Por João Fernandes
É hoje cada vez mais comum ouvirmos dizer que o sentido da palavra democracia ("governo do povo") tem sido esvaziado ao longo dos tempos. Que este regime político, eleito pelos povos de todos os países mais desenvolvidos, foi reduzido à mera escolha de representantes. Que não existe uma participação ativa e efetiva da sociedade civil na administração dos seus interesses. Mas será que nós, os cidadãos, estamos genuinamente disponíveis para participar? O que fizemos quando a oportunidade/dever nos bateu à porta? Em Portugal, realizaram-se até hoje três referendos nacionais, dois sobre Interrupção Voluntária da Gravidez (1998 e 2007), e um sobre a Regionalização (1998), mas nenhum deles contou com mais de 50% dos eleitores… A taxa de abstenção nas eleições para a Assembleia da República passou de 8,5%, em 1975, para 44,1%, em 2015! Nas últimas eleições autárquicas (2013) a abstenção chegou mesmo a 47,4% e na eleição do atual Presidente da República 51,3% dos eleitores “optaram” por não votar (dados PRODATA). Como podemos retratar a nossa participação? A democracia também é o que dela fazemos! Bem, mas será que estamos todos amorfos ao que se passa à nossa volta? Não é bem assim, um exemplo em voga de democracia participativa são os orçamentos participativos, que tem o propósito de submeter o aplicação de parte dos recursos públicos à consulta pública. Em Portugal, os Orçamentos Participativos estão cada vez mais consistentes e enraizados na cultura democrática local. Temos assistido a um crescimento exponencial do recurso a estes mecanismos, com particular expressão nas autarquias (camaras municipais e juntas de freguesia) e em iniciativas direcionadas para a juventude. Ao nível nacional, concretizou-se pela primeira vez este ano o Orçamento Participativo Portugal, que, de acordo com o Primeiro-ministro António Costa, “será para repetir em 2018 e com mais dinheiro.” Segundo a entidade responsável pelo Observatório Nacional dos Processos de Democracia Participativa em Portugal, a Associação In Loco (com sede no Algarve), “Portugal é o único país com um Orçamento Participativo (OP) a nível nacional e um dos países com maior número de OP, considerando que não existe enquadramento legal que torne obrigatória a realização dos mesmos por parte dos municípios, uma vez que resultam da vontade política em envolver os cidadãos nas decisões de investimento sobre os seus territórios.” O primeiro orçamento participativo desenvolvido em Portugal teve lugar em Palmela e São Brás de Alportel foi o município algarvio pioneiro no desenvolvimento desta abordagem. São Brás de Alportel detém aliás o OP com mais continuidade. Desde 2006, 12 municípios desenvolveram OP no Algarve, sendo que São Brás de Alportel e Tavira criaram ainda OP dedicados especificamente à juventude. É certo que os OP não apresentam todos a mesma ambição, temos casos em que o processo é apenas consultivo e outros em que a população pode propor e votar projetos. E será que para 2018 esta onda vai crescer? Realizar um OP depende sempre da decisão dos executivos municipais e não é possível fazer esta previsão. Sabe-se, contudo, que este será um ano atípico em termos de continuidade dos OP, devido às eleições autárquicas. Ao longo do ciclo dos OP em Portugal, os anos de eleições têm representado quebras na continuidade de alguns processos, devido às mudanças de executivo, e prevê-se que este período não seja diferente. Fica aqui o repto para que haja vontade política de envolver os cidadãos nas decisões que lhes dizem respeito e que a adesão dos cidadãos a estas boas práticas transmita também o devido reforço a quem as executa!
