Lugar ao Sul
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Bem-vindo

Reflectir...agir...VOTAR!

29/9/2017

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Por Joana Cabrita Martins

Dentro de poucas horas no Algarve como no resto do pais entra-se em período de reflexão.
Aquele dia, que como o Natal, deveria ser TODOS os dias.
Mas acaba por ser só AQUELE dia.

Reflictam, AMANHÃ, e não desistam após... ou não fiquem a reflectir o resto do fim-de-semana!!!

Como diria Raul Solnado:
“Façam o favor de...”
 
IR VOTAR!
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Bookings.COME

25/9/2017

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Por João Fernandes

Na próxima quarta-feira, dia 27 de setembro, celebra-se o Dia
Mundial do Turismo, tendo a
Organização Mundial do Turismo (OMT) definido 2017 como “Ano Internacional do Turismo Sustentável”.
 
Já não restam dúvidas, mesmo para os mais céticos, de que o turismo tem vindo a consolidar um papel determinante no estímulo à economia mundial, com impacto no desenvolvimento económico, social e ambiental.
 
Mas todo este contributo depende, em grande parte, da capacidade de fixar valor nos territórios em que o turismo acontece. É através do investimento captado, do aumento do lucro das empresas, da criação de postos de trabalho ou da geração de receitas fiscais que suportam as políticas públicas, que a sustentabilidade ganha espaço e condições de concretização.
 
Assim sendo, não é sustentável que plataformas de distribuição online, como a Booking, a Expedia ou a Priceline, absorvam grande parte da margem de um setor, sem que lhes seja exigido um contributo para o desenvolvimento local ou o respeito pelas regras da concorrência.  
 
Estamos a falar de empresas que, com riscos e custos diminutos, sem investimento local, sem criar postos de trabalho ou pagar impostos nos territórios em que se concretiza a atividade final, dominam o mercado (só a Booking tem uma quota de 63% das reservas online de hotéis na Europa).
 
A hegemonia destes gigantes é tão avassaladora que várias associações hoteleiras europeias estão a avançar com processos contra estas centrais de reservas por práticas de abuso de posição dominante. Acusam-nas de exigirem comissões excessivamente elevadas e de obrigarem os hoteleiros a praticar as chamadas “cláusulas de paridade”, que implicam preços mínimos nos restantes canais de venda.
 
De acordo com o Secretário-geral da Confederação Espanhola de Hotéis e Alojamentos Turísticos (CEHAT), Ramón Estalella, as agências de viagem tradicionais cobram uma percentagem de 9%, enquanto as plataformas online “dizem que cobram uma média de 15%, mas os nossos cálculos mostram que é 22%”.
 
Já em 2015, as autoridades francesas e italianas forçaram a Booking à não utilização das cláusulas de paridade e estabeleceram que, em caso de incumprimento desta premissa, serão aplicadas multas avultadas.
 
Recentemente, dez Estados-membros da União Europeia, entre os quais Portugal, França, Alemanha, Itália e Espanha, declararam também que querem aumentar o nível de taxação de gigantes como a Google, o Facebook e a Amazon, que sorvem grande parte do investimento publicitário. Segundo o Comissário da Economia da União Europeia, Pierre Moscovici, "Não podemos ter um sector inteiro da economia que praticamente escapa à tributação".
 
Como havia referido num outro artigo dedicado à Sharing Economy, a rapidez com que estas empresas atingem a escala global, não é acompanhada por regulação nacional ou comunitária eficaz que restitua o necessário equilíbrio entre quem produz e quem distribui, ou entre o usufruto de benefícios e a responsabilidade de contribuir para o bem-estar comum.
 
Relembre-se que, na maioria dos casos, não há garantias de respeito pelas leis nacionais ou pela “simples” assunção de responsabilidades civis e criminais referentes à sua atuação.
 
Mas não vale a pena contrariar o inevitável, até porque há também muitos aspetos positivos nesta oportunidade do consumidor poder conhecer e avaliar a cada momento as opções de que dispõe. O tempo é o do que podemos fazer para o futuro e de que forma se vão posicionar as Associações/Confederações, os Países, a União Europeia ou mesmo organizações à escala mundial, como a Organização Mundial de Turismo, por forma a garantir a preservação dos recursos naturais e culturais, ou o bem-estar social, através de um modelo redistributivo e que respeite a sustentabilidade da atividade no lugar onde ela acontece.


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Sexo, votos e futebol

22/9/2017

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Por Gonçalo Duarte Gomes

Eleger um político com base na propaganda eleitoral é um bocado como estar bêbado numa discoteca escura e engatar alguém. É tudo muito lindo, mas arriscamo-nos a acordar na manhã seguinte e, ao abrir os olhos, assustarmo-nos com a criatura a nosso lado, tendo grande dificuldade em reconhecê-la e, principalmente, em recordar as razões porque deixámos tal pesadelo entrar na nossa cama.

Pelo menos é o que nos diz o histórico.

Agora então, que estamos oficialmente em período de campanha eleitoral (altura em que se pode fazer campanha, ao contrário do período de não-campanha, em que se faz campanha na mesma) o assédio é algo que faz tremer, só de imaginar...

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Carta aberta aos candidatos autárquicos no Algarve

21/9/2017

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 Por André Botelheiro.

Assunto: E se os municípios também financiassem a Universidade do Algarve?
 
Senhores(as) Candidatos(as),

O início do mês de setembro, e começo do ano letivo, trouxe melhores notícias para a Universidade do Algarve (UAlg) e, por conseguinte, para a região que lhe dá o nome.

Primeiro, ficou-se a saber que a academia algarvia entrou para o ranking mundial das universidades, organizado pela publicação Times Higher Education (THE), colocando-a entre as posições 601 e 800, e no 6.º lugar entre as nove universidades portuguesas que estão incluídas numa lista de mais de 1000 instituições de 77 países.  Para a elaboração deste ranking são tidas em conta as seguintes valências das instituições: ensino, investigação, citações, projeção internacional e transferência de conhecimento. Dentro da excelente notícia, a melhor parte é que a UAlg, na primeira vez que entrou neste ranking, obteve o melhor resultado nacional no capítulo da projeção internacional e obteve resultados muito interessantes quanto à transferência de conhecimento e ao número de citações.

Depois, a Universidade do Algarve continua a afirmar-se como uma das instituições de ensino superior mais internacionais. Neste último ano letivo, um número recorde de cerca de 1250 estudantes estrangeiros, de mais de 80 nacionalidades, representando 16% da população estudantil, escolheu “Estudar Onde É Bom Viver” (sobre este tema ver mais aqui). Para este ano, as estimativas apontam para um novo crescimento de alunos estrangeiros, motivado sobretudo pelo ingresso de mais 240 brasileiros que virão frequentar, na íntegra, um curso de licenciatura ou de mestrado integrado, de mais de 150 candidaturas internacionais para frequência de um curso de mestrado e de mais de 500 alunos em mobilidade por um semestre ou um ano.

Finalmente, com a divulgação dos resultados da 1ª fase do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior, confirmou-se a tendência de crescimento da UAlg: 1165 alunos colocados (+8% que em 2016/17), dos quais 976 em 1ª opção (+10% que no ano anterior), uma redução de 28% das vagas sobrantes e a manutenção como a primeira escolha dos candidatos algarvios, cerca de 60% dos alunos colocados vieram de uma escola desta região. Estes dados, que constituem os melhores resultados dos últimos sete anos, são indicadores animadores para a Universidade – e logo para o Algarve.

Ou seja, a instituição acompanhou e até se destacou no crescimento de candidatos ao ensino superior verificado, este ano, a nível nacional. Uma das razões para explicar este aumento nacional deve-se à chegada ao ensino superior dos primeiros alunos que foram abrangidos pela escolaridade obrigatória até ao 12º ano e a outra, eventualmente, o clima de confiança e aumento dos rendimentos disponíveis nas famílias portuguesas.

Senhores(as) Candidatos(as),

Apesar destas boas notícias para o futuro do país e, em particular, para este lugar ao sul, que assim pode perspetivar o contínuo aumento e fixação de população mais qualificada, seria errado achar que não há nada mais a fazer porque tudo parece estar a correr bem.

