Lugar ao Sul
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Bem-vindo

Albufeira Now

30/6/2017

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Por Gonçalo Duarte Gomes

O Francis Ford Coppola já está assim para o entradote, mas com jeitinho talvez ainda se lhe conseguisse vender a ideia de fazer um remake do magistral “Apocalypse Now”, mas nos tempos modernos, e em contexto urbano.

O argumento está mais ou menos alinhavado: um batalhão de boçais pinguços, destacado das brenhas de Inglaterra, dirige-se ao Sul da Europa, tendo como missão destruir, por ingestão, todo o stock de bebidas alcoólicas existente numa pequena localidade, que coloca em risco os fígados da Grã-Bretanha em geral e de toda a Humanidade em particular.

Nesta aventura de sacrifício hepático, estas bravas esponjas irão encontrar imensas adversidades, tendo mesmo que defrontar maléficas forças de repressão que, garganeiras, não querem deixar os bezanos heróis cumprir o seu etílico objectivo.

No entanto, e após toda a sorte de peripécias, os intoxicados e cambaleantes protagonistas lá conseguem retornar a casa, exibindo, orgulhosos, as suas cirroses!

Modéstia à parte, acho que a coisa está com grande pinta. O único senão, e que talvez possa desmotivar o Coppola, é o facto de ser um argumento demasiado próximo à realidade de Albufeira. O homem não é dado a documentários…

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NA ALMA ALGARVIA: O ENCONTRO COMO PATRMÓNIO

29/6/2017

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Dália Paulo convida António de Freitas  

O Lugar ao Sul iniciou em Dezembro a publicação de um conjunto de textos de autores convidados. Hoje cabe-me a mim fazer mais um convite. Convidei o padre António de Freitas, como voz ativa e atuante junto das populações, como um pensador que nos questiona e que contribui para derrubar barreiras e preconceitos, ajudando-nos a construir um Algarve mais tolerante. Estamos gratos pela colaboração e por tornar este Lugar ao Sul mais abrangente.

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Se há coisas (e há muitas certamente) que dão sentido à vida, enriquecendo-nos como seres humanos, uma delas é, sem sombra de dúvida, o encontro: encontrar quem amamos, encontrar os outros, encontrar o que desejamos; deixarmo-nos encontrar por quem nos quer descobrir, abrindo a nossa vida à tensão da hospitalidade de quem deseja abrir a sua existência ao outro, mas suspende-se esperando a sua reação; encontrarmo-nos a nós mesmo na trama da vida, às vezes tão dispersiva e caótica. Encontrar, encontrar-se, deixar-se encontrar…
O Algarve é, precisamente, essa terra de milenares encontros. Terra que nasce e se recria constantemente dos e com os encontros e reencontros – a História narra-o com clarividência. Tem sido nesta cultura de encontros que se vem lavrando e fazendo germinar o modo de ser do Algarve e das suas gentes. E tem sido nesta cultura de encontros que se vem rasgando sempre e de novo, entre ondas e tempestades, a esperança de novas eras para a nossa região. Civilizações, culturas, gentes, religiões encontraram-se aqui. Mas, sobretudo, encontraram no Algarve e nas suas gentes um espaço de encontro para si e entre si. Nós somos fruto destes encontros (nem sempre fáceis e nem sempre compreendidos), mas, antes de mais, temos sabido ser hábeis artífices de encontros: entre nós mesmo e com os demais. E é isso que faz também o mundo encantar-se há muito pelo Algarve que somos nós. Hoje (um hoje que já leva algumas décadas), o mundo, a que antes já tínhamos ido ao encontro, encontrou-nos e encontrou-se no Algarve.
Hoje, o mundo mudou muito e o Algarve também mudou bastante. Hoje, o mundo tem uma capacidade de compra e investimento nunca vista e o Algarve recriou um património imenso que pode vender a todo o mundo. Mas o encontro de alma abertura, daquilo que somos, com os que nos visitam não se mercantiliza: esse partilha-se, implica-nos, compromete-nos. Não é algo que se dá fora de nós mesmos, mas dá-se-lhes dando-nos.
Tenho tido a possibilidade de percorrer alguns países e nestes últimos dois anos vivi longe do Algarve. A verdade é que, sempre que regresso por breves períodos, experimento a beleza do encontro com as nossas gentes: o sorriso, o acolhimento, a hospitalidade, a partilha das coisas mais simples e mais essenciais da vida… sinto-me encontrado e encontro o que me faz sentir ser eu mesmo. O calor do sol sente-se nas relações, nos braços abertos, nas vidas recontadas e cúmplices. A brisa marítima sente-se no acolhimento, no aconchego, no sorriso que nos refresca e refaz a alma. Além disso, quem faz a experiência de viver fora e ouve falar do Algarve, por gentes que o visitou, orgulha-se de perceber que de entre muitas coisas, o que mais encantou foi o modo como acolhemos, a simpatia, o trato delicado, o tempo que foi dado e não apenas vendido, o conhecer alguém que até lhes abriu a porta de casa… é o encontro como património que não se vende, nem se mercantiliza nalgum pacote de férias, mas que vai na bagagem da vida e do coração dos que nos visitaram. Porque, afinal, como escreveu alguém, «Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós».
É este Algarve que eu amo e é este Algarve que espero reencontrar sempre: este Algarve com alma, a alma de uma gente que, criativamente, se faz encontro e onde o encontro, com o que se é, é o seu maior património que originou outros patrimónios e tesouros. Como afirmou há pouco tempo Doug Lansky, referindo-se às gentes de outro país: «Eles não tem todas as melhores praias do mundo ou o melhor clima do mundo. O que eles têm é a identidade […] Eles têm aquela atitude um pouco protecionista da sua identidade e as pessoas vão lá para estar perto isso».
Hoje, como nunca (e ainda bem), trata-se de dar a conhecer e explorar o património cultural, o património religioso, o património ecológico, o património arquitetónico, o património gastronómico, etc. Mas a base de tudo isto não será o património humano, isto é, a alma das gentes? Que os primeiros, no nosso caso algarvio, nunca apaguem este último. É preciso cuidar sempre do património humano que somos e da identidade que temos. É urgente passar e sensibilizar as gerações vindouras, porque como afirmou Pedro Crisólogo: «os que passaram viveram para nós, nós para os vindouros e ninguém para si».
O que temos para dar pode ser o ponto de partida. Contudo, o que somos para partilhar, na essência dos encontros, deve ser sempre o ponto de chegada.

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"um livro que ensina a ver na liderança uma forma de humanismo"

28/6/2017

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Por Bruno Inácio
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Leituras a Sul (II): “Liderador – A Excelência no Desporto” de Luís Lourenço e Tiago Guadalupe (Prime Books, 2017) 
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Quando é que o poder central começa a levar o Algarve a sério?

