a atribuição de fundos comunitários, a verdade é que por vezes, mais do que o progresso que a linha do litoral português parece gozar, no Algarve o que ainda pesa são as dificuldades que sentimos e que partilhamos muito mais com o interior esquecido do resto do país, do que com essa fina faixa de progresso que a proximidade ao mar parece garantir.

É por isso que esta notícia dos 10 (bem sucedidos) anos do curso de medicina da Universidade do Algarve nos deve encher de alegria. Porque por trás destes 10 anos de trabalho está muito mais do que as etapas normais de criação de um curso de medicina. Chegar aqui implicou vencer muitos obstáculos, muita descrença e muita resistência que entendia não fazer sentido um curso de medicina no Algarve.

Afinal valeu a pena. É mesmo possível formar bons Médicos no Algarve!

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Espaço rural, um meio de convergência

14/12/2018

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Por Sara Fernandes
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​Dia após dia, observamos o agravamento das consequências do progressivo abandono do interior do país, em particular do seu espaço rural. Um abandono não só físico, mas um abandono também emocional das nossas raízes e tradições. Esta situação leva-nos, ciclicamente, à discussão de como seria possível conseguir que estes territórios se afirmassem como espaços capazes de atraírem “recursos, investimentos, negócios, residentes e até visitantes e turistas, capazes de gerar dinâmicas positivas no(s) território(s) palco destes movimentos”​.
 
Surgem então algumas questões: o que seria necessário para dotar o espaço rural de tal dinâmica económica e social? Como seria possível atrair mais residentes e turistas para o interior? E por fim, como conseguiríamos que a nossa representação mental deste território seja um resumo da sua identidade, e que essa imagem seja um verdadeiro grupo de atributos que permita conservar a sua essência e promover a sua diferenciação perante outros espaços semelhantes?
 
Bem, a verdade é que, se excluirmos as acções de “maquilhagem” no território que em nada acrescentam ao crescimento sustentado e estruturado a longo prazo de um local, tudo poderia começar por um bom plano de marketing territorial. Do meu ponto de vista, e falando a nível regional, não se deveria dissociar o espaço rural do litoral, deveríamos trabalhar a imagem e a percepção que nós temos do Algarve como um todo. No entanto, confesso que possivelmente seria no mínimo desafiante e no extremo impossível, chegarmos a um consenso, dadas as assimetrias tangíveis e intangíveis que foram sendo acentuadas nas últimas décadas.
 
É preciso trazer para a mesa bons exemplos, que nos possam inspirar nesta acção. Quero destacar o caso de Auvergne, no Maciço Central francês. Por lá, foi criada uma agência regional para travar uma possível perda até 2040 de 157 mil habitantes; e para “vender o mundo rural”. Quem tem a ousadia de dizer isto é o escritor e director do conselho geral de desenvolvimento local de Puy-de-Dôme (Auvergne), Bernard Farinelli que diz ser “(…) preciso revalorizar o mundo rural. É preciso dizer que outro mundo é possível lá. Temos de ser positivos. Podemos desenvolver a economia do futuro no mundo rural (…) Podemos desmaterializar o trabalho. É a nova revolução. Isso também torna o mundo rural atraente”.
 
Atraente? Sim, desejado, sexy…alguns dos termos que não associamos a um território, mas que Paulo Fernandes (Presidente da Câmara Municipal do Fundão) e o seu executivo souberam tirar partido para o seu concelho. Eles foram e são uns verdadeiros comerciais. Souberam vender melhor que ninguém os seus recursos e criar as estruturas necessárias para fazer nascer um ecossistema criativo e empreendedor tendo por base o Centro de Negócios e Serviços Partilhados, um projecto que permitiu atrair 14 empresas TICE (Tecnologias de Informação, Comunicação e Electrónica) e criar 500 postos de trabalho altamente qualificados. Passados quatro anos, o projecto gerou 68 startups e apoiou mais de 200 projectos de investimento privado nas áreas de R&D (Research & Development). Por isto e muito mais (como o Living Lab Cova da Beira e o Capital Semente), foi bastante justa a atribuição do Prémio RegioStars 2018 ao Fundão, promovido pela União Europeia para galardoar projectos originais e inovadores e boas práticas em desenvolvimento regional.
 
Por cá (Algarve), talvez nos falte começar por traçar uma estratégia territorial ambiciosa a longo prazo para o espaço rural, aliada a uma liderança capaz de transformar as aparentes fraquezas em forças; e potenciar as vantagens que surgem tanto da União Europeia, como da comunidade empresarial internacional. Tirar proveito dos novos estilos de vida que borbulham pela Europa, como os “Digital Nomads” e seguir a receita Sisu dos finlandeses: um mix de coragem, resiliência, tenacidade e perseverança que nos ajuda a percorrer as mais longas e desafiantes distâncias que nos permitem ir mais longe enquanto comunidade.

