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Bem-vindo

Orçamentos Participativos a Sul – Porque a democracia não se faz apenas de eleições!

31/7/2017

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Por João Fernandes

É hoje cada vez mais comum ouvirmos dizer que o sentido da palavra democracia ("governo do povo") tem sido esvaziado ao longo dos tempos. Que este regime político, eleito pelos povos de todos os países mais desenvolvidos, foi reduzido à mera escolha de representantes. Que não existe uma participação ativa e efetiva da sociedade civil na administração dos seus interesses.
Mas será que nós, os cidadãos, estamos genuinamente disponíveis para participar? O que fizemos quando a oportunidade/dever nos bateu à porta?
Em Portugal, realizaram-se até hoje três referendos nacionais, dois sobre Interrupção Voluntária da Gravidez (1998 e 2007), e um sobre a Regionalização (1998), mas nenhum deles contou com mais de 50% dos eleitores…
A taxa de abstenção nas eleições para a Assembleia da República passou de 8,5%, em 1975, para 44,1%, em 2015! Nas últimas eleições autárquicas (2013) a abstenção chegou mesmo a 47,4% e na eleição do atual Presidente da República 51,3% dos eleitores “optaram” por não votar (dados PRODATA).
Como podemos retratar a nossa participação? A democracia também é o que dela fazemos!
Bem, mas será que estamos todos amorfos ao que se passa à nossa volta? Não é bem assim, um exemplo em voga de democracia participativa são os orçamentos participativos, que tem o propósito de submeter o aplicação de parte dos recursos públicos à consulta pública.
Em Portugal, os Orçamentos Participativos estão cada vez mais consistentes e enraizados na cultura democrática local. Temos assistido a um crescimento exponencial do recurso a estes mecanismos, com particular expressão nas autarquias (camaras municipais e juntas de freguesia) e em iniciativas direcionadas para a juventude.
Ao nível nacional, concretizou-se pela primeira vez este ano o Orçamento Participativo Portugal, que, de acordo com o Primeiro-ministro António Costa, “será para repetir em 2018 e com mais dinheiro.”
Segundo a entidade responsável pelo Observatório Nacional dos Processos de Democracia Participativa em Portugal, a Associação In Loco (com sede no Algarve), “Portugal é o único país com um Orçamento Participativo (OP) a nível nacional e um dos países com maior número de OP, considerando que não existe enquadramento legal que torne obrigatória a realização dos mesmos por parte dos municípios, uma vez que resultam da vontade política em envolver os cidadãos nas decisões de investimento sobre os seus territórios.”
O primeiro orçamento participativo desenvolvido em Portugal teve lugar em Palmela e São Brás de Alportel foi o município algarvio pioneiro no desenvolvimento desta abordagem. São Brás de Alportel detém aliás o OP com mais continuidade. 
Desde 2006, 12 municípios desenvolveram OP no Algarve, sendo que São Brás de Alportel e Tavira criaram ainda OP dedicados especificamente à juventude.
É certo que os OP não apresentam todos a mesma ambição, temos casos em que o processo é apenas consultivo e outros em que a população pode propor e votar projetos.
E será que para 2018 esta onda vai crescer?
Realizar um OP depende sempre da decisão dos executivos municipais e não é possível fazer esta previsão. Sabe-se, contudo, que este será um ano atípico em termos de continuidade dos OP, devido às eleições autárquicas. Ao longo do ciclo dos OP em Portugal, os anos de eleições têm representado quebras na continuidade de alguns processos, devido às mudanças de executivo, e prevê-se que este período não seja diferente.
 
Fica aqui o repto para que haja vontade política de envolver os cidadãos nas decisões que lhes dizem respeito e que a adesão dos cidadãos a estas boas práticas transmita também o devido reforço a quem as executa!
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Empreender a Sul! Sim, a Sul...

29/7/2017

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Por Hugo Barros

​No seguimento do amável convite (entenda-se lá porquê…) para me juntar a um grupo de pessoas que muito admiro e respeito, decidi escrever o primeiro texto sobre “a minha área”. É um mecanismo de segurança, bem sei, mas para além da segurança que a construção das frases que se seguem me dá, penso ser importante continuar a reconhecer outros fatores positivos do nosso Algarve turístico, que muito têm contribuído (e que continuarão a contribuir) para a consolidação de uma região mais inovadora e competitiva.
O EMPREENDEDORISMO é um daqueles conceitos que parece destinado a ser alvo de alguma “sazonalidade” (recorrendo a uma expressão sensível na região), dependente da estratégia e alinhamento político. Quando não é suficientemente divulgado e reconhecido, incidimos as críticas na necessidade de uma maior aposta, sob pena de desperdiçarmos os recursos e o conhecimento. Quando passa a integrar as dinâmicas dos territórios e das políticas públicas, torna-se um potencial alvo de demagogia, apresentado como incapaz de resolver todos os problemas económicos, potenciando inclusivamente o insucesso e a ostracização do empreendedor. Há quem considere que é insuficiente, e quem defenda que já é demais; quem o classifique como uma moda, e para quem é uma forma de estar na vida…

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Alternativa no Algarve, só mesmo a realidade

28/7/2017

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Por Gonçalo Duarte Gomes

A questão das alternativas disponíveis para o pessoal do Algarve orientar a vidinha​, seja ao nível da mobilidade na região, da economia ou dos cuidados de saúde,​ ​t​ê​m estado na ordem do dia.

​O que é óptimo, pois finalmente começa a discutir-se a vida da região para além do seu servilismo veranil.

Mas, infelizmente, para além da ordem do dia e dos suspiros sonhadores da malta, as alternativas não se encontram em mais lado nenhum, pois é coisa de que não dispomos.

Por outro lado, realidades alternativas ou pós-verdades, como agora se diz, temos para dar e vender…

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Em tempo de férias e de feiras do  livro...                                                   “Visita Guiada ao ofício do Ator: um método” de António Branco

27/7/2017

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Por Dália Paulo

Nos meses de verão um pouco por todo o Algarve há feiras do livro, e, por outro lado, temos mais tempo para o prazer da leitura nos dias de férias. Por isso resolvi dedicar este apontamento ao livro Visita Guiada ao ofício do Ator: um método de António Branco.

Proponho partilhar a minha visita guiada à obra, porque como Manuela de Freitas nos interpela no posfácio “há mais coisas para além do que se mostra” e que a visita depende “sempre do guia”. Mais do que um livro sobre um método, eu diria que é um livro sobre opções de vida, sobre ética e sobre política. Um livro escrito por um professor, um ator, um homem implicado com o seu tempo, que revela uma profunda generosidade na partilha de um método. Um livro de memória futura e de agradecimento à mestre - Manuela de Freitas, situando-nos a sua atuação numa longa duração. Um livro de novidade mas com a profunda humildade de valorizar os que contribuíram para que hoje este seu método seja uma realidade. Uma obra que nos mostra um autor profundamente Humanista, de uma entrega à vida e de gratidão para com os outros.

Nas palavras de José Trindade dos Santos, que realiza o prefácio, começamos a sentir o que vai ser a leitura do livro com perguntas como “Como pode a minha autenticidade tolerar a intrusão da diferença?”. Esta questão essencial – a da autenticidade - é o tema central do livro, a mesma é aqui entendida como “expressão explícita da verdade individual, sem a descoberta da qual, na tradição em que me revejo (…) o contrato teatral não se cumpre”. São duas maneiras de fazer teatro, de ser ator e de estar implicado na vida, no fundo dois modos de vida que têm como base uma opção ética e estética.