27/6/2017

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Por Luís Coelho.
 
No passado dia 23 de Junho, a União a 27 acordou que decidirá sobre o futuro pós-Brexit das suas agências localizadas no Reino, no mês de Novembro do corrente ano. Na mesma sessão foram também ratificados os seis critérios que irão presidir à decisão sobre esta matéria. O primeiro, de carácter geral, impõe que exista uma distribuição geográfica das agências pelos estados-membros que seja razoável e equitativa. Os critérios adicionais são de natureza operacional. Em particular, a nova localização das agências deve garantir que estas continuem a ser atractivas algo que, segundo a União Europeia, passa por garantir boas acessibilidades, a existência de estabelecimentos de ensino adequados para os filhos dos seus funcionários e acesso apropriado ao mercado de trabalho, à segurança social e a cuidados médicos por parte dos seus familiares directos. Nada de extraordinário, portanto. 

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Tempo é precioso

26/6/2017

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Por Pedro Pimpão

​Atualmente, o tempo despendido por cada um de nós é precioso, em segundos, em minutos, em horas, em dias. Seja com a nossa atividade profissional, seja com a nossa família, filhos, netos, pais, avós, seja connosco mesmos. Cada um à sua maneira! 

Por esta razão, a forma de gestão e organização é fundamental para que o tempo seja o mais útil possível, para serviços públicos e fundamentalmente, para empresas. O primeiro não deve criar obstáculos ao segundo. Neste âmbito saúdo a simplificação administrativa iniciada há mais de 10 anos em Portugal e hoje em dia acelerada pelo Simplex +. Muitas medidas foram anunciadas. Dou alguns exemplos para mim marcantes com incidência especial para o Algarve: “Cooperativa na Hora” – possibilidade para particulares e empresas criar cooperativas no mesmo dia, em atendimento presencial único e sem deslocações aos serviços das finanças e aos serviços de segurança social; lançamento do guia “Abrir um restaurante” – com toda a informação relevante para quem queira instalar e explorar um estabelecimento de restauração e bebidas – e duas de importância acrescida para todos: “declaração automática do IRS com redução em 50% do tempo de espera pelo reembolso deste imposto”; e “diário da república universal gratuito e acessível a toda a população”. Por último, aponto para mim aquela que era a burocracia mais inútil existente em Portugal: a atualização de morada na carta de condução, levando vários condutores a pagar coimas por uma situação sem qualquer perigo público para terceiros e para o Estado; finalmente acabou, bem como a renovação da mesma via autenticação.gov / chave móvel digital. 

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16 fósforos num Algarve inflamável

23/6/2017

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Por Gonçalo Duarte Gomes

Nos últimos dias todos estivemos em Pedrógão Grande.

A calamidade ali ocorrida tomou-nos de assalto, emocional e intelectualmente. Pelo esmagador número de vidas perdidas, em condições de puro e inimaginável terror, pela desolação deixada pela dimensão e devastação do fogo, pela angústia do caos operacional que se instalou, pelos limites de decência que se quebraram e os horizontes de desfaçatez que se abriram, desde entrevistadoras de cadáveres a salteadores de evacuados, comandantes balofos que perdem aviões, um Presidente a pedir legislação sobre o joelho (sim, porque a pressa e a legislação têm feito maravilhas), desvio de donativos para fundos estatais, petições para instauração de trabalhos forçados, dislates de toda a espécie, em todo um mergulho num mundo surreal.

Mas tocou-nos, subliminarmente, a sensação presente de que, em vez das dezenas que perderam a vida, poderíamos ser nós.

E seremos. Amanhã, depois, para a semana, daqui a um, cinco, dez anos, em Góis, no Soajo, em Odemira, Silves, Cabeça do Velho, Cachopo ou no Funchal.

Porque, tal como estamos, tudo se reduz a uma perigosa partida de roleta-russa.
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... é fogo que arde sem se ver...

22/6/2017

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Por André Botelheiro
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Falar do sofrimento alheio, seja de uma pessoa ou de mil, deve-nos obrigar a tento nas palavras que escolhemos. Opinar sobre o pouco que sabemos deve-nos exigir, sempre, autocensura e recato no discurso. A revolta e a cólera são naturais, mas más conselheiras.

O que importa já está irremediavelmente perdido –  vidas humanas. Tudo o resto é acessório quando uma vida se perde.  Catástrofe é pouco para definir o terror vivido nos últimos dias, desde sábado (hoje já é quinta feira e ainda não terminou), em Pedrógão Grande e nos concelhos vizinhos.

A empatia para com o sofrimento de um compatriota faz parte do ADN de um povo. Não lidamos da mesma forma com a tragédia que ocorre num país distante face àquela que agora nos assola. Portugal contemporâneo, seja pela sua pequenez demográfica e geográfica, seja pela sua pouca influência no contexto internacional, ou seja, pela sua, como gostamos de acreditar, sorte lusitana, por comparação com outras nações, felizmente, tem pouca experiência em vivenciar estados coletivos de choque e de comoção.

Só para exemplificar, pense-se em Espanha que nas últimas décadas vivenciou o terrorismo interno e, mais recentemente, o do autoproclamado Estado Islâmico. Independentemente das causas e motivos, cada ato perpetrado gerou inúmeras vítimas inocentes e, como tal, repetidos sentimentos de tragédia nacional.

Esta (boa) falta de hábito para gerir situações limite, tem óbvios inconvenientes, bem patentes em setores com demasiada responsabilidade e impacto na construção da narrativa coletiva deste funesto acontecimento.

Logo num primeiro momento, o Presidente da República veio elogiar a postura da comunicação social, parecendo prever o que estava para acontecer. Como que em jeito de reforço positivo, dissimuladamente, tentava sensibilizar os media para o necessário refreamento e respeito pelas vítimas e suas famílias.

O imediatismo do jornalismo televisivo, que em Portugal é consumido abusivamente face aos demais meios disponíveis, com rapidez cedeu ao histerismo, o imperativo decoro dissipou-se nos diretos intermináveis e na prematura e ávida vontade de encontrar as causas, as falhas, os responsáveis e de fazer “rolar cabeças”.

Há um tempo para “enterrar os mortos e cuidar dos feridos” e há um tempo para encontrar as respostas que se impõem. A comunicação social é essencial para estes dois tempos, mas não os deve sobrepor. No lado oposto, os responsáveis políticos dos partidos da oposição ao governo têm resistido a esta tentação de avançar já para o debate que se impõe fazer. Pode não ser ingénuo ou desinteressado este “sentido de estado”, sendo certo que todos têm muitas responsabilidades na matéria, mas demonstram maior habilidade em gerir situações de crise.