A verdade é que o Ensino Superior português foi um dos setores onde mais se sentiu o desinvestimento do Estado nos últimos anos. Segundo o Presidente do Conselho de Reitores, António Cunha, «entre 2010 e 2015, o ensino superior perdeu mais de 400 milhões de euros de transferências do Estado». No caso da UAlg, segundo o Reitor, António Branco, «em 2010 a dotação orçamental foi de 40 milhões de euros, em 2016 foi de 33 milhões, sete milhões menos". Obviamente que esta situação colocou todas as instituições de ensino superior num sufoco financeiro, em especial as academias mais pequenas e periféricas como a UAlg. Afastadas dos maiores polos populacionais e empresariais (Lisboa e Porto), onde a capacidade de gerar receitas próprias é maior, confrontaram-se com a impossibilidade de investirem, de se modernizarem, de renovarem os seus quadros de pessoal, bastante envelhecidos. E, não raras as ocasiões, com dificuldades de tesouraria para se candidatarem ou executarem projetos estratégicos, financiados pela União Europeia, cujo impacto é essencial para o futuro dessas mesmas instituições e, também, para o desenvolvimento económico e social das regiões onde estão implantadas.

Ora, segundo a Constituição da República Portuguesa uma das funções prioritárias do Estado é a de garantir que todos os cidadãos têm direito a aceder aos graus mais elevados do ensino e da investigação científica e que, para tal, «as universidades gozam, nos termos da lei, de autonomia estatutária, científica, pedagógica, administrativa e financeira». Para operacionalizar esta missão, a Lei de bases do Financiamento do Ensino Superior, estabelece, entre outros, o princípio da responsabilização financeira do Estado, «entendido no sentido da satisfação dos encargos públicos exigíveis para garantir o funcionamento de uma rede pública de estabelecimentos de ensino de qualidade». Isto não quer dizer que o Estado assuma o compromisso de financiar a 100%, e sem reservas, os orçamentos das instituições de ensino superior, o princípio da complementaridade, previsto na mesma norma, estabelece que «as instituições devem encontrar, no âmbito da sua autonomia financeira, formas adicionais de financiamento, dando lugar a receitas que serão consideradas pelo Estado como receitas próprias das instituições, como tal não afetando o financiamento público».

Senhores(as) Candidatos(as),

Aqui chegados, convém recordar que a Universidade do Algarve, fundada em 1979, é um caso paradigmático no seio das academias públicas. O “nascimento” da UAlg resultou, não de uma decisão governativa, mas sim, e após uma longa e persistente “batalha”, de diversos líderes políticos regionais e da própria sociedade civil, culminando na primeira e única vez que a Assembleia da República aprovou a criação de uma universidade. Sendo legítimo afirmar que, a UAlg resultou de uma aspiração regional.

Ao longo destas, quase, quatro décadas de existência, a academia mais a sul do país afirmou-se na história recente do Algarve como uma das forças mais dinamizadoras e transformadora da região, quer em termos económicos, quer em termos socias, não só por formar quadros especializados, mas também pelos efeitos colaterais que gerou na competitividade e modernização da sociedade algarvia. A mero título de exemplo, porque muitos outros poderia mencionar, refiro o reconhecido trabalho desenvolvido pelo CRIA – Divisão de Empreendedorismo e Transferência de Tecnologia da Universidade do Algarve junto das empresas, dos empreendedores, das associações, das autarquias ou da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve.

Mas para que esta história recente, e confluente entre a UAlg e a sociedade algarvia, perdure por muitos e muitos anos, convém que a unanimidade em torno deste projeto, que começou por ser regional, depois nacional e agora internacional, ganhe novas dimensões e ambições.

Senhores(as) Candidatos(as),

Em pleno período de campanha eleitoral para as eleições autárquicas de 2017, surgem novidades nos discursos que não devemos ignorar. Pela primeira vez, pelo menos que tenha dado conta, um candidato, no caso à Presidência da Câmara Municipal de Lisboa, assumiu a promessa eleitoral de «criar um fundo de cinco milhões de euros para as universidades de Lisboa atraírem talentos através de programas de investigação e bolsas de doutoramento».

Atendendo ao que escrevi acima, lanço a questão/desafio: e se os municípios também financiassem a Universidade do Algarve?

Bem sabendo que o poder local nunca foi chamado a intervir neste domínio, e perante a inexistência de um órgão de poder regional intermédio, entre o local e o central, podem os municípios do Algarve, através da sua Associação AMAL, implementar um fundo destinado a financiar projetos de investigação e bolsas de doutoramento da UAlg, sempre que se verifique que estes terão um impacto direto na região.

Se cada um dos municípios aprovar uma pequena percentagem do seu orçamento anual, por exemplo entre os 0,50% e os 0,25%, que se destinaria a dotar este fundo, anualmente haveria verbas disponíveis para colocar, ainda mais, a Universidade do Algarve ao serviço da competitividade, da inovação e da afirmação regional.
 
Faro, 21 de setembro de 2017
 
Com os melhores cumprimentos,
André Botelheiro

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OS DESAFIOS DA (I) MOBILIDADE NO ALGARVE*

20/9/2017

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Por Cristiano Cabrita
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*a propósito da Semana Europeia da Mobilidade
 
De 16 a 23 de Setembro, comemora-se a Semana Europeia da Mobilidade e é com esse intuito que a Comissão de Migrações (CMig) da Sociedade de Geografia de Lisboa (SGL), em parceria com a Associação Internacional de Paremiologia / International Association of Paremiology (AIP-IAP) e o Clube UNESCO de Paremiology-Tavira (CUP-T) entendeu organizar um Seminário, em Tavira, sobre este importante tema. O mesmo irá realizar-se no próximo Sábado, dia 23, no Hotel Vila Galé Tavira, e terei o privilégio de ser um dos oradores presentes. Neste contexto, queria aproveitar o Lugar ao Sul não só para endereçar o convite a todos os que pretendam assistir, mas também para avançar, em primeira mão, parte do argumento que irei debater naquele fórum.
 
Antes de esmiuçar o tema numa perspectiva algarvia, vejamos alguns dados gerais sobre a questão da mobilidade em Portugal. Desde logo, uma evidência – que poderá não valer muito, é certo, mas que não deve deixar de ter o seu espaço interpretativo – dos 308 municípios portugueses apenas 51 comemoram a Semana Europeia da Mobilidade com um conjunto de eventos mais ou menos relevantes. Dos 16 municípios algarvios, somente 6 juntaram-se à Semana Europeia da Mobilidade. É, portanto, uma evidência negativa. Não sendo nada de dramático, revela-nos a inexistência de uma sensibilidade própria sobre esta matéria.
 
Outro dado objetivo diz-nos que, entre 2011 e 2015, conforme noticiado esta semana no Expresso, o sistema de transportes públicos português perdeu cerca de 100 milhões de utentes. Os portugueses, apesar das campanhas de sensibilização potenciadoras do conceito “sharing”, continuam a não aderir a esta forma de mobilidade com os números, por exemplo, do “carsharing” a roçar o irrisório. Por outro lado, enquanto cerca de 15 % dos europeus escolhem a bicicleta como meio de transporte diário, em Portugal apenas 1% da população considera este meio adequado à sua vida mundana. Em Lisboa e no Porto, estão em marcha um conjunto de medidas que visam aumentar a qualidade da mobilidade dos munícipes no âmbito dos transportes metropolitanos, com especial incidência no metro e nos autocarros. A primeira resposta para a resolução do problema, ao que parece, encontra-se numa maior articulação dos concelhos das áreas metropolitanas do Porto e de Lisboa.
 
A ideia geral é que os municípios “pensem” a mobilidade num plano coletivo, no sentido lato do termo. Parece-me que o conceito está no caminho correto, muito embora deva ser aprofundado, aliás, não faz sentido construirmos muralhas nos municípios que partilham entre si a responsabilidade de dar ao cidadão a melhor opção possível para a sua mobilidade. Mas este cenário diz respeito às duas grandes metrópoles portuguesas. E o Algarve? Especificamente, qual é o impacto da mobilidade (ou falta dela) no Algarve, em geral, e no que concerne ao turismo, em particular. Esta é a pergunta de partida que importa responder. Em primeiro lugar, do meu ponto de vista, ambas estão intrinsecamente ligadas. Ou seja, se houver um aumento exponencial da qualidade da mobilidade que os municípios algarvios proporcionam aos seus munícipes, invariavelmente, a mesma refletir-se-á na qualidade da mobilidade dos nossos turistas. Por isso, acredito que o primeiro desafio que se coloca à maior parte dos municípios algarvios é a elaboração de uma estratégia que, num primeiro momento, permita encarar qualquer obra pública numa perspectiva da mobilidade, para depois, num segundo momento,  enquadrá-la no âmbito regional. Basicamente, o modelo local deve ter uma consonância regional. Bem sabemos que esta ideia é difícil de concretizar na sua plenitude, face às vicissitudes e interesses individuais de cada concelho, mas é para isso que existe a CCDR e a AMAL. E, há que reconhecer, pese embora o estado embrionário, que ambas as estruturas regionais estão a trabalhar nesse sentido com projetos interessantes, como o VAMUS (Projeto de Mobilidade Urbana Sustentável do Algarve), lançado pela AMAL.