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E se o Pai Natal fosse algarvio?

13/12/2018

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Por André Botelheiro

​E se o Pai Natal fosse Algarvio e… ao invés de uma barba comprida e branca tivesse uma rala e escura; e se circulasse na sua Sachs V5 com um capacete (penico) no alto da encaracolada mona, e não no politicamente incorreto trenó, puxado a força animal, com o barrete enfiado na farfalhuda e grisalha cabeleira; e se transportasse os presentes, presos ao braço, na alcofa de praia feita em empreita de palma, em vez da mal-amanhada saca ao ombro; e se em comparação com a barriguda pança de Coca-Cola desfilasse, no sol de dezembro, a sua invejável barriga fit, trabalhada a café com cheirinhos de medronho?
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​Mas o que nos poderia regalar este Pai Natal moreno, preocupado em satisfazer os sonhos dos paisanos deste Lugar ao Sul? Uma bem-intencionada arte natalícia de ilusionar, dentro do espírito “é Natal quando um Homem quiser”, neste caso, quando um algarvio quiser, e os outros deixarem.

1.º desejo: no reino dos céus há vida para além da Europa
Nos últimos 50 anos a principal porta de entrada do Algarve continua a ser o Aeroporto Internacional de Faro, a tendência de crescimento não tem refreado. Em 1970 circulavam pouco mais de 300 mil passageiros pela gare mais a sul do país, em 2018 deverá manter-se a fasquia acima dos 8 milhões de passageiros. São números muito bons para o PIB. Ainda assim, a TAP insiste, desde sempre, em ligar única e exclusivamente Faro a Lisboa.
Na análise regional do Algarve (setembro 2018) da plataforma TravelBi by Turismo de Portugal destaca-se, no Top10 das nacionalidades visitantes, os aumentos a dois dígitos dos mercados norte-americano (+27,4%) e canadiano (+18,1%). É verdade que cada um ainda representa uma pequena quota (1.5%) das dormidas, em comparação com os dominantes 38% do Reino Unido. Mas não deixa de ser uma agradável surpresa a intromissão destes países do outro lado do Atlântico Norte, num Top10 totalmente dominado pelo mercado europeu, leia-se União Europeia (ainda sem Brexit).
Não se conhecendo, ainda, os lugares abaixo ao Top10, não será arriscado prever que no 11º lugar, ou muito próximo, surgirá o mercado brasileiro, que este ano começou a descobrir o Algarve como uma das paragens na vinda à “terrinha”, para além da já tradicional rota Lisboa » Fátima » Coimbra » Porto.

A prenda do Pai Natal made in Algarve:
A vinda de uma… para não abusar muito da generosidade natalícia, no máximo… de duas rotas transatlânticas para o Aeroporto de Faro. Face ao supramencionado, ligando os populosos EUA (325 milhões) e Brasil (200 milhões), respetivamente 5º e 7º mercados do TOP10 das receitas turísticas nacionais, com aumentos a dois dígitos em 2018: 20% (EUA) e 14% (Brasil).
 
2.º desejo: mais mobilidade, é mais liberdade, é mais justiça social
Ainda ontem, por ocasião da cerimónia do 39º aniversário Universidade do Algarve, o Reitor Paulo Águas alertava: «Senhoras e senhores autarcas, presentes e ausentes, permitam-me que vos lance um repto. Creio que todos sentem a Universidade do Algarve como vossa. E sentem-no bem. A Universidade do Algarve é da região, não deixando de ser do país, naturalmente. Com propriedade, há quem diga, e são muitos, que há um Algarve antes da Universidade e um Algarve após a Universidade. Temos contribuído fortemente para a qualificação dos nossos jovens. Mas podemos fazer mais. 47% dos residentes do Algarve que frequentaram o ensino superior em 2017/18 estudavam em Faro. A percentagem atinge os valores máximos nos concelhos de Faro e de Olhão, superiores a 65%. À medida que nos afastamos a percentagem vai baixando. O que é que isto significa? Que os que estão mais distantes optam em maior proporção por outros locais para estudar? Sim, também. Mas significa essencialmente que os que estão mais distantes têm menos acesso ao ensino superior, têm menos acesso à Universidade do Algarve. A redução destas desigualdades, entre famílias dos mesmos estratos socioeconómicos, que não serão dos mais favorecidos, passa pelo aumento da oferta de transportes públicos, nomeadamente os rodoviários, com tarifários adequados. O futuro da região passa pela qualificação da população. Sem uma população qualificada estaremos a comprometer o futuro da região. Para os que já residem em Faro ou que passem a residir em Faro é urgente a criação de uma ciclovia que ligue os campi da Penha e das Gambelas ao centro da cidade».