Este trágico acontecimento ficará inevitavelmente na história pelos piores motivos. Mas saibamos, coletivamente, aprender com os erros, e à imagem do já citado Marquês de Pombal, aproveitemos para transformar não só a desorganizada e abandonada floresta e os esquecidos territórios rurais, de modo melhorar o combate à sina dos incêndios mediterrânicos. Mas impõe-se também maior protocolo no trabalho de quem nos ajuda a informar em momentos críticos como o atual. É que este fogo arde sem se ver.
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A lição de Pedrogão: um país governado por incompetentes!

21/6/2017

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Por Cristiano Cabrita 

Pensei muito sobre se deveria escrever sobre a recente tragédia de Pedrogão. Numa altura em que os familiares e amigos das 64 vítimas mortais choram as suas perdas, ponderei se o devia fazer porque acredito que aquelas pessoas precisam de paz de espírito para seguir com as suas vidas e fazer o seu luto. Mas, num misto de revolta e emoção, não poderia deixar passar em claro a tragédia do passado sábado. E, ao contrário do que os nossos governantes têm apregoado, é necessário apurar responsabilidades. Sim, responsabilidades. Aquela palavra com difícil pronunciação que parece secar a garganta dos nossos políticos. Mas já lá irei.

Por agora, diria que a principal causa do que aconteceu está identificada: a incompetência! Sobretudo, a incompetência de todos os nossos governantes que até ao dia de hoje tiveram ou têm responsabilidades políticas no Portugal democrático pós-25 de Abril. Aqui não há Partidos com maior ou menor responsabilidade. Todos são responsáveis. É preciso que as pessoas saibam esta triste realidade. Diria até que seria necessário, pedagógico, que os responsáveis políticos tirassem a cabeça da areia e assumissem os seus próprios erros. Até agora, não ouvi rigorosamente nada. Nada. É um silêncio exasperante.

Por muito mais que as nossas “mentes brilhantes” – para garantir uma certa aura de intelectualidade, que lhes seria naturalmente negada – advoguem a necessidade de travar um “debate profundo” sobre esta matéria, os incêndios acontecem por falta de uma estratégia concertada para o ordenamento do território. E este problema tem décadas. Ponto final, parágrafo. Podem travar inúmeros debates e discussões, mas esta é a razão principal.

Posto isto, é também importante analisar a complexidade (e incompetências) deste assunto, a montante e a jusante.

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Reforço sazonal na saúde algarvia: um paradoxo.

20/6/2017

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Por Sara Luz

Com uma primeira quinzena de junho tão encalorada é difícil crer que ainda estamos a um dia do início do verão. Com ele três meses sem poder estacionar o carro “à porta”, reservar mesa no restaurante preferido, chegar ao trabalho em 15 minutos, encontrar determinados produtos nas prateleiras dos supermercados, ou simplesmente conseguir manter uma distância superior a dois metros da toalha de praia do “vizinho”. Uma alquimia pela busca da paciência, dir-me-iam alguns; outros, cedências que se impõem em prol do desenvolvimento económico da região.

Viver acima da nossa capacidade de resposta é algo a que todos estamos mui habituados. Mas, diga-se que, não é por tal enraizado costume que os acontecimentos devem deixar de ser escrutinados, pelo menos essa não é hipótese neste lugar ao sul onde o pensamento crítico se impõe. Olhe-se, por exemplo, para a área da saúde algarvia. Um setor com graves problemas e ineficiências, que se tardam em resolver. Se a isso juntarmos uma população que triplica ou quadriplica durante a temporada estival, o cenário só pode ser desastroso. Mas, ainda assim, acalmam-se as gentes com medidas como o modelo excecional de mobilidade de pessoal médico. Não é necessariamente caso para surpresa, pois na hora da tragédia já nem serve apontar dedos, nem exigir responsabilidades. E, a par disto, se as expetativas da própria população visitante já são por si só também elas baixas, porque é que haveria de ser diferente?

O Despacho n.º 5979/2017, publicado no dia 07 do presente mês, que define o modelo execional de mobilidade de pessoal médico, com vista a reforçar a assistência médica da região no Algarve durante o verão, com médicos já vinculados ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) é, paradoxalmente, uma ofensa a quem nos visita, reside e trabalha por cá. Isto porque ou muito me engano ou os candidatos vão ser em número reduzido. Basta pensarmos que não devem ser muitos aqueles que estão dispostos a largar, ainda que temporariamente, os serviços onde trabalham, famílias, unidades de investigação, e outros, para exercerem num lugar que academica e profissionalmente não lhes diz rigorosamente nada. E mais, ser deixado à mercê do caos de um serviço de urgência, onde nem sequer se conhece os cantos à casa, a troco de quê? De ajudas de custo, despesas de transporte e da experiência que um destino turístico como o Algarve pode oferecer? Na verdade, não é propriamente isso que deslumbra o pessoal da saúde e, neste caso em particular o médico, mas antes cuidados altamente diferenciados e inovadores em organizações competentes e organizadas. E, lamentavelmente, o Algarve oferece tudo menos isso.

Não se trata apenas de um insurgimento contra esta medida de reforço sazonal, que até parece bem intencionada (mais que não seja por tentar afastar as empresas de subcontratação do SNS), mas é insultuoso dizer que é esta a resposta a oferecer ao Algarve. E fazer por fazer devia dizer-nos muito pouco. Talvez porque fado, fátima e futebol tenham o efeito de desviar as atenções do que realmente importa. Ou talvez porque a endémica falta de planeamento estratégico seja interpretada como algo “normal”.  Seja como for, é intolerável esta contínua falta de interesse e empenho. 
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Quem nos procura é GENTE COMO NÓS e quem os acolhe é a NOSSA GENTE!

19/6/2017

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Por João Fernandes

Regressado de umas mini-férias retemperadoras, confesso a minha indisponibilidade para a controvérsia, a meu ver pouco fértil, sobre os “maléficos” comportamentos de quem nos visita ou a atitude “agreste” de quem recebe…

Escolho centrar-me na inteligência de quem livremente escolhe o Algarve para o justo descanso depois de um ano de trabalho, para o saudável convívio familiar durante as pausas letivas, para as inesquecíveis férias de que está na idade de descobrir a vida, para o romance dos seus sonhos ou para o lazer de quem já contribuiu para as futuras gerações.   
 
A esta altura já haverá quem pense…”Mas será que este marmelo quer enganar quem?”…”Vê-se logo que trabalha para o turismo!!!” Bem… a esses responderei que não nasci cá. Fui turista e hoje vivo, trabalho e tenho família no Algarve.
 