A CCDR Algarve, através do seu Portal da Mobilidade e Transportes, no último relatório que apresentou (referente ao primeiro trimestre de 2017) veio avançar que, comparativamente com o trimestre homólogo do ano anterior, houve “aumentos nos fluxos e tráfegos na região, em praticamente todos os meios e modos de transporte”. A exceção verificou-se no modo fluvial/marítimo da Ria Formosa e na carreira do Guadiana. Sem ainda ter acesso aos dados referentes ao segundo e terceiros trimestres, levanto, desde já, uma questão. Quer isto dizer que estamos perante uma maior mobilidade em terras algarvias? Se quisermos uma maior qualidade da mobilidade no Algarve? Afinal, os números dizem-nos que existiu, pelo menos, uma maior utilização do serviço regional do modo ferroviário e também um maior movimento de passageiros no transporte coletivo rodoviário. A isto devemos somar o aumento de passageiros no Aeroporto Internacional de Faro e no Tráfego Médio Diário (TMD) nos eixos rodoviários principais. Existe aqui um nexo de causalidade positivo? Sinceramente, não acredito.
 
Embora devamos reconhecer que o crescimento do turismo no Algarve tem uma componente muito importante que resulta do trabalho de todas as autarquias, o problema é que o aumento exponencial de turistas veio levantar sérios problemas na mobilidade urbana. À semelhança do que acontece em Lisboa e no Porto, que já tinham uma forte pressão de tráfego por parte dos utilizadores habituais, também a região do Algarve está a sofrer com a pressão acrescida dos turistas que avidamente procuram conhecer o máximo das cidades, muitas vezes no menor tempo possível. E essa pressão faz-se não só sobre o espaço público, mas também ao nível dos transportes públicos, cujo dimensionamento é capaz de não estar totalmente ajustado ao incremento do número de turistas. E se o problema já era grave, recentemente ganhou uma nova dimensão.
 
Independentemente dos estudos, das análises, dos dados quantitativos, existem evidências suficientes para afirmar que o Algarve ainda tem que crescer muito em termos de mobilidade. E falo da mobilidade em termos gerais. Ou seja, o facto de grande parte das cidades do Algarve não ter condições para as pessoas com mobilidade condicionada. O facto de ser totalmente inexplicável a inexistência de uma ligação ferroviária do Aeroporto de Faro à sua cidade e, consequentemente, a também carência de um terminal intermodal. Não basta somente fomentar o debate sobre a mobilidade sustentável e a modernização administrativa da região, é necessário criar impulsos reais para resolver o problema.
 
O que vale este tipo de debates sobre ciclovias ou novas “vias”, se continuamos a barrar a entrada dos turistas espanhóis na A22? Que debate sério queremos fomentar quando a EN125 opera como um agente estrangulador da mobilidade algarvia? Que tipo de legitimidade existe quando, por exemplo, há cerca de um ano a rede de transportes públicos que serve Faro era completamente obsoleta – confesso que desconheço se entretanto algo melhorou –, não existindo articulação de horários entre comboios e autocarros urbanos que servem faculdades e escolas. Algo tão simples. Ridiculamente simples. Quem é que acredita que as portagens da Via do Infante sejam potenciadoras de mobilidade? Pois.
 
Numa década, no algarve, o uso do transporte individual nas deslocações urbanas e interurbanas cresceu cerda de 30% e entre 2001 e 2011 os transportes públicos perderam cerca de 20% de quota de mercado. Isto diz-nos que algo não está bem. E se não está para os que aqui vivem, muito pior estará para os turistas que, muitas das vezes sem informação condigna, procuram orientar-se nas suas deslocações por terras algarvias. Se queremos crescer enquanto modelo societário é imperativo que o façamos tendo a mobilidade como pano de fundo.
 
Por outro lado, o Algarve tem, nos últimos anos, cimentado a sua posição estratégica no importante sector do Turismo. Sobretudo, a marca “Algarve” tem obtido um reconhecimento ímpar, não só a nível nacional,  mas  também  no mercado internacional. As praias, a  gastronomia, a segurança, o legado  cultural,  as  gentes,  entre  outros,  têm  funcionado  como  distintos  embaixadores  na promoção  da  região.  Somos  um  exemplo  mundial  ao  nível  do  turismo.  Mas  arriscamos  o futuro. Porquê? Porque apresentamos paupérrimas condições estruturais, não só, mas também, na  área  da  mobilidade.  Numa  altura  em  que  se  debate,  e  bem,  as  potencialidades  da mobilidade  sustentável  e  a  modernização  administrativa  da  região  (smart  regions), verificamos a carência de acessibilidades ferroviárias, rodoviárias e aeroportuárias. Ora, esta realidade, se não  for  rapidamente  invertida,  funcionará  como  um  freio  na  potencialização económica  da  região.  Em  suma,  é  vital que o  Algarve  ultrapasse  nos próximos  anos  estes desafios à «imobilidade» para que consiga afirmar-se em definitivo como um destino turístico de excelência a nível mundial.
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O Algarve no coração!

19/9/2017

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O Lugar ao Sul conta hoje com a opinião de uma convidada especial. Luísa Salazar é Farense de gema apesar de ter nas veias sangue de várias partes do Mundo. Apesar da sua juventude, esta Economista formada na Universidade do Algarve conta já com vários anos de experiência profissional enquanto responsável financeira e de recursos humanos de uma das maiores empresas a operar na região Algarvia. Menina apreciadora da arte automóvel,  tem opinião própria, forte e fundamentada. É pois “material” de Lugar ao Sul.

Nota Biográfica de Luisa Salazar d’Eça
 
Com mistura de inglês, cabo-verdiano e louletano a nossa farense de gema vai escrever nos dias sim.Nascida em pleno Verão de 1976, o seu apelido diz-nos que estar à esquerda só quando é para conduzir. Aliás carros e condução é uma das coisas que mais gosta de fazer… Ficou-lhe a genética do pai que foi piloto de rallys. Desde pequena habituada ao mundo imobiliário e à arquitectura no Golden Triangle, não lhe ficou, infelizmente, o dom para nada disso e decidiu estudar Economia na Universidade do Algarve. Gosta de estudar e aprender por isso já voltou à Universidade muitas vezes depois de concluir o curso. Actualmente, e nos últimos 14 anos é Directora Financeira e de Recursos Humanos de Vale do Lobo, onde por mero acaso os seus pais, avó e outros familiares também trabalharam na década de 70. Ainda antes de ter nascido! Adora viajar e conhecer pessoas novas, opta por dizer sempre a verdade porque tem memória muito curta para sustentar in-verdades. É no Algarve que gosta de morar, mas encontrava grandes vantagens que Lisboa fosse apenas a uma hora dia viagem… O seu hobbie é experimentar restaurantes e apenas comenta os que gosta no Tripadvisor. Foi educada num Colégio Católico e talvez por isso entenda muito bem o que é a liberdade. Especialmente onde termina a nossa e começa a dos outros…Por isso não se vai esticar nos textos no Lugar ao Sul!
 

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Por Luísa Salazar

O ano de 2017 tem sido marcado, sem dúvida pelo um Boom positivo na área do Turismo em Portugal e na região do Algarve onde sempre residi. A minha cidade não tem sido excepção: Faro!
Até há poucos anos Faro era conhecida apenas por FAO, pelo seu aeroporto de onde os milhões de turistas chegavam e partiram sem nunca lhe dar se quer direito a uma visita. Especialmente nos últimos dois anos, basta circular na baixa de Faro para facilmente falarem comigo em inglês ou me tentarem aconselhar um restaurante que já conheço e infelizmente sei que é só para “Camones”. Para mim, neste momento é importante reflectir para onde este Turismo nos vai levar a todos… Mas, dando dois passos atrás antes de dar três em frente… Muitos de nós já pensamos a que se deve todo este Turismo? Imagem positiva de Portugal, Portugal ser reconhecido como um dos cinco países mais seguros no mundo, facilidade de acessos e meios de transporte, sistema organizado, nossa localização geográfica, clima, operadores online, comida, investimento dos últimos governos através do Turismo de Portugal na promoção de Portugal como destino turístico, etc, etc…



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Serviço de Urgência- 2º Episódio

15/9/2017

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Por Joana Cabrita Martins

​Serviço de Urgência- 2º Episódio
 
16ª Temporada
 
Co-produção:
Ministério da Saúde, Hospital Particular do Algarve - Gambelas - Grupo HPA Saúde, Clínica São João de Deus (Lisboa)
 
Com:
Joana Cabrita Martins, Olga Guedes, Otília Martins, Mãe, Pai, João, Médicos, Enfermeiros, outros...
 