A prenda do Pai Natal made in Algarve:
Ousemos insistir na redução dos custos cobrados aos utilizadores da única via (A22) que dá unidade à economia regional. Mas não menos importante, urge colocar em circulação novas carreiras de transporte público rodoviário, em modernos veículos, nos trajetos inter e intra concelhios, fazendo ligações expresso entre os principais pólos urbanos, com tempos de viagem próprios de um país desenvolvido, como é o nosso e competitivos face à viatura particular. Já o comboio, se pudesse circular sem cancelamentos, a tempo e horas, com máquinas a funcionar sem avarias, e carruagens mais modernas com ar-condicionado e, sem estarem grafitadas para os turistas, e os não turistas, conseguirem ir vendo as vistas maravilhosas que temos, para começar, neste Natal, não era nada mau!

3.º desejo: mais e melhor saúde… para TODOS
Uma nota muito simples, num tema muito complexo, o Sistema Nacional de Saúde no Algarve, não pode continuar a ser o “saco de boxe” de interesses político-partidários e de interesses corporativos e económicos (públicos e privados). A perceção, mais ou menos factual, é que a saúde no Algarve não está de boa saúde, e com este diagnóstico ninguém ganha, só ganham uns muito poucos… mas ganham muito.
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A prenda do Pai Natal made in Algarve:
A união dos atores e decisores regionais em torno deste desígnio – melhorar as condições, dos profissionais, dos equipamentos e das infraestruturas do Serviço Nacional de Saúde neste lugar ao Sul. Isto para que, quando mudar o ciclo político-partidário uns não vão dizer o mesmo que os outros agora dizem, e estes não passem a dizer o que os outros diziam, mas que agora passarão a negar o que antes diziam.

Boas festas!
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"ANAMORFOSE" SOBRE A MOBILIDADE NO ALGARVE

12/12/2018

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Por Paulo Patrocínio Reis
Tempo e Espaço. É este o pedido que endereço ao leitor nestas primeiras linhas que escrevo. Duas grandezas que, de acordo com a teoria da relatividade de Einstein, regulam o universo,  são também as bases para um qualquer exercício de reflexão que se pretenda sério e intelectualmente honesto. Contudo, à escala humana, são luxos dos quais as sociedades contemporâneas parecem não dispor num mundo em vertiginosa aceleração do tempo e contração do espaço.

O que proponho é algo diverso daquilo a que nos habituámos fruto da catadupa de notícias e comentários gerados diariamente, cuja dinâmica e ritmo dilacerante não só nos deturpa a capacidade de sentir como nos tolda a visão analítica do mundo que nos rodeia. Seguindo uma abordagem à la Bernard Pras, artista plástico francês, proponho então uma construção sobre o estado da mobilidade na região do Algarve pela visão integrada de um conjunto de notícias, declarações e publicações locais e globais que nos conduzirão a um panorama regional sobre a forma como nos movemos e o que aspiramos nesta matéria tendo como horizonte os desafios com os quais o planeta se confronta.

Apenas um compasso de espera antes de iniciarmos esta viagem. Qual a importância da mobilidade ? A faculdade de nos mobilizarmos é, na minha opinião, algo que ultrapassa largamente a dimensão física da aptidão de nos deslocarmos entre dois pontos, ou mesmo dos seus efeitos na economia e até no ambiente. É algo que apela ao mais básico sentimento de liberdade do indivíduo, sendo assim uma dimensão inalienável e indissociável da condição humana. Resolver o problema da mobilidade não passa, portanto, por limitá-la, o que constitui um erro, mas sim pelo seu aprofundamento, valorização e diferenciação.

Sigamos...