Algarve – partilha o segredo!

 

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escrytos

17/6/2017

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O Lugar ao Sul pretende ser um espaço de partilha, de reflexão, de (des)encontros mas, acima de tudo, um lugar de  criação de pensamento a Sul. Por isso, convidámos Ana Isabel Soares, professora da Universidade do Algarve, para escrever sobre o livro  escrytos de Paulo Pires, que reúne crónicas escritas na imprensa regional desde 2013 a 2017.

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Por Ana Isabel Soares

A editora Arranha-Céus, recente contraponto da Abysmo, lança o terceiro volume da coleção Doença Crónica. Escrytos: Crónicas e ensaios sobre cultura contemporânea (2013-2017) reúne ensaios e crónicas que Paulo Pires tem vindo a publicar, desde 2013, em jornais da região. A recolha em livro tem vantagens visíveis. Permite, por exemplo, a imediata continuidade dos ensaios mais longos (que, por imposição de espaço, saíram parcelados nas publicações periódicas) - e só isso bastaria para saudar o acréscimo de clareza à leitura destes textos já de si lúcidos, fluídos e clarividentes. É o estimulante pensamento de um cronista que transparece neste livro: mas de um cronista de espécie singular, pois escreve nas condições de programador cultural, que desde há anos assume no Algarve, e de criador. De 2002 para cá, Paulo Pires tem trabalhado intensamente junto de instituições como o Museu do Traje, em S. Brás de Alportel, o Centro de Estudos Ataíde Oliveira da Universidade do Algarve, a Fundação Manuel Viegas Guerreiro, ou o Município de Silves, e é o atual programador, na área das artes performativas, do Município de Loulé. Esta ligação profunda à programação cultural, quer como agente dinamizador, quer como criador (de música, teatro, ou microficção, para referir apenas algumas das áreas em que já desenvolveu projetos) faz de Paulo Pires uma das mais autorizadas vozes na reflexão sobre as questões que se colocam à ação cultural, nomeadamente numa região fora dos grandes centros de decisão. Mas a autoridade que lhe é reconhecida não lhe remete a voz para um lugar de conforto, para estabilidade nenhuma: em vez disso, a leitura dos textos Escrytos revela um desassossego constante, instigador e frequentemente provocatório - característico, afinal, das desinquietas almas que têm a cultura como razão de ser (pobres almas, que a si mesmas se açoitam com a ironia que Paulo Pires recorda, através do poema de Rui Pires Cabral, que oferece como epígrafe do livro).

São três as secções pelas quais se distribuem as crónicas: “Artes Performativas”, “Bibliotecas, Livros, Leituras” e “Cultura, Programação, Sociedade”. Sendo mais uma das vantagens de estarem assim coligidos os textos, esta arrumação apenas ilude o teor transversal de cada texto. Em todos eles se escreve, afinal, porque se pensou, de uma maneira abrangente, sobre cultura contemporânea. O eixo a partir do qual se pensaram e se escreveram estas crónicas é o Algarve: o que faz a cultura, na época da globalização, num lugar restrito? Como se constrói, num lugar concreto, a atual cultura do global? No fundo, as reflexões de Paulo Pires resultam do lema “Pensar globalmente, agir localmente”. Isto é, o seu interesse não é a mera deambulação conceptual ou filosófica, nem só o intelectual entretém - o que, a ser, teria já o grande valor de um exercício da maior das faculdades humanas; ultrapassado esse deleite, por causa dele e paralelo a ele, a insatisfação da alma procura modos de aplicar o que o pensamento permitiu. É assim que os olhares universais de Gilles Lipovetsky, Paulo Freire ou George Steiner se articulam com o modo como José Afonso, Sophia de Mello Breyner, Amália, ou Miguel Torga (para referir apenas alguns dos “forasteiros”) entenderam e viveram o Algarve, e com as propostas concretas para a região. Exemplo deste raciocínio rizomático, de ligações e de redes que a leitura tece, é a insistência na necessidade de parcerias e de maior aproximação entre os vários municípios algarvios, na tentativa de projetos comuns. No entender de Paulo Pires, essa união fará a grande força cultural do Algarve: a conclusão, a que chega em muitas das crónicas que agora se podem (re)ler, não resulta apenas do seu olhar crítico para o que lhe está quotidianamente próximo: é o licor destilado desse olhar com o alcance maior que reconhece nas leituras de quem, não estando necessariamente familiarizado com a realidade algarvia, faz mister do pensamento sobre o que é humano. 

 Escrever, fixar o vocabulário do pensamento, é uma atitude de resistência ao adormecimento cultural ou à aceitação das sucessivas crises (que sempre vêm). Paulo Pires, escrytor, oferece aqui o seu contributo para contrariar aquilo a que, em “Vocabularies of the economy”, Doreen Massey chamou a “hegemonia do neoliberalismo”, nas pérfidas consequências que impõe às várias formas de manifestação cultural dos povos.

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Atenção, não alimente os algarvios!

16/6/2017

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Por Gonçalo Duarte Gomes

O Verão está a chegar.

Um pouco por todo o Algarve, inicia-se a profunda inspiração colectiva de toda uma região, em busca de uma quase santa paciência, na preparação para aquela que é a sazonal invasão deste cantinho.

Sendo certo que eles já andem aí, com o solstício do próximo dia 21 de Junho, passem a vir aos pares, e ainda por cima de 3, abrindo oficialmente uma época de prodígios, nem sempre recomendáveis. Ora, se juntarmos à silly season o período de pré e não tão pré-campanha eleitoral para as autárquicas de Outubro... tenhamos medo. Muito medo.

Torna-se portanto, neste último escrito primaveril, um imperativo moral e de serviço público publicitar algumas regras de convivência que permitam que, com uma digna urbanidade, convivamos todos acatitados numa região conceptualmente desvalorizada, estruturalmente subdimensionada e deficientemente infra-estruturada.

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LOULÉ. Territórios, Memórias e Identidades

15/6/2017

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Por Dália Paulo

Quando se inicia um período de férias Loulé inaugura, a 21 de junho, no Museu Nacional de Arqueologia uma exposição com mais de sete mil anos de história!

Neste apontamento podia escrever sobre vários aspetos da exposição, mas escolhi apenas enfatizar dois: as relações centenárias entre o Museu Nacional de Arqueologia e Loulé e como uma exposição de arqueologia pode ser contemporânea.

