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Novas tendências e onde fica a administração pública?

1/6/2017

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Por Dália Paulo

Estamos num momento em que parece comummente aceite que as palavras – colaborativo, transversal, intersectorial, redes – são a chave para o sucesso do desenvolvimento territorial. Por outro lado, confrontamo-nos com orgânicas administrativas que (ainda) na sua maioria não se adaptaram a estas novas dinâmicas, mais fluidas, de geometria mais variável, que se moldam a projetos e não a uma rigidez organizativa e/ou administrativa.

No momento em que as autarquias se repensam para eleições, em que a descentralização já não é uma miragem mas está a ser analisada pela ANMP (Associação Nacional de Municípios Portugueses) seria muito bom que houvesse um movimento inovador, disruptivo e, porque não, também criativo que pensasse novas orgânicas para a administração local, mais horizontais, que permitissem uma mais fácil adaptação às prioridades e necessidades das pessoas e que as colocassem no centro da decisão, através de um processo participativo que as implicasse e “empoderasse” na decisão e na vida das cidades. Estou a falar de um verdadeiro aprofundamento da cidadania, não estou a referir-me aos OP (Orçamentos Participativos) que são importantes mas a processos de co-decisão, por bairro, em que de forma partilhada se coloca no centro da governança a proximidade da ação e da decisão.

No sistema atual existem vários Conselhos Consultivos de diversas áreas – Juventude, Cultura, Desporto, Social – que têm na sua maioria uma eficácia diminuta e perpetuam relações de poder entre a administração e os cidadãos. É preciso repensar estes órgãos e torna-los mais ágeis, mais transversais e, acima de tudo, mais participados.

A Cultura pode ser o motor para esta transformação de modos de fazer, de pensamento transversal da cidade, de criação de novos olhares e de múltiplas centralidades. Não se trata de instrumentalizar a Cultura mas colocar as suas ferramentas ao serviço do desenvolvimento integrado de um território. Da criação de curadores de cidade (de bairro, de rua) que possam, em conjunto com urbanistas, paisagistas, arquitetos, sociólogos, arqueólogos, geógrafos, museólogos, artistas, cidadãos e decisores políticos, intervir na cidade com conhecimento, com proximidade e com tempo. Isto implica uma visão estratégica e um alinhamento funcional para gerir o território, implica saber ouvir, construir coletivamente, aprofundar o conhecimento e sair da zona de conforto.

Convocar o olhar da cultura e da arte para planear a cidade é inovação, é criatividade mas acima de tudo é ganhar ferramentas que permitem construir soluções diferenciadoras, ágeis e que proporcionam, ao mesmo tempo, bem-estar social e paisagens culturais mais humanizadas, cuidadas e seguras. Este tipo de abordagens é pouco comum em Portugal mas faz-se na Europa e aqui bem perto de nós Bota Filipe do Centro ZEFA (Almancil) tinha um projeto pioneiro, inovador e valioso para a melhoria do ambiente urbano, que consistia em criar equipas pluridisciplinares que com o olhar de um artista fizessem uma radiografia aos bairros, ruas, aldeias e cidades e com pequenas equipas de intervenção fossem olhando aos pormenores que, normalmente, fazem a diferença e que fossem transformando a cidade numa cidade cuidada e com Arte.

Estas notas soltas pretendem ser contributos para as muitas reflexões que por estes dias se fazem (ou devem fazer) para as cidades e concelhos, porque são precisas propostas que vão para além do visível ou do expectável.

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O Estranho Caso do Deputado João Vasconcelos – A sequela

31/5/2017

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Por Bruno Inácio

Quem não conhece aquela sensação de saber que está a chegar a sequela de um filme que nos marcou? Saber que a película vai ter continuação é motivo de alegria para qualquer cinéfilo cujo filme original foi bestial.

Ou não. Se o filme for aquele que aqui descrevi e comentei (qual Lauro Dérmio – mas sem jeitinho nenhum) no início deste ano e que intitulei de “O Estranho Caso do Deputado João Vasconcelos” (ler aqui), a existência de uma sequela só pode ser má noticia. 
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Maior Regulamentação do Alojamento Local: sim ou não?