Na linhagem em que o autor se insere fui, ao longo do livro, revisitando as minhas referências pessoais, quando se cita a carta de Shchepkin a uma jovem atriz que diz “para essa pessoa tudo o que interessa ao homem lhe importa” imediatamente me veio à memória a frase de André Malraux no livro Museu Imaginário (um clássico de 1947) quando afirma “o museu é um dos locais que nos proporciona a mais elevada ideia do homem”, posso dizer que esta linha comum ao livro e ao ser museólogo (que sou) me acompanhou em toda a leitura. Até porque o conceito de autenticidade é, igualmente, um conceito muito caro aos museólogos e historiadores, para nós este está definido na Carta de Cracóvia (2000) como “o somatório das características substanciais, historicamente provadas, desde o estado original até à situação actual, como resultado das várias transformações que ocorreram no tempo.” E este método assente na autenticidade que António Branco nos ensina também ele se baseia num somatório de características e nas suas transformações que ocorrem no tempo, o tempo longo desta linha da autenticidade é uma marca que o autor nos quer mostrar e vincar em toda a obra.

Continuando na visita guiada à obra, uma frase que não nos deixa indiferentes “A criação artística não se compadece com consensos e conciliações (…) é na radicalidade das escolhas éticas, estéticas e técnicas do artista (…) que assenta a possibilidade de criação” mais importante quando estamos perante um método para estudantes de teatro não atores.

Há dois conceitos ainda não abordados e que se relacionam com a terceira parte deste livro e com a experiência desenvolvida pelo grupo de teatro A PESTE: comunidade e cidadania, ou seja “o teatro como partilha comunitária e prática cívica em benefício da comunidade”. Um grupo que nasce a partir da Academia, pelo que se impõe recorrer a Steiner “Ensinar com seriedade é lidar no que existe de mais vital num ser humano” e isso percebe-se na seriedade do autor, quer ao longo do livro quer acompanhando o seu trabalho d’A PESTE.

Uma ideia forte que António Branco passa em todo o livro “fazer teatro desse modo é escolher um modo de estar na vida” e o “teatro como instrumento de análise da sociedade”, dando a conhecer um método implicado com o seu tempo, de questionamento, de partilha, de autenticidade, de fazedores de teatro, de coletivo. Tudo isto nos vai sendo contado na longa duração da linhagem e, depois, no pormenor do hoje, da prática em contexto académico e na prática de um grupo teatral, que ao fazer uma peça está a “apresentar um testemunho comprometido com a realidade”.

Quero terminar com uma citação de Steiner, incluída na obra, que diz “Os mais afortunados entre nós conheceram Mestres genuínos” e creio que posso afirmar, sem ter sido aluna (no sentido formal do termo) de António Branco que estamos perante um professor excecional e um mestre genuíno e que somos mais felizes por isso.

Boas leituras e boas férias!

 
 
 
 
 
NA: Este texto é o resumo da apresentação da obra que realizei na Biblioteca da Universidade do Algarve.


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Meter lá as máquinas e fazer.

26/7/2017

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Por Bruno Inácio
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Acabei de fazer o troço da Estrada Nacional 125 que liga Vila Real de Santo António e Olhão. Já era noite e a escassa iluminação da via não chegava para disfarçar os buracos que a suspensão do carro teimava em denunciar. Olhar atento para a frente, olhar atendo para trás, olhar atento para todos os lados. Entre cruzamentos e outras coisas parecidas com cruzamentos o perigo espreita a todo o instante. A sensação de que um qualquer descuido pode gerar um acidente é constante. Desacelero por força do carro que segue a minha frente o fazer também. Ultrapassar não é uma opção. Conheço a estrada e talvez por isso não arrisque tal manobra. Infelizmente, porque não é assim, não tem que ser assim, muitas pessoas, muitas delas de férias, não conhece a estrada e acaba por se aventurar sem saber que se está a aventurar quando o que afinal pensa que está a fazer é uma simples ultrapassagem. Não é. É uma manobra de risco. Sigo em frente procurando com atenção a tranquilidade de uma noite de verão na esperança que passe rápido e que Olhão chegue depressa. Não foi duradoura a minha tranquilidade. Uma sirene que de lá de longe para cá de perto chegou num instante dava o alerta e quebrava o alinhamento de carros que seguia. Talvez seja a GNR a dirigir-se para alguma ocorrência criminal, pensei eu na esperança de que não fosse a estrada o motivo de tal alarido. Infelizmente não era. Tinha sido mesmo a estrada a ditar tal pressa das autoridades. Uma curva, outra curva e os raios azuis das luzes das ambulâncias e da GNR começa a rasgar a noite num corte que nos alerta e automaticamente entristece. E revolta. Era mais um acidente. O aparato era grande. Passo com a velocidade possível seguindo as indicações da GNR. Num cruzamento, ou na beira da estrada, um carro terá chocado com alguém, com outro carro ou contra algo. Não percebi. O meu olhar deteve-se num grupo de socorristas que auxiliavam alguém que aparentemente estava ferido. Segui o meu caminho. Os carros a minha frente seguiram o seu caminho. Os carros atrás de mim seguiram o seu caminho. Tinha passado. Para nós tinha passado. Para quem lê este texto terá sido “apenas” mais um. Para a estatística é “apenas” mais um. Não foi mais um. Para quem nele esteve envolvido pode ser sido o momento fatal da vida, o momento em que tudo muda, em que tudo mudou mesmo. Em que nada será como de antes. Iremos amanhã ler nas notícias. Iremos suspirar de tristeza e pensar: mais um.

Não somos indiferentes. Somos humanos e a vida continua. Se assim não fosse, cada dia era uma catástrofe para todos e isso tornaria a vida inviável. Mas por vezes parece que somos demasiado indiferentes a esta triste sina que tantas vezes nos parecem querer mostrar que tudo isto é normal. Que é normal não haver mais uns milhões para meter uns quilómetros de tapete betuminoso novo. Que é normal não haver mais uns milhões para reforçar a iluminação. Que é normal não haver mais uns milhões para reforçar a sinalética. Que é normal não haver mais uns milhões para arranjar umas bermas. Que é normal não haver mais uns milhões para fazer uma rotunda naquele cruzamento que hoje provocou mais um acidente.
​
Por esta altura os leitores já terão conjeturado que a culpa é do Sócrates que lançou um PPP ruinosa sobre a EN 125. Outros terão conjeturado que afinal a culpa é do Passos e do Portas que retiraram da concessão este troço por forma a concluir o restante. Outros ainda terão conjeturado que afinal a culpa é do Costa que prometeu resolver o problema e não resolveu. Ou ainda haverá outros que culpam o Jerónimo e a Catarina que tudo prometeram e agora com o poder que emprestam a maioria parlamentar, nada resolvem. Lamento, mas todas essas conjeturas são irrelevantes para o problema e acima de tudo são irrelevantes para quem hoje sofreu mais um acidente. Relevante é não sermos indiferentes e sabermos, enquanto povo, encontrar uma solução para o problema e efetivamente o resolver. Não falo de apresentar projetos, não falo de mostrar traçados em mapas, não falo de visitas de ministros a dizer que agora é que é. Falo de fazer. Meter lá as máquinas e fazer.

Este não é um apelo de revolta. Este não é um texto populista. Este não é, de todo, um texto com um qualquer objetivo eleitoral. Este é um apelo ao bom senso, à sensatez, a lucidez de todos nós, enquanto povo que se organiza de uma determinada forma, para que consigamos parar para pensar que não é normal não haver mais uns milhões para acabar de vez com este martírio que já fez vitimas demais. Já fez vítimas demais a partir do momento em que fez a primeira. Mas depois veio a segunda, a terceira, a quarta… e damos por nós a pensar que milhares de vitimais afinal pode se “normal”. Não é normal, não tem de ser normal.