O Algarve sonhou desde cedo, pela mão de Estácio da Veiga, criar um Museu Archeologico do Algarve. Ideia concretizada em 1881 com a abertura do Museu Archelologico do Algarve mas em Lisboa, numa dependência da Sociedade Nacional de Belas Artes. Museu de curta vida mas de muita luta de Estácio da Veiga, até à sua morte em 1891, para trazer a coleção de volta ao Algarve e fundar o Museu Archeologico do Algarve em Faro, tendo para isso criado o Instituto Arqueológico do Algarve, mas esse desiderato não viria a concretizar-se. E, assim, a coleção do Museu Archeologico do Algarve foi uma das coleções fundacionais do Museu Nacional de Arqueologia fundado por José Leite de Vasconcelos, tendo integrado o seu acervo em 1894, dessa coleção faziam parte vários bens patrimoniais de Loulé.

A segunda ligação entre o Museu Nacional de Arqueologia e Loulé acontece numa data histórica, 25 de Abril de 1974 quando o etnógrafo Manuel Viegas Guerreiro, natural de Querença, assume o cargo de Diretor do Museu Nacional de Arqueologia, tendo sido um dos colaboradores mais próximos de José Leite de Vasconcelos e um dos mais proeminentes estudiosos e continuador da sua obra.

Anos mais tarde, quando se inicia o processo de constituição do Museu Municipal de Loulé, para o núcleo de Arqueologia, são cedidos, em meados da década de 90 do século XX, pelo Museu Nacional de Arqueologia alguns desses objetos arqueológicos, que ainda permanecem em depósito em Loulé.

E já neste milénio, a 30 de maio de 2015 inaugura a exposição Quem nos escreve desde a Serra? e a instalação da artista Ângela Menezes, na entrada do Museu Nacional de Arqueologia, na Praça do Império e dá-se inicio ao projeto que deu origem à exposição LOULÉ. Territórios, Memórias e Identidades.

O outro aspeto que quero partilhar é a ideia de como uma exposição de arqueologia pode ser contemporânea ou contribuir para a nossa vida hoje. É contemporânea na forma como está pensada, na museografia que irá certamente impressionar uns, cativar outros e, ainda, inquietar outros tantos. É contemporânea porque trabalhou as questões da acessibilidade para chegar a diferentes públicos. É contemporânea porque permite trabalhar o Património Cultural na sua relação com o desenvolvimento local, com a criação de conhecimento, com a valorização patrimonial, como ativo para potenciar o Turismo Cultural no território ou como põe em valor o papel dos louletanos que ao longo dos tempos e hoje ainda preservam o património cultural, como factor identitário, de memória mas, acima de tudo, de pertença, de vida e vivência. É precisamente neste ponto que está, em nosso entender, o aspeto que pode ser o que torna a exposição LOULÉ. Territórios, Memórias e Identidades verdadeiramente contemporânea, porque nos põe em confronto com mais de sete mil anos de história, com uma longa diacronia que nos impele a posicionar, a questionar e a pensar a evolução dos lugares, dos territórios e da relação entre as pessoas quebrando preconceitos do eu e do outro, percebendo os contactos milenares entre povos, relativizando mudanças e pondo em foco transições e continuidades.

Aqui somos confrontados com os cuidadores de património e percebemos que ser louletano não é só por nascimento mas por opção, que quem veio de fora cuida, conserva e vive tão intensamente as paisagens culturais louletanas como quem vive há gerações neste território.

LOULÉ. Territórios, Memórias e Identidades são as estórias de mais de sete mil anos contadas através de meio milhar de objetos e dos seus doadores e guardiões.

Boa visita!


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Quando (o centralismo) é descarado ainda custa mais

14/6/2017

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Por Bruno Inácio

No que respeita ao bicho papão da descentralização, já estamos todos habituados ao jogo de cintura dos políticos de Lisboa ou daqueles que, não nascendo nesse clima capitalesco, foram absorvidos pelo deslumbramento do poder vigente na capital. Todas as decisões que centralizam ainda mais o país custam-nos, mas o que custa ainda mais é quando altos responsáveis políticos deste país já nem se dão ao trabalho de ter vergonha para exercitar o jogo de cintura nos argumentos públicos que exibem para tomar determinadas decisões.

Desta feita foi o Primeiro-ministro que descaradamente atirou à cara de todos os Portugueses não lisboetas as razões pela qual não sairemos desta cepa torta tão cedo. O caso deu-se a propósito da candidatura de Portugal para receber a Agência Europeia do Medicamento que será deslocalizada de Londres no âmbito da saída do Reino Unido da União Europeia. Ao se saber dessa notícia vários estados membros mostraram interesse em formalizar junto da Comissão Europeia candidaturas para receber o organismo. Portugal não foi excepção e cedo vários responsáveis políticos nacionais mostraram interesse em que a agência pudesse ser instalada em Lisboa, no Porto, em Braga ou em Coimbra.

Rui Moreira, Presidente da Câmara Municipal do Porto, escreveu uma carta ao Primeiro-ministro para lhe dar conta do interesse da cidade em acolher a agência. Não tardou a ter resposta na volta do correio. Sem desplante, António Costa, privado da falta de qualquer argumento sólido, nem se deu ao trabalho de construir uma narrativa que fizesse sentido. Se é para a malta da província, a malta de Lisboa não tem que se preocupar muito com o que diz.

Desmontemos os argumentos de António Costa para candidatura Lisboa em detrimento do Porto.

O primeiro argumento é a proximidade, em Lisboa, do Infarmed. Ora, como diz o ditado, “fala de barriga cheia”. Se o argumento de gerar desenvolvimento for o de apenas realizar investimentos onde já existe esse desenvolvimento, passaremos a vida toda numa pescadinha de rabo na boca e Lisboa será sempre Lisboa e cada vez mais Lisboa.

O segundo argumento é que só em Lisboa poderá vir a existir uma Escola Europeia, destinada prioritariamente a filhos de funcionários europeus. Mais um argumento primário e um atestado de incompetência a tantas escolas de elevada qualidade que existem neste país.

O terceiro argumento é o mais descarado de todos: existirem já na capital portuguesa duas agências europeias a funcionar. Ora, para além de ser mais da tal pescadinha de rabo na boca, é uma falácia em toda a linha. Paulo Rangel, eurodeputado, neste vídeo (ver aqui) não só desmonta todo este argumento como revela que tal situação é penalizadora para a candidatura de Portugal pois a maior parte das agências europeias descentralizadas não se encontram nas capitais do países. Em Espanha, por exemplo, que segundo a Rádio Renascença, existem cinco agências europeias. Nenhuma está situada em Madrid.