​Começo a construção desta anamorfose por três apontamentos de contexto global onde a Encíclica  Laudato Si do Papa Francisco (2015) não pode deixar de marcar presença pelo efeito de consciencialização alargada que promoveu. Compreender que o ser humano não é, em si próprio, o objetivo último de todo o processo de evolução da vida na terra com 4 biliões de anos é o primeiro passo para a preservação do planeta enquanto casa comum que partilhamos e da qual não fomos os primeiros inquilinos. Muito recentemente, por ocasião da cimeira das Nações Unidas sobre o clima - COP24, David Attenborough, cujos documentários sobre a vida selvagem na BBC nos acompanharam ao longo de décadas, nos alertou para o colapso da civilização se afigurar no horizonte, declaração acompanhada pelo Secretário Geral das Nações Unidas, António Guterres, quando afirma no mesmo fórum que “para muitas pessoas, regiões e até mesmo países, esta é já uma matéria de vida ou morte”. O terceiro apontamento global incide no projeto photo Ark, da National Geographic, em que o fotógrafo Joel Sartore embarca numa missão de fotografar as 12 mil espécies que apenas subsistem em cativeiro, um projeto que nos interpela sobre a importância da biodiversidade e da conservação destas espécies para o nosso planeta e da sua similitude com a espécie humana, igualmente frágil.
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A este contexto global, junto localmente a batalha do Algarve, encabeçada pela PALP, na libertação da região da prospeção e exploração de hidrocarbonetos e que originou a recente decisão do Tribunal Administrativo e Fiscal de Loulé de suspender o início da prospecção ao largo de Aljezur, marcada para o início de Setembro.  Excelente notícia atendendo a que se torna inviável descarbonizar uma região, um país e uma economia com a introdução de mais hidrocarbonetos. A este marco histórico, causa que mobiliza a região, devem somar-se outras medidas ao nível da mobilidade urbana e regional que visem a valorização do papel dos transportes públicos e dos modos de mobilidade suave, densificando esta vontade de promover uma economia mais verde e sustentável. Na verdade, não fará grande sentido uma luta tão cerrada contra a exploração de hidrocarbonetos na nossa região para depois virmos defender uma economia e uma sociedade “movidas” a petróleo.
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fonte

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E é precisamente aqui que reside a grande questão sobre a mobilidade urbana e regional do Algarve, num país onde, segundo os dados da Agência Internacional de Energia (IEA) no seu relatório de 2018 sobre o Balanço Energético Mundial, os consumos com transportes representam cerca de 1/3 dos consumos energéticos do país, com uma predominância arrasadora dos produtos petrolíferos como fonte energética. Ainda de acordo com os dados da IEA, após um período de decréscimo dos consumos de produtos petrolíferos, entre 2009 e 2014, correspondendo a um decréscimo de emissões de CO2 no mesmo período, ambos os indicadores inverteram a tendência de descida, o que revela uma notória falta de assertividade nas opções e apostas de mobilidade retratadas pelo barómetro “Algarve Conjuntura – Mobilidade e Transportes”, noticiado em 5/12/2018 como “Algarvios estão a andar menos de transportes públicos”, em contraponto com notícia do Jornal Público do mesmo dia sobre transportes públicos gratuitos no Luxemburgo. O transporte individual volta assim a reforçar a sua presença no panorama da mobilidade do Algarve, no lugar comum de que “quem não tem carro, não se consegue deslocar”.

As tentativas de promover a inversão desta realidade, como seja o evento NEXT.MOV promovido pela Associação de Municípios do Algarve em Maio 2017, prometendo ser a antecâmara de uma transição rumo ao futuro de uma mobilidade regional mais sustentável, não têm conseguido vingar e produzir o efeito desejado na mobilidade urbana e regional.

É perante este cenário, em perfeito contraciclo perante a emergência planetária que decorre das alterações climáticas, que se assistem às manifestações dos coletes amarelos contra o pagamento das portagens na A22. Atente-se a que não discuto a legitimidade do protesto, apenas serve esta alusão para sublinhar o facto desta massa crítica não se debruçar sobre a inexistência de argumentos sobre as alternativas de mobilidade, que não seja a EN125. Esta perspetiva de mobilidade por parte dos cidadãos associada univocamente à componente infraestrutura, negligenciando os serviços de mobilidade e a qualidade do espaço público, não deixa de constituir uma visão curta sobre o tema, que gera do lado de quem decide as políticas públicas um calculismo tático na hora de se decidir por investimentos que colidam com o uso preferencial do transporte individual, privilegiando os modos de mobilidade suave e os transportes públicos, aliado a um desenho urbano revisitado em função deste novo paradigma.

Não estranhemos pois as palavras de Paula Teles, Presidente do Instituto de Cidades e Vilas com Mobilidade, quando afirma que  “sem planeamento da mobilidade continuaremos a brincar às alterações climáticas”.

Mas, porquê tanto dramatismo? Portugal até vê revalidado o título de
melhor destino do mundo na edição do World Travel Awards, sendo que o Algarve tem uma palavra decisiva nesta conquista, o que nos enche de orgulho e nos inflama o ego. Entre a euforia estereofónica de uns e a contestação bafienta por outros, talvez nos devêssemos ficar pela aprendizagem de um modelo de sucesso e da sua transposição para outras áreas da economia e da sociedade. Ainda assim, à cautela, diria que será melhor começarmos a preparação para o que aí vem, decidindo se queremos comer um bife de vaca ou andar de carro...