30/5/2017

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Por Luís Coelho.
 
Retomo os meus escritos neste Lugar ao Sul para explorar um tema que está na ordem do dia e que provavelmente interessa a muitos algarvios. Em particular, gostaria de discorrer um pouco sobre a temática da necessidade ou não de aumentar a regulação do alojamento local (AL) em Portugal.

​Não sou especialista em direito algo que torna a minha reflexão mais desafiante. Assim, talvez faça sentido começar por elencar alguns pontos fortes e fracos que advêm do fenómeno do AL. Neste sentido e, como economista, sinto-me na necessidade de principiar a minha listagem apontando para o facto do AL ser uma fonte de rendimento interessante para muitas famílias. Em particular, apartamentos que até há pouco tempo estavam fechados ou desaproveitados ganharam nova vida quando foram colocados no mercado para receber turistas. Ao mesmo tempo o, AL incentiva a que exista um esforço de recuperação do imobiliário. Penso que todos concordarão com a ideia de que há anos atrás a tarefa de recuperar património era, em geral, pouco interessante. Tipicamente os custos associados a este tipo de projecto são elevados, o financiamento escasso e/ou caro e a procura relativamente baixa (recuperar uma casa num local onde todas as outras continuam na mesma tende a não funcionar). Ora, o fenómeno do AL muda radicalmente este cenário, tornando a recuperação dos imóveis interessante do ponto de vista económico. Assim, passa a ser viável intervencionar áreas relativamente grandes das nossas cidades - veja-se o caso do Porto ou de Lisboa - dando-lhes vida e gerando um benefício óbvio para todos.  Finalmente será também de comentar que o AL deve ser visto como um produto complementar ao que já se fazia (e bem!) em Portugal. De facto, quem procura o AL está interessado em conhecer melhor a forma como vivemos; quer ter a sensação do que é “ser Lusitano”. Parece-me que este perfil de turista é pouco compatível com aquele que tradicionalmente nos visita para ficar em hotéis, resorts e similares. Neste sentido, o AL diversifica a base da oferta e consolida o destino (Portugal) como um todo.
 
Como tudo na vida, nem tudo são rosas e, não fugindo à regra, é possível encontrar vários problemas associados ao AL. Para mim, o mais importante é o seu impacto sobre o mercado residencial normal. Note-se que o AL torna o alojamento de longa-duração pouco interessante: a fiscalidade é mais simpática, o rendimento e a capacidade de cobrar são maiores, os problemas com os inquilinos são potencialmente menores… Isto reduz a oferta de fogos para arredamento de longa-duração, o que tem um efeito nefasto sobre a população residente, a qual se vê paulatinamente empurrada para a franja das cidades. Curiosamente, um potencial sub-produto deste movimento é o aumento do preço do imobiliário, algo que é excelente para quem já é proprietário mas que penaliza imenso quem pretende adquirir a sua casa. Mais uma vez, quem quer entrar no mercado residencial vê-se forçado a optar por soluções menos centrais.
 
O AL tem ainda outros problemas que são eventualmente um pouco mais subtis. Por exemplo, os vizinhos são provavelmente expostos a um maior nível de “stress” quando há AL no seu prédio: há muita gente a entrar e a sair, pode eventualmente haver um menor cuidado com questões relacionados com o barulho no prédio ou higiene, etc. Cumulativamente, os prédios onde existe AL sofrem provavelmente mais desgaste do que outros que lhe sejam equivalentes mas que não conheçam tal fenómeno (pensemos na utilização dos elevadores, na necessidade de pintar as partes comuns, etc.). Por fim, há também um argumento relacionado com a segurança. Em particular, o AL permite que uma massa humana circule sem grande controlo por parte das autoridades. Bem sei que há requisitos formais de prestação de informação às autoridades quando se recebe estrangeiros no AL. No entanto, depois do registo inicial ter sido feito, o imóvel fica à disposição de quem o arrendou, sendo o controlo efectivo a partir dessa altura provavelmente muito reduzido (os hotéis, ainda assim, têm mais mecanismos de monitorização).
 