Este exemplo é apenas mais um a juntar a tantos outros que vamos assistindo regularmente e que prejudicam todo o país em prol de Lisboa. Confesso que me cansa falar e escrever tantas vezes sobre esta questão (aqui no Lugar ao Sul é tema recorrentíssimo) sob pena de dar uma imagem de provinciano. No entanto as coisas são o que são e vivemos em permanente desvalorização por parte do poder central que ainda não entendeu que a falta de coesão territorial é uma das principais razões da incapacidade do nosso país convergir com os restantes países da União Europeia.

E quando tudo isto é descarando, ainda custa mais.

Termino fazendo um apelo a assinatura de uma petição pública contra esta decisão. Podem assinar a petição carregando aqui
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Algumas curiosidades sobre o sector hoteleiro nacional

13/6/2017

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Por Luís Coelho.
 
Dedico o meu apontamento desta semana no Lugar ao Sul ao sector hoteleiro nacional. Como todos sabemos, este é um dos principais pilares do fenómeno turístico nacional, razão que por si só justifica a escolha do tema. Neste sentido, vamos lá falar de alguns números.

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A prodigiosa libido dos elefantes brancos

9/6/2017

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Por Gonçalo Duarte Gomes

Se esse conhecido atleta olímpico do desempenho reprodutivo, que é o coelho, tivesse uma noite escaldante com uma central de betonagem, e ao fruto desse caliente one-night stand fosse acrescentada a libido do Zézé Camarinha nos seus tempos de mocidade, ainda assim estaríamos aquém do portento hormonal que são os elefantes brancos do Algarve.

Houve um tempo em que tal bicheza andou meio esmorecida, frouxa, mole mesmo. No entanto, o actual e optimizado optimismo português (que vem provar o poder dos trios, pois após o efeito demolidor de uma troika saída de Sodoma, temos uma tríade partidária a deter o poder parlamentar, que por sua vez é dinamizadora de uma trindade milagrosa, assente em Futebol, Fátima e Festival) parece funcionar para os pálidos paquidermes como um cocktail de Viagra com Prozac, tudo bem batido – devia ser mixado, eu sei, até para evitar trocadilhos, mas sou um rústico – em Red Bull, com muita canela.

Embale-se tanta pujança no ritmo festivaleiro e trauliteiro de um ano eleitoral, e as luzes começam a baixar, o Barry White começa a soar em sedutor fundo e sabemos, até porque já vimos isto antes, que está prestes a acontecer o amor, à bruta e sem consentimento, com os bolsos dos contribuintes.
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O nosso inverno é o vosso melhor verão

8/6/2017

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Por André Botelheiro

Entrámos em junho, mês de início do verão e o nosso lugar ao sul entra na fase mais intensa da sua principal atividade económica. Todos os que vivem no Algarve, de forma mais ou menos permanente, conhecem bem o que esta altura do ano significa.

Sou dos que defendem e desejam que as nossas vidas, de residentes, quanto mais “afetadas” forem, melhor. Sinal que o verão turístico correu bem, com inegáveis ganhos, diretos ou indiretos, para todos.
​
Mas não é sobre o verão que quero escrever, começa o verão e apetece-me escrever sobre o inverno. Não por um qualquer saudosismo bucólico ou por ser de termóstato sensível ao esquentamento estival, mas porque o inverno algarvio merece mais respeito, sendo um desperdício a forma como usamos a marca Algarve no inverno. 

A consabida sazonalidade turística da região é agravada por um falso demérito do inverno algarvio no imaginário dos que nos visitam. Não quero com isto dizer que o nosso verão não tenha mérito próprio, tem e em excesso. Mas o desaproveitamento crónico com que a marca Algarve, desde os primórdios do turismo algarvio, tem lidado com a época menos quente do ano, muito tem vindo a contribuir para este pesado período de vazio no sector e, por arrasto, em todos os correlacionados.
 
É verdade que surgiram novas áreas mais segmentadas, como o turismo de natureza, de saúde, desportivo, ecoturismo, enoturismo, académico/científico, entre outros, cuja capacidade de atração fora da dita época alta já é uma realidade.  É também verdade que os animadores e crescentes números da dita época baixa, nos últimos anos, têm mitigado esse fosso, mas não chegam, a diferença entre uma e outra fase do ano é por demais evidente.
 
Para contrariar esse abandono a que ao longo de décadas o inverno tem sido votado no imaginário coletivo, temos vários argumentos de peso.
 
Começando pelo registo das médias climatológicas dos meses de inverno do Algarve que se aproximam dos valores médios do verão da maior parte dos principais países emissores de turistas para o Algarve. Por exemplo: Em Londres ou em Berlim a temperatura média no mês mais quente do ano, julho, é de 19 °C, mas a temperatura mais baixa de todo o ano é em janeiro com uma média de 5 °C e de -1 Cº, respetivamente. Até a acalorada Paris, que em julho tem uma temperatura média a rondar os 20 °C, durante o mês de janeiro tem uma temperatura média de 3 °C. Ora Faro, que no mês de julho tem uma temperatura média de 24 °C, tem no mês mais frio do ano, janeiro, uma temperatura média de 12 °C. Não é, por isso, um lugar-comum afirmar que o nosso clima temperado é uma mais-valia.
 
Os restantes argumentos são os mesmos que validam a época alta do turismo: boa hotelaria, restauração, património, paisagens, praias (sim, praia no inverno!), cultura, acessibilidades, desporto, natureza, segurança, preço, etc., etc., etc.

Se olharmos para o turismo como um produto e pensarmos que o verão é um segmento que se aproxima da sobreexploração e, por oposição, o inverno é o segmento com maior potencial na margem de crescimento, qual a decisão a tomar?
 
Imaginemos que se usavam os mesmos meios e recursos, que habitualmente se usam para comunicar e promover o verão algarvio, mas desta feita para “vender” o inverno algarvio.
 
Façamos um exercício ainda mais radical, imaginemos que para promover o verão, deixávamos de o comunicar e a aposta se centrava só no inverno. É que quando enaltecemos o nosso inverno, inerentemente está lá o nosso verão.

Podíamos, simplesmente, passar a dizer-lhes que: “o nosso inverno é o vosso melhor verão”!
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A segurança endógena no Algarve

7/6/2017

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Cristiano Cabrita junta-se à equipa do Lugar ao Sul e publica hoje o seu primeiro artigo. Semana sim, semana não poderá encontrar os seus artigos à quarta-feira.