Por julgar correto, aqui partilho convosco

Paulo Patrocínio Reis

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Negócios, política e justiça em Portugal: uma verdadeira “porcalheira”

11/12/2018

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Por Luís Coelho
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A edição on-line da revista Sábado revelou ontem que o ministério público (mp) propôs aos três ex-membros do Governo - Rocha Andrade, João Vasconcelos e Jorge Costa Oliveira – o pagamento de uma multa com vista à suspensão provisória do processo Galpgate. Num país onde se mistura política, negócios e justiça sem qualquer escrúpulo ou reserva tal decisão dificilmente chega a mercer o título de notícia. 

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A ARTE EM VIAGEM: POR QUE ESTRADAS?

10/12/2018

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Itinerâncias
Por Patrícia de Jesus Palma

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Belíssima a iniciativa da Fundação Calouste Gulbenkian para colocar obras do seu Museu, o Coro e a sua Orquestra em circulação pelo país até 2020 ao abrigo do programa «Gulbenkian Itinerante» (https://gulbenkian.pt/gulbenkian-itinerante/), trazendo à memória a acção fecunda das «bibliotecas itinerantes».

No Algarve, serão os museus de Portimão (8.12.2018-Mar./2019) e de Tavira (23.11.2019-23.2.2020) a acolher obras do Museu Calouste Gulbenkian, durante o período da designada «época baixa».

O que me parece mais interessante nesta iniciativa não é a mudança do espaço expositivo – o que já teria algum interesse –, mas que manteria uma perspectiva «proprietária» das obras artísticas. O que me parece verdadeiramente estimulante e inovador é o especial cuidado em relacionar as obras em itinerância com os contextos e as colecções de acolhimento, produzindo novas narrativas expositivas. Portimão conduz-nos por «Lugares, Paisagens, Viagens» a partir dos textos de Manuel Teixeira Gomes e, em Tavira, «Mares sem Tempo» ligará a contemporaneidade à herança histórico-cultural da região, para celebrar os 500 anos de Tavira-cidade.

Criam-se, deste modo, diálogos originais e sentidos inéditos pela relação de todas as obras em presença e para todas as obras em presença.

Estes circuitos fluídos de circulação cultural, que espero possam intensificar-se em diferentes escalas em prol da consolidação de um território colaborativo e em rede, contrastam, porém, com o mau estado, o anacrónico estado, de múltiplas vias de acesso, como a Estrada Nacional 125 (Vila do Bispo-Vila Real de Santo António) ou a degradada Estrada Nacional 124 (Silves-Porto de Lagos), que pouco contribuem para a mobilidade e itinerância dos públicos, para a segurança, para a coesão do território ou para a fruição de uma viagem que é ela própria quadro vivo e pórtico exuberante dos espaços museológicos acima referidos.

São múltiplas, pois, as temporalidades a que nos conduz a itinerância.

Termino, evocando esse grande protector das artes e – das estradas – que foi D. Francisco Gomes do Avelar, bispo do Algarve (1789-1816), cujo 202.º aniversário da morte se assinala a 16 deste mês, citando as suas Instrucções que deverão observar os inspectores da reparação das estradas:

«Primeiramente devemos todos persuadirnos, que as boas Estradas servem muito para o bem Publico; e por isso todos os Povos civilizados sempre cuidárão, e hoje cuidão, com grande eficacia neste ponto.
Em segundo lugar deve haver sumo cuidado em que as Estradas se fação de modo, que permaneção, para não se perder o trabalho e despesa.
Em terceiro lugar se deve atender a que huma Estrada he huma especie de edificio; e deve ter fundamento solido, paredes bem construidas, pavimento livre de obstaculos; e tambem admitte sua formosura e ornato: e com especialidade lhe dá belleza o ser direita, quanto for possivel.» (subs. meus).
 
Para continuar a leitura deste tão oportuníssimo texto, clique em: http://purl.pt/17465 (Biblioteca Nacional de Portugal).

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No Algarve as bolas são quadradas (ou a quadratura do círculo económico algarvio)

7/12/2018

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Por Gonçalo Duarte Gomes

Não fosse o frio espírito racional de um alemão no Séc. XIX, e provavelmente ainda hoje a geometria grega estaria mergulhada na maionese dos seus três problemas clássicos: duplicação do cubo, trissecção do ângulo e a quadratura do círculo.

