Por Gonçalo Duarte Gomes
Agora que o final de Agosto se aproxima a passos largos, começa o frenesim da rentrée política. Em ano de eleições, ainda por cima legislativas, pior ainda. Arrisco afirmar que os níveis de confiança e apreço por parte significativa da população relativamente à classe política conhecem, em Portugal, mínimos assim ao nível dos de finais da nossa Primeira República. Sem querer discutir aqui causas, noto efeitos. Concretamente o da desumanização desta relação. Exemplo maior será, porventura, a generalizada falta de sensibilidade para um drama silencioso que alastra na dita classe política: o transtorno dissociativo de personalidade (TDP). Um caso bem recente, e amplamente mediático, manifestou-se no Algarve. O protagonista, António Costa.
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Por Bruno Inácio Querer colar um eventual fecho da unidade de neonatologia do Hospital de Faro ao actual Governo tem tanto de populista como este governo dizer que a culpa é do governo anterior. E dizer uma coisa ou outra não resolve o problema apenas nos deixa em banho-maria, onde de resto, esta região tem estado nos últimos anos.
Foi noticiado a possibilidade da unidade de urgência de neonatologia do Hospital de Faro encerrar já em Setembro. Segundo esclarecimento da administração do Centro Hospitalar do Algarve isso é fazer “futurologia” e que a acontecer tal se deve a um conjunto de circunstâncias (“profissionais que se encontram de baixa, por motivos de doença, licenças de maternidade e ainda apoio à família”) a que a administração e por conseguinte a tutela são alheias. Certamente isso é verdade. Tal episódio é no entanto contrastante com um discurso que vimos acentuar no último ano, mas que tem sido tónica nos últimos 4, de que Portugal é um caso de sucesso e que a governação da Geringonça (convém lembrar que foi o PS o Bloco de Esquerda e o PCP) é um oásis no deserto europeu. O Algarve sofre, e não é de agora, de um défice de investimento crónico na área da saúde. A administração do centro hospitalar ou da ARS podem ser melhores ou piores mas a questão não está ali, está acima, no governo e na distribuição de verbas pelo SNS. O Algarve não foi prioridade nem tão pouco relevante nesta legislatura. Foi preterido para outras regiões por meras geometrias partidárias e políticas cujo argumento de decisão foi apenas o da manutenção do poder e não o do interesse das populações. Só isso explica que o governo, sem qualquer razão, tenha preterido a construção de um novo hospital no Algarve em relação a outras áreas dos pais quando existia um estudo técnico que indicava o Algarve como prioritário. Vivemos no tempo em que as coisas são o que se diz que são e não o que são realmente. Só isso pode explicar que tenhamos um Primeiro-Ministro que diz o que entende sem que isso tenha qualquer adesão à realidade. Que se passeia pela EN2 a vangloriar do sucesso da governação mas quando o governo é questionado sobre os inúmero casos graves que temos assistido na saúda na região a resposta é inócua ou cinzenta: “há mais 8 milhões para a saúde no Algarve”. É caso para perguntar: onde? Nada realidade nada têm para dizer. A Ministra da Saúde chegou a afirmar, perante as camaras de televisão e sem se rir, que a urgência pediátrica em Portimão foi a determinada altura assegurada por um médico que estando aposentado se teria disponibilizado a ajudar. E ninguém acha isto fora do normal!? Isto leva-nos a uma questão maior: são demasiadas as semelhanças que estamos a viver com o período que antecedeu a última grande crise. Na altura com o PS de José Sócrates no Governo (que é o mesmo de agora, com as mesmas pessoas), o que não faltavam era inaugurações pomposas, anúncios de sucesso orçamental, aumento dos funcionários públicos. O país vivia momentos de grande prosperidade. Quando a crise internacional se instalou foi o que se viu. Ora os sinais são claros: a guerra comercial mundial o desacelerar da Alemanha. Tudo isto pode trazer uma crise. E quando ela chegar a Portugal? Será o que já sabemos. E porque? Porque as pequenas folgas que tivemos nos últimos anos foram utilizadas apenas em políticas que apelam ao consumo e nada de estrutural foi feito para alterar o nosso modelo económico. Mas vamos cantando e rindo com um Governo que navega a grande velocidade para uma maioria absoluta e um Presidente da República que ajuda a montar a festa. Ser enganado uma vez pode ser engano. Duas vezes em tão pouco tempo é porque merecemos. Nota final: como muitas pessoas eu também receio o avanço dos populismos na Europa e em Portugal. Aqueles que pensam que estamos a salvo dessa tormenta não podem estar mais enganados. Perceber a raiz desse problema não é só olhar para a extrema-direita e o discurso populista que cola facilmente na mesa do café. É também perceber que esta forma de estar na política (a que descrevo neste artigo), procurando agradar a tudo e todos e a trabalhar apenas para as eleições, gera cada vez mais descrédito e desencanto no eleitor que se refugia nos extremos por afinal “são todos iguais”. Por Patrícia de Jesus PalmaA 19 de Agosto de 1839, o governo francês anunciava ao mundo a nova invenção, cujo método fora desenvolvido por Louis Jacques Mandé Daguerre. Celebram-se assim hoje os 180 anos deste primeiro processo fotográfico, cujo avanço multiplicou exponencialmente a produção e a difusão de imagens. Tanto assim é que, de uma cultura escritocêntrica, firmada nos últimos trezentos anos, imergimos num panorama essencialmente visual, potenciado cada vez mais pelo digital. Ao Algarve, a fotografia e os fotógrafos itinerantes começaram a fazer-se anunciar nas páginas dos jornais oitocentistas, ficando nesta ou naquela cidade até esgotar o número de interessados nos retratos. Não tardou que a própria imprensa se apropriasse do novo processo. A 1 de Junho de 1880 surgia aquele que consideramos (atendendo aos dados conhecidos) como o primeiro periódico algarvio ilustrado com fotografia – O Algarve Illustrado: Jornal Litterario (n.º 1, 1/6/1880 – n.º 18, 15/2/1881), propriedade de João Frederico Tavares Bello. O Algarve Illustrado : Jornal Litterario, n.º 1, 1.6.1880. Fonte: Arquivo Distrital de Faro. Para além da excelência do seu corpo editorial, a marca diferenciadora do jornal traduzia-se na fotografia colada ao centro da primeira página. O sentido de actualização da informação, fortalecida pela imagem fotográfica, obrigou a direcção a adiar o número dedicado ao poeta João de Deus, por não dispor de uma fotografia recente capaz de satisfazer os leitores ávidos pela novidade. Aguardou-a e publicou-a no número seguinte, a 15 de Agosto de 1880 (n.º 6). Mas o curioso é que a fotografia, neste caso particular, introduziu à repetitividade própria de cada número de jornal, expressa nas suas centenas de exemplares, a subtileza da variação, do carácter único. Ei-las, as variantes do n.º 1, para satisfação dos nossos prazeres visuais, neste dia mundial da fotografia: Praça da Rainha, em Faro.
Imagem da esquerda: fotografia do n.º 1, colecção Arquivo Distrital de Faro. Imagem da direita: fotografia do n.º 1, colecção Biblioteca da Escola Secundária João de Deus (Faro). Por Gonçalo Duarte Gomes
As sequelas dos filmes são sempre piores que as películas originais. Isto é sabido. Os dias que vivemos confirmam esse aforismo empírico, e a segunda abordagem tuga de 2019 ao universo cinematográfico do Mad Max está longe do brilhantismo da primeira (ver aqui). Seja como for, a greve em curso empalidece face a uma outra que decorre em paralelo, e à qual não dispensamos uma porção infinitesimal da atenção: a do S. Pedro. Nesta greve, como na outra, e como sempre, o Algarve é a região mais penalizada. Mas, neste caso, com culpas no cartório. Como ali faltam os monumentos, diligenciarei evocá-la em paisagens. |
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