Quem é Cristiano Cabrita?
Cristiano Cabrita nasce em Loulé no ano de 1977, filho de mãe louletana (boliqueime) e pai albufeirense (olhos de água). Doutorado em Ciência Política e Relações Internacionais pelo Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa. Licenciado e Mestre em Relações Internacionais pela Universidade Lusíada de Lisboa. É pós-graduado em Estudos Europeus pelo Instituto de Estudos Europeus da Universidade Católica Portuguesa. É Investigador Universitário na Universidade Católica Portuguesa e na Universidade Lusíada de Lisboa. Em 2007 inicia a sua carreira profissional na Câmara Municipal de Albufeira como técnico superior de relações internacionais. É, desde 2013, Chefe do Gabinete de Comunicação, Relações Públicas e Relações Internacionais. É um benfiquista dos quatro costados e aproveita todas as ocasiões para praticar o seu desporto favorito – futebol.  Viajar é para si um acto de enriquecimento cultural sendo, além da leitura, o seu hobby favorito. Explorador utópico do perfeccionismo, gosta de um bom convívio entre amigos, de todos os momentos em família e de um bom filme. Sobretudo, aprecia o silêncio dos sábados de manhã em que o telemóvel está desligado. Muito importante, é um acérrimo defensor de uma forma de autonomia política e administrativa para o Algarve.
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​A segurança endógena no Algarve
Por Cristiano Cabrita

Hoje, a convite do meu amigo Bruno Inácio, inicio uma colaboração com o Lugar ao Sul. Faço-o com redobrado apreço. Em primeiro lugar, porque já era um assíduo leitor deste Fórum. Depois, porque os meus “pares” – que semana após semana trazem novos temas para reflexão – são pessoas que se preocupam genuinamente com o Algarve e com as gentes algarvias. E isso, caros amigos, para mim, é alvo de reconhecimento pessoal e intelectual.

Como o leitor deve calcular, existe um conjunto de assuntos merecedores de análise, mas hoje decidi discorrer sobre a segurança no Algarve.

Após o ataque terrorista na cidade balnear de Sousse, na Tunísia, em 2015, começou-se a debater em círculos mais ou menos abertos o impacto que um acontecimento análogo teria na região. Talvez porque estivéssemos perante um destino concorrencial, muitas foram as vozes que pediram especial atenção para este novo elemento de instabilidade.

Consequentemente, seguiram-se seminários, conferências, debates, sessões de esclarecimento e outros (múltiplos) encontros em que o ponto de ordem era debater a (in) segurança no Algarve. A forma incessante como se debateu a temática resvalou, muitas vezes, para o campo da subjectividade ao confundir-se condições de segurança endógenas e exógenas. Por definição, as últimas descrevem as ameaças produzidas por factores externos, como é o caso do terrorismo. As primeiras relacionam-se, a meu ver, com condições que tem origem no interior, por exemplo, a segurança pública.

Antes de mais é preciso fazer um ponto de ordem: Portugal, em geral, e o Algarve, em particular, são dos destinos mais seguros do mundo. Não obstante, é importante reconhecer a dificuldade que as forças de segurança e serviços de informação têm em “dominar” a condição exógena. Por muito mais elaborado que seja o plano de segurança, por muitos milhões que se invistam na prevenção, na monoritização e na vigilância, basta a vontade de um ou mais indivíduos – como se viu recentemente em Londres e em Paris - para alterar toda esta dinâmica. Portanto, creio que até é contraproducente discutir a “segurança” ou a “insegurança” no Algarve. Quando existe segurança – porque essa condição lhe assiste fruto de um longo trabalho realizado por múltiplos actores – não é preciso andar constantemente a afirmá-la, sobretudo, se depender de factores externos.

Já a segurança endógena é um assunto completamente diferente. Passo a explicar. Ano após ano, Governo após Governo, a falta de efectivos de segurança no Algarve (PSP e GNR), tem sido um assunto constantemente debatido. O denominado “reforço de verão” só chega ao Algarve em meados de Maio/Junho, quando a época alta há muito que chegou às ruas algarvias. A aritmética é simples. Se um posto da GNR tem 50 efectivos para uma população de 40 mil residentes, e se esse índice populacional passa para 300/400 mil é óbvio que não se consegue impor a autoridade do Estado e a segurança com apenas 100 agentes da autoridade, mesmo que isso signifique o dobro dos efectivos. Isto para dizer que à semelhança do défice existente ao nível das infra-estruturas rodoviárias, de saúde e de serviços, entre outros, o Algarve também é alvo de negligência por parte do Estado Central no que concerne à segurança endógena. Imagine-se o que seria se a maioria das autarquias algarvias projectasse a sua estrutura orgânica  - e os seus serviços - somente para a população residente. Quando o verão chegasse, o Algarve fechava portas por falta de condições estruturais. Por isso mesmo, deve ser pensado um modelo que corporize verdadeiramente as necessidades de segurança do Algarve, ao longo de todo o ano.

E aqui , caros amigos, a garantia da condição endógena depende apenas e só do Estado Central e não de factores “externos”. É precisamente este ponto que devemos debater e defender até à exaustão.

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Saúde algarvia na rota de grupos parlamentares

6/6/2017

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Por Sara Luz

Findas as jornadas parlamentares do Partido Social Democrata (PSD) e do Bloco de Esquerda (BE) nesta terra de sol e mar, há quem finalmente possa sossegar porque, a par da região transmontana, o Algarve é também ele fonte de grandes assimetrias e ineficiências e, portanto, igual merecedor de atenção política.

A “visita turística” deu assim lugar a que ambas as forças políticas se debruçassem sobre questões pertinentes da região em matéria de ordenamento do território, economia, saúde, educação, turismo, cultura, mar, ambiente, floresta e proteção civil. Como tem sido habitual nas últimas semanas, o BE reforçou a necessidade do Governo investir na região em áreas mui nobres, a da saúde e educação. O PSD, por sua vez, apontou iniciativas legislativas concretas para posterior discussão parlamentar, nomeadamente, a construção do hospital central do Algarve, a requalificação da Estrada Nacional 125, a suspensão da cobrança de portagens na A22 durante a execução de obras, a ligação da ferrovia ao aeroporto de Faro, a revisão do Plano de Ordenamento do Parque Natural da Costa Vicentina e Sudoeste Alentejano, a intervenção no porto de Portimão, a conclusão do sistema de regadio de Silves, Lagoa e Portimão através da ligação à albufeira do Funcho, e a implementação do projeto sobre a Fortaleza de Sagres no âmbito da cultura.

Foi, contudo, na área da saúde que os dois grupos parlamentares se mostraram mais chocados. O deputado algarvio Cristóvão Norte considerou, inclusive, a área da saúde como central no leque das preocupações por ser aquela em que há menos dinheiro, piores indicadores de desempenho e maior dificuldade em inverter a situação. Para quem cá vive, não é novidade que a saúde no Algarve está pela hora da morte. E o facto das diferentes cores políticas parecerem alinhadas na intenção de devolver o Serviço Nacional de Saúde aos portugueses traz alguma expetativa. O próprio Governo tem-nos alimentado essa esperança com medidas como o investimento de 19 milhões de euros até ao final de 2019 no Centro Hospitalar do Algarve, ou ainda com a pretensão em expandir, melhorar e reforçar quer a Rede de Cuidados Continuados, quer os Cuidados de Saúde Primários.