Posto isto, devemos ou não ter mais regulação sobre o AL? Confesso que me inclino para pensar que sim. A solução recentemente apresentada pelo PS parece-me, no entanto, um pouco desajustada. Em particular, choca-me pensar que ficaria ao livre-arbítrio de cada condomínio decidir sobre esta matéria. A aleatoriedade das decisões seria total, sendo que há quem defenda que esta solução é inconstitucional na medida em que viola o Direito à Propriedade Privada estabelecido no art.(º) 62(º) da Constituição da República Portuguesa. Neste contexto, inclino-me mais para um regime de quotas para o AL. Em particular, cada município deveria de ser capaz de mapear o seu território de forma a definir dentro de balizas claras a percentagem de fogos que pode ser usada para AL. Esta solução permite que o fenómeno do AL continue a crescer sem colocar em causa o equilíbrio entre o interesse dos que querem promover o turismo e aqueles que procuram uma solução de residência mais permanente. Por outro lado, o instrumento deve ser flexível para permitir que a recuperação da malha urbana não pare por falta de incentivo dos que a estão a levar a cabo. Finalmente parece-me de elementar justiça que os prédios onde exista AL sejam compensados por isso. Uma possível solução passaria pela distinção do valor do condomínio aos proprietários dos AL relativamente às restantes fracções. Tal diferenciação permitiria responsabilizar um pouco mais o AL pela necessidade acrescida de intervenções e/ou manutenções nas zonas comuns. Outra alternativa seria a formação de uma conta-poupança para a recuperação das partes comuns dos imóveis com AL, financiado com uma parte do rendimento proveniente dessa actividade económica.
 
Em suma, admito que o AL tem um papel importante no contexto da diversificação da oferta turística nacional e, por isso, deve ser um tema acarinhado pelo nosso legislador. Ainda assim, estou convicto de que é preciso fazer um pouco mais de forma a garantir que o AL tenha um efeito benéfico para a globalidade dos que cá vivem e não seja mais um instrumento gerador de problemas e assimetrias.
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Contributo (i)material para um Lugar ao Sul

29/5/2017

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Por Pedro Pimpão

Realizou-se no passado dia 27 de Maio, em Loulé, inserido na programação da Semana do Município de Loulé 2017, o agradecimento público pela Oferta de cerca de 20 mil Livros dos Professores Aníbal Cavaco Silva (5 mil) e de Guilherme d’ Oliveira Martins (15 mil). Um momento importante, quer por parte do Município pela iniciativa e guardião futuro dos livros, quer por parte dos doadores, pelo gesto sentimental para com as suas raízes familiares, mas também pelo incremento de riqueza cultural e intelectual para as gentes de Loulé e para o restante Algarve.

A Biblioteca Sophia Mello Breyner Andresen em Loulé torna-se assim num “local a sul” privilegiado de visualização, leitura e aluguer de vastas obras literárias, desde ao drama, passando por livros técnicos nas áreas económicas e culturais. Cabe agora à Biblioteca Municipal de Loulé e aos seus responsáveis a disponibilização de mais espaço e prática de boa gestão destes acervos oferecidos, bem como o incentivo a mais leitura e estudo, principalmente aos mais jovens, ajustando-se aos respetivos avanços tecnológicos. Como referiram o ex-Presidente da República Portuguesa e o ex-Presidente do Tribunal de Contas, ainda possuem mais alguns milhares de livros para oferecer como forma de retribuição a Loulé.

Por isso, Loulé tem de estar e vai com certeza estar à altura deste desafio.
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Parlamentar no deserto algarvio

26/5/2017

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Por Gonçalo Duarte Gomes

Era uma vez um Ministro das Obras Públicas.

Certo dia, tão ilustre personalidade, buscando um sítio para instalar um aeroporto, e mirando o Tejo de Norte para Sul, teve uma violenta epifania, ao nível do intestino grosso, que rapidamente fez ligação directa às cordas vocais, levando-o, num incontrolável e irreprimível impulso, a afirmar que para lá do rio, não havia gente, não havia escolas, não havia hospitais, não havia cidades, não havia indústria, não havia comércio, não havia hotéis. No fundo, um deserto.