Género:
Drama
 
Classificação:
M/18
 
Outros dados:
POR/ALG/LIS, 2017, (ao vivo e a Cores), 4320 min. (3 Dias)
 
 
 
Resumo:
 
Segunda, 4 de Setembro, dia de semana, dia de trabalho para uns, de descanso para outros, ainda de férias para alguns, dia quente.
A avó paterna de Joana já se encontra em casa aos cuidados do filho mais velho, o pai de Joana, que precisa também ele de sérios cuidados por patologia crónica grave em estádio avançado, e ao cuidado alternado dos dois netos, Joana e João.
 
Ao mesmo tempo que a situação paterna se encontra momentaneamente estável, a situação da avó materna está instável há já vários meses, para não dizer anos.
Aos 98 anos, a avó materna de Joana, encontra-se há vários anos ao cuidado, também ela, da filha mais velha, a mãe de Joana.
 
Magrinha, frágil, sem fala (apenas berra) e acamada há vários meses por avanço da idade, a avó Olga perdeu há algumas semanas a faculdade de engolir.
 
Desde então, apesar de ter diariamente cuidados e acompanhamento domiciliário de enfermeiros e fisioterapeutas, a situação agrava-se de dia para dia.
A mãe de Joana, embora informada, atenta e cuidadosa, não tem os conhecimentos técnicos, nem a capacidade psicológica para, sozinha tratar e encarar a situação de debilidade e degradação da sua mãe.
Semana sim, semana sim, a avó é internada no Hospital, ora publico, ora privado, ora porque não come nem bebe porque perdeu essa capacidade, ora porque fez uma paragem respiratória, ora porque está entupida em fluidos orais, que teimam em não descer ou em não serem aspirados pelo aspirador que foi comprado para o efeito, ora porque tem uma pneumonia por ingestão.
 
Semanas, e dias, e dias e semanas de vai-vem, de desgaste para a avó, para a mãe, neste caso filha da avó.
 
As inúmeras tentativas de encontrar um serviço de cuidados continuados, ou paliativos no Algarve, que a pudessem receber para que pudesse ser dignamente cuidada até ao término dos seus dias (que certamente se avizinhava próximo) foram todas elas infrutíferas.
 
O processo burocrático para obter uma vaga numa das poucas unidades que existem no Algarve, levaria meses.
-“Não há vagas! A senhora não apresenta escaras, nem desidratação da pele! Haverá sempre pessoas que lhe vão passar à frente”
 
Desespero, desânimo, depressão...
 
Não havendo soluções de assistência para a avó no Algarve, de lés-a-lés, a solução foi encontrada em Lisboa.
Clínica São João de Deus (Lisboa), com uma diária de 250€ + extras, através do sistema privado,  porque pelo SNS a inexistência de vagas e o processo para obtenção de uma repetir-se-ia. E assim, pelo sistema privado conseguiu o que pelo SNS só conseguiria depois de morta, passou à frente daqueles que teriam escarras e desidratação no caso dos cuidados continuados e/ou paliativos no Algarve.
 
Data de entrada quarta-feira, dia 6 de Setembro. Foi feita reserva de ambulância da Cruz Vermelha com acomodações próprias para poder transportar comodamente a fragilidade daquele corpo pequenino e em falência.
 
 
No entanto, nessa segunda-feira, a 2 dias de poder ser bem tratada em Lisboa, a avó é novamente internada porque há já 2 dias que não se conseguia alimenta-la (com seringa, líquidos como era já usual desde que deixara de engolir sem se engasgar constantemente) embora estivesse com soro cutâneo.
 
Desta feita novamente no HPA. E em 2 dias que lá esteve a falta de cuidado e respeito pelo doente foi novamente evidenciada.
 
Quando se lhe trouxe o colchão anti-escaras, leito onde repousava há semanas, e razão pela qual a sua pele estava bem tratada, a reacção do enfermeiro responsável foi:
 
“Não sei se vamos colocar! Temos que avaliar o custo-beneficio-trabalho que isso acarreta!”
 
Obviamente que o colocaram, porque o argumento foi completamente esmagado por um:
“O colchão É PARA COLOCAR e já!”
 
No dia seguinte novo episódio de desrespeito teve lugar, novamente com o enfermeiro em funções, que informou que seria colocada uma sonda de alimentação à avó embora esta tendo alta no dia seguinte para seguir para Lisboa.
 
O que ia contra a decisão da tutora legal e cuidadora da avó, assim como da recomendação de uma das netas médica.
 
Porque as implicações adjacentes à colocação da sonda eram muitas, entre o incomodo causado à doente e o risco de contrair infecções. E pelo que o necessário era dar-lhe conforto e dignidade nesta recta final de uma longa e preenchida vida, e não prolonga-la indefinidamente por uma não vida.
 
Após oposição firme e convicta de quem legalmente teria o poder de decisão, a entubação não foi avante.
 
E no dia seguinte pelas 9h00 a avó teve alta para a sua última morada, Lisboa, porqur no Algarve não havia onde.
 
E no dia seguinte com toda a assistência e cuidados às mãos de João de Deus condignamente a avó morreu, sem sondas e reanimações para perlongar uma não vida.
 
...
 
Os nomes das personagens médicas e de enfermagem são fictícios. O argumento é original e baseado em factos totalmente reais.
 
(Não é mas podia ser, o início de mais uma “season” da famosa série da NBC, que entre 1994 e 2009 nos mostrou os meandros de um serviço de urgência americano, ER)
 
 
Serviram estes dois episódios verídicos para se perceber o quão DEFICITÁRIOS são os cuidados, os equipamentos, as unidades de saúde na região do Algarve, das publicas às privadas. Seja para uma urgência seja para cuidados continuados em situação de recuperação ou em fim de vida.
Seja para o doente seja para os seus familiares.


Parece que na saúde, ao SUL não há LUGAR!
 
Nota: Por opção, a autora não escreve aplicando o acordo ortográfico actualmente em vigor.

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Legal ou ilegal: eis a questão!

12/9/2017

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Por Sara Luz

Nos últimos tempos, fomos inundados com o termo “ilegal” em virtude da acesa e fervorosa “luta” entre os enfermeiros e o Ministério da Saúde. Face aos contornos das alegadas ilegalidades, comecei a questionar-me se o significado da palavra “ilegal” teria mudado. Ainda que a resposta fosse óbvia, precedentes como o Acordo Ortográfico incitaram-me a confirmar. Confesso também que, por momentos, presumi que o Estado de Direito pudesse ter os dias contados. Mas, quanto a isso o Sr. Ministro da Saúde (MS) fez questão de relembrar, em todas as suas mui pertinentes intervenções, que essa jamais seria uma possibilidade. Mas é no tom frenético com que se pronuncia acerca do modo como os enfermeiros se manifestam, usando e abusando de termos como “ilegítimo, imoral e ilegal”, que realmente abre espaço para interrogações sobre as acusações que faz e suas verdadeiras pretensões. Permitam-me, então, uma análise dos casos que marcam a “ilegalidade”.

O primeiro caso remonta a final de junho de 2017, quando os Enfermeiros Especialistas (EE) em Saúde Materna e Obstetrícia iniciaram um movimento designado por Movimento Nacional de EESMO (tema que pode ser recuperado aqui). Neste caso, o MS considerou o movimento não só ilegítimo como ilegal, demonstrando um total desrespeito à língua portuguesa ao adjetivar um substantivo com recurso a dois sinónimos. Fora isso, mas não menos importante, manifestou ter dúvidas quando à legalidade do protesto já depois de o ter considerado “ilegítimo e ilegal”. Não só foi demagogo como antecipou “assim como quem não quer a coisa” o resultado do Parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR), que só viria a ser conhecido uns dias mais tarde e, calcule-se, sem que tivessem sido explicitadas as razões apontadas pelo MS no pedido efetuado. Nos "entretantos", é iniciado o processo negocial da Carreira de Enfermagem através da assinatura de um memorando de entendimento entre a Federação Nacional de Sindicatos de Enfermeiros (FENSE) e os Ministérios da Saúde e o das Finanças, razão pela qual o protesto foi suspenso, assim como a greve prevista entre os dias 31 de julho e 4 de agosto.  

No final do mês de agosto, e referindo-me ao segundo caso, assistiu-se a uma retoma do movimento EESMO e à criação de outros tantos movimentos por parte de Enfermeiros de outras Especialidades, em virtude do incumprimento do Governo nas negociações. Os EE destacaram a falta de compromisso do MS, assim como a sua incapacidade de tomada de decisão e gestão de conflitos. Certamente uma blasfémia contra alguém que nem sequer marcou presença física em reuniões de índole tão “vital”. No seguimento, e como nada de novo nos protestos era ilegal, bastou os EE decidirem suspender o seu título de Especialista na Ordem dos Enfermeiros (OE) (título esse adquirido exclusivamente às custas dos próprios!) para a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) considerar esse um ato ilegal. A ACSS argumentou que a suspensão do título de Especialista não era possível sem que houvesse suspensão da inscrição como Enfermeiro, o que contradiz claramente os Estatutos da OE.