Mas qual não é o espanto quando o Jornal Expresso publica no passado dia 31 de maio que, após o país sair da zona vermelha do controlo orçamental, a primeira recomendação da Comissão Europeia é aumentar o controlo da despesa na saúde, com base em que:

- Há um défice acumulado de 100 milhões de euros só no primeiro trimestre do ano (mais 7,8 milhões de euros do que em igual período do ano passado), com uma fatura que aumenta 1,5 milhões de euros por dia, desde fevereiro;

- As dívidas dos hospitais às farmacêuticas em março ascendiam a 892 milhões de euros (mais 29% do que no final do ano passado);

- Os prazos médios de pagamento aumentaram 35 dias em relação ao ano de 2016;

- Entre janeiro e novembro de 2016, o Estado gastou 1023 milhões de euros em medicamentos hospitalares inovadores (mais 80 milhões do que no período homólogo de 2015);

- Houve uma subida anual de 0,6% das comparticipações, equivalente à saída 1,2 mil milhões de euros dos cofres do Estado;

- A dívida total de fornecimentos e serviços externos aumentou de 1680 para 1849 milhões de euros.

​A par disto, a SIC transmite a 05 de junho que o Ministério das Finanças irá obrigar os hospitais a reduzirem em 35% a contratação de profissionais de saúde afetando sobretudo os hospitais fora das grandes cidades. Assim, não há saúde (algarvia) que resista!

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RATING DE PORTUGAL – 3º MAIS PACÍFICO DO MUNDO!

5/6/2017

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Por João Fernandes
Ora aí está uma classificação de crédito, também conhecida por rating, de que nos devemos orgulhar - Portugal é o 3º país mais pacífico do mundo!
O Instituto de Economia e Paz (IEP) é um Think Tank independente, apartidário e sem fins lucrativos, dedicado a mudar o foco do mundo para a Paz como uma medida positiva, alcançável e tangível do bem-estar e do progresso humano. Este instituto trabalha com um vasto leque de parceiros internacionais, colaborando com organizações intergovernamentais para medir e comunicar o valor económico da Paz.
Para este efeito, este Think Tank desenhou um novo quadro conceptual para definir a Paz, fornecendo métricas para avaliar a sua relação com a prosperidade, com base em fatores sociais, económicos, culturais e políticos - Global Peace Index (GPI).
A Islândia continua a ser considerada o país mais pacífico do mundo, uma posição que ocupa desde 2008, sendo sucedida pela Nova Zelândia, Portugal, Áustria e Dinamarca. Infelizmente, nada de novo na parte inferior do índice ... A Síria continua a ser o país menos pacífico do mundo, seguida do Afeganistão, do Iraque, do Sudão do Sul e do Iémen.
A contrariar a tendência de declínio registada na última década, o relatório do Global Peace Index  2017 considera que o mundo se tornou “mais pacífico no ano passado” (93 países melhoraram, enquanto 68 deterioraram a sua condição). Não obstante, houve um agravamento da "desigualdade na paz", a maioria dos países a registaram pequenas melhorias, enquanto um pequeno grupo de países sofreram significativos danos na sua condição.
O GPI revela ainda que o mundo continua a gastar enormes recursos na criação e na contenção da violência, mas muito pouco na Paz. De acordo com o Instituto de Economia e Paz, a chave para reverter este declínio é o da construção da Paz Positiva - um quadro holístico de atitudes, instituições e estruturas que sustentam a paz a longo prazo, através da capacidade de uma sociedade para atender às necessidades de seus cidadãos, reduzindo a tensão e os conflitos sociais, sem recurso à violência.
Ao nível das grandes regiões mundiais, a Europa continua a ser a região mais pacífica do mundo, com oito países no Top 10. As maiores preocupações com as fortes descidas registadas ocorreram na América do Norte, seguidas da África Subsaariana, do Médio Oriente e do Norte de África. A má avaliação da América do Norte deve-se inteiramente à prestação dos Estados Unidos da América, devido ao aumento da taxa de homicídios, do nível de perceção da criminalidade pela sociedade, à intensidade do conflito interno e ao aumento dos níveis de polarização política.
Feito este enquadramento sobre a instituição e as principais conclusões deste marcante Index, importa relevar que Portugal subiu duas posições para o terceiro no ranking geral (entre 163 países), a classificação mais alta que o nosso país obteve desde o início desta publicação. Portugal melhorou em 12 dos 23 indicadores GPI, passando assim também a ser reconhecida como a segunda nação mais pacífica da Europa. Uma melhoria notável, considerando que há apenas 5 anos se encontrava no 16º lugar!
Fazendo justiça à sua história de emigração, Portugal é também o segundo país do mundo que melhor acolhe e integra os imigrantes, segundo o novo Índex de Políticas de Integração de Migrantes (MIPEX).
Como dizia Daniel Traça, diretor da Nova School of Business and Economics, durante as Conferências do Estoril, este ano dedicadas ao tema das Migrações Globais, “Conseguimos, num mundo que se fecha, criar um espaço de tolerância que é raro noutros países”.

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Algarvopoly

2/6/2017

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Por Gonçalo Duarte Gomes

O Monopólio é um jogo interessante, quer de um ponto de vista pedagógico, quer sociológico.

Criado para explicar as teorias económicas de Henry George (que, mesmo sendo economista, tinha umas ideias interessantes, e pioneiras, relativamente ao valor social dos recursos naturais e do solo) e mostrar que os monopólios são coisa tramada, acaba por, basicamente, iniciar a petizada, desde tenra idade, no exercício especulativo sobre o qual assenta toda a economia contemporânea, tendo em vista conseguir promover a bancarrota alheia. É fofinho.

Só para termos ideia, no início do Séc. XX, quando o jogo é inventado, cá pelo feudo ensinava-se às criancinhas essa mariquice da Cartilha Maternal de João de Deus…
​
Em Portugal, e no Algarve em particular, joga-se uma épica partida de Monopólio, em que a região vai ficando depenada, qual triste jogador da versão de tabuleiro que, sem quaisquer propriedades de jeito em sua posse, cai sistematicamente na casa do Rossio, cheia de hotéis, até ficar KO e ter que abandonar o jogo.

Só que neste caso, esgotadas as notas, as propriedades, as estações de comboio e as companhias de serviços a entregar, será o jogo a abandonar a região.
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