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Por Hugo Barros
No seguimento do amável convite (entenda-se lá porquê…) para me juntar a um grupo de pessoas que muito admiro e respeito, decidi escrever o primeiro texto sobre “a minha área”. É um mecanismo de segurança, bem sei, mas para além da segurança que a construção das frases que se seguem me dá, penso ser importante continuar a reconhecer outros fatores positivos do nosso Algarve turístico, que muito têm contribuído (e que continuarão a contribuir) para a consolidação de uma região mais inovadora e competitiva. O EMPREENDEDORISMO é um daqueles conceitos que parece destinado a ser alvo de alguma “sazonalidade” (recorrendo a uma expressão sensível na região), dependente da estratégia e alinhamento político. Quando não é suficientemente divulgado e reconhecido, incidimos as críticas na necessidade de uma maior aposta, sob pena de desperdiçarmos os recursos e o conhecimento. Quando passa a integrar as dinâmicas dos territórios e das políticas públicas, torna-se um potencial alvo de demagogia, apresentado como incapaz de resolver todos os problemas económicos, potenciando inclusivamente o insucesso e a ostracização do empreendedor. Há quem considere que é insuficiente, e quem defenda que já é demais; quem o classifique como uma moda, e para quem é uma forma de estar na vida… Por Gonçalo Duarte Gomes
A questão das alternativas disponíveis para o pessoal do Algarve orientar a vidinha, seja ao nível da mobilidade na região, da economia ou dos cuidados de saúde, têm estado na ordem do dia. O que é óptimo, pois finalmente começa a discutir-se a vida da região para além do seu servilismo veranil. Mas, infelizmente, para além da ordem do dia e dos suspiros sonhadores da malta, as alternativas não se encontram em mais lado nenhum, pois é coisa de que não dispomos. Por outro lado, realidades alternativas ou pós-verdades, como agora se diz, temos para dar e vender… Por Dália Paulo
Por Bruno Inácio Acabei de fazer o troço da Estrada Nacional 125 que liga Vila Real de Santo António e Olhão. Já era noite e a escassa iluminação da via não chegava para disfarçar os buracos que a suspensão do carro teimava em denunciar. Olhar atento para a frente, olhar atendo para trás, olhar atento para todos os lados. Entre cruzamentos e outras coisas parecidas com cruzamentos o perigo espreita a todo o instante. A sensação de que um qualquer descuido pode gerar um acidente é constante. Desacelero por força do carro que segue a minha frente o fazer também. Ultrapassar não é uma opção. Conheço a estrada e talvez por isso não arrisque tal manobra. Infelizmente, porque não é assim, não tem que ser assim, muitas pessoas, muitas delas de férias, não conhece a estrada e acaba por se aventurar sem saber que se está a aventurar quando o que afinal pensa que está a fazer é uma simples ultrapassagem. Não é. É uma manobra de risco. Sigo em frente procurando com atenção a tranquilidade de uma noite de verão na esperança que passe rápido e que Olhão chegue depressa. Não foi duradoura a minha tranquilidade. Uma sirene que de lá de longe para cá de perto chegou num instante dava o alerta e quebrava o alinhamento de carros que seguia. Talvez seja a GNR a dirigir-se para alguma ocorrência criminal, pensei eu na esperança de que não fosse a estrada o motivo de tal alarido. Infelizmente não era. Tinha sido mesmo a estrada a ditar tal pressa das autoridades. Uma curva, outra curva e os raios azuis das luzes das ambulâncias e da GNR começa a rasgar a noite num corte que nos alerta e automaticamente entristece. E revolta. Era mais um acidente. O aparato era grande. Passo com a velocidade possível seguindo as indicações da GNR. Num cruzamento, ou na beira da estrada, um carro terá chocado com alguém, com outro carro ou contra algo. Não percebi. O meu olhar deteve-se num grupo de socorristas que auxiliavam alguém que aparentemente estava ferido. Segui o meu caminho. Os carros a minha frente seguiram o seu caminho. Os carros atrás de mim seguiram o seu caminho. Tinha passado. Para nós tinha passado. Para quem lê este texto terá sido “apenas” mais um. Para a estatística é “apenas” mais um. Não foi mais um. Para quem nele esteve envolvido pode ser sido o momento fatal da vida, o momento em que tudo muda, em que tudo mudou mesmo. Em que nada será como de antes. Iremos amanhã ler nas notícias. Iremos suspirar de tristeza e pensar: mais um.