Conclusão óbvia: jámé lá se faria o que fosse.

O Ministro descobriu entretanto a sua verdadeira vocação e dedicou-se à Revista à Portuguesa.

Mas deixou escola. E o Algarve, para não variar, trama-se.
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Que Educação tem Lugar ao Sul?

25/5/2017

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 André Botelheiro junta-se à equipa do Lugar ao Sul e publica hoje o seu primeiro artigo. Semana sim, semana não poderá encontrar os seus artigos à quinta-feira.

Quem é André Botelheiro?

Nascido a 15 de maio, acabou de entrar para o incrível segmento dos “entas”. Licenciado em Direito pela Universidade Lusíada de Lisboa, passou pela Universitá degli Studi di Firenze (Itália) como estudante ERASMUS. Mais tarde, ingressou na pós-graduação em Direito Penal Económico Europeu na Universidade de Coimbra e, mais recentemente, no Mestrado em Sociologia na Universidade do Algarve. Cumprindo um sonho de criança, em 2001, passa a exercer advocacia mas interessou-se sempre por construir um percurso profissional diversificado: integrou a equipa de voluntários da Expo'98, como assistente de produção no Palco SONY; coordenou equipas de recenseadores nos CENSOS de 2001; inaugurou o gabinete de apoio jurídico para o associativismo juvenil do IPJ-Faro; geriu as equipas de voluntários no Media Center do Estádio Algarve durante o Euro’2004; presidiu à Comissão para a Dissuasão da Toxicodependência de Faro, sob a alçada do IDT; e assessorou o Reitor da UAlg. É na comunicação que encontra a sua paixão e, atualmente, é coordenador do Gabinete de Comunicação e Protocolo da UAlg e diretor executivo da rádio RUA FM. Farense convicto desde 1977, acredita no poder da cidadania livre e participada. Faz das viagens os seus escapes, da sua moto a sua fiel companheira, da família e dos amigos o seu suporte básico de vida. Interessa-se por tudo o que resulte no debate saudável de ideias, em particular, política, história, música, desporto e, claro está, este tão afamado Lugar ao Sul!
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Que Educação tem Lugar ao Sul?
Por André Botelheiro

O começo não foi fácil e ainda não o está a ser, no momento em que começo este pedaço de texto.

Comecei por me surpreender quando, seguramente sob efeito da toma excessiva de amizade, a Dália Paulo me telefonou e em jeito de desafio, de alto risco para a própria, convidou-me para integrar este espaço de encontro que tem o Sul como norte para a prosa.
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Comecei por procurar razões, objetivas, para, em auto-negação, declinar o amistoso convite. Encontrei imensas e as suficientes. Mas não o fiz... afinal, há sempre “Lugar ao Sul” para mais um.
Para começar, havia que escolher. E decidi começar, como não podia deixar de ser, pelo Sul. Mas pelo que julgo ser o alicerce de um qualquer outro ponto cardeal... a Educação.

E o que tem a Educação a ver com o Sul? Tudo e Nada.
Nada, porque objetivamente havia a necessidade imperiosa de, simplesmente, começar. Nem que fosse para corresponder ao compromisso assumido.
Tudo, porque, sem exageros, acredito que é na Educação que Tudo começa! É o maior valor que uma sociedade pode construir para garantir um futuro, digno desse ideal.

A resposta, inquietante, foi confirmada em alguns dados que o mais recente relatório “Estado da Educação 2015”, publicado pelo Conselho Nacional da Educação em 2016 (www.cnedu.pt ), revela sobre este nosso lugar ao Sul de Portugal.

Sem pretensões, e por manifesta incompetência para uma análise mais aprofundada, decidi partilhar alguns dados avulsos que, como tal, não respondem a todas as inquietudes que levantam, mas impõem surpresa e uma reflexão conjunta da sociedade que decidiu como sendo seu este lugar ao Sul, vulgo Algarve.