Saibamos acabar de vez com isto. Arranjem lá mais uns milhões e façam lá as obras de requalificação da EN125 entre Olhão e Vila Real de Santo António. Não o façam só por todos aqueles que sofreram acidentes. Façam-no também por aqueles que seja ainda possível evitar. 
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Lá no fundo, no fundo, onde andam os fundos ?

25/7/2017

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O Lugar ao Sul conta hoje com a opinião de um convidado especial. Paulo Pereira soma no seu CV um número de experiências profissionais ricas e diversificadas, que vão desde o jornalismo à indústria cinematográfica, passando pela defesa da causa pública. Nos últimos 25 anos este homem dos sete ofícios desenvolveu um trabalho meritório na área da consultoria empresarial, ajudando com a sua acção e conhecimento outras empresas a alcançar o seu potencial. Alfacinha de nascimento, Paulo Pereira é, como eu, um Algarvio de adopção (e Sportinguista ferrenho). Tem por isso uma opinião particular sobre o que é viver e trabalhar nesta nossa linda região. É pois "material" de Lugar ao Sul.
Luís Coelho
  
Nota Biográfica
Paulo Jorge Teixeira Pereira, esperou pela inauguração da ponte sobre o Tejo para ir nascer a Lisboa em novembro de 1966. É licenciado em Gestão Financeira pela ESGHT e Pós-graduado em Finanças Empresariais pela FE-UALG. Depois de várias colaborações na imprensa regional, viria a ser representante do Semanário Económico na Região até à sua passagem a diário. Há cerca de 25 anos que trabalha como consultor de empresas, tendo-se especializado na área dos apoios e incentivos ao investimento, incluindo ainda duas passagens por funções públicas em Vila Real de S. António e Portimão. Fez parte da Comissão Fiscal da Câmara de Comércio e Industria de Portugal e integra os orgãos sociais da BICS - Associação dos Centros de Empresa e Inovação Portugueses. Foi fundador e ainda é dirigente da Algarve Film Commission. Quanto tinha tempo livre ia ao cinema e dedicava-se à fotografia. Sempre que tem oportunidade, viaja em família. E, claro, é adepto do único clube desportivo nacional que tem um nome que se compreende em qualquer parte do mundo: SPORTING !!!!

Por Paulo Pereira

Desde que Portugal aderiu à atual União Europeia, em 1986, tem beneficiado do apoio comunitário através de programas com recursos financeiros muito significativos para suporte ao investimento público e empresarial. No atual período de programação, entre 2014 e 2020, o País irá receber cerca de 25 mil milhões de euros de financiamentos comunitários. Estando precisamente a metade do percurso (3,5 dos 7 anos de aplicação do atual programa de apoio), permitimo-nos fazer um breve ponto de situação.

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Cartão vermelho à Democracia Representativa... e a necessidade de uma entrada a pés juntos da Democracia Participativa.

21/7/2017

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É chegada a hora das Sextas-feiras do Lugar ao Sul terem nova cara. A partir de hoje, semana sim, semana não, partilho este espaço com uma pessoa multifacetada, atenta e dedicada ao que a rodeia e interventiva na defesa daquilo em que acredita. E que tem o amor à Língua Portuguesa de escrever em "desacordo ortográfico". Senhoras e senhores, convosco: Joana Cabrita Martins. Bem-vinda.
Gonçalo Duarte Gomes

Por Joana Cabrita Martins

Há 43 anos que a Democracia joga em casa. Mas com tanta “falta” de representatividade já estava na hora de ir para o banco e ser substituída por uma MAIS participativa.

Ou com tanta lesão talvez não fosse má táctica optar pela reforma, não tão antecipada quanto outras.

A gíria futebolística introdutória não advém de um fanatismo pessoal (que não o tenho de todo) mas sim dos mais actuais indicadores do Estado da nação.

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Faro: Capital da moto ou do automóvel?

20/7/2017

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Por André Botelheiro

Começa hoje a 36ª Concentração Internacional de Motos de Faro, o maior evento do género em Portugal e um dos mais concorridos da Europa, que durante três dias fará aumentar exponencialmente o número de motas a circular neste lugar ao sul. A fama internacional que conquistou enche os Farenses de orgulho, mérito da perseverança do coeso Moto Clube de Faro e do trabalho voluntarioso dos seus associados. Tal reconhecimento foi eternizado num monumento construído, em 2007, na principal entrada da cidade, que se autointitulou: “Faro Capital do Motociclismo”. Mas será que somos mesmo? E nos restantes dias do ano, será Faro uma cidade “moto friendly”?

A primeira questão é muito mais vasta e de âmbito nacional: porque razão quando visitamos uma qualquer cidade de países do Sul da Europa como Espanha, França ou Itália, encontramos as ruas e estradas repletas de motas, ao contrário do que se verifica nas cidades portuguesas, onde a meteorologia favorável faria supor uma utilização quase quotidiana? Entre várias razões estará, em primeiro lugar, o menor rendimento disponível dos portugueses, agravado por uma tributação elevadíssima dos veículos motorizados de duas rodas. Ou seja, não há uma política fiscal de incentivo à aquisição de um veículo de transporte menos poluente, mais económico e que ocupa menos espaço público. Portugal não é “moto friendly”!

Os municípios, dentro dos seus limites de administração, podem e devem fazer a diferença na forma como a utilização deste tipo de veículo, mais amigo do ambiente, é incentivada. Alguns exemplos recentes: A Câmara Municipal de Lisboa anunciou este mês que até setembro os motociclistas poderão circular nas faixas BUS, destinadas aos transportes públicos, num total de 42 quilómetros. Ao mesmo tempo que criará 1.450 novos lugares de estacionamento para motas, que vêm aumentar os 2.500 já existentes. A Câmara Municipal do Porto foi pioneira quando em 2016 decidiu alargar a todos os corredores BUS a autorização de circulação de motociclos. Estando ainda longe das urbes dos países acima mencionados, onde as motas têm espaço reservado na primeira fila dos semáforos ou quando ruas inteiras são interditas ao estacionamento automóvel para dar lugar ao estacionamento de motos, podemos considerar que o Porto e Lisboa começam a ser “moto friendly”!

É certo que a coabitação dos veículos de duas rodas motrizes com os automóveis e com os peões nem sempre é pacífica e isenta de culpas de parte a parte. No mea culpa motociclista existem vários exemplos de ocupação abusiva do espaço público, a começar no estacionamento.

Uma das vantagens de andar de mota é a rapidez das deslocações e a facilidade com que se pode estacionar, usufruindo de uma tácita tolerância ao (in)cumprimento do código da estrada. Na verdade, a regra é de que as motas não podem parquear em cima dos passeios, exceto se existir sinalização que o permita. Mas o Código da Estrada permite que as motas ocupem os lugares de estacionamento reservados aos carros, algo raramente utilizado pelos motociclistas, porque o bom senso da maioria tem imperado.

Porém, se a tolerância era uma realidade, nos últimos tempos tem sido posta em causa com sucessivas ações de fiscalização e de autuação por parte das autoridades policiais. Faro não foi exceção e foram vários os motociclistas a serem autuados por estacionarem em locais que tradicionalmente serviam para este fim. Simultaneamente, a Câmara Municipal de Faro criou algumas bolsas de estacionamento destinadas em exclusivo às motas, o que à primeira vista é positivo, ainda que insuficiente. Mas esta alteração, que revela uma inédita ação da “Capital do Motociclismo” quanto à utilização das motas no espaço público, denuncia uma estratégia que inquina a boa intenção que possa ter estado na base da decisão.