O terceiro caso diz respeito à greve em curso, convocada pela FENSE a 23 de agosto, mas que por todas as razões e mais algumas foi também considerada ilegal. Neste caso em concreto os Ministérios não pareceram alinhados na “estratégia” do MS, uma vez que o Ministério das Finanças não concordou com as irregularidades apontadas pelo Ministério do Trabalho. Divergências à parte, a ACSS não se acanhou em emitir uma circular informativa para relembrar todas as entidades de saúde sobre “os termos legalmente definidos quanto ao cumprimento do dever de assiduidade”. Um louvor para esta atitude que, apesar de não parecer, faz muito sentido. Ora se em todos os casos houveram ameaças de processos éticos e disciplinares, faltas injustificadas, ou outro tipo de consequências em situação de delito, não parecia bem agora fazer diferente. Ainda assim, e porque vivemos num Estado de Direito, aguarda-se a decisão do Tribunal Arbitral.

Face ao exposto, terminaria com duas considerações. Primeiro, a frequência com que tem sido utilizada a palavra “ilegal” é tal que a “Geringonça” é capaz de perder a pole position em 2017, o que suspeito não ser do agrado de muita gente. Segundo, era interessante que nesta perseguição em que se reavivam os tempos áureos da “caça às bruxas”, o MS tivesse a audácia em resolver de uma vez o conflito, pronunciando-se sobre a legalidade de “coisas” que talvez possam verdadeiramente importar. São caso disso, os enfermeiros que estão na sua grande maioria no primeiro de 11 escalões de progressão e necessitarem de trabalhar cerca de 50 anos para atingir um hipotético topo de carreira; os enfermeiros que com 20 ou 30 anos de experiência, competências acrescidas ou especialidade têm o mesmo salário que recém-licenciados; os enfermeiros que com um contrato de funções públicas trabalham 35 horas semanais e outros com contrato individual de trabalho trabalham 40 horas; os enfermeiros que nunca serão Enfermeiros Principais porque em Portugal nunca abriu um único concurso para o efeito, ainda que à luz da “carreira” em vigor desde 2009 estejam contempladas as categorias de Enfermeiro e Enfermeiro Principal… Legal ou ilegal: eis a questão!
 
Nota: A autora não garante total imparcialidade na opinião manifestada.
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FACTO - Britânicos aumentam procura pelo Algarve!

11/9/2017

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Por João Fernandes

Recentemente, um jornal nacional de referência anunciou uma forte redução da procura por parte dos turistas britânicos, sobre o título “Brexit tira 56 mil ingleses do Algarve”. A notícia foi logo replicada por outros meios de comunicação, sem qualquer cuidado com a veracidade dos factos, com a clareza da linguagem ou mesmo com a objetividade do conteúdo - “Britânicos estão a perder interesse pelo Algarve (e o culpado é o Brexit)” / “Brexit. Britânicos viajam menos para o Algarve”…
               
Vejamos então alguns factos para uma apreciação mais concreta:
1 – Em julho, mês a que se reporta a afirmação em causa, o relatório de tráfego do Aeroporto de Faro apresenta um aumento do número de passageiros oriundos do Reino Unido de 10,6%, em termos homólogos, e de 14,7% em valores acumulados. De facto, em julho do ano passado a ANA Aeroportos registou 543.762 passageiros britânicos em Faro (o que já traduzia um aumento de 12,9% em relação a 2015) e em julho deste ano 601.591, ou seja, mais 57.829 passageiros que em 2016.

2 - De facto, se considerarmos os dados de agosto deste ano, constataremos que nos primeiros oito meses de 2017 foram registados mais 393.189 passageiros britânicos do que em 2016. Nota: o número de passageiros considera os passageiros que aterram e também os que descolam.

3 – De acordo com os mais recentes dados disponibilizados pelo INE, de junho, a boa performance do mercado britânico determina mais de 20% do aumento das dormidas de estrangeiros em hotelaria classificada na região.

4 – A estada média dos hóspedes do Reino Unido na região sobe para 5,2 noites (+0,2 noites que em 2016).

5 - Dados do Banco de Portugal revelaram que os turistas residentes no Reino Unido foram os únicos que no primeiro semestre gastaram mais de mil milhões de euros (mais 139,91 milhões que há um ano).

6 - No Relatório da Região de Turismo do Algarve sobre o atendimento nos postos de turismo, de julho do corrente ano, verificou-se um aumento acumulado de 15,7% do número de atendimentos de turistas britânicos.

6 – Foi apresentado pelo SEF “Relatório de Imigração, Fronteiras e Asilo 2016”, em que se revela que os britânicos são dos que mais têm aproveitado o regime fiscal português, que oferece impostos mais baixos aos pensionistas estrangeiros e que inclusive o Reino Unido passou a ser a sexta nacionalidade de estrangeiros residentes mais relevante (19.384), com um crescimento de 12,5%, equivalendo a um fluxo de mais 3.066 indivíduos.

7 – A informação divulgada pelo SIR-Turismo Residencial, um sistema estatístico que abrange a atividade de compra e venda de imóveis de turismo residencial, mostra que o Reino Unido continuou a apostar na compra de imobiliário residencial turístico em Portugal em 2016, sendo mesmo a nacionalidade mais representativa entre os investidores estrangeiros, com um peso de 31% no número de transações concretizadas por não residentes. Esta conclusão é ainda reforçada no que se refere ao “Algarve Central”, que representa 44% da oferta imobiliária captada pelo SIR-Turismo Residencial. Neste eixo de Albufeira-Loulé, os Britânicos não só protagonizaram quase metade das transações de origem internacional (46%), como atingiram o investimento médio mais alto, com cerca de 2,1 milhões de euros por operação.
 
De facto, ao contrário do que seria inicialmente expectável, apesar da acentuada depreciação da libra e da correspondente redução do poder de compra dos turistas britânicos, no Algarve o que se tem verificado até à data é uma procura crescente.

Faço este alerta porque é recorrente a falta de cuidado na narração de notícia sobre turismo em jornais nacionais. Frequentemente, tomam por única a informação de uma só fonte ou assumem conclusões a partir de um qualquer indicador isolado. Não me faz sentido que se escreva tanto sobre a economia nacional e que nas redações dos principais órgãos de comunicação não haja alguém que tenha conhecimento especializado sobre um setor que se tem constituído como motor da atividade económica...

É bom lembrar que o Algarve representa dois terços das dormidas turísticas do RU em território nacional, que é “apenas” o principal mercado turístico emissor para Portugal.

 
 
 
 

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Microempreendedorismo, inovação e criação de emprego

9/9/2017

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Por Hugo Barros
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Sobre este tema muito se pode, e tem escrito.
Numa época de aclamado crescimento económico (e de debate politico conducente à preparação do próximo orçamento de estado), somos comummente confrontados com noticias e expetativas de grandes e disruptivos investimentos, passiveis de reconfigurarem todo o tecido económico (regional e nacional), e solucionar o desemprego.
BEM HAJAM ESSES PROJETOS. Espero que se concretizem e efetivamente potenciem a criação de riqueza e emprego qualificado.
Mas não é esta a realidade do dinamismo económico regional.
A realidade é composta por um somatório de projetos de menor dimensão, dinamizados por empreendedores de experiência e formação múltipla, que enfrentam uma luta desigual contra as limitações e burocracias do sistema, e assumem todos os riscos e encargos inerentes à implementação de uma atividade económica.

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Penicos na igreja

8/9/2017

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Por Gonçalo Duarte Gomes

A Costa Vicentina, bem como a faixa litoral que lhe dá continuidade pelo Sudoeste Alentejano acima, é das últimas pérolas ainda não muito avacalhadas que o Algarve e o País possuem.

Aquelas paisagens, onde a terra se sublima no mar e o mar se condensa na terra, são de tal forma especiais que desde há milénios são consideradas sagradas pelos povos que as ocupam, como desde logo o atestam os monumentos megalíticos por aquelas bandas erigidos, celebrando o Promontorium Sacrum, qual autêntico templo.

Mas pasmem-se, boa gente, há penicos a ser vazados na igreja.

Penicos com rodas.
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Ao Joaquim Guerreiro. A carta que não queria te escrever.