Assim, sem mais demoras, observa-se que em 2014/2015:
- O Algarve é região do continente com maior taxa de retenção e desistência nos ciclos do ensino básico regular: no 1º ciclo com 6%, 2 pontos percentuais acima da taxa nacional (4%); no 2º ciclo com 11,2%, mais 2,8 pp que a taxa nacional (8,4%) e no 3º ciclo atinge 15,4%, mais 3,4 pp que a taxa nacional (12%).
- O Algarve tem o pior registo no continente (23,1%) quanto à taxa de retenção e desistência nos cursos científico-humanísticos do 10º, 11º e 12º ano, são 4,8 pp acima da taxa média nacional (18,3%).
- O Algarve, com 87%, apresenta a taxa de conclusão do ensino básico regular (9º ano) mais baixa do continente (-2,3 pp que a taxa média nacional).

Os resultados não são melhores quando analisada a taxa de conclusão do 12º ano no ensino secundário regular. Com 62,9%, revela a taxa de conclusão mais baixa no continente, com menos 7,1 pp que a taxa média nacional (70%). Acresce que, no distrito de Faro menos de 80% dos diplomados em cursos científicos-humanísticos do 12º ano (em 2013/14) ingressaram no ensino superior (em 2014/15), sendo o pior resultado do continente em comparação com os mais de 90% registados nos distritos de Coimbra e Bragança.

Obviamente, estes dados escondem muito mais do que aquilo que numa primeira análise percepcionamos. Ainda assim, podemos concluir que, em 2014/2015, o Algarve é a região do continente com os indicadores de retenção, de desistência e de conclusão mais negativos em todos os ciclos de estudo do ensino básico e do ensino secundário regular, com a agravante de ser a região em que menos alunos prosseguiram os seus estudos após conclusão do 12º ano.

As assimetrias da própria região, a sazonalidade das atividades económicas, o apelo do “emprego fácil na praia”, poderão indicar algumas pistas para eventuais respostas.

O cenário futuro ilumina-se quando verificamos que o Algarve tem uma das maiores concentrações de população residente em idade escolar (0-24 anos) do país (112.024 no ano de 2015), deixando para trás distritos como o de Aveiro e de Coimbra. Esta população jovem é cada vez mais multicultural, enriquecida pela mais alta percentagem do número de alunos de nacionalidade estrangeira que frequentam o ensino básico e secundário (10%), muito acima da média nacional (3,7%). No presente ano letivo, a Universidade do Algarve irá atingir o número record de estudantes de nacionalidade estrangeira, já serão 15% dos alunos da academia algarvia. Matéria-prima não nos falta.

Mas o assunto é sério demais para ser alvo de descobertas às apalpadelas. Exige mobilização regional de todos os atores, autárquicos, académicos, empresariais e agentes educativos para, em conjunto, se aprofundar a questão: que Educação tem Lugar ao Sul? 
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Este não é o Admirável Mundo Novo

24/5/2017

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Por Bruno Inácio

Este não é Admirável Mundo Novo. Não é também o mundo dos Campeões da Europa de Futebol, do Ronaldo, do Secretário Geral das Nações Unidas ou do Salvador (falo do da Eurovisão, não d´O Salvador!). 
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Fonte: ​howmuch.net 

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Turismo de saúde: uma ameaça ou oportunidade para o Algarve?

24/5/2017

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Por Sara Luz​
Com o crescimento económico do país na ordem do dia as estratégias que visem potenciar ainda mais esse crescimento são merecedoras de olhar atento. O turismo de saúde é, precisamente, um desses casos. Uma estratégia de valor acrescentado para a economia portuguesa em virtude da combinação da expansão do setor do turismo com o envelhecimento da população europeia e as tendências de “culto ao corpo”, saúde e bem-estar.