Não somos indiferentes. Somos humanos e a vida continua. Se assim não fosse, cada dia era uma catástrofe para todos e isso tornaria a vida inviável. Mas por vezes parece que somos demasiado indiferentes a esta triste sina que tantas vezes nos parecem querer mostrar que tudo isto é normal. Que é normal não haver mais uns milhões para meter uns quilómetros de tapete betuminoso novo. Que é normal não haver mais uns milhões para reforçar a iluminação. Que é normal não haver mais uns milhões para reforçar a sinalética. Que é normal não haver mais uns milhões para arranjar umas bermas. Que é normal não haver mais uns milhões para fazer uma rotunda naquele cruzamento que hoje provocou mais um acidente. Por esta altura os leitores já terão conjeturado que a culpa é do Sócrates que lançou um PPP ruinosa sobre a EN 125. Outros terão conjeturado que afinal a culpa é do Passos e do Portas que retiraram da concessão este troço por forma a concluir o restante. Outros ainda terão conjeturado que afinal a culpa é do Costa que prometeu resolver o problema e não resolveu. Ou ainda haverá outros que culpam o Jerónimo e a Catarina que tudo prometeram e agora com o poder que emprestam a maioria parlamentar, nada resolvem. Lamento, mas todas essas conjeturas são irrelevantes para o problema e acima de tudo são irrelevantes para quem hoje sofreu mais um acidente. Relevante é não sermos indiferentes e sabermos, enquanto povo, encontrar uma solução para o problema e efetivamente o resolver. Não falo de apresentar projetos, não falo de mostrar traçados em mapas, não falo de visitas de ministros a dizer que agora é que é. Falo de fazer. Meter lá as máquinas e fazer. Este não é um apelo de revolta. Este não é um texto populista. Este não é, de todo, um texto com um qualquer objetivo eleitoral. Este é um apelo ao bom senso, à sensatez, a lucidez de todos nós, enquanto povo que se organiza de uma determinada forma, para que consigamos parar para pensar que não é normal não haver mais uns milhões para acabar de vez com este martírio que já fez vitimas demais. Já fez vítimas demais a partir do momento em que fez a primeira. Mas depois veio a segunda, a terceira, a quarta… e damos por nós a pensar que milhares de vitimais afinal pode se “normal”. Não é normal, não tem de ser normal. Saibamos acabar de vez com isto. Arranjem lá mais uns milhões e façam lá as obras de requalificação da EN125 entre Olhão e Vila Real de Santo António. Não o façam só por todos aqueles que sofreram acidentes. Façam-no também por aqueles que seja ainda possível evitar. O Lugar ao Sul conta hoje com a opinião de um convidado especial. Paulo Pereira soma no seu CV um número de experiências profissionais ricas e diversificadas, que vão desde o jornalismo à indústria cinematográfica, passando pela defesa da causa pública. Nos últimos 25 anos este homem dos sete ofícios desenvolveu um trabalho meritório na área da consultoria empresarial, ajudando com a sua acção e conhecimento outras empresas a alcançar o seu potencial. Alfacinha de nascimento, Paulo Pereira é, como eu, um Algarvio de adopção (e Sportinguista ferrenho). Tem por isso uma opinião particular sobre o que é viver e trabalhar nesta nossa linda região. É pois "material" de Lugar ao Sul. Luís Coelho Nota Biográfica Paulo Jorge Teixeira Pereira, esperou pela inauguração da ponte sobre o Tejo para ir nascer a Lisboa em novembro de 1966. É licenciado em Gestão Financeira pela ESGHT e Pós-graduado em Finanças Empresariais pela FE-UALG. Depois de várias colaborações na imprensa regional, viria a ser representante do Semanário Económico na Região até à sua passagem a diário. Há cerca de 25 anos que trabalha como consultor de empresas, tendo-se especializado na área dos apoios e incentivos ao investimento, incluindo ainda duas passagens por funções públicas em Vila Real de S. António e Portimão. Fez parte da Comissão Fiscal da Câmara de Comércio e Industria de Portugal e integra os orgãos sociais da BICS - Associação dos Centros de Empresa e Inovação Portugueses. Foi fundador e ainda é dirigente da Algarve Film Commission. Quanto tinha tempo livre ia ao cinema e dedicava-se à fotografia. Sempre que tem oportunidade, viaja em família. E, claro, é adepto do único clube desportivo nacional que tem um nome que se compreende em qualquer parte do mundo: SPORTING !!!! Por Paulo Pereira