6/9/2017

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Por Bruno Inácio 
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Joaquim,

Escrevo-te passados poucos dias da tua partida. Deixaste-nos de forma imprevisível pois por muito que a puta da doença que te atacou seja tão fatal, nós acreditamos sempre que haverá uma hipótese, que talvez contigo podia ser diferente e que podias vencer a luta desigual com a qual foste inesperadamente confrontado. Era um misto de esperança médica com uma grande dose de amizade que tantos e tantos queriam que fosse o suficiente para te salvar. Não foi e tu partiste.

Quero escrever-te porque preciso dizer aos outros o que penso sobre ti e que felizmente tive a oportunidade de te dizer pessoalmente. Eventualmente irei repetir muitas das tantas linhas que li sobre ti nos últimos dias desde que a noticia sobre a tua morte inundou o mural das redes sociais de tantas pessoas. Mesmo assim, quero-te dizer, uma última vez, que gosto muito de ti e que o tempo, que tudo resolve, nunca me fará esquecer o quão importante foste e quanto ainda tinhas para ser para mim.

Conheci-te tinha eu 18 anos. Era um puto que queria dar pontapés nas estrelas e fazer coisas. Tudo, fazer tudo o que podia fazer. Tu eras um jovem de 33 anos que muitos já respeitavam pela tua capacidade de trabalho, entrega e dedicação. Comecei a trabalhar contigo, já com 19 anos, na Câmara Municipal de Loulé quando dirigias o GCRP, o “teu” Gabinete de Comunicação, Relações Públicas e Eventos. Recordas-te quando foste mostrar a planta de cada piso do teu GCRP ao Hélder, à época vice-presidente da câmara. Eu estava lá e achei tão estranho alguém desenhar a planta de cada piso, com cada secretária, com cada pessoa que lá ia colocar. O teu caderno quadriculado – sempre caderno quadriculado – parecia naquele dia coisa de arquitecto. Tinhas um minúsculo gabinete entre escadas, num primeiro andar em frente a Alcaidaria do Castelo. E tinhas muitos sonhos e uma vontade imparável para os realizar. Estou certo que te recordas bem desses tempos, sempre tive a ideia que foste muito feliz ali. Ias desbravando caminho, rompendo ideias pré-concebidas, acabando com interesses instalados, implementado novos métodos, novas ideias, novos ritmos de trabalho. Nós, um grupo de miúdos e de graúdos, seguíamos, sem saber muito bem para onde íamos, mas seguíamos. Trabalhávamos bastante. Nunca foste facilitador. Também davas uns murros na mesa quando a coisa relaxava e nós lá entravamos na linha e voltávamos a dar tudo por tudo. Dia e noite, tantos dias e tantas noites sem parar. Não estávamos a trabalhar na função pública, estávamos a trabalhar para o público e tu sempre soubeste que eram coisas muito diferentes.

Certamente que te recordas bem do dia em que resolveste fazer um concerto. Organizar um concerto no Monumento Duarte Pacheco com uma tal de Adriana Calcanhoto. Foi a tua primeira grande organização ao serviço da Câmara Municipal de Loulé. Já na altura, como sempre aconteceu ao longo do teu percurso, muitos duvidaram que a coisa ia resultar. Até nós, que andávamos ali a carregar baías, cadeiras, a inventar portas e sei lá mais o quê… até nós tínhamos essa duvida. Mas fazíamos com gosto e por gosto. Fazíamos porque tu definias aquele caminho e acreditavas nele contra tudo e contra todos. Estávamos em 2003. O concerto foi um sucesso e essa tal de Adriana Calcanhoto foi um aviso à navegação: tinhas chegado para ser disruptivo! 
 

À medida que o tempo foi passando foste crescendo junto das pessoas: em respeito, em consideração, mas também em numero de pessoas que não gostavam de ver os sucessos das tuas iniciativas. Falámos tantas vezes sobre isso.

Foste frontalmente contra uma ideia que existia (será que ainda existe?) de que não se podia fazer diferente simplesmente “porque sempre foi assim”. Isso tirava-te do sério. Tantas foram as vezes que te ouvi dizer: se sempre foi assim, pois agora passa a ser de forma diferente.

Em linha com esta ideia, foste igualmente um criador / recuperador / regenerador de pessoas. Ainda por estes dias a me comentavam como tu tinhas ido buscar algumas pessoas a determinada área da autarquia e as tinhas colocado em outra determinada área e simplesmente lhes disseste: vocês estavam desaproveitadas. E essas pessoas deram tudo pela autarquia e vestiram a tua camisola.

Em 2004, na euforia do Euro em Portugal, inventaste o Festival do Mediterrânico. E a maioria das pessoas não saberá a historia desta origem. A organização do evento decidiu criar as chamadas Fan Zones que era basicamente um ecrã gigante a transmitir os jogos. Na altura a autarquia tinha que criar na cidade uma oferta para os turistas que se esperavam por força do evento. Tu e o Paulo, na altura vereador da autarquia, começaram a partir pedra. Também gostavas disso Joaquim, de reunir pessoas e atirar ideias para cima da mesa. Desse trabalho que fizeste com o Paulo decidiram que a gastronomia poderia ser um ponto de atracão. Chamaram restaurantes como O Grego, outros que faziam peallas. E a isso iriam associar a música. A vossa lógica era simples: vamos trazer a Loulé – cidade anfitriã – musicas dos países que vão estar a disputar o campeonato. Ao lado do dito ecrã gigante no Monumento Duarte Pacheco pediste para montar um grande palco. Esse festival teve para mim vários momentos marcantes. Durante o tempo que decorreu, talvez uns 20 dias, o tempo do campeonato, o espaço esteve cheio duas vezes. No jogo inaugural e na final. Houve um dia, antes de um jogo de Espanha, estava em palco uma banda chamada “Sueños de Romería de Lepe” (julgo que era este o nome). Eram uns 20 em palco. A ver estava um grupo de espanhóis. Eram uns 4. Aquilo não correu muito bem Joaquim. E um dia, lembras-te da nossa conversa, ali à porta do instituto de emprego? Disse-te, do alto da minha sabedoria dos 21 anos: Joaquim, vamos meter aqui o Quim Barreiros e esta merda fica cheia de um dia para o outro. Tu, certo que estávamos a fazer o correto, disseste-me que isso era uma estupidez e que tínhamos que ser coerentes. Naturalmente tinhas razão.

Mas a verdade é que aquilo não tendo corrido muito bem, também não correu muito mal. Os restaurantes venderam bem mais do que o esperado e quiseram repetir. Tendo o apoio do executivo da autarquia, pegas-te no conceito e arriscas-te. Um ano depois, em 2005 mudas o Festival do Mediterrâneo, que (mais ou menos por acaso) começou a chamar-se Festival MED, para o centro histórico de Loulé. Foi uma dor de cabeça. Andávamos ali a inventar um festival, entre pessoas que ali viviam e nos insultavam e entre comerciantes que diziam que éramos loucos. Muitos nos avisavam que ninguém iria ao centro histórico de Loulé. Tu deste a cara e era isso que nos motivava para estar ali. Saber que tínhamos alguém que assumia a responsabilidade. Demos tudo por tudo, horas intermináveis a trabalhar, muita bolhas nos pés fruto daquela maldita calçada irregular em brasa do sol de Junho. Foi um sucesso e o resto da história é por demais conhecida das pessoas.

Paralelamente foste fazendo o teu percurso politico. Sempre acompanhado por aqueles que nunca duvidaram de ti e te apoiaram. Quem bem te conhecia, sabia para onde caminhavas e que lá chegarias. Quando li o depoimento do Nuno em que se despede de ti pensei nisso instintivamente. Eu não fui uma dessas pessoas de sempre. Tive os meus momentos em que te falhei e em que não vi em ti esse futuro. Mesmos nesses momentos, os mais tensos entre nós, nunca quebrámos a nossa comunicação e nunca nos distratamos. Mas já volto à politica para te dizer, para que saibas, o vazio que a tua partida nos deixa.

Em 2007 disseste-nos que devíamos fazer uma Noite Branca. Terei te perguntado se isso não era coisa das discotecas. Tu disseste que não. Que na Europa havia coisas dessas. Fui pesquisar e rapidamente voltei ao teu gabinete para te explicar que isso das Noites Brancas em Paris e outras cidades era uma noite EM branco no sentido de as pessoas passarem a noite em claro, sem dormir, com os museus e as galerias de arte abertas. Atiraste logo de seguida: então, misturamos os dois conceitos. Fazemos eventos a noite toda, abrimos as nossas exposições e pedimos às pessoas para virem de branco. Como sempre, lá embarcamos em mais uma “loucura” do Joaquim. Planeámos a coisa como sabíamos (ou melhor, como não sabíamos). Envolvemos os comerciantes para que decorassem as montras. Recordas-te Joaquim que te disse que tínhamos de ter uma “entrada” para a festa? Tu achas-te bem e eu chateei meio mundo para conseguirmos pendurar um pano branco entre a Caixa Geral de Depósitos e o Mercado Municipal. Vendo bem as coisas Joaquim, aquilo não ficou nada de interessante… mas era assim que as coisas aconteciam:  não se castravam ideias mas tínhamos que nos “desenrascar” (como gostavas de dizer) para as fazer acontecer. Recordo que nesse dia à tarde, com a equipa muito desfalcada pois tinham ido a um casamento, tivemos uma conversa na estrada, ainda a Praça da República não estava requalificada, em que comentávamos um com o outro: se vierem umas mil ou duas mil pessoas sempre conseguimos dizer que isto não foi um fiasco e safámo-nos. Devem ter aparecido umas 10 mil. Durante dias, em Loulé só se falou sobre o fenómeno Noite Branca. O mito do Joaquim Guerreiro, o criador de eventos de sucesso, ganhou ainda mais densidade. 

Tinhas os teus defeitos Joaquim. Às vezes havia coisas que não eram possíveis de serem feitas e tu não querias aceitar e compreender isso. E por vezes, porque a pressão era tanta e tu querias fazer tanto e tão bem feito, não percebias que a forma como abordavas as pessoas as deixava desconfortáveis. Mas mesmo essas pessoas te respeitavam e hoje reconhecem as tuas virtudes. São grande parte deles tuas amigas.

Tiveste sempre muito cuidado com o exemplo. Recordo um episódio. Um dia achaste que devíamos ver ao vivo a Noite Branca de Madrid. Reuniste um conjunto de pessoas que faziam parte da tua equipa para irmos ver o que os outros faziam. Ter mundo, para ti, sempre foi fundamental como forma de acrescentar valor aos projectos que colocavas em prática. Como entendias que a imagem pública era importante não aceitaste que fossemos de avião. E então lá fomos, 5 pessoas enfiadas num carro apertado de Loulé até Madrid e de Madrid até Loulé. Às tantas ir de avião teria sido mais barato, mas a imagem e o exemplo eram importantes. A viagem, em pleno verão, só não foi horrível porque a companhia o compensou em larga escala. 

Passámos pela crise financeira que assolou o país e tu percebeste que era necessário insistir no rigor da gestão. Tudo tinha que ter uma estratégia. Coisa rara na função pública, mas que para ti era fundamental. A estratégia podia depois mudar ou se ajustar, mas tu fazias questão de debater connosco a estratégia. São muitos os exemplos disto que aqui te relembro. Um desses exemplos foi certamente marcante para ti. Quando decidiste que deverias ter um estudo, metódico, com critérios definidos e formas de avaliação sobre a atribuição e validação dos contratos-programa desportivos. Sempre consideraste que estes contratos deveriam ser instrumentos de gestão de uma determinada orientação da política desportiva do concelho. O problema é que foste mexer com muitos dos tais que defendiam o tal “sempre foi assim”. 

A pouco e pouco, mandato após mandato, a tua solidez política foi ganhando substância e adeptos. Mas também momentos houve em que assumiste em demasia e sem necessidade as dores que não eram tuas e não tinham de ser tuas. O processo autárquico de 2013 foi o reflexo desse teu voluntarismo. Sobre isso nada mais te vou dizer, já te disse pessoalmente e selamos com um aperto de mão a dura, frontal e crua conversa que encerrou esse assunto. 

Após isso a tua vida seguiu o caminho normal daqueles que têm a humildade como base de todas as virtudes. Faro, uma nova dinâmica no Teatro das Figuras, o Festival F e o sonho de ter a cidade e a região como capital europeia da cultura. Entendias como poucos, ou melhor dizendo, foste um dos pioneiros em entender que os eventos eram muito mais do que isso. O Festival MED trouxe um novo olhar e por consequência uma nova dinâmica ao centro histórico de Loulé. São tantos os exemplos que fui ouvindo nestes dias de como a tua influência foi importante. O João que me contava como lhe sugeriste fazer tertúlias musicais ou o Ricardo que não se esquece que estiveste a assistir àquela audição dos seus alunos. Tantos e tantos exemplos. 

Mas para mim, Joaquim, a tua maior virtude era a tua capacidade de conheceres as tuas limitações. Não só para mim, mas para muitas pessoas a quem tu de forma desinteressada chamaste para junto de ti porque percebias que elas acrescentavam valor. O Miguel falava nisso quando, tristes, lamentávamos a tua partida. Essa capacidade tão rara de percebermos que existem sítios onde não conseguimos chegar se formos sozinhos. Talvez a essa virtude estivessem associados os teus valores sociais democratas. Nunca foste um liberal como agora gostam de dizer que somos. Não somos e nessa luta sempre estive ao teu lado. O primado da pessoa humana é um valor primeiro que qualquer outro. E tu incorporaste na sua formação a génese do PPD/PSD e o legado de Francisco Sá carneiro: acima de tudo está a ética na politica.

Tu gostavas muito de política e pensavas política. Hoje vejo demasiadas pessoas que gostam de política, mas julgam-se no direito de não ter que a pensar. Como se fosse um mero instrumento de poder e não uma ciência ao serviço do colectivo. Como se a ambição de cada um não tivesse que estar indexada a um objectivo maior, o objectivo colectivo. E é por isso, que vais deixar órfã de liderança uma geração que conquistaste e a quem provaste que eras a melhor pessoa para seguirmos. Não existem pessoas insubstituíveis, mas não vejo como te vamos substituir. Irias ser Presidente da Câmara Municipal de Loulé. Não sei quando, mas irias. Era inevitável. Não porque te sentisses nesse direito como se de um ato divino se tratasse, mas porque simplesmente o desejavas bastante. E fazias essa caminhada com a alegria de quem está a fazer a maior e melhor coisa do mundo. Tenho muita pena, não só por ti, mas acima de tudo por um concelho que a determinada altura vai deixar de ter a oportunidade de te ter ao seu serviço. 

Vou terminar Joaquim, porque a prosa já vai longa e nunca foste homem de perder muito tempo em lirismos.
Só te quero dizer, mais uma vez, que foi para mim uma Honra ter crescido ao teu lado. Rimos, choramos, festejamos. Vencemos e perdemos. Foste a pessoa mais importante da minha vida profissional. Nunca vou esquecer a tua memória e irei sempre lutar para que ela seja lembrada.

Obrigado Joaquim, até sempre.


Bruno
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PIB a crescer mas Investimento ainda longe dos registos de 2001

5/9/2017

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O Lugar ao Sul volta hoje a contar com a participação do seu já habitual convidado especial Paulo Pereira. O seu escrito de hoje olha de forma interessante para problema do crescimento do PIB e a sua relação com o investimento. É desta forma que o experiente gestor Algarvio chama a nossa atenção para uma realidade que nem sempre se compreende na sua plenitude.  É pois , mais uma vez, "material" de Lugar ao Sul.
Luís Coelho
  
Nota Biográfica
Paulo Jorge Teixeira Pereira, esperou pela inauguração da ponte sobre o Tejo para ir nascer a Lisboa em novembro de 1966. É licenciado em Gestão Financeira pela ESGHT e Pós-graduado em Finanças Empresariais pela FE-UALG. Depois de várias colaborações na imprensa regional, viria a ser representante do Semanário Económico na Região até à sua passagem a diário. Há cerca de 25 anos que trabalha como consultor de empresas, tendo-se especializado na área dos apoios e incentivos ao investimento, incluindo ainda duas passagens por funções públicas em Vila Real de S. António e Portimão. Fez parte da Comissão Fiscal da Câmara de Comércio e Industria de Portugal e integra os orgãos sociais da BICS - Associação dos Centros de Empresa e Inovação Portugueses. Foi fundador e ainda é dirigente da Algarve Film Commission. Quanto tinha tempo livre ia ao cinema e dedicava-se à fotografia. Sempre que tem oportunidade, viaja em família. E, claro, é adepto do único clube desportivo nacional que tem um nome que se compreende em qualquer parte do mundo: SPORTING !!!!

Por Paulo Pereira.
O INE publicou no final da semana passada o detalhe dos números que demonstram como o PIB cresceu 2,9% no 2º semestre de 2017. O Consumo recupera para niveis registados em 2011, mas o Investimento está ainda 34% abaixo do melhor registo dos últimos 16 anos.​

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Serviço de Urgência- 1º Episódio

1/9/2017

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Por Joana Cabrita Martins

Serviço de Urgência- 1º Episódio
 
16ª Temporada
 
Co-produção:
Ministério da Saúde,  Chua (Centro Hospitalar Universitário do Algarve)
Com:
Joana Cabrita Martins, Otília Martins, Médico João Fonseca, Enfermeiro Francisco Eduardo, ...
Género:
Drama
Classificação:
M/18
Outros dados:
POR/ALG, 2017, (ao vivo e a) Cores, 840 min. (14 horas)
 

Resumo:
Domingo, 20 de Agosto, dia calmo, quente (para não dizer ardente). Joana visita a sua avó paterna para uma tarde em família, tranquila.
 
Encontra a avó num estado não muito saudável ao seu olho, não clínico, e resolve confirmar as suas suspeitas levando-a ao Centro de Saúde de Silves. Onde pouco tempo depois se vê confrontada com a terrível confirmação:
 
Agudização da patologia de insuficiência cardíaca severa, com edemas visíveis nos membros inferiores e insuficiência respiratória grave.
 
Seguem de ambulância para o Hospital de Portimão onde são recebidas na triagem por volta das 19h00, como se em Manchester estivessem.
 
Nota: Tradição é tradição em Manchester ou em Portugal, estejamos num festival ou num Hospital a pulseira é um ritual.
Laranja significa MUITO URGENTE!!!
Falta saber qual a definição de MUITO URGENTE para o Ministério da Saúde para se poder compreender certas e determinadas situações, mas isso fica para o episódio 2.
 
Aguardam.
Primeira observação do médico leva à requisição de uma série de exames. A noite avizinha-se longa. Joana está calma, longe de saber o que a espera.
 
A avó não come nem bebe desde a hora de almoço. Joana questiona o médico sobre poder dar-lhe de jantar, e o quê?
“Pode comer tudo. Pode comer tudo. Ah Sem sal!”
 
Deixa avó na sala de espera e desloca-se à cafetaria para comprar o jantar para ambas.
-“Dos pratos que têm, qual deles não tem sal?” questiona à senhora da caixa.
-“Nenhum! Aqui tudo tem sal.”
 
-“Então e os doentes que têm restrições e estão à espera de serem atendidos em consultas ou urgências não têm opções para se alimentarem? Sem sal, sem gordura, sem açúcar, etc?”
-“Aqui no bar não!”
 
Resignada, Joana regressa com 2 sopas e 1 empadão de atum, COM SAL, GORDURA E TUDO A QUE SEM TEM DIREITO NUM HOSPITAL.
 
A avó? Onde está? Estava aqui!!! Não fugiu de certeza na cadeira de rodas que mais parecia ter saído de um filme de guerra, já sem suporte para os pés.
 
Encontra-a na sala de enfermagem já sentada numa poltrona, a fazer inalação de bronco-dilatadores com mascara.
Questiona uma das enfermeiras da equipa sobre o jantar que tinha nas mãos.
 
Ao que esta lhe responde que antes de ingerir o que quer que fosse, a avó teria que terminar os tratamentos, caso contrario com a insuficiência respiratória que apresentava corria sérios riscos de contrair uma pneumonia por ingestão de alimentos.
 
Joana arregala os olhos de espanto. Há nem meia hora, o médico responsável tinha-lhe dado a indicação que a avó poderia comer tudo à excepção de SAL?!
 
Dirige-se à avó para a tranquilizar e dizer-lhe que estaria na sala de espera. Regressaria quando a inalação terminasse.
 
E regressou.
 
E a avó só comeu e bebeu na manhã seguinte porque a situação era de facto MUITO URGENTE, como diriam em Manchester.
 
Porque quando questionou novamente outro enfermeiro da equipe sobre se a avó já poderia ingerir o jantar, visto a medicação por inalação ter terminado, a resposta que lhe deram foi tão somente:
-“Não sei, isso só o médico é que sabe! E ele foi agora para o Hospital de Faro acompanhar um doente poli-traumatizado. Só regressa daqui a 2 horas provavelmente!”
 
-“Só regressa daqui a 2 horas, e nesse tempo ninguém sabe o que fazer com os doentes MUITO URGENTES que estão à sua responsabilidade?”
 
Indignada, Joana dirige-se à sala de atendimento e observação médica da urgência para saber junto dos restantes médicos, se aquela situação é procedimento normal no CHUA.
 
Os dois médicos que lá se encontram, prontamente se disponibilizam a verificar o processo da avó, porque, segundo lhe disseram, quando os médicos responsáveis se ausentam (por variados motivos) deixam indicações num plano sobre o doente para que os que permanecem possam dar seguimento caso necessário.
 
Qual não é o espanto de ambos quando verificam que, não existe plano para a avó.
 
Joana decide aguardar pacientemente, apesar do adiantado da hora, do cansaço, do stress, da avó com 87 anos não ingerir nada desde a hora de almoço.
 
Não sem antes passar novamente no cadeirão, de aspecto confortável, para saber se a avó não gostaria de se recostar e descansar, pois encontrava-se sentada há já varias horas a oxigénio, na mesma desconfortável posição, pernas e costas a 90º, quando ambas as pernas apresentavam grandes edemas provocados pela acumulação de líquidos.
 
À resposta afirmativa, Joana chamou novamente o enfermeiro para que este inclinasse o cadeirão.
O enfermeiro respondeu que provavelmente não seria possível porque o equipamento em questão já não estava em condições e não travava na posição reclinada.
 
Ao que Joana respondeu que a avó estava naquela posição há horas e que as pernas no estado em que estavam não deveriam permanecer naquela posição e imóveis por muito mais tempo.
 
-“Então diga-me que solução é que tem para mim?!” responde o enfermeiro.
 
-“Para si? Não!!! Que solução é que tem para a minha avó?!” devolve Joana já não muito calma.
 
-“Encontre um banco ou algo que possa ser colocado de forma a manter a posição reclinada.” continua Joana.
 
E assim foi, o enfermeiro proporcionou a reclinação da poltrona com a solução encontrada por Joana, que deixou a avó a dormir reclinada e regressou à sala de espera para aguardar o regresso do médico e obter informação actualizada sobre a condição, prognósticos e terapêutica da avó.
 
Pela 01h15 conseguiu saber que as primeiras análises demonstravam, para além do já diagnosticado, uma infecção urinária (que no dia seguinte foi desmentido pelos médicos da decisão clínica, que lhe disseram que em nenhuma análise surgia esse indicador).
E que só agora iria fazer o raio-x aos pulmões para verificar a condição dos mesmos.
 
Pelas 02h00 da manhã a avó foi levada para o raio-x regressando poupo depois.
 
Pelas 02h30 Joana tentou perceber junto do médico se já havia resultados do mesmo. No entanto o médico tinha acabado de sair novamente, desta feita, para a sua pausa de hora e meia para dormir.
 
Hora e meia depois pelas 04h00 da manhã Joana regressa à sala de observação médica para confirmar que o edema não era só o das pernas mas também dos pulmões. E que avó pernoitaria no serviço de urgência, naquela confortável poltrona. E ela, Joana, também ali pernoitaria, mas nas duras cadeiras de plástico da sala de espera, porque seria incapaz de deixar a avó no caos.
 
Depois de assistir a vários episódios dignos de filmes de terror protagonizados por outros doentes e respectivos familiares em desespero pela MUITA URGÊNCIA de tratamento que tardava em ser sequer urgente.
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Pelas 07h00 da manhã, Joana foi tomar o pequeno-almoço na cafetaria com SAL, AÇUCAR e GORDURA o quanto baste.
E quando regressou pelas 08h00 para saber a evolução e plano para a avó, é-lhe dito que a mesma já tinha sido internada na Decisão Clínica. Que a ajudasse a trocar de roupa e guardasse todos os seus pertences.
Assim o fez. E seguidamente pediu para saber o diagnóstico no momento do internamento, assim como o prognóstico e plano de tratamento. Ao que lhe foi dito que não era possível fornecer nenhuma informação nesse sentido, e que estas só poderiam ser dadas na visita das 19h00 pelo médico responsável nesse momento.
Como seria de esperar após mais de 12 horas no Hospital Joana não achou que tal fosse admissível.
Reclamou no livro amarelo.
 
 
Serviço de Urgência- 2º Episódio
16ª Temporada

 
Resumo:
Sábado, 26 de Agosto. A avó paterna de Joana continua internada no Hospital de Portimão e a avó materna de Joana vai de ambulância para o Hospital de Faro com uma paragem respiratória.
...
 
 
Os nomes das personagens médicas e de enfermagem são fictícios. O argumento é original e baseado em factos totalmente reais.
 
(Não é mas podia ser, o início de mais uma “season” da famosa série da NBC, que entre 1994 e 2009 nos mostrou os meandros de um serviço de urgência americano, ER)
 
 
Nota: Por opção, a autora não escreve aplicando o acordo ortográfico actualmente em vigor.
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