Ora, criar zonas de estacionamento exclusivas para motas de modo a ordenar o parqueamento das mesmas é correto, mas fazê-lo ocupando zonas destinadas aos peões revela a contínua primazia do automóvel face a todos os demais ocupantes da via pública. Mais facilmente se rouba espaço do peão nos passeios para estacionar motas do que se retiram lugares de estacionamento automóvel para ordenar o parqueamento das mesmas. É assim que Faro quer afirmar-se como “moto friendly”?
 
Nota final: o autor declara-se condutor de uma moto, sem registo de autuações por parqueamento irregular.
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Sr. Presidente da AHETA: Capital do Turismo, com muito orgulho!

19/7/2017

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Por Cristiano Cabrita

Coincidência ou não, no seguimento do meu último artigo intitulado “ empresários algarvios low cost”, o Sr. Presidente da AHETA – Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve, fez chegar aos seus associados um rol de propostas, diria mesmo acusações, à autarquia de Albufeira. Partindo dos acontecimentos que aconteceram na rua da oura, na noite de 25 de Junho, o representante daquela associação enumera um sem fim de acções e medidas que, segundo o mesmo, irão resolver de imediato todos os problemas. Até aqui, apesar da sua fragilidade argumentativa, tudo bem. Todos temos o direito de manifestar as nossas opiniões, em nome pessoal, ou em nome de uma associação, mesmo que a maioria dos seus associados não se revejam no teor da exposição. Todos temos o direito de manifestar os nossos juízos, nem que passemos anos sem dizer nada sobre o assunto. Vivemos numa sociedade democrática e num Estado de Direito que nos dá, e bem, essa liberdade de expressão. O problema é que este mesmo representante, compôs o seu ramalhete argumentativo com um artigo publicado no Região Sul, com o seguinte título “Capital do turismo à rasca”. Aqui a coisa muda completamente de figura porque, inadvertidamente, acabou por atingir as gentes de Albufeira. Mas já lá irei.
 
Não vou discutir um a um todos os pontos que achei por bem frisar no artigo que escrevi no dia 5 de Julho. Debati incessantemente o meu argumento com os albufeirenses, com amigos, com desconhecidos, com pessoas com quem  falo diariamente, com outras que troco dois dedos de conversa esporadicamente, com quem partilho ideias nas redes sociais, com quem cresci, com quem andei na escola secundária, com colegas de trabalho, com quem joguei futebol, com quem pratiquei atletismo, com quem vi noites memoráveis no Summertime, no Alabastro, na baixa de Albufeira,  no Splash , com colegas de carteira, com quem debati política (muita política) e livros, com quem discuti, com quem sorri e chorei, com colegas de universidade, com quem fiz surf, com quem convivi, enfim, com quem vivi nestes últimos quarenta anos…em Albufeira!
 
Fi-lo e escrevi em nome próprio, sem politiquices, sem intenções camufladas, dizendo aquilo que me ia na alma. Quem me conhece sabe que não podia ser de outra maneira. Simplesmente, senti-me inseguro ao percorrer naqueles dias as ruas da minha cidade. Senti uma estranha insegurança na minha própria terra, algo que não aceito. Algo que muitos albufeirenses não aceitaram!

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Guerra aberta entre Enfermeiros Especialistas e o Ministro da Saúde

18/7/2017

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Por Sara Luz

Oficialmente aberta a época de desgraça social, o Ministério da Saúde não parece querer ficar atrás dos Ministérios da Administração Interna e da Defesa no que toca a protagonismos numa altura considerada como uma das mais “calientes” deste mandato governativo.

No mês de junho os Enfermeiros Especialistas em Saúde Materna e Obstetrícia criaram um movimento (designado por EESMO) reivindicando a regulação da carreira e remuneração ajustada às funções, sob pena de deixarem de prestar cuidados diferenciados a partir de 03i de julho. O Ministro da Saúde (MS) não gostou e ameaçou os Enfermeiros Especialistas (EE) com processos éticos e disciplinares, ou outro tipo de consequências em situação de delito, caso levassem a cabo o protesto. Ainda assim, os EE fincaram o pé e a 12 de julho, segundo o jornal Público, já eram 15 as unidades de saúde do país afetadas pelo movimento, mais concretamente com grávidas de alto risco transferidas para outras unidades de saúde, partos programados adiados, consultas de preparação para o parto não realizadas e partos realizados com um número de profissionais inferior ao habitual.

Contas feitas, quem tem razão?
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À parte da simpatia pelo movimento, a decisão dos EE em passar a prestar cuidados de saúde gerais de acordo com as competências e funções para as quais foram contratados parece uma posição legítima. O que não parece fazer sentido é deixar de reconhecer legalmente a categoria de “Enfermeiro Especialista”, mas continuar a distinguir os conteúdos funcionais desenvolvidos por “Enfermeiro” e “Enfermeiro Especialista”, conforme disposto no Decreto-Lei 247/2009. Isto soa a qualquer coisa de muito errado. Mas, quem parece ter sabido aproveitar bem esta “lacuna” foi o Estado Português, utilizando-a como uma oportunidade para usufruir de cuidados especializados sem pagar o preço justo pelos mesmos.

O MS, por seu lado, parece motivado em continuar este jogo perverso. A pretensão de recuperar o Serviço Nacional de Saúde (SNS) à conta da conduta ética e do sentido de responsabilidade dos profissionais não parece estar fora dos planos, o que por si só é moralmente reprovável. Na prossecução dos seus objetivos não contava, porém, com esta ameaça “à queima-roupa” (como o próprio faz questão de referir) por parte dos EE, o que faz jus à paciência e capacidade de resiliência desta classe profissional que por tantos anos tem sido desvalorizada. Ainda assim, o MS manifesta publicamente desconhecer os problemas causados pelo protesto dos enfermeiros e que tudo tem decorrido dentro da normalidade.

De facto, é de tirar o chapéu ao MS pela sua notória arte de damage control. Infelizmente, o adiamento da decisão sobre a alteração remuneratória dos EE para setembro não joga a seu favor neste braço de ferro. E se para o MS determinar o “real impacto das regras de descongelamento de carreiras” merece especial atenção antes de tomar uma decisão (o que é razoável!), devia preocupar-se, igualmente, com o verdadeiro impacto de três meses sem EE no SNS. Uma coisa é certa, alguém vai ter de ceder. Resta saber, quem?

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Turismo no Algarve 2020 - PROGNÓSTICOS

17/7/2017

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Por João Fernandes

Não sendo propenso a misticismos ou a prognósticos incautos, arriscar-me-ia a dizer que os próximos três anos serão muito positivos para o turismo em Portugal e, em particular, para o Algarve.
 É certo que num setor exposto à concorrência global e num contexto em que a mudança e a instabilidade são as constantes mais credíveis, ninguém no seu perfeito juízo pode afirmar que estará livre de um qualquer imprevisto que altere rapidamente as previsões mais consolidadas…Como diria o João Pinto “Prognósticos só no fim do jogo”.
 Ainda assim, o histórico recente da evolução da procura, o feeling de quem está no terreno e as perspectivas traçadas pelos mais conceituados organismos internacionais, levam-me a, com alguma segurança, afirmar que não estamos a viver um momento meramente conjuntural.
 O turismo deverá continuar nos próximos anos a ser o principal motor das exportações portuguesas e do crescimento do país. As previsões são da entidade de referência do sector turístico ao nível internacional, o Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC), que em parceria com a Oxford Economics estimou o impacto económico e a relevância social que o turismo vai protagonizar em cada país no espaço de uma década.
 Para Portugal, as avaliações do WTTC não deixam dúvidas quanto à hegemonia do turismo. Entre 2016 e 2027, o contributo total do turismo para a economia portuguesa deverá subir, de 16,6% para 18,5%, no que toca ao PIB, e deverá subir ainda mais, de 19,6% para 22,6%, no que toca ao emprego do país.
Vejamos então alguns dados que retratam a evolução do comportamento recente dos destinos turísticos concorrentes nos contextos europeu, mediterrânico e da Península Ibérica.
 
Europa
 Já este ano, de acordo com o primeiro relatório trimestral da European Travel Commission (ETC), quatro em cada cinco destinos europeus registaram crescimentos de dois dígitos nos primeiros meses de 2017.
 A Islândia continua a liderar o crescimento (+54% chegadas, relativamente ao período homólogo de 2016), beneficiando de um aumento contínuo da capacidade aérea nas rotas transatlânticas. 
 Portugal (+25% chegadas) e Malta (+23% chegadas) revelam importantes conquistas na atenuação da sazonalidade, sendo acompanhados neste primeiro trimestre pela Finlândia, Estónia, Eslovénia e Bulgária, que assinalaram igualmente fortes crescimentos.
 As companhias aéreas confirmam também a forte tendência de crescimento, em parte devido à redução dos custos de combustíveis.
 Quanto à ocupação hoteleira, assistimos a um incremento sustentado na maioria dos países europeus, mas os hoteleiros afirmam continuar cautelosos relativamente à subida acentuada de preços.
  No seu mais recente barómetro de viagens intercontinentais para a Europa, a ETC aponta ainda para que alguns mercados emissores de longo curso, como a China, os EUA, a Índia e o Japão, terão forte influência no crescimento das chegadas na Europa. Em contraste, o Brasil é apresentado como um mercado emissor envolto em grandes incertezas.
 Em Portugal, os mais recentes dados do INE disponíveis, referentes a Maio, assinalam um expressivo crescimento dos hóspedes oriundos dos E.U.A. (+51,5%) e do Brasil (+121,7%).
 
Mediterrâneo
Segundo dados da Organização Mundial de Turismo (OMT 2016), relativos aos 13 principais destinos turísticos da bacia do Mediterrâneo, Portugal foi o terceiro país com maior crescimento da procura internacional (+12,8%). Depois de Chipre (+19,8%) e da Bulgária (+13,8%), Portugal cresce claramente acima da média do Mediterrâneo e do seu principal concorrente - Espanha (+10,3%). Em termos do indicador receitas turísticas, Portugal registou igualmente um crescimento muito positivo (+10,7%), só superado pela Bulgária (+15,7%) e Chipre (+11,9%).
Neste mesmo contexto geográfico, se considerarmos a diferença entre o ponto de partida da procura internacional em 2013 e os resultados de 2016, há a destacar que destinos como a França, Turquia, Egipto e Tunísia perderam cerca de 17 milhões de chegadas internacionais.
 No que respeita à Turquia, um importante destino concorrente do Algarve, os primeiros meses deste ano seguem a tendência negativa que começou em 2015 (chegadas caíram 8,1%, em relação ao mesmo período de 2016).
 Em contraponto, os restantes nove países receberam no ano passado mais 35 milhões de chegadas de estrangeiros do que em 2013.
Ou seja, nestes 4 anos, apesar dos ataques terroristas e da instabilidade política, a procura turística internacional pelo Mediterrâneo continuou a evoluir positivamente, atraindo aproximadamente 18 milhões de chegadas a mais que em 2013, quando a conjuntura era bastante distinta.
Fica também claro que, sobretudo no último ano, as taxas de crescimento do turismo em Portugal não se devem apenas a desvios de fluxos. Há que reconhecer que, mesmo atentando a essa realidade, o nosso país conseguiu apresentar taxas de crescimento superiores à de concorrentes como a Grécia, a Itália, a Croácia ou mesmo Espanha, quer em termos de procura, quer no que respeita à receita.
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Portugal vs Espanha
 Comparando os principais indicadores do primeiro quadrimestre da atividade turística em Portugal e em Espanha, Portugal apresenta inclusive taxas de crescimento superiores às dos nossos vizinhos (11,2% e 4,7%, respetivamente - dados INE - dormidas em estabelecimentos hoteleiros).
 Ao nível das regiões, o Algarve destaca-se na comparação com as suas “concorrentes” espanholas. Neste mesmo período, enquanto o Algarve regista aumentos de 11,7% nas dormidas de estrangeiros, a Andaluzia (+7%), Canárias (+3,4%) e Baleares (+0,5%) ficam ainda assim muito abaixo destas taxas. 
 Sabemos bem que estes resultados refletem um conjunto vasto de fatores, que vão desde a melhoria das condições económicas nos principais mercados emissores até à capacidade e condições da oferta em cada país recetor de turistas, passando pelas inúmeras condicionantes inerentes à sua intermediação.
  
Principais Mercados Emissores de Turismo para o Algarve
 As previsões de crescimento médio anual para os gastos turísticos até 2020 dos nossos principais mercados emissores (Fonte: Turismo de Portugal), são igualmente favoráveis:
 Portugal – Mercado interno (+2,3%); Reino Unido (+3,1%); Alemanha (+4,7%); Holanda (+2,4%); Irlanda​(+​5,4%); Espanha​ (+4,5%); França​ (+4,4%).

 Resumindo:
As perspectivas são muito boas e reforçam a confiança de que temos tudo para continuar este ciclo virtuoso do turismo. É importante acompanhar, antecipar e garantir que estamos a desenvolver todos os esforços necessários para garantir que este crescimento continua a acontecer. 
 
 

 
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Um algarvio entra na floresta para matar dragões

14/7/2017

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S. Jorge é quem tem a fama de ser matador de dragões.

No entanto, a concorrência acaba de chegar... e é algarvia!

Miguel Freitas é hoje empossado como Secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural.

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"São Jorge e o dragão" Rafael (c. 1506, Óleo sobre madeira)

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Cidades e sonhos: uma nova ferramenta participada para orientar políticas nacionais, regionais e municipais

13/7/2017

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Cultural and Creative Cities Monitor

Por Dália Paulo

Em Portugal, num período em que as cidades estão em ebulição com as campanhas eleitorais autárquicas, é frequente que muitas propostas para as cidades assentem apenas num conhecimento empírico, faltando amiúde dados concretos sobre o real impacto das medidas a propor e sobre as oportunidades a desenvolver. Na área cultural essa é uma realidade gritante, no nosso país essa carência aumentou com a incompreensível decisão do anterior Governo de extinção do Observatório das Atividades Culturais em 2013.

É comummente aceite que a cultura e a criatividade desempenham um papel económico e social forte na sociedade, desde o tão falado estudo do professor Augusto Mateus (2009) até aos estudos mais recentes Cultura 2020 (2013). Contudo, a nível local têm faltado dados concretos para influenciar as políticas locais. Em período de refletir sobre as cidades atente-se na chamada de atenção do professor Pier Luigi Sacco (especialista em Economia da Cultura, Universidade de Harvard):

[…] culture and creativity indeed play a role in promoting local prosperity at many levels, and it probably could not be other­wise in knowledge-intensive economies and societies like the ones of today, and not only in Europe. This seems to be particu­larly true […] for cities in transition that are currently re-thinking their local development model.