Felizmente, um tal de Herr von Lindemann deu a coisa por irresolúvel – pelo menos com recurso ao método de Euclides, na base da régua e compasso – e acabou com o sofrimento dos geómetras.

A quadratura do círculo ascendeu entretanto a estrela da cultura popular, ganhando o seu espaço como expressão figurativa que designa algo inalcançável.

Mas, se conseguir produzir um quadrado com a mesma área de um dado círculo é impossível, o que dizer da tarefa algarvia de tentar arredondar a economia regional, quando é uma das mais quadradas de Portugal?

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Episódio I – Comunidade Tech no Algarve

5/12/2018

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Por Vanessa Nascimento
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Podia tratar-se de uma Trilogia do Star Wars ou do Senhor dos Anéis, mas não! Até porque este artigo terá apenas duas partes e é dedicado a todos os que acreditam que o Algarve pode e deve ser mais que Turismo e os ditos comensais. Na verdade, para quem procura uma mudança de carreira, migrar para a região do Sol e Céu Azul, ou mesmo apenas aprofundar conhecimento na área da tecnologia, não tem de viajar até Marte (para descobrir água), porque tem aqui mesmo o que necessita. Não estou a falar de fábricas de fazer dinheiro de cariz empresarial, mas sim de grupos de pessoas que trabalham movidas por um drive comum - Consolidar a Comunidade Tech no Algarve: GeekSessions, GeekGirls Portugal-Faro, Free Code Camp, StartAlgarve e StartUp Portimão.

Quem são? Como surgiram? Onde estão? E o que fazem? Antes de prosseguirmos com as respostas, clarifiquemos afinal o que é isto dos Geeks. De acordo com o sentido do termo aqui idolatrado, e ignorando os múltiplos sentidos pejorativos do conceito, podemos definir um Geek como uma pessoa aficionada em tecnologia, computadores e Internet. No fundo, gente que sabe e percebe muito na área da tecnologia (e mexe com), mas que não são suficientemente prós para serem Albert Einsteins da coisa, porque nessa categoria residem os ditos Nerds. Não, não são modernices ou modas, na realidade, o termo já é antigo e a semente de algumas comunidades Algarvias como as Geek Sessions já contam com 8 anos de existência.

Corria o ano de 2010 quando insurge o cocktail para criar as Geek Sessions: uma viagem de carro, um evento Tech em Lisboa e 3 programadores insatisfeitos com a dificuldade em concretizar oportunidades na área por Terra Algarvias. Miguel Coquet e Ricardo Soares decidiram começar a dinamizar meetups tecnológicas, por sentirem necessidade de coesão do estrato “laboral” da Indústria Tech a Sul. As ramificações do ecossistema Tech Algarvio precisavam (e precisam) de ser mais exploradas, irrompendo os primeiros encontros mensais informais na Sociedade Recreativa Artística Farense "Os Artistas". Debates e networking eram o foco destes encontros sem estrutura. Na primeira quarta-feira do mês, organizavam-se os encontros informais de networking N’ Os Artistas, e duas semanas depois, aos sábados, organizava-se uma manhã de talks, dada por um membro da comunidade. Em 2012, Nelson Neves entra para reforçar a organização destes eventos com propostas de novos formatos e cadência. Porque as verdadeiras comunidades não se definem por “Quintas, nem Quintais”, anos mais tarde, a própria Geek Sessions, através da inclusão dos membros Eduardo Vedes e João Henrique, decide expandir a comunidade para incluir o Free Code Camp que passaram a apadrinhar.

Apesar da sua área de actuação se focar mais em Faro, é de salientar que, até mesmo no Barlavento Algarvio, as Geek Sessions fazem notar o seu sentido de colaboração através de estreitas sinergias desenvolvidas pelo grupo StartAlgarve com o Luís Correia e Tiago Fernandes e apoiados pela StartUp Portimão, que fazem questão de se esforçar por encurtar a distância e reforçar que o Algarve é composto tanto por Sotavento como Barlavento.

Não fugindo à regra que Portugal é terra de Futebol, quiçá aqui o objectivo será algo próximo de deixarmo-nos de clubismos e torcermos todos por uma “Selecção Regional”. Para os curiosos e interessados, podem seguir os eventos das Geek Sessions através da sua página no Facebook e assistir gratuitamente, através de inscrição, às suas talks e workshops. Numa tentativa de inclusão de toda a comunidade, sempre que se justifique, os eventos serão realizados em Inglês.

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No Barlavento Algarvio, a cena da tecnologia também vai emergindo progressivamente, desde o pequeno empresário que constrói e vende o seu produto, até ao empresário com experiência internacional que gere um grupo de sucesso e referência. Existem igualmente entidades que procuram dinamizar as ciências e proporcionam experiências/oficinas para makers, espaços de cowork e grupos de pessoas que querem ver o Algarve a mexer como um todo, e a StartAlgarve é uma delas. A StartAlgarve começou no final de 2015. Nessa ​altura não se falava de Startups no Algarve. Luís Correia, que na altura tinha uma startup sediada em Londres mas passava a maioria de seu tempo a trabalhar, remotamente, a partir de Alvor, sentia-se muito isolado nos tempos que passava no Algarve. Surgiu, então, a ideia de criar um grupo com o propósito de conhecer outras pessoas com interesses semelhantes. No primeiro evento do grupo, um encontro totalmente informal num bar do centro da cidade de Portimão, conheceu Tiago Fernandes, co-fundador do grupo, que também trabalhava para fora de Portugal e tinha “dores” semelhantes. Assim, de forma natural e sem qualquer propósito comercial ou interesses obscuros, nasce o grupo, que conta com mais de 500 pessoas no Meetup.com e é, atualmente, o maior a sul do Tejo. Desde final de 2015, já organizaram 10 meetups (como Crypto/Blockchain, Startups, Product vs Service, Marketing, Scrum e Programação através da plataforma Free Code Camp) em vários pontos do Algarve e o maior evento de Startups realizado no Algarve, o Startup Europe Week Portimão 2016, que reuniu mais de 200 pessoas a falar sobre o tema (podem seguir a página do facebook, os eventos são de inscrição gratuita). A StartAlgarve orgulha-se de ajudar a ligar as várias comunidades dispersas no Algarve, em cidades como Lagos, Faro, Portimão e Loulé, contribuindo para um espaço transversal ao Algarve com participantes de Sagres a Vila Real de Santo António.

A criação da Startup Portimão veio aumentar, concentrar e potenciar todas estas dinâmicas, onde vão ocorrendo também os primeiros bootcamps de negócio e outras iniciativas de divulgação promovidas pelas empresas presentes na incubadora. Aqui existem empreendedores a lançar o seu negócio e também empresas já estabelecidas e a funcionar em pleno. De entre as áreas tecnológicas presentes, é de salientar o desenvolvimento de software, aplicações (em áreas como por exemplo a Inteligência Artificial, Web, IoT, Blockchain, etc)  e marketing digital. Os eventos da StartUp Portimão podem ser seguidos na página do Facebook e são de inscrição gratuita.
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​Fernando Pessoa outrora disse: “Deus quer, o Homem sonha, a obra nasce”, e, com vontade e dedicação das pessoas aqui citadas (e outras tantas), assim nasce a luta por uma Comunidade Tech no Algarve. De modo lato, sente-se a falta de alguma aproximação de todas as entidades públicas, promotoras de concursos e desenvolvimento no Algarve, para que exista uma ajuda efectiva e informação na dinamização de quem está ao leme destas iniciativas, no esforço para conceber e desenvolver as suas ideias, com elas conquistar metas e colocar o Algarve e Portugal no mapa internacional. De um modo mais restrito, incentivar a abertura e adesão de massa crítica de empresas e empresários que sirvam de catalisadores a eventos desta natureza.
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Certamente que, nesta já longa e entusiasmante Tech Venture ao Sul, também “As Geeks de Portugal” têm um papel fundamental no seu estímulo e continuação. E recordando o mítico Dragon Ball, não perca, “A Saga de Aprender Programação e as Mulheres na Tecnologia”, no próximo episódio, porque nós também não!... E descubra mais sobre o Free Code Camp e as Geek Girls Portugal- Faro.
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Está tudo doido ou Portugal é mesmo bom?Melhor destino do Mundo (outra vez) pelos World Travel Awards!