Segundo o estudo apresentado pelo Health Cluster Portugal em 2014, prevê-se que até ao ano de 2020 o turismo de saúde possa contribuir com mais de 400 milhões de euros por ano, receita esta proveniente essencialmente de spas, centros de talassoterapia e termas. Ao nível do turismo médico, apesar da contribuição prevista ser mais modesta (94,6 milhões por ano), este é um subproduto do turismo de saúde com grande potencial de expansão em Portugal. Esta visão é partilhada pelo Governo que recentemente manifestou interesse em dar continuidade ao trabalho que tem vindo a ser desenvolvido nesta área durante os últimos anos, através de investimento público e colaboração entre diversos stakeholders.

Por terras algarvias, o crescimento do setor privado tem permitido dar cartas ao nível do turismo médico. Já ao nível do setor público, as respostas para se ultrapassarem os problemas graves de saúde na região têm sido pouco inovadoras e os resultados (que estão à vista!) muito limitados. Deste modo, não será de se aproveitar a boleia do turismo para fazer face às dificuldades de saúde no Algarve? Se pensarmos que para uma unidade hospitalar desenvolver o turismo médico é necessário atender a pressupostos para criar confiança nos mercados alvo (e.g., certificações, acreditações, taxas de  mortalidade, complicações e readmissões por procedimento, rácio de enfermeiros por cliente, informações de corpo clínico, afiliações com outros hospitais, tecnologia médica disponível, políticas de privacidade dos clientes, entre outros) esta poderá ser uma oportunidade para se melhorar a qualidade e a segurança dos cuidados, as condições de trabalho dos profissionais de saúde e os resultados em saúde. Deste modo, considera-se que o turismo médico pode ser visto como uma oportunidade para o crescimento do setor da saúde no Algarve. Mas, e porque a complexidade do setor assim o exige, se ao turismo médico não se juntarem outras estratégias dirigidas a montante e a jusante dos hospitais, esta será mais uma ameaça para a região.
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UM CONTRATO ENTRE GERAÇÕES!

22/5/2017

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Por João Fernandes

À semelhança de outros países europeus, Portugal enfrenta sérios desafios ao nível da relação entre o necessário crescimento económico, o exigível equilíbrio financeiro e a garantia de padrões de bem-estar dos seus cidadãos.
 
O emprego parece-me um dos principais nós górdios nesta equação.
 
Como garantir os direitos dos trabalhadores mais antigos e, simultaneamente, reduzir o desemprego dos jovens que “assistem” ao adiar das suas carreiras e projetos de vida?
 
Se por um lado, é indispensável não descurar os mais experientes, que já contribuíram para o benefício de todos, por outro, um país que impede a inclusão dos jovens na plenitude da sua vida ativa está a desperdiçar a sua geração mais qualificada.
 
E como promover a competitividade das empresas e proteger o emprego?
 
Em economias abertas, a competitividade é cada vez mais determinada pela intensidade do conhecimento e do emprego qualificado. O sucesso das empresas portuguesas, sujeitas à concorrência global, dependerá certamente da sua capacidade em integrarem as novas gerações.
 
Face à dificuldade em rejuvenescer os seus quadros, nos últimos anos, a tendência tem sido a precarização do mercado de trabalho, através de “instrumentos de flexibilidade”, com especial prejuízo dos mais novos (abuso dos estágios, do trabalho independente, de trabalho temporário ou dos contratos a termo).
 
Em suma, dificilmente evitaremos mudanças na forma de organização tradicional das empresas e da vida das pessoas, sem desenharmos políticas públicas que ajudem a reverter esta situação!
 
Por exemplo, o número de horas de trabalho deverá variar ao longo da vida, aumentando progressivamente o tempo dedicado a outras atividades, conciliando a vida profissional e familiar e facilitando a relação entre gerações.
 
Atento a esta problemática, o Governo pretende implementar o chamado “contrato-geração”.
 
A ideia parece um Ovo de Colombo. Um trabalhador mais velho passa a trabalhar a tempo parcial, suportando o Estado a diferença da remuneração salarial que este perde pela redução de horário.
 
A empresa, com a poupança salarial criada, compromete-se a contratar um jovem desempregado.
 
Para a empresa não há encargos adicionais e o Estado passa a ter um contribuