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Parabéns, Autódromo Internacional do Algarve!

31/7/2020

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Por Gonçalo Duarte Gomes

​Numa altura em que pairam tantas preocupações sobre o futuro da economia algarvia, a notícia da passagem do circuito de Fórmula 1 pelo Algarve, que assim representa Portugal na mais importante competição automobilística internacional (parece-me a mim), vem mostrar a diferença entre equipamentos turísticos realmente diferenciadores e aqueles que são perfeitamente banais.


Se a região percebesse isso e optimizasse e dinamizasse estas estruturas enquanto ferramentas estratégicas para a atracção de outros sectores de investimento (se bem me lembro, ao projecto do autódromo chegou a estar associado um polo tecnológico), permitindo ao turismo servir de alavanca para a necessária diferenciação económica, em vez de sonhar com mais do mesmo para gastar a esmola dos 300 milhões de euros - que não surjam agora sonhos de mais 15 autódromos, atenção! - talvez o Algarve tivesse outra solidez.

Um bofetada de luva de condução que assenta a nível regional, nacional e internacional.

Pela mão do Autódromo Internacional do Algarve, que vê assim premiado um trabalho que vem de trás.

Parabéns!
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Os ingleses no Algarve do século XVIII não iam à praia: comercializavam figos e amêndoas

29/7/2020

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Por Andreia Fidalgo

Na passada sexta-feira, o Algarve voltou a receber notícias desanimadoras: o Reino Unido decidiu manter Portugal fora da lista dos corredores aéreos, tornando ainda mais negras as já magras potencialidades de recuperação do sector turístico regional.

Neste cenário não há grande margem para dúvidas no que respeita aos impactos negativos para a região. Tal como foi evidenciado pelo presidente da Região de Turismo do Algarve, João Fernandes, o mercado britânico representa, a nível do mercado externo, um terço das dormidas da região (33%) e quase metade dos passageiros que desembarcam no Aeroporto de Faro (49%).

Como recuperar deste golpe? Já várias estratégias têm sido apontadas – inclusivamente aqui, no Lugar ao Sul – a curto e a longo prazo. A curto prazo, passam evidentemente pela promoção do Algarve no mercado interno, com a captação de turistas nacionais, mas também no mercado externo, junto de outros países europeus em que as restrições de circulação não se imponham. A mais longo prazo, a estratégia terá de passar sempre pela diversificação da economia regional, o que permitirá reduzir a excessiva dependência do sector turístico.

A dependência do turismo é, obviamente, um reflexo da contemporaneidade, mas a dependência económica relativamente aos ingleses tem raízes históricas bem mais antigas. A propósito das restrições agora impostas pelo Reino Unido, tem sido por diversas vezes relembrado o Tratado de Windsor, assinado em Maio de 1386 entre Portugal e Inglaterra, e que é considerado a mais antiga aliança diplomática do mundo ainda em vigor.

Porém, no que diz respeito à problemática económica, é verdadeiramente significativo invocar os acordos e tratados assinados entre Portugal e a Inglaterra após a Restauração da Independência, em 1640: por acordo de 1642 e, sobretudo, após o tratado de 1654, aos comerciantes britânicos garantiu-se a liberdade de comércio e a liberdade religiosa, abriram-se os portos portugueses na Europa, mas também na Ásia e na África e facilitou-se o comércio colonial. Caso paradigmático é o da exportação do vinho do Douro, negócio que os britânicos dominariam a partir da segunda metade do século XVII, domínio este que não se limitava apenas ao trato comercial, mas que também envolvia todo o processo produtivo. Com o Tratado de Methuen, em 1703 – que, muito breve nas suas cláusulas, determinava que os portugueses retirariam as restrições à importação dos têxteis ingleses e, em troca, os britânicos reduziriam os direitos de importação do vinho português – assegurou-se a continuidade e hegemonia inglesa no lucrativo negócio do vinho, a que se associavam outros mais géneros.

Estes acordos, particularmente o Tratado de Methuen, transmutaram-se numa presença significativa de homens de negócios britânicos no território português, e acentuaram a dependência económica de Portugal face a Inglaterra.

Neste contexto, o Reino do Algarve não foi excepção. Na realidade, um dos problemas invocados para a ruína económica da região, na década de 70 do século XVIII, era precisamente a forte presença de algumas casas comerciais inglesas, que monopolizavam o comércio dos principais frutos regionais. A principal casa comercial, à época, era a do inglês João Lampriere, que sediara o seu negócio em Faro, apoiado numa rede de comissários distribuídos por todo o Algarve, e exportava os frutos regionais por comissão, sem que qualquer comerciante regional lhe pudesse fazer concorrência. A este somava-se o inglês, João Crispim de nome aportuguesado, que estabelecera uma outra casa comercial em moldes semelhantes à de Lampriere, ou ainda, a título individual, os ingleses João Keating e Parcar Pitts. Alguns destes homens eram oriundos de famílias inglesas que se haviam estabelecido no território algarvio a partir de meados do século XVII: parece ser este o caso, por exemplo, de Parcar Pitts, muito provavelmente descendente de Jan Parcher (Parker), mercador estabelecido em Tavira em 1651.
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Estes comerciantes ingleses alimentavam as rotas comerciais do Algarve com o Mediterrâneo e, sobretudo, com o Atlântico Norte, através da exportação dos frutos e géneros regionais de maior valor. Assim, para Gibraltar, Inglaterra, Irlanda, França, Países Baixos, Alemanha, Dinamarca, e até para a América do Norte, saíam do Algarve, pela mão dos ingleses, o figo, a amêndoa, a alfarroba, a laranja, o limão, o vinho, a cortiça e a cana. Essas mesmas rotas comerciais faziam chegar ao Algarve ferro, aço, madeira, alcatrão, tecidos variados, queijo, manteiga, arroz, entre outros géneros.

Podemos, em suma, dizer que o comércio regional estava dependente dos ingleses… Na mesma medida em que hoje podemos dizer que o turismo está, numa parte bastante substancial, dependente dos ingleses. E, tal como hoje se procuram estratégias para minimizar os efeitos económicos desta dependência em tempos de Covid, também naquela época se procurou diminuir a excessiva dependência que tinha o comércio regional dos homens de negócios ingleses.

Diminuir a dependência económica de Portugal face a Inglaterra foi uma estratégia claramente assumida pelo Marquês de Pombal através das suas políticas económicas e, inclusivamente, com a criação das companhias monopolistas pombalinas, mormente com a Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro. No que ao Algarve diz respeito, a estratégia adoptada passou por uma integração económica do Reino do Algarve no restante Reino de Portugal: aboliram-se os direitos duplicados que pagavam os frutos e géneros algarvios quando transacionados –  que até então eram tratados como se fossem oriundos de um reino estrangeiro –, e procurou-se que algumas das matérias-primas e produtos alimentares de que a região necessitava fossem fornecidos pelo Reino de Portugal, ao invés de serem importados do Atlântico Norte. Procurava-se, dessa forma, que a abolição de direitos pudesse resultar numa maior iniciativa e capacidade competitiva por parte dos comerciantes algarvios, e reduzir o monopólio dos ingleses na saída e entrada de produtos na região.

A estratégia pombalina acabou por resultar na região, dando origem, nas décadas seguintes, à emergência de comerciantes de origem portuguesa, que substituíram os ingleses no seu primado.
​
Será caso para indagar se hoje, perante a situação actual, não nos faltará uma visão estratégica que produza efeitos mais duradouros. Procurar remediar a crise do turismo com o mercado interno, ou apelar a mercados externos alternativos ao inglês podem ser soluções a curto prazo – insuficientes, é certo! – mas o verdadeiro problema estrutural da região, ou seja, a excessiva dependência económica do sector turístico, mantém-se inalterado. A solução é a que tem vindo a ser já por diversas vezes notada, isto é, é fundamental diversificar a base económica da região. No entanto, esta solução requer uma visão estratégica ponderada e com efeitos a mais longo prazo - será que a saberemos, realmente, desenvolver?
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Algarve: o prenúncio de uma crise anunciada

28/7/2020

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Por Luís Coelho
O País está tristonho. O Algarve ainda mais. Desde Março que a COVID19 afasta os turistas de solo Luso, o que acaba por atingir muito negativamente o turismo, motor da nossa recuperação económica. As consequências para a nossa região? Nada de bom, infelizmente

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Uma alfarrobeira, uma amendoeira e uma figueira entram num bar

22/7/2020

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Por Andreia Fidalgo
Numa região em que a escassez de água é assunto premente– tal como já tem sido relembrado em diversas ocasiões aqui no Lugar ao Sul –, e onde, paradoxalmente, a cultura de regadio nunca teve tanta extensão como agora, nunca será demais relembrar a importância do sequeiro e das tradicionais árvores de fruto algarvias.
​

Historicamente, a tríade em destaque foi sempre a mesma, e compunha-se pela figueira, pela amendoeira e pela alfarrobeira. Não há corógrafo que não as invoque, desde Frei João de São José que, em 1577 das figueiras diz serem as que “se dão em toda a terra e é novidade de cada ano e mais certa que o pão”; ou João Baptista da Silva Lopes, em 1841, que do fruto das amendoeiras recorda que muito se exportava e que, quando amargo, dele se fazem licores, ou então “adoça-se fazendo-o curtir em água por alguns dias, e então serve para os doces”; ou Charles Bonnet, que, em 1850, a propósito da alfarrobeira relembra que, “tal como a figueira, é a árvore mais útil e mais produtiva desta província”, cujo fruto, “triturado serve de alimento aos cavalos, mulas e vacas”, mas também de alimento aos mais pobres.
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Esta tríade arbórea que sempre marcou a paisagem algarvia – e à qual se soma a oliveira, embora esta não seja tão exclusiva da região – foi durante séculos o sustento da economia regional, e os seus frutos alimento do povo; hoje vê-se relegada para segundo ou terceiro planos e substituída por outras árvores de fruto que canalizam e esgotam um recurso vital que a região, note-se bem, nunca possuiu em abundância: a água! Os antigos sabiam-no e, por isso, respeitavam as limitações naturais do território. E nós, na nossa ânsia desenfreada de produzir mais, melhor e o que está na moda, saberemos voltar a respeitar?...
​
Termino este breve apontamento invocando um poema de Leonel Neves, intitulado ​Em Louvor da Alfarrobeira, para que através dele possamos recordar a beleza singela das nossas tradicionais árvores de fruto.
Em Louvor da Alfarrobeira
           Todas são árvores de amar,
           estas que moram à nossa beira:
 
           A amendoeira, de namorar;
           amante esplêndida, a figueira;
           mas moça séria, para casar,
           fecunda e firme, – a alfarrobeira.

 
A mais bonita encanta e desespera
os namorados com seu riso breve.
Trouxe o inverno pássaros de neve
que acharam no Algarve a primavera,
 
e deles a amendoeira fez um véu
para os turistas que se encantam, vendo-a.
Mas cada flor que a tonta ofereceu
            é menos uma amêndoa…
 
A figueira é diferente: com seus modos
de matrona de beijos pequeninos,
embala a fome aos donos e a todos,
– pássaros, vagabundos e meninos.
 
Mas no Inverno já ninguém a ama,
e atira ao vento os braços desprezados,
            como uma mãe que chama
moços mortos no mar ou emigrados…

​A alfarrobeira, não! Séria, quieta,
mal se vê, não se despe, nem se perde:
concebe os frutos, íntima e discreta,
no silêncio da sua copa verde.
 
Fruto? Um esquife negro, nunca centro
de um bucólico olhar ou de uma gula.
O que é uma alfarroba? Pão de mula,
            com lágrimas lá dentro…
 
            Suor que em choro enrola
            tanta esperança morta…
Sementes de alfarroba que o Algarve exporta
            e que depois importa
            como tinta, como cola.
 
Tinta para um cartaz com amendoeiras,
cola de caixa com figuinhos lampos,
– são as lágrimas negras que nos campos
por nós choraram as alfarrobeiras.
 
Eu, que de todas sou bom amigo
e bom vizinho, sempre vos digo:
 
           A amendoeira, de namorar…
           Amante esplêndida, a figueira…
           Mas moça séria, para casar,
           – a alfarrobeira!


​Leonel Neves, Natural do Algarve
​
Faro: Universidade do Algarve, 1986.
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Arte de furtar

17/7/2020

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Por Gonçalo Duarte Gomes

Corria o ano da graça do senhor (um qualquer) de 1502, quando um planisfério náutico foi surripiado de Lisboa para Itália, no bolso de um tal de Alberto Cantino.

Nesse planisfério inscreviam-se a maior parte do mais importantes segredos da Coroa Portuguesa no que às navegações oceânicas e novas terras descobertas aos olhos europeus dizia respeito. Literalmente, lá constava o segredo que era a alma do negócio marítimo.

Cantino, espertalhão, conseguiu tal proeza através do suborno de um cartógrafo português cujo nome a História apagou - e pena foi, porque tão vil criatura merecia ser arrastada na lama para todo o sempre - que, por 12 ducados de ouro (maquia avultada à data, reconheça-se), fez cair por terra a estratégia portuguesa de manter oculta dos gulosos olhos das potências estrangeiras concorrentes a informação amealhada à custa de tanto suor, sangue e lágrimas - estas chegando mesmo a salgar o mar, segundo Pessoa.

Mais tarde, em 1652, é redigida em Portugal a seminal obra "Arte de Furtar" (furtar-me-ei à discussão da sua autoria, omitindo tal questão), que vê a luz cerca de um século depois.

Aí, basicamente, com seriíssimo humor e sublime ironia, é exposta a generalizada roubalheira e corrupção que marcava o ritmo do reino de Portugal logo após a Restauração, altura em que se viveu uma espécie de PREC seiscentista.

Há mesmo quem diga que não pede meças a uma "Arte da Guerra" ou ao maquiavélico "Príncipe". Mas como é tuga...

Serve tão singelo par de exemplos apenas para que não sejam tão duros com vós próprios ou com o País, quando olharem para os dias que correm, e vos parecer que tantos e tão descarados gatunos, salgados ou insossos, correm livres por aí...

E não se esqueçam que se há uma mão que estende, há outra que recolhe.
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“Ode” aos turistas ingleses

11/7/2020

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Por Luisa Salazar (2 minutos de leitura)

Há muitos, muitos anos, antes do ‘Beach English’, e de existirem, sequer, ‘Camones’, o reino de Portugal criou o primeiro acordo comercial com o reino de sua Majestade ao qual se deu o nome de “Tratado de Methuen”. Este episódio, que marcou a história dos dois países e as diferentes interações comerciais de norte a sul de Portugal, revelou-se, em muitas épocas da nossa história, uma verdadeira aliança.

Desde essa época, até à atualidade, as relações entre Portugal e a Grã-Bretanha têm sido sempre próximas.

Dos turistas que nos visitam, anualmente, cerca de 60% vêm do Reino Unido. A possibilidade de não nos visitarem, este ano, vai causar um verdadeiro rombo no Algarve em geral, e nas empresas e pessoas que vivem e trabalham nesta região, em particular.

Neste momento, só me apraz dizer o seguinte: precisamos dos nossos turistas!

Desde o início da pandemia que o Algarve tem um número de casos residual por COVID-19, quando comparada com a realidade do Reino Unido. Como foi possível sermos excluídos do corredor aéreo? Como?

Questiono as ações de planeamento tomadas para prevenir esta situação, para evitar que o Algarve ficasse dentro do mesmo “saco” que as restantes regiões de Portugal.  O que foi feito para evitarmos esta tragédia?

Por favor, expliquem-nos, a nós, algarvios, porque precisamos de saber!

Precisamos saber quem defende os interesses da nossa região!

​Precisamos saber quem, efetivamente, luta pelas empresas locais, pela hotelaria, restauração,  pelas rent-a-cars e por todos os outros serviços da área do turismo que, ao longo das últimas décadas, têm sido a área de atividade incentivada pelo governo central.

Por quanto mais tempo, Algarve, vais ficar contente e satisfeito por te considerarem uma região rica e litoral, quando és tão interior como muitas outras regiões de Portugal mas, claramente, não usufruis das mesmas condições que essas regiões beneficiam e vão continuar a beneficiar?

Quanto mais tempo vais permitir que te releguem para quarto ou quinto plano e se recordem de ti apenas durante quinze  dias de Verão?

Quanto tempo mais é preciso para termos consciência que afinal há portugueses e, só depois,  algarvios?

Vamos ficar por aqui? Vamos deixar que outros tomem as decisões por nós, façam “lobbies” em nosso nome quando, na realidade, nunca somos vistos como uma primeira escolha, uma primeira preocupação?
 
Depois da decisão tomada pelo Reino Unido e de ficarmos, pelo menos, um mês com um reduzido número de turistas provenientes deste país é que nos reunimos com empresários e autarcas? Para quê? Aqui, no Algarve, chamamos a isto “soup after lunch, understand?”.

Independentemente do que fizemos para combater esta situação não fomos eficientes. Por isso, temos de repensar como vamos conduzir a próxima análise de potenciais corredores aéreos entre Portugal e o Reino Unido. Temos de analisar de que países temos recebido mais turistas, desde a abertura do espaço aéreo, e como vamos promover a nossa região nas próximas semanas para, deste modo, agir em conformidade e conseguir, ainda, rentabilizar este verão.

Caso nada seja feito e continuem a conduzir-nos pelo mesmo caminho, a taxa de desemprego que assola o Algarve, que ronda já os 200%, infelizmente, vai agravar-se. Nessa altura, talvez se repense o Algarve, não como uma região abastada, mas como uma região exportadora que deve ser incentivada, reconhecida pelas restantes regiões e valorizada pela economia nacional.

Quem, até agora, não conseguiu reconhecer o valor do Algarve, talvez esteja na altura de ceder o seu lugar e abrir as portas a novas ideias e abordagens. Podem também não ter sucesso, mas, pelo menos, tentaram algo diferente, porque, o que conseguimos até agora, parece-me pouco!

Vai ficar tudo bem! Mas, para isso, temos de nos unir, esforçar e trabalhar para o bem comum do nosso Algarve.
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O meu reino por uma piscina!

10/7/2020

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Por Gonçalo Duarte Gomes

Agora que já sabemos que a pandemia que nos afecta não veio mudar rigorosamente nada na natureza humana, nem veio contribuir para qualquer melhoria ao nível da humanidade da Humanidade ou da consciência e solidariedade, ficamos todos mais descansados, podendo voltar a concentrar-nos nas coisas comezinhas que até à eclosão deste problema viral nos atormentavam, livres dessas utopias castigadoras e trabalhosas.


No Algarve, a orgulhosamente construída dependência do turismo como única actividade económica está, comme il faut, na ordem do dia.

Primeiro porque simplesmente não havia turismo, a seguir porque o turismo podia representar uma bomba na saúde pública, entretanto porque os turistas ingleses não vinham (apesar de afinal virem), depois porque os turistas holandeses se entretêm a fazer aquilo que é suposto um turista holandês cá vir fazer… enfim, um clássico “casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão”.

Nunca é demais dizê-lo, para ver se alcançamos no futuro alguma curva de aprendizagem: são problemas económicos, sociais e de saúde pública (não apenas pelo vírus, mas também pela miséria e pela fome, que matam igualmente) de uma região afinal ridiculamente vulnerável, apesar de constantes bravatas e gabarolices sectoriais.

Mas entretanto, de tão absorvidos que estamos nessas discussões virais e virológicas, parecemos esquecer outras coisas, tão ou porventura ainda mais importantes.

Mais alguma vez se ouviu falar da água no Algarve?
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Março, Abril, e até Maio, acabaram por ser meses milagrosos do ponto de vista dos recursos hídricos da região. Não porque tivessem resolvido todos os problemas, mas porque as significativas precipitações ocorridas geraram alguma – não muita – folga numa situação que estava para lá de crítica. Já nem nos milagres somos exigentes…
​
De acordo com os dados do Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos, à data de Junho deste ano o panorama nas reservas de superfície (incluindo rega, abastecimento público e fins múltiplos) algarvias era o seguinte:
Albufeira
Bacia hidrográfica
Capacidade
Capacidade útil*
Funcho
Arade
67,8%
57,4%
Arade
Arade
36,6%
31,6%
Odelouca
Arade
57,6%
57,6%
Odeleite
Guadiana
44,3%
34,3%
Beliche
Guadiana
36,9%
36,1%
Bravura
Ribeiras do Algarve
28,6%
21,4%
* capacidade útil estimada a partir do volume morto indicado para cada albufeira
Do ponto de vista da seca, os dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera revelam que todo o Algarve se encontra em seca fraca, de acordo com o Palmer Drought Severity Index, índice que combina os efeitos de temperatura, precipitação e capacidade de água disponível no solo.

Portanto, numa altura em que o calor começa a apertar, estamos sequinhos – ainda que não muitos – e com não tanta água quanto isso para atravessar o deserto. E ainda apenas com, basicamente, os mamíferos do costume cá na região, ou seja, nós mesmos.

Agora que começa a haver alguma retoma do turismo, prevê-se que a carga sobre as disponibilidades hídricas aumente também, mesmo que em níveis significativamente inferiores em relação a anos anteriores. Recorde-se que a sazonalidade é um factor amplamente problemático no abastecimento de recursos hídricos na região. No seu Relatório e Contas referente a 2018, a Águas do Algarve, S.A. apontava que a época alta apresentou nesse ano um factor de ponta de 1,66 (superior ao de 2017, que se havia saldado em 1,60).

Outros dados apontavam já que o consumo de água em contexto doméstico se havia agravado significativamente no decurso da pandemia e, concretamente, do confinamento, o que é natural e compreensível, quer seja pelo reforço dos hábitos de higiene, quer seja pelo maior tempo de permanência das pessoas em casa.

Se juntarmos a tudo isto algumas notícias que, aqui há poucas semanas, alertavam para a louca corrida que se estava (e está) a verificar às piscinas em Portugal (ver um exemplo aqui), a trama adensa-se. Neste caso, concretamente, tal frenesim piscineiro (fazendo lembrar os tempos áureos de um tal Jonas em grandes áreas adversárias) deve-se ao facto do pessoal, receoso – de forma mais ou menos justificada – de se ir rebolar para areias onde a Covid-19 pode estar à espera para trincar pálidas banhas incautas, qual traiçoeiro pulgão, rapidamente ter pensado em alternativas para pôr a carcaça de molho. Com miudagem à mistura então, maior a pressão…

Vai daí, a piscina, desde o mais tristonho redondel insuflável até à mais olímpica das quadras aquáticas, tornou-se o “portuguese ( e algarvian, pois então!) dream”, ao alcance (variável) da bolsa. Um sonho que precisa de muita água para se viver.

Perante tais especificidades hídricas do contexto particular que atravessamos, e a que se junta a irresponsável gestão que a região costumeiramente faz da água – e que até se agravou, como o demonstra a progressão descontrolada do regadio –  é caso para perguntar: alguém está a prestar atenção a isto, e a pensar em soluções, de forma integrada?
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Cartão vermelho de Boris Johnson: e agora Algarve?

7/7/2020

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Por Luís Coelho

​Na passada sexta-feira rebentou o equivalente a uma bomba atómica no Algarve: o governo britânico decidiu colocar Portugal na lista negra dos países inseguros para as férias dos turistas ingleses. A consequência é simples: todos os que viajarem para esse espaço geográfico a partir do nosso País terão de fazer uma quarentena de 14 dias. Do ponto vista económico tal gera dois efeitos de curtíssimo-prazo: 1) o efeito substituição, com uma parte da procura turística originada a partir do Reino Unido a passar a preferir outros destinos concorrentes (Espanha, por exemplo, é nesta fase considerada segura pelo governo britânico); 2) o efeito reputacional o qual oblitera a narrativa de que Portugal é um destino seguro neste mundo covid (algo que, aliás, já vinha acontecendo desde o início de Junho com vários países como a Grécia e Finlândia a desaconselhar desde essa altura viagens de e para Portugal).

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Uma forma ligeira de ser turístico

3/7/2020

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Por Gonçalo Duarte Gomes

Que o modelo económico monofuncional do Algarve tinha tudo para correr mal em face de fenómenos externos relativamente aos quais a região não tinha qualquer voto na matéria, já se sabia.

A corrente pandemia e os seus efeitos globais apenas o confirmaram de forma dramática, tal como confirmaram que responsabilidade social é coisa que não assiste a boa parte dos grandes e prósperos actores da “indústria” turística – como atestam os ordenados em atraso em grupos hoteleiros, e outras manigâncias que se vão passando, em prejuízo de tantas famílias.

A recente exclusão de Portugal Continental (as regiões autónomas dos Açores e Madeira safaram-se) da lista de destinos seguros para viajar a partir do Reino Unido, hoje revelada, veio confirmar outra coisa: mesmo dentro de um cenário de externalidades incontornáveis, nem nos aspectos que podem ser trabalhados o Algarve tem o peso que julga ter no turismo, conforme a ilusão que quotidianamente alimenta.

Só assim se explica este falhanço diplomático (porque o é, em toda a linha) nas negociações com o Reino Unido para o estabelecimento dos corredores aéreos que dispensam períodos de quarentena no regresso à Grã-Bretanha – negociações estas que se processaram com uma curiosa, mas costumeira, atitude sobranceira por parte dos britânicos, principalmente tendo em conta o seu contexto dentro da pandemia, respondida com uma subserviência por parte do resto do mundo, que nem o Brexit quebrou...

É certo que as razões para tal fracasso não se esgotam no Algarve, já que seguramente nenhuma solução poderia ser negociada isoladamente para a região, uma vez que não beneficia, por exemplo, da insularidade dos arquipélagos portugueses autorizados, que permitem outro controlo de acessos, para além de poderem, pelo enquadramento administrativo, definir políticas sanitárias autónomas. Mas é certo que deita por terra os esforços dos agentes regionais – dos quais não duvido – e expõe a incapacidade de a região influenciar o que quer que seja, expondo de forma novamente gritante a sua falta de peso político, e o abandono a que é votada pelo Governo.

Além de deixar tanta e tanta gente que disto depende, a enfrentar o desespero de um futuro para lá de incerto, e as respostas sociais da região, muitas perto já do limite, a braços com uma tarefa – ainda mais – hercúlea.

Talvez se os nossos mais antigos “aliados” (que são para as ocasiões, como se sabe) tivessem sido convidados para o saloio cerimonial de abertura das fronteiras com nuestros hermanos, entre uma rodela de chouriça assada e um copo de tinto se tivesse encontrado solução..

Não discuto sequer aqui – embora tal seja, ou devesse ser, fundamental também na avaliação interna desta questão – se esses corredores seriam algo positivo do ponto de vista da saúde pública, tendo em conta a capacidade de resposta instalada no sistema regional do Serviço Nacional de Saúde.  Mas, do ponto de vista económico, está demonstrada à exaustão a sua potencial utilidade para a tentativa de mitigação de um ano que se prevê ruinoso para a região, após ter caído uma pedra da dimensão da pandemia em cima do cesto em que irresponsavelmente estavam depositados todos os ovos da economia algarvia.

Resta agora saber se na margem de negociação que ainda sobra, será possível rectificar esta situação.

Por outro lado, resta-nos o consolo de alguns municípios do Algarve terem sido visitados por bloggers “influenciadoras”, numa acção de promoção turística, direccionada ao mercado interno.

Portanto, entre trabalho diplomático de fundo, com peso político nacional, ou uma “duck face” potente/um “fish gape” arrasador de jovens adultas, sabemos quais as armas de que dispõe a região para enfrentar este tremendo desafio...
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Figos, uvas e mulheres a secar ao sol: no Algarve até as mulheres eram feias!

1/7/2020

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Por Andreia Fidalgo

Há não muitos dias, os dados publicados pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional revelaram que o número de desempregados inscritos em Maio nos centros de emprego do Algarve subiu 202,4% em relação ao período homólogo do ano passado. O Algarve foi, sem surpresa, a região portuguesa que registou o maior aumento de desemprego, o que, de resto, vem na tendência dos meses precedentes.

Evidentemente, uma economia pouco diversificada e sobretudo alicerçada no sector turístico, seria sempre a que mais iria sofrer com o impacto de uma situação de crise pandémica como a que estamos a enfrentar.

Por isso mesmo, desde muito cedo se foram erguendo várias vozes em defesa da ideia de que o Algarve, como a região continental a sofrer mais os impactos económicos da pandemia, deveria ser alvo, por parte do Governo, de um programa de recuperação e de apoio especial e mais adequado às suas especificidades. Algo que parece lógico e justo, e procura responder ao princípio da equidade.

Pode ser falha minha, mas até ao momento não tive notícia de que qualquer programa especial que pensasse seriamente em minimizar os gravosos impactos económicos que esta crise está a gerar na região algarvia. Não só não se pensou, como numa lógica nacional de abertura de fronteiras e de recuperação do sector turístico, nem a TAP faz do Algarve, principal destino turístico português, uma estratégia… Se nunca o fez, por que haveria de o fazer agora?!

Sejamos honestos: esta situação não causa grande espanto! Estamos perante um Algarve cujos interesses e reivindicações têm sido sucessivamente desprezados por parte do poder central. E esta é uma história que não é recente, tal como já tenho vindo a demonstrar, em diversas ocasiões, aqui no Lugar ao Sul.

Temos, efectivamente, um problema de percepção relativamente às necessidades regionais. Poderemos questionar se se trata de um problema económico, ou político, ou de relação centro-periferia, entre outros, e certamente que a nossa resposta vai ser positiva para todos eles; porém, acima de tudo isso, questiono-me se, talvez, o problema algarvio não seja sobretudo um problema cultural, ancorado numa incompreensão multissecular das particularidades e idiossincrasias regionais.

O isolamento crónico do Reino do Algarve, durante séculos, relativamente ao restante Reino de Portugal, aliado ao facto de ter sido a região mais islamizada do território português, o que se traduz em manifestações culturais próprias, poderão ter sido alguns dos principais factores a concorrer para a visão quase sempre distorcida que a nível nacional se tem sobre a região, e que ainda hoje teima subsistir.

Nesta ordem de ideias, para o artigo de hoje decidi invocar aqui alguns trechos sobre o Algarve que constam no Guia de Portugal, de 1927. Numa altura em que o turismo ainda dava os primeiros passos, e que o sol e praia não eram moda, que motivos teria o viajante de há 100 anos para visitar o Algarve? E qual era a visão generalizada que do Algarve se tinha, a nível nacional?

O Guia de Portugal foi uma obra, em cinco volumes, cuja publicação se iniciou na década de 20 do século passado e que resultou da iniciativa de um grupo de intelectuais portugueses. Em 1919, o historiador Jaime Cortesão foi nomeado director da Biblioteca Nacional de Lisboa, cargo que ocupou até 1927. Foi durante esse período que se formou o chamado «Grupo da Biblioteca», ao qual pertenceram vultos de relevo da cultura da época tais como: o escritor e jornalista Raul Proença, os escritores Aquilino Ribeiro e Raul Brandão, o poeta Afonso Lopes Vieira, o médico, escritor e historiador Reinaldo dos Santos, entre outros. Este grupo foi responsável por uma importante acção cultural e, sob a chancela da Biblioteca Nacional de Lisboa, promoveu a publicação do Guia de Portugal. Os três últimos volumes só seriam publicados entre a década de 40 e o final da década de 60, já sob a chancela da Fundação Calouste Gulbenkian e coordenação de Sant’Anna Dionísio.

Ficou ao cargo de Raul Proença a coordenação dos dois primeiros volumes do Guia, o primeiro publicado em 1924 e dedicado a Generalidades, Lisboa e arredores, e o segundo publicado já no final de 1927, que incluía a Estremadura, Alentejo, Algarve. Contando com diversas colaborações dos intelectuais que integravam o «Grupo da Biblioteca», o Guia pretendia reunir simultaneamente informações práticas (transportes, museus, hotéis, restaurantes…), descrições do clima e geografia e conteúdos relativos à história e etnografia dos vários locais.

O segundo volume segue, no que diz respeito ao Algarve, a tendência de desvalorização dessa região um tanto comum à época. A região padecia ainda dos efeitos nefastos do prolongado afastamento em relação ao restante território português, resultado de séculos de isolamento derivado, sobretudo, das suas características geográficas próprias. A serra muito densa a norte, difícil de transpor, era impeditiva de comunicações frequentes, e, por isso, a região e suas especificidades culturais – feição da população, usos, costumes… – e a sua vincada herança islâmica eram mal conhecidas e incompreendidas no restante País.

À data de publicação do Guia esse isolamento tinha já sido parcialmente colmatado com a linha do caminho-de-ferro, mas os seus prolongados efeitos ainda se faziam sentir. Não é, pois, de estranhar o quadro algo negativo traçado por Raul Proença no que toca à descrição da população algarvia.

Da mulher algarvia diz que se aplica no cuidado do lar, mas “este cuidado, este esmero pela habitação não o aplica, porém (…) aos trajos que enverga, geralmente sem garridice e sem cor, que nem seduzem pela variedade e claridade dos tons, como no vestuário da minhota, nem realçam a graça natural das formas (…) como os da varina e da tricana. Aliás, a mulher algarvia não prima pela beleza. O sangue mourisco corrompeu-a. A luz intensa e a excessiva secura do ar gretam-lhe a pele. É débil, pequena, encarquilhada, sem viço nem frescura – um fruto passado ao sol, como as suas uvas e os seus figos”.
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Mulher algarvia. Década de 40 do século XX. Foto de Artur Pastor.

O retrato dos algarvios também não é o mais simpático: “uma população mais de mouros ou de beócios que de gregos das ilhas, aparentemente um pouco cândidos de sentimentos, mas no fundo interesseiros, mesquinhos, poucos hospitaleiros, estreitos de espírito, não vendo nada para além da sua nesga de terra ou do seu barco de pesca, cultivando diligentemente o solo, mas sem capacidade de iniciativa, satisfeitos com o fruto que lhes cai nas mãos e o peixe que lhes vem ter à borda de água, ciosos do seu torrão natal, que estão sempre prontos a exaltar desde que lhes não exijam sacrifícios”.

Mesmo no que respeita ao património cultural edificado, Raul Proença afirmava assertivamente que “pouco interesse que tem o Algarve sob o ponto de vista artístico e monumental. Nada mais banal, por exemplo, do que as cidades da província sem monumentos, sem parques e sem jardins e cuja arquitectura regional, tão pitoresca, foi substituída por uma série de construções sem carácter e sem lógica, absolutamente divorciadas do ambiente e das tradições, nos modelos mais torpes e mais chinfrins” – creio que, neste ponto, até Proença levaria as mãos à cabeça, hoje em dia, de horrorizado com o aspecto infame das cidades algarvias, sacrificadas em prol da construção desregrada.

Nem tudo no Guia é negativo; antes pelo contrário, pois aí ficaram registadas algumas das mais belas descrições sobre o Algarve, sobre a sua paisagem e as suas povoações, de que há notícia até hoje. Ademais, os textos, sejam os de Raul Proença ou de qualquer outro colaborador, devem ser enquadrados na sua época e no seu devido contexto. Naquele período, a etnografia estava em voga, e interessava registar os usos, costumes e tradições próprios de cada região, assim como os traços mais característicos da população. A nível do património cultural, a concepção vigente na época ditava que apenas eram considerados de interesse os grandes monumentos, e as correntes historiográficas valorizavam sobretudo a época medieval e o período da expansão marítima – o Algarve, última região a ser conquistada e integrada no Reino de Portugal, ficou menos beneficiado a nível de património monumental edificado, e nem o interesse da região para a expansão marítima foi suficiente para contrariar esta tendência.

Ainda assim, creio que será legítimo questionar se estas visões negativas sobre os algarvios e mesmo sobre o património cultural da região (ou falta dele!) não se terão transmutado e permanecem ainda hoje bastante vincadas, a outros níveis, na visão que se tem da região e das suas gentes?

Quando o Algarve ganhou interesse turístico, a partir da década de 60 em diante, foi a concepção generalizada de que o seu património cultural tinha pouco interesse que deu azo à destruição arquitectónica e à construção desenfreada e desregrada nas nossas povoações; esta mesma concepção permitiu que se construísse um modelo assente no binómio “sol e praia”, como se nada de maior interesse existisse na região – modelo este que, apesar de todos os esforços recentes de valorização cultural da região, tem sido muito difícil de contrariar.

Quanto aos algarvios, periodicamente estalam polémicas e acusações de estes serem “interesseiros, mesquinhos, poucos hospitaleiros”, sobretudo por parte de alguns portugueses que nos visitam e nos desprezam pela exploração do sector turístico. Esquecem, aqueles que fazem acusações, da imensa precariedade dos trabalhadores desse sector, sujeitos à sazonalidade, aos recibos-verdes e aos contratos a termo… Todas estas fragilidades são, na actual situação, notórias, gritantes e verdadeiramente chocantes.

Gostava e quero acreditar que estes exemplos são excepções e não a regra… Mas questiono se não se trata isto de um problema cultural? De uma herança demasiado enraizada e bastante difícil de extirpar, na qual impera uma certa tendência negativa relativamente à região e à sua população, ainda que muitas vezes inconsciente, por parte do restante “Reino de Portugal”?

Considerando que os nossos governantes são o espelho daqueles que os elegem, devemos realmente esperar que o Algarve seja visto, numa situação de crise em que está mais afectado do que as restantes regiões do território, com uma especial consideração? Diz o dito popular que “mais vale esperar sentado”…
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Mais uma vez não tenho respostas concretas e deixo aqui apenas algumas reflexões.
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