Desde que Portugal aderiu à atual União Europeia, em 1986, tem beneficiado do apoio comunitário através de programas com recursos financeiros muito significativos para suporte ao investimento público e empresarial. No atual período de programação, entre 2014 e 2020, o País irá receber cerca de 25 mil milhões de euros de financiamentos comunitários. Estando precisamente a metade do percurso (3,5 dos 7 anos de aplicação do atual programa de apoio), permitimo-nos fazer um breve ponto de situação. É chegada a hora das Sextas-feiras do Lugar ao Sul terem nova cara. A partir de hoje, semana sim, semana não, partilho este espaço com uma pessoa multifacetada, atenta e dedicada ao que a rodeia e interventiva na defesa daquilo em que acredita. E que tem o amor à Língua Portuguesa de escrever em "desacordo ortográfico". Senhoras e senhores, convosco: Joana Cabrita Martins. Bem-vinda. Gonçalo Duarte Gomes Por Joana Cabrita Martins
Há 43 anos que a Democracia joga em casa. Mas com tanta “falta” de representatividade já estava na hora de ir para o banco e ser substituída por uma MAIS participativa. Ou com tanta lesão talvez não fosse má táctica optar pela reforma, não tão antecipada quanto outras. A gíria futebolística introdutória não advém de um fanatismo pessoal (que não o tenho de todo) mas sim dos mais actuais indicadores do Estado da nação. Por André Botelheiro
Começa hoje a 36ª Concentração Internacional de Motos de Faro, o maior evento do género em Portugal e um dos mais concorridos da Europa, que durante três dias fará aumentar exponencialmente o número de motas a circular neste lugar ao sul. A fama internacional que conquistou enche os Farenses de orgulho, mérito da perseverança do coeso Moto Clube de Faro e do trabalho voluntarioso dos seus associados. Tal reconhecimento foi eternizado num monumento construído, em 2007, na principal entrada da cidade, que se autointitulou: “Faro Capital do Motociclismo”. Mas será que somos mesmo? E nos restantes dias do ano, será Faro uma cidade “moto friendly”? A primeira questão é muito mais vasta e de âmbito nacional: porque razão quando visitamos uma qualquer cidade de países do Sul da Europa como Espanha, França ou Itália, encontramos as ruas e estradas repletas de motas, ao contrário do que se verifica nas cidades portuguesas, onde a meteorologia favorável faria supor uma utilização quase quotidiana? Entre várias razões estará, em primeiro lugar, o menor rendimento disponível dos portugueses, agravado por uma tributação elevadíssima dos veículos motorizados de duas rodas. Ou seja, não há uma política fiscal de incentivo à aquisição de um veículo de transporte menos poluente, mais económico e que ocupa menos espaço público. Portugal não é “moto friendly”! Os municípios, dentro dos seus limites de administração, podem e devem fazer a diferença na forma como a utilização deste tipo de veículo, mais amigo do ambiente, é incentivada. Alguns exemplos recentes: A Câmara Municipal de Lisboa anunciou este mês que até setembro os motociclistas poderão circular nas faixas BUS, destinadas aos transportes públicos, num total de 42 quilómetros. Ao mesmo tempo que criará 1.450 novos lugares de estacionamento para motas, que vêm aumentar os 2.500 já existentes. A Câmara Municipal do Porto foi pioneira quando em 2016 decidiu alargar a todos os corredores BUS a autorização de circulação de motociclos. Estando ainda longe das urbes dos países acima mencionados, onde as motas têm espaço reservado na primeira fila dos semáforos ou quando ruas inteiras são interditas ao estacionamento automóvel para dar lugar ao estacionamento de motos, podemos considerar que o Porto e Lisboa começam a ser “moto friendly”! É certo que a coabitação dos veículos de duas rodas motrizes com os automóveis e com os peões nem sempre é pacífica e isenta de culpas de parte a parte. No mea culpa motociclista existem vários exemplos de ocupação