4/12/2018

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Por Luisa Salazar

Após mais um fim de semana marcante para o Turismo em Portugal não posso deixar de enumerar porque motivo Portugal, volta a ganhar o “Melhor destino do Mundo” pelos World Travel Awards. Aqui vai:
- Sol – Temos um Sol magnífico;
- Céu Azul – Temos a cor azul mais bonita do Mundo;
- Mar – O lindo Atlântico que sempre nos deu vontade para descobrir o Mundo;
- Natureza – Temos rios, rias, riachos, flores, plantas, florestas, praias, planícies, planaltos, serras, montanhas… praticamente tudo o que é bonito!
- Segurança – Estamos no ranking mundial dos países mais seguros do Mundo!
- Animais – raças só nossas e raças dos outros que cá gostam de estar.
- Clima – Temos um clima ameno, com boas temperaturas, mas também faz frio, e neva, e podemos ir à praia, e podemos dar lindos passeios durante o dia e à noite, podemos fazer quase tudo;
- Comida – Temos produtos locais espectaculares, frescos, típicos, temos acesso a todos os produtos do mundo sempre que os queremos conjugar com a nossa…
- Gastronomia – Como é possível num espaço tão pequeno termos acesso a uma variedade gastronómica tão rica, deliciosa, variada, com sabores da terra e do mar que se misturam de formas únicas;
- Marisco – Tudo o que o mar tem de bom para nos dar e no Algarve também temos conquilhas que com sorte apanhamos com o pé na praia;
- Tradição – Temos festas tradicionais, religiosas, pagãs, mistura das duas, festas locais e inspiradas nos estrangeiros que cá habitam;
- Doçaria – Pastéis, Bolos, Bolos finos, biscoitos, bolachas, doces de colher e gelados, doces com ingredientes que não deviam fazer doces, frutas, caramelos, chupas, pirolitos e outros com muito açúcar;
- Frutas – Boas, frescas e saborosas (incluindo as laranjas algarvias e as alfarrobas);
E acima de tudo temos:
- Pessoas – Nacionais e sem o ser, bonitas, altas, baixas, loiras, morenas, algumas ruivas também, com sardas e sem sardas com olhos de várias cores, peles morenas e também muito brancas, temos um verdadeiro mix do Mundo que é como somos nós…
Portugueses!
Temos isto TUDO e mesmo assim ainda há muito que cada um de nós pode fazer pelo nosso país.
Os tempos estão a mudar e o constante reconhecimento de Portugal “lá fora” deixa-nos cheios de orgulho!

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Quando a morte é da família!

3/12/2018

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Por Anabela Afonso


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A tragédia humana é algo que qualquer pessoa normal espera que nunca lhe bata à porta. De cada vez que vemos nos ecrãs de televisão, ou nos suportes em que lemos as notícias do dia, relatos como os dos incêndios do ano passado, ou como o da pedreira de Borba, é sempre muito difícil colocarmo-nos do lugar dos que perdem entes queridos de forma tão trágica. E é inevitável não sentirmos um desejo intenso de que nunca nos tenhamos que confrontar com nada idêntico.

O país indigna-se – e bem! - de cada vez que se conhece uma dessas tragédias. Revoltamo-nos, escrevemos, exigimos medidas, mudança. Porque um país não deixa morrer os seus assim. Por inércia, incompetência, falta de prevenção, de fiscalização ou de regulação. Os responsáveis desdobram-se em comunicados, os especialistas desmultiplicam-se em esclarecimentos e comentários especializados, meio país se mobiliza e se compromete com a mudança para que nada parecido se repetida.

Parece que, em muitos casos, é preciso que a tragédia aconteça para se olhar de frente para os problemas e, pelo menos, começar o caminho da sua resolução, ainda que o processo seja longo e a solução possa não estar ao virar da esquina, como quase nunca está.

Mas há problemas e situações para os quais parece não haver tragédia que mobilize este país. Há pessoas a quem nem as tragédias idênticas ocorridas tantas vezes no passado, lhes conseguirá salvar a vida. Nem que a mesma tragédia aconteça, ano após ano, ceifando vidas às dezenas.

Segundo o relatório intercalar de 2018 do Observatório das Mulheres Assassinadas, até final de junho deste ano, a ANGELINA, a CÉU, a MARGARIDA, a MARÍLIA, a VERA, a SILVIANA, a NÉLIA, a MARIA, a ALBERTINA, a MARIA DE LURDES, a ANA, a ARMINDA, a MARGARIDA C., a ETELVINA, a OLGA e a NI foram assassinadas por alguém do seu mais íntimo circulo familiar. Os últimos dados indicam que ao todo, até ao dia de hoje, já foram assassinadas em Portugal 24 mulheres, sem contar com as 16 que conseguiram escapar a uma tentativa de homicídio. Quando ainda falta cerca de um mês para o ano acabar, já há mais 4 mulheres assassinadas em 2018 do que em todo o ano de 2017. Por cada mulher destas que matam no contexto em que ela se deveria sentir mais segura, há dezenas, centenas, talvez, que todos os dias devem olhar a morte de frente; acordam com ela de manhã, preparam-lhe o pequeno almoço, o almoço e o jantar, lavam-lhe a roupa, e provavelmente fazem amor com ela, sem nunca saber, qual o dia em que ela dará o seu golpe final.

Se isto não é uma tragédia nacional a precisar ser olhada de frente, eu não sei o que será!


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