Por Gonçalo Duarte Gomes
Feliz Dia Mundial do Turismo! Não, não me enganei no dia, sei que a efeméride foi, na verdade, ontem. Mas, uma vez que o turismo no Algarve continua, apesar de tudo, atrasado, parece-me mais apropriada uma comemoração no dia seguinte…
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Por Sara Luz
Aprecio seriamente que a saúde, educação, justiça e segurança sirvam de pilares ao bem comum em Portugal e, por isso, prezo bastante o facto de viver num Estado Social. Não quero com isto dizer que a existência de instituições do setor privado nas áreas setoriais referidas, como acontece na saúde, me incomode particularmente, mas no que concerne à sua integração com instituições do setor público não posso dizer o mesmo. Dito isto, depreende-se facilmente que a proposta de uma reforma estrutural da saúde assente nesse preceito é de difícil digestão. Uma proposta em que o indivíduo possa escolher entre cuidados de saúde prestados pelo setor público ou privado, com um Estado mais pagador, denota claramente a pretensão de décadas em privatizar o setor da saúde em Portugal e interferir no bem-estar social. Não existe qualquer intenção em melhorar, transformar ou reinventar o Serviço Nacional de Saúde (SNS), mas antes de sentenciá-lo à morte. É verdade que a atual crise existente no SNS não abona a seu favor, mas considerar que a integração dos setores público e privado dão azo a indivíduos todos iguais à partida é uma ilusão que a mim não me convence. As mais-valias das instituições de saúde privadas em Portugal são tão e somente permitir às pessoas que o desejem usufruírem de cuidados de saúde diferenciados, com rapidez e conforto, financeiramente suportados por si. Não se pode é querer que esse legítimo exercício de liberdade de escolha seja feito à custa do Estado (i.e., contribuintes). Faz algum sentido que um setor que não tem preocupações relacionadas com a saúde pública (e.g., impacto do envelhecimento da população e da elevada incidência de doenças crónicas, riscos e/ou complicações associados a partos por cesariana) e que não tem qualquer interesse que o SNS esteja reforçado de capital humano competente, que realize investimentos em equipamentos, terapêuticas e tecnologias inovadoras ou que cumpra os tempos máximos de resposta garantidos, ande à bengala do Estado? Se o insucesso do SNS é equivalente ao sucesso do setor privado da saúde, porque se continua a chamar de complementar um sistema que se assume como seu concorrente? Com que legitimidade o PSD propõe uma reforma estrutural da saúde de teor supracitado com um elemento do grupo de trabalho ligado ao maior grupo privado de saúde do país? Quem é que “apertou os calos” ao atual Ministro da Saúde quanto à sua intenção em travar a saída dos médicos do setor público da saúde para o setor privado a custo zero (https://sol.sapo.pt/artigo/581649/jovens-medicos-vao-ter-de-pagar-para-trocarem-sns-pelo-privado), para o então agora discurso de liberdades (https://www.rtp.pt/play/p4258/e365563/grande-entrevista; a partir do minuto 35´)? Quando se responsabilizam Governos por permitirem que o SNS se divida em “SNS bom” e “SNS mau”? Quais são as verdadeiras motivações para se continuar a alimentar o setor privado da saúde em Portugal? E, finalmente, para quando propostas de melhoria (ou salvação!) do SNS em que, de uma vez por todas, se separem as águas? O Lugar ao Sul conta hoje com a opinião de um convidado muito especial. O Doutor João Vidal é um reputado advogado da praça Algarvia com quem tenho o prazer de trabalhar na Faculdade de Economia da Universidade do Algarve. Profundo conhecedor da região e dos seus problemas, o João é também um comunicador nato e um estudioso de várias matérias. Dotado de um pensamento crítico muito vincado, expressa sempre de forma clara as suas ideias. É pois material de "Lugar ao Sul". Pena ser lampião... Por João Vidal
O Estado somos todos nós! Eis uma máxima repetida até à exaustão por todos. Esta asserção encerra duas grandes dimensões: a de que cada um de nós faz parte e constitui uma entidade superior a si, cabendo-lhe a obrigação de para ela contribuir; e a de que todos e cada um de nós espera dessa entidade uma qualquer forma de retorno. Tudo com justiça e equilíbrio, acrescentaria… Sem me enredar no complexo conceito de justiça, discutido há milénios, parece-me razoável que olhemos para a justiça, aqui e agora, como o esforço que é pedido a cada cidadão e o nível de sacrifício que cada cidadão sofre para suportar esse esforço. Se for justo e equilibrado esse nível de sacrifício, quer absoluta, quer relativamente, teremos um Estado próspero em que os cidadãos se empenham por superar-se e, com essa superação, enriquecem o Estado de que são parte. Se não, todo o edifício desmorona… Neste momento, pensa provavelmente o leitor que o autor deste escrito, talvez enredado nalgum estranho problema de ciência política por resolver, perdeu o sentido das coisas e escreve por mero e fútil exercício de escrita. Infelizmente, não é assim. Por Gonçalo Duarte Gomes
O escritor francês Olivier Clerc formalizou em tempos uma fábula científica que nos conta a história de uma rã num recipiente com água que, feliz e contente, não se apercebeu que esse banho estava a ser aquecido aos poucos, uma vez que o seu organismo desencadeou um processo inconsciente de ajuste gradual, regulando a sua temperatura corporal. No momento em que a água atingiu o ponto de ebulição, o organismo da rã deixou de conseguir adaptar-se à temperatura, e alertou o seu consciente, lançando a ideia de que talvez não fosse má altura para saltar fora do jacuzzi. No entanto, não sobravam já à rã forças para saltar, uma vez que tinha despendido toda a sua energia no processo de adaptação térmica. Assim, o batráquio viu-se condenado a morrer. Cozido. Esta fábula é alegadamente baseada numa experiência da Física, que postula que se a velocidade de aquecimento da temperatura da água for inferior a 0,02ºC/minuto, a rã fica quieta e morre ao final da cocção. Em presença de velocidades de aquecimento superiores, a rã salta e escapa. A filosofia debruça-se sobre esta questão de uma outra forma, colocando uma pergunta chata: foi efectivamente a água a ferver que matou a rã, ou foi a sua incapacidade de alertar o consciente, em tempo útil para tomar a decisão de saltar e salvar-se? Assim estamos nós no processo de degradação patrimonial que o Algarve atravessa. O que nos está a corroer a identidade: quem destrói activamenteo seu substrato, ou a nossa incapacidade de tomada de consciência e de iniciativa para a oposição a tal atentado? Por Luís Coelho
Estou cada vez mais convencido de que o Lugar ao Sul é lido pelas mais altas instâncias deste País. De facto, não são poucas as vezes que noto uma reacção do poder central a escritos que publicamos no nosso singelo espaço de reflexão virado para o mundo. O último exemplo prende-se com a questão demográfica e a reposta de Costa ao nosso “chamamento”. |
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