abusiva do espaço público, a começar no estacionamento. Uma das vantagens de andar de mota é a rapidez das deslocações e a facilidade com que se pode estacionar, usufruindo de uma tácita tolerância ao (in)cumprimento do código da estrada. Na verdade, a regra é de que as motas não podem parquear em cima dos passeios, exceto se existir sinalização que o permita. Mas o Código da Estrada permite que as motas ocupem os lugares de estacionamento reservados aos carros, algo raramente utilizado pelos motociclistas, porque o bom senso da maioria tem imperado. Porém, se a tolerância era uma realidade, nos últimos tempos tem sido posta em causa com sucessivas ações de fiscalização e de autuação por parte das autoridades policiais. Faro não foi exceção e foram vários os motociclistas a serem autuados por estacionarem em locais que tradicionalmente serviam para este fim. Simultaneamente, a Câmara Municipal de Faro criou algumas bolsas de estacionamento destinadas em exclusivo às motas, o que à primeira vista é positivo, ainda que insuficiente. Mas esta alteração, que revela uma inédita ação da “Capital do Motociclismo” quanto à utilização das motas no espaço público, denuncia uma estratégia que inquina a boa intenção que possa ter estado na base da decisão. Ora, criar zonas de estacionamento exclusivas para motas de modo a ordenar o parqueamento das mesmas é correto, mas fazê-lo ocupando zonas destinadas aos peões revela a contínua primazia do automóvel face a todos os demais ocupantes da via pública. Mais facilmente se rouba espaço do peão nos passeios para estacionar motas do que se retiram lugares de estacionamento automóvel para ordenar o parqueamento das mesmas. É assim que Faro quer afirmar-se como “moto friendly”? Nota final: o autor declara-se condutor de uma moto, sem registo de autuações por parqueamento irregular. Por Cristiano Cabrita
Coincidência ou não, no seguimento do meu último artigo intitulado “ empresários algarvios low cost”, o Sr. Presidente da AHETA – Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve, fez chegar aos seus associados um rol de propostas, diria mesmo acusações, à autarquia de Albufeira. Partindo dos acontecimentos que aconteceram na rua da oura, na noite de 25 de Junho, o representante daquela associação enumera um sem fim de acções e medidas que, segundo o mesmo, irão resolver de imediato todos os problemas. Até aqui, apesar da sua fragilidade argumentativa, tudo bem. Todos temos o direito de manifestar as nossas opiniões, em nome pessoal, ou em nome de uma associação, mesmo que a maioria dos seus associados não se revejam no teor da exposição. Todos temos o direito de manifestar os nossos juízos, nem que passemos anos sem dizer nada sobre o assunto. Vivemos numa sociedade democrática e num Estado de Direito que nos dá, e bem, essa liberdade de expressão. O problema é que este mesmo representante, compôs o seu ramalhete argumentativo com um artigo publicado no Região Sul, com o seguinte título “Capital do turismo à rasca”. Aqui a coisa muda completamente de figura porque, inadvertidamente, acabou por atingir as gentes de Albufeira. Mas já lá irei. Não vou discutir um a um todos os pontos que achei por bem frisar no artigo que escrevi no dia 5 de Julho. Debati incessantemente o meu argumento com os albufeirenses, com amigos, com desconhecidos, com pessoas com quem falo diariamente, com outras que troco dois dedos de conversa esporadicamente, com quem partilho ideias nas redes sociais, com quem cresci, com quem andei na escola secundária, com colegas de trabalho, com quem joguei futebol, com quem pratiquei atletismo, com quem vi noites memoráveis no Summertime, no Alabastro, na baixa de Albufeira, no Splash , com colegas de carteira, com quem debati política (muita política) e livros, com quem discuti, com quem sorri e chorei, com colegas de universidade, com quem fiz surf, com quem convivi, enfim, com quem vivi nestes últimos quarenta anos…em Albufeira! Fi-lo e escrevi em nome próprio, sem politiquices, sem intenções camufladas, dizendo aquilo que me ia na alma. Quem me conhece sabe que não podia ser de outra maneira. Simplesmente, senti-me inseguro ao percorrer naqueles dias as ruas da minha cidade. Senti uma estranha insegurança na minha própria terra, algo que não aceito. Algo que muitos albufeirenses não aceitaram! Por Sara Luz