Numa altura em que as cidades se redesenham e repensam os seus modelos de governação é importante conhecer a nova ferramenta que a Comissão Europeia, através do Joint Research Centre, disponibiliza para monitorizar as cidades - Cultural and Creative Cities Monitor - que tem como objetivo “promover a troca de experiências entre cidades para impulsionar o desenvolvimento liderado pela Cultura” de modo a orientar as políticas locais, regionais e nacionais. Nesta 1.ª edição foram analisas 168 cidades de 30 países, sendo 93 Capitais Europeias da Cultura, 22 Cidades Criativas da UNESCO e 53 cidades que acolhem festivais internacionais de cultura. Portugal participa com 4 cidades – Lisboa, Porto, Guimarães e Coimbra. A performance das cidades é medida através de dados quantitativos e qualitativos e abrange três áreas:
- Vibração Cultural – mede o “pulso” da cidade em termos de infraestruturas culturais e participação cultural;
- Economia Criativa - verifica como o sector cultural e criativo contribuiu para o emprego na cidade e a criação de emprego, assim como capacidade de inovação;
- Ambiente Favorável – identifica os ativos materiais e imateriais que ajudam as cidades a atrair talentos criativos e a estimular o compromisso cultural.


Com o objetivo de apoiar os decisores políticos, esta nova ferramenta identifica as forças e as oportunidades das cidades e proporciona o benchmarking entre cidades, possibilitando que se tornem mais competitivas e complementares, bem como promovendo boas práticas. Pela primeira vez teremos indicadores (a nível de cidade) para medir o valor e o impacto da cultura e da criatividade de uma forma sistemática e comparável na Europa (uma vez que não existiam métricas partilhadas, nomeadamente ao nível de cidade).

Quando se desenham programas eleitorais, também para as cidades de pequena e média dimensão, importa conhecer esta nova ferramenta, proporcionando novas abordagens e novas formas de conhecimento, pensamento e gestão da cidade, tendo como polo dinamizador a Cultura. Dos dados conhecidos da edição de 2017, verifica-se que em 50 países, cidades de média dimensão (que não são as capitais) apresentam uma melhor performance, nomeadamente no grupo “Vibração Cultural”; este dado possibilita a criação de estratégias de longo prazo, visões de futuro para as cidades que as transformem a partir da cultura e da criatividade. Exige-se planeamento, ação, resiliência e tempo(s)!

Esta nova ferramenta deve tornar-se um instrumento de trabalho útil, continuado e questionador para autarcas e gestores culturais de cidade, permitindo que a sua ação possa ser (con)testada, experimentada e avaliada, possibilitando uma gestão mais implicada, eficaz e eficiente, assim como uma gestão integrada num quadro Europeu e de globalização. Nesse sentido o Cultural and Creative Cities Monitor apresenta-se como uma ferramenta “viva” que em 2018 vai lançar uma aplicação móvel para cidadãos nacionais e turistas para que possam dar a sua opinião sobre o potencial criativo e cultural da cidade, de forma a completar os dados qualitativos e, acima de tudo, para dar voz aos cidadãos. A atualização dos dados da primeira edição terá lugar em 2019.

Este medidor pretende inspirar e promover o estudo sobre o papel da cultura e da criatividade nas cidades, assim como dar relevância à questão do emprego, contribuindo para promover o trabalho nas áreas cultural e criativa.

Para quem estuda, gere e gosta de cidades é um instrumento fundamental para acompanhar, usar e contribuir para a sua melhoria!


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Estamos a crescer

12/7/2017

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ah… mas aqueles 6%!!

12/7/2017

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Por Bruno Inácio 

1 Terá sido um metro quadrado de alcatrão? Ou será o embelezamento de alguma rotunda? Quem sabe, alguma conduta em falta? Ou umas pedras de calçada que não foram colocadas? Não sabemos. A acreditar, sabemos pelos Deputados do PS eleitos pelo Algarve que estão concluídos 94% dos investimentos previstos para as obras de concessão da EN125 entre Vila do Bispo em Olhão. Os 6% é que me intrigam. Sei lá. Podiam ser 7%, ou quem sabe 5%. Nada disso, são mesmo 6%. Deve ser o número que devemos descontar quando ouvimos um Ministro, neste caso o do Planeamento, dizer isto no dia 12 de Janeiro de 2017 no Algarve: “As obras na Estrada Nacional 125, entre Vila do Bispo e Olhão, vão acabar até ao Verão, devendo mesmo ficar prontas até dia 30 de Junho.”. Nada de grave alegam os defensores daqueles que alegadamente “viraram a página da austeridade”. Tudo está bem quando se falha mais um prazo (ironia). Como é obra no Algarve não tem mal, tudo é normal, tudo é compreendido. Posto isto o que é que estes 6% significam? Significam mais um verão de filas intermináveis, de má sinalização na estrada, de mais acidentes, de mais desespero dos Algarvios e dos turistas que nos visitam. Mas são só 6%... tenham lá um pouco mais de paciência (esta tirada final também é do ministro do planeamento). 

2.“Eu comprometi-me que, até 31 de maio, nós não entraremos no verão com dificuldades inaceitáveis no Algarve”. A frase é do Ministro da Saúde que, bem, veio ao Algarve anunciar o fim dos problemas de saúde na região. O problema é que esta frase foi proferida no dia 11 de Março de… 2016. “Só” passaram cerca de 450 dias desde que esta afirmação foi proferida. E o que temos então nos dias de hoje?
 
“Urgências no Algarve sem médicos”
Correio da Manhã do dia 09/07/2017

“Algarve sem urgência de ortopedia no sábado e apenas com um médico este domingo”
Sul Informação do dia 09/07/2017
 
Nada de grave alegam os defensores daqueles que alegadamente “viraram a página da austeridade”. Tudo está bem quando se falha mais um prazo (ironia). Como é um hospital no Algarve não tem mal, tudo é normal, tudo é compreendido. Posto isto o que é que estes 450 dias de atraso no cumprimento do que foi prometido significam? Significam mais um verão caótico nos serviços hospitalares, filas intermináveis de espera, transferência de doentes para outros hospitais, serviços sem capacidade de resposta. Mas são só 450 dias de atraso, deve estar quase... tenham lá um pouco mais de paciência!
 
Já ontem e de forma superior, o Luís Serra Coelho abordou esta matéria aqui no Lugar ao Sul (ler aqui).
 
3 Como já chega de desgraças, permitam-me uma nota final de reconhecimento. João Guerreiro, ex-reitor da Universidade do Algarve irá presidir a Comissão Técnica Independente de 12 peritos que vai fazer o apuramento dos factos relativos aos incêndios que assolaram o centro do país entre 17 e 24 de junho, causando 64 mortos e centenas de feridos. É o reconhecimento de um homem do Algarve que tem dado provas de grande competência por onde tem passado. Tem em mãos uma missão difícil do ponto de vista operacional, mas acima de tudo do ponto de vista humano. Será necessária frieza na análise numa matéria que chocou o país e ceifou tantas vidas. Que seja bem-sucedido na sua missão. 
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Sr. Ministro da Saúde: quando é que se preocupa com o Algarve?

11/7/2017

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Por Luís Coelho.
 
A 11 de Março de 2016, Adalberto Campos Fernandes - o (ainda) ministro da Saúde, afirmou que ele e a sua equipa pretendiam «resolver a maioria dos problemas que estão identificados no SNS do Algarve até 31 de Maio». Estávamos em plena sessão de apresentação do novo (agora já velho...) conselho de administração do Centro Hospitalar do Algarve (CHA).  Durante a sessão, Adalberto Fernandes deixou um importante desafio à população algarvia: «cobr[em], por favor, o que é a palavra dada». Estas inflamadas declarações do responsável máximo pela Saúde em Portugal podem ser recuperadas aqui: http://www.sulinformacao.pt/2016/03/ministro-quer-maioria-dos-problemas-do-sns-do-algarve-resolvidos-ate-maio/.

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Lutaremos nas praias algarvias, camaradas!

7/7/2017

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Por Gonçalo Duarte Gomes

Corria o ano de 1940 quando Winston Churchill proferiu, na Câmara dos Comuns do Parlamento do Reino Unido, o épico discurso comummente designado We Shall Fight on the Beaches (Lutaremos nas praias).

Nessa obra-prima da oratória, o então Primeiro-Ministro Britânico alertava para o perigo de uma invasão da Grã-Bretanha por parte da Alemanha nacional-socialista de Hitler, animando o povo para a eventual necessidade de uma resistência que, se necessário, se faria porta a porta de cada casa. Não sem antes passar pelas praias, naturalmente.

Quase 80 anos depois, é nas praias algarvias que alguns vêem uma outra luta, encarniçada e fratricida, prestes a desencadear-se: a de classes!

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Campeões Mundiais do oito ou oitenta

6/7/2017

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Por André Botelheiro

A Seleção Nacional é boa, não, é muito boa! A Seleção? Não joga peva de futebol. O governo é bom, bem é mais ou menos. Não, o governo é muito mau! O turismo é a salvação nacional. O turismo? O turismo é a pior coisa que há! O Salvador Sobral é bestial! O Salvador é uma grande besta! O Algarve é lindo. O Algarve não tem ponta que se aproveite! O Cristiano Ronaldo é o melhor do mundo!!! O Ronaldo é mas é, um grande pesetero! Portugal é o melhor país do mundo!!! Portugal? É uma desgraça pegada!... Quem nunca ouviu algo semelhante ou nunca disse nada parecido, que levante o braço.
 
Se existisse um desporto que utilizasse a velocidade com que se vai de um extremo de opinião a outro, Portugal, seguramente, disputaria os lugares cimeiros. Somos uma espécie de campeões do tudo ou nada, sem lugar cá para os meios-termos, no que diz respeito a opiniões, porque no que toca a ações a história já é outra. Resumindo, em vernáculo somos mais: “cão que ladra não morde”, mas ladra muito.
Mudar de opinião é saudável e revela, muitas vezes, inteligência. Mas saltitar entre opiniões radicalmente opostas ao sabor dos humores ou das intempéries dos fait divers, já não deve tanto à inteligência. Há como que uma facilidade nacional para hiperbolizar e extrapolar. 
Os exemplos são vários e os acima elencados são uma gota de água num mar fértil de sobe e desce, a um ritmo bem mais volátil que os títulos de uma qualquer praça financeira. Apetece pôr o país esticado num cadeirão, onde coubessem uns 11 milhões, em psicanálise coletiva, se é que existe essa técnica.
As redes sociais são palcos à medida para estes atores de oito ou oitenta e as televisões dão-lhes eco. Mas nada destrona as mesas de café, aí tudo se constrói, aí tudo se destrói. São a arena predileta deste espécime. Se as mesas falassem, dir-se-iam profundamente baralhadas por tamanha alternância, com efeitos imediatos, entre o primeiro lugar do pódio e o de lanterna vermelha, e vice-versa, com que os portugueses, em geral, endeusam ou desconsideram. Até a si próprios!
Será que padecemos de impulsivismo? Mero prazer em misturar a maledicência com a “bemdicência”? Incapacidade de ver o copo meio cheio ao invés de meio vazio? Hiperatividade opinativa?
Também não sei as respostas, a minha genética portuguesa, consciente ou inconscientemente, já me fez praticar este desporto nacional onde todos damos “uns toques na bola”.


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Empresários algarvios low cost

5/7/2017

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Por Cristiano Cabrita

Os recentes acontecimentos em Albufeira – com um grupo de turistas ingleses, oriundos de bairros problemáticos dos arredores de Londres –  veio colocar a cidade sobre os holofotes da má fama. Falou-se muito – nem sempre bem, aliás, na maior parte das vezes mal – sobre os turistas embriagados, seminus, que diariamente chegam ao Algarve a partir do mês de Maio. Invariavelmente, a questão resvalou para a competência das autarquias nesta matéria. Errado. As autarquias – sejam elas quais forem –, devem zelar para que a (s) cidade (s) estejam preparadas para receber estes turistas da melhor maneira possível, ao nível do saneamento, da limpeza das praias, da iluminação pública, da hospitalidade, da informação prestada, de programas culturais e de animação, das acessibilidades, etc. Esta é a vocação dos Municípios. Diria que é a ponta do icebergue mais visível a partir do momento que os veraneantes chegam até nós, e que vem completar todo um trabalho de “bastidores” feito ao longo de todo o ano patente, por exemplo, na promoção turística.
 
Consequentemente, do meu ponto de vista, o problema não está nas autarquias. A questão resume-se a dois pilares estruturantes. O primeiro, de cariz empresarial, e o segundo no foro da segurança.
 
Quanto ao primeiro, o cerne da discussão está numa geração de empresários que, elogiosamente, chamarei de "empresário low cost". Pois bem, este é o tipo de empresário algarvio que não sabe, nem entende, a riqueza que tem à sua volta. É no fundo um empreendedor ignorante que é movido pelo cheiro dos euros fáceis, vendendo a galinha dos ovos de ouro por tuta e meio. É o empresário que paga salários de 600 euros e que exige que o empregado trabalhe 12 horas por dia.  É aquele empresário que aposta no volume de vendas, em detrimento da qualidade daquilo que vende. O problema é que se o mesmo apostasse na qualidade (uma palavra que muitos têm dificuldade em pronunciar), vendia o mesmo e retiraria daí maiores dividendos. Sim, os euros fáceis duplicariam! Mas, a maior parte ainda não chegou a essa conclusão. Em suma, são eles os principais responsáveis pela degradação do tipo de turista que chega ao Algarve.
 
Vejamos o exemplo do que aconteceu em Albufeira, mas que sucede um pouco por todo o Algarve, embora com menos visibilidade. A logística que permitiu a vinda deste grupo a Albufeira começou a ser preparada há largos meses. Neste período, houve empresários que se predispuseram a alojar estes desordeiros, com ou sem ajuda de agências de viagens. Existiram reuniões. Fecharam-se contractos com estabelecimentos de diversão nocturna. Planearam-se excursões. Enfim, fez-se um plano de férias. Até aqui tudo bem. O problema é que "ofereceram" o produto " Algarve" e a marca “Albufeira” por uns míseros 700 euros/semana com base no “tudo incluído”. Ora, ao praticar estes preços, desvalorizaram o nosso produto. Isto é um erro estratégico! Qual é a intervenção que as autarquias devem ter neste tipo de visão? Rigorosamente nenhuma, pela simples razão que excede o foro das suas competências. São os empresários que devem escolher qual é o tipo de turista que querem.Ponto final. E aqui o discernimento não foi o melhor.
 
Como é que podemos defender com todas as nossas forças um Algarve próximo do que se faz em Nice, Marselha, Saint Tropez, Sardenha, Miami, Florianópolis, Ibiza, entre outros, quando depois direccionamos a nossa oferta para este tipo de cliente? Não se pode, evidentemente.
 
Há empresários algarvios que assumem em fóruns, em discussões públicas, esta vontade de mudar para melhor. Concordo plenamente. O problema é que muitos deles fazem-me lembrar aquelas salas de aulas da primeira classe onde a Professora pergunta se todos entenderam a lição e todos, sim, todos, respondem em uníssono "sim, senhora professora". Qual é o problema? Quando saem da sala de aula, cada um segue o caminho. Começam a congeminar como é que se baixa o preço do quarto para ser mais competitivo do que o vizinho. Oferecem uma refeição a 3 euros porque o empresário do lado vende a 5 euros. Um copo de Whisky é vendido a 4 euros, até que o vizinho passe para os 3 euros, para que depois o passe a "oferecer" a 2 euros. Oferecem o transfer do aeroporto. Oferecem alojamento às crianças. Oferecem o vinho ao jantar. Oferecem a sobremesa ao almoço. Oferecem, oferecem, oferecem. Obviamente, tudo com o carimbo low cost.  Ou seja, ao diminuir-se a qualidade da oferta, diminui-se também a qualidade do consumidor. Diminuindo-se a qualidade do consumidor, aumentam os problemas.
 
Enfim, estes são os empresários que vivem inebriados com uma posição que é egoísta e que em nada defende os interesses do Algarve. Coloco no mesmo saco todos aqueles que defendem o sistema "tudo incluído" para o Algarve. O “all inclusive” e os “ cheap deals” são hoje uns parasitas da região e das suas gentes. Bom, nem todos. Posso até defender/defender aqueles resorts que se encontram a 10/15 km das povoações mais próximas. Agora, aqueles que ficam paredes meias com localidades algarvias deviam ser proibidos de exercer a sua actividade. Nós não estamos na Republica Dominicana, nem no México, onde os resorts são construídos do meio do nada e onde a segurança é um problema grave, não existindo acesso directo a serviços e bens mais elementares. Definitivamente não. Estamos, isso sim, num dos melhores sítios do mundo para viver e passar férias.
 
A propósito da segurança, aproveito para lançar o segundo pilar. Há cerca de um mês tive a oportunidade de discorrer aqui sobre “a segurança endógena no Algarve”. O que aconteceu em Albufeira está intrinsecamente ligado àquilo que escrevi. Ou seja, como é que queremos impor a autoridade do Estado com meia dúzia de polícias de intervenção? Quando é o Governo entende que o Verão chega ao Algarve em Abril, e não em Junho? Verdade seja dita, muito fizeram aqueles homens que conseguiram manter a segurança e ordem pública face a uma multidão de 600 pessoas. Os distúrbios teriam acontecido se o efectivo policial fosse maior? Provavelmente, não. Temos urgentemente que mudar o paradigma e apontar as baterias para um novo tipo de mercado. Um mercado baseado na qualidade. Ele existe. Basta perguntar aos milhões de turistas que todos anos gastam biliões de euros em Ibiza, Marbelha, Mykonos, Nice, Miami, Florianopolis, Punta del Este, etc. Sinceramente, o Algarve não fica atrás destes destinos. Aliás, na minha singela opinião, temos capacidade para nos tornarmos um destino turístico de excelência a nível mundial, com capacidade de ombrear com aquilo que de melhor se oferece lá fora. Basta que todos apontem na mesma direcção. A opção B é tornarmo-nos apenas mais um destino de sol e praia. Deixo a questão: qual é o Algarve que os senhores empresários querem para o futuro?
 
Nota final: Espero que sejam poucos os empresários algarvios que se identifiquem com aquilo que acabei de escrever. Quanto aos outros, se faz favor, mudem o paradigma de “low cost” para “high quality”. O Algarve agradece.
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(In)segurança nacional: a outra face da crise

4/7/2017

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Por Sara Luz

Depois do incêndio em Pedrógão Grande, são agora outros os fogos a apagar. Há factos e responsabilidades a apurar na morte das vítimas de Pedrógão, no roubo de material de guerra à base militar de Tancos, na morte de duas mulheres com menos de 40 anos no Hospital de Portalegre e no encerramento de blocos de partos no país.

Acontecimentos atrás de acontecimentos que retratam uma autêntica crise na segurança nacional. E ingénua seria a intenção de os configurar como casos aleatórios, obras do acaso ou meros infortúnios do destino. À margem da incompetência, tudo leva a crer que são fruto de opções políticas do passado condicionadas em parte pela maior crise da história do capitalismo desde a grande depressão. 

Se a curto prazo assistimos à estagnação do crescimento económico, trajetória ascendente do desemprego, precariedade laboral, desaceleração do consumo, redução do investimento e ao aumento da dívida pública, é chegada a hora dos efeitos a médio e longo prazo do plano de austeridade ganharem forma. E não é que os indícios têm estado à vista de todos?

No ordenamento do território, por exemplo, as condições contra a prevenção dos incêndios têm estado reunidas. Optou por manter-se um número insuficiente de guardas florestais no terreno desde 2006 (a Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais apontou a falta de 300 profissionais no ano de 2016), nada fazer quanto à reforma da floresta nos últimos dez anos, não se corrigirem as falhas técnicas do Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP) detetadas em 2014 e não se avaliar o Plano Nacional de Incêndios nos últimos quatro anos. E se em 2016 já se tinha percebido, através do Relatório do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, que o número de incêndios apesar de estar a diminuir (menos 22% de ocorrências relativamente à média verificada no decénio 2006-2015), a área ardida estava a aumentar (três vezes superior à do que a respetiva média desse período), já em abril do presente ano surge a notícia de um número anormal de incêndios fora da época de risco máximo. Ainda assim, houve quem referisse que estavam reunidas as condições para uma “boa capacidade de resposta operacional”, o que não vai ao encontro da fatalidade ocorrida em Pedrógão Grande.

No caso da defesa, a constante falta de manutenção das infraestruturas de segurança pública denotam ainda mais ridícula a atuação do Estado português.  A título de exemplo, repara-se que em fevereiro de 2017 três reclusos serraram as grades da janela de uma cela e fugiram da prisão de Caxias, estabelecimento prisional (EP) este classificado como de alta segurança. Parece que de “alta segurança” esta prisão só tem o nome, porque a somar à falta de guardas prisionais (situação esta que tem vindo a ser alertada desde há cerca de oito anos, segundo a Associação Sindical de Chefias do Corpo da Guarda Prisional), às grades das celas degradadas e às câmaras de vigilância danificadas, este EP é apenas vedado por uma rede dita “normal” e fácil de cortar. No entanto, esta situação não parece ter sido uma ameaça suficientemente grave para chamar a atenção do Ministério da Defesa. Ora nem isso, nem os mais recentes atentados terroristas na Europa. Se assim fosse não estaríamos hoje a discutir a demora de três meses do Ministro da Defesa a aprovar a reparação da vedação dos paióis de Tancos, nem o facto do sistema de videovigilância da base militar estar avariado há dois anos e as suas torres de vigia estarem abandonadas.

Na saúde, já se perdeu a conta ao número de denúncias feitas nos últimos anos sobre a falta de qualidade e segurança nos cuidados, quer por parte dos profissionais do Serviço Nacional de Saúde (SNS), quer por parte dos seus utilizadores. As próprias Ordens profissionais, com destaque para a Ordem dos Enfermeiros, têm alertado constantemente o Ministério da Saúde sobre os problemas graves de segurança, salientando-se casos como o fecho de camas no Hospital de São José e no Hospital de Santo António por falta de enfermeiros em junho de 2016, a falta de medicação e de alimentação durante dois dias num hospital público em dezembro de 2016, e o “falso” trabalho extraordinário em Leiria em janeiro de 2017. A estes casos somam-se outros mais grotescos, como a morte de um jovem no Hospital de São José em dezembro de 2015 por falta de assistência médica especializada durante o fim-de-semana. Na sua origem, um “problema de escalas” há muito conhecido pela Tutela, segundo o Bastonário da Ordem dos Médicos a exercer funções na altura. Outra situação em que as aprendizagens tampouco serviram. Caso contrário, não estaríamos hoje sem cuidados de enfermagem diferenciados em Saúde Materna e Obstétrica. Sobre este assunto, a intervenção do Estado será merecedora de grande atenção, abrindo certamente espaço para futura reflexão.

Isto para dizer que, são diversos os exemplos que indicam a necessidade de enfrentar com urgência a outra face da crise. Neles estão inscritos verdadeiros atentados aos direitos humanos, como o direito à vida e à segurança pessoal. Resta saber o seguinte: Quantas mais mortes evitáveis estaremos dispostos a financiar?
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