Por João Fernandes
Não sendo propenso a misticismos ou a prognósticos incautos, arriscar-me-ia a dizer que os próximos três anos serão muito positivos para o turismo em Portugal e, em particular, para o Algarve. É certo que num setor exposto à concorrência global e num contexto em que a mudança e a instabilidade são as constantes mais credíveis, ninguém no seu perfeito juízo pode afirmar que estará livre de um qualquer imprevisto que altere rapidamente as previsões mais consolidadas…Como diria o João Pinto “Prognósticos só no fim do jogo”. Ainda assim, o histórico recente da evolução da procura, o feeling de quem está no terreno e as perspectivas traçadas pelos mais conceituados organismos internacionais, levam-me a, com alguma segurança, afirmar que não estamos a viver um momento meramente conjuntural. O turismo deverá continuar nos próximos anos a ser o principal motor das exportações portuguesas e do crescimento do país. As previsões são da entidade de referência do sector turístico ao nível internacional, o Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC), que em parceria com a Oxford Economics estimou o impacto económico e a relevância social que o turismo vai protagonizar em cada país no espaço de uma década. Para Portugal, as avaliações do WTTC não deixam dúvidas quanto à hegemonia do turismo. Entre 2016 e 2027, o contributo total do turismo para a economia portuguesa deverá subir, de 16,6% para 18,5%, no que toca ao PIB, e deverá subir ainda mais, de 19,6% para 22,6%, no que toca ao emprego do país. Vejamos então alguns dados que retratam a evolução do comportamento recente dos destinos turísticos concorrentes nos contextos europeu, mediterrânico e da Península Ibérica. Europa Já este ano, de acordo com o primeiro relatório trimestral da European Travel Commission (ETC), quatro em cada cinco destinos europeus registaram crescimentos de dois dígitos nos primeiros meses de 2017. A Islândia continua a liderar o crescimento (+54% chegadas, relativamente ao período homólogo de 2016), beneficiando de um aumento contínuo da capacidade aérea nas rotas transatlânticas. Portugal (+25% chegadas) e Malta (+23% chegadas) revelam importantes conquistas na atenuação da sazonalidade, sendo acompanhados neste primeiro trimestre pela Finlândia, Estónia, Eslovénia e Bulgária, que assinalaram igualmente fortes crescimentos. As companhias aéreas confirmam também a forte tendência de crescimento, em parte devido à redução dos custos de combustíveis. Quanto à ocupação hoteleira, assistimos a um incremento sustentado na maioria dos países europeus, mas os hoteleiros afirmam continuar cautelosos relativamente à subida acentuada de preços. No seu mais recente barómetro de viagens intercontinentais para a Europa, a ETC aponta ainda para que alguns mercados emissores de longo curso, como a China, os EUA, a Índia e o Japão, terão forte influência no crescimento das chegadas na Europa. Em contraste, o Brasil é apresentado como um mercado emissor envolto em grandes incertezas. Em Portugal, os mais recentes dados do INE disponíveis, referentes a Maio, assinalam um expressivo crescimento dos hóspedes oriundos dos E.U.A. (+51,5%) e do Brasil (+121,7%). Mediterrâneo Segundo dados da Organização Mundial de Turismo (OMT 2016), relativos aos 13 principais destinos turísticos da bacia do Mediterrâneo, Portugal foi o terceiro país com maior crescimento da procura internacional (+12,8%). Depois de Chipre (+19,8%) e da Bulgária (+13,8%), Portugal cresce claramente acima da média do Mediterrâneo e do seu principal concorrente - Espanha (+10,3%). Em termos do indicador receitas turísticas, Portugal registou igualmente um crescimento muito positivo (+10,7%), só superado pela Bulgária (+15,7%) e Chipre (+11,9%). Neste mesmo contexto geográfico, se considerarmos a diferença entre o ponto de partida da procura internacional em 2013 e os resultados de 2016, há a destacar que destinos como a França, Turquia, Egipto e Tunísia perderam cerca de 17 milhões de chegadas internacionais. No que respeita à Turquia, um importante destino concorrente do Algarve, os primeiros meses deste ano seguem a tendência negativa que começou em 2015 (chegadas caíram 8,1%, em relação ao mesmo período de 2016). Em contraponto, os restantes nove países receberam no ano passado mais 35 milhões de chegadas de estrangeiros do que em 2013. Ou seja, nestes 4 anos, apesar dos ataques terroristas e da instabilidade política, a procura turística internacional pelo Mediterrâneo continuou a evoluir positivamente, atraindo aproximadamente 18 milhões de chegadas a mais que em 2013, quando a conjuntura era bastante distinta. Fica também claro que, sobretudo no último ano, as taxas de crescimento do turismo em Portugal não se devem apenas a desvios de fluxos. Há que reconhecer que, mesmo atentando a essa realidade, o nosso país conseguiu apresentar taxas de crescimento superiores à de concorrentes como a Grécia, a Itália, a Croácia ou mesmo Espanha, quer em termos de procura, quer no que respeita à receita. Portugal vs Espanha Comparando os principais indicadores do primeiro quadrimestre da atividade turística em Portugal e em Espanha, Portugal apresenta inclusive taxas de crescimento superiores às dos nossos vizinhos (11,2% e 4,7%, respetivamente - dados INE - dormidas em estabelecimentos hoteleiros). Ao nível das regiões, o Algarve destaca-se na comparação com as suas “concorrentes” espanholas. Neste mesmo período, enquanto o Algarve regista aumentos de 11,7% nas dormidas de estrangeiros, a Andaluzia (+7%), Canárias (+3,4%) e Baleares (+0,5%) ficam ainda assim muito abaixo destas taxas. Sabemos bem que estes resultados refletem um conjunto vasto de fatores, que vão desde a melhoria das condições económicas nos principais mercados emissores até à capacidade e condições da oferta em cada país recetor de turistas, passando pelas inúmeras condicionantes inerentes à sua intermediação. Principais Mercados Emissores de Turismo para o Algarve As previsões de crescimento médio anual para os gastos turísticos até 2020 dos nossos principais mercados emissores (Fonte: Turismo de Portugal), são igualmente favoráveis: Portugal – Mercado interno (+2,3%); Reino Unido (+3,1%); Alemanha (+4,7%); Holanda (+2,4%); Irlanda(+5,4%); Espanha (+4,5%); França (+4,4%). Resumindo: As perspectivas são muito boas e reforçam a confiança de que temos tudo para continuar este ciclo virtuoso do turismo. É importante acompanhar, antecipar e garantir que estamos a desenvolver todos os esforços necessários para garantir que este crescimento continua a acontecer. S. Jorge é quem tem a fama de ser matador de dragões.
No entanto, a concorrência acaba de chegar... e é algarvia! Miguel Freitas é hoje empossado como Secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural. Por Dália Paulo […] culture and creativity indeed play a role in promoting local prosperity at many levels, and it probably could not be otherwise in knowledge-intensive economies and societies like the ones of today, and not only in Europe. This seems to be particularly true […] for cities in transition that are currently re-thinking their local development model. Numa altura em que as cidades se redesenham e repensam os seus modelos de governação é importante conhecer a nova ferramenta que a Comissão Europeia, através do Joint Research Centre, disponibiliza para monitorizar as cidades - Cultural and Creative Cities Monitor - que tem como objetivo “promover a troca de experiências entre cidades para impulsionar o desenvolvimento liderado pela Cultura” de modo a orientar as políticas locais, regionais e nacionais. Nesta 1.ª edição foram analisas 168 cidades de 30 países, sendo 93 Capitais Europeias da Cultura, 22 Cidades Criativas da UNESCO e 53 cidades que acolhem festivais internacionais de cultura. Portugal participa com 4 cidades – Lisboa, Porto, Guimarães e Coimbra. A performance das cidades é medida através de dados quantitativos e qualitativos e abrange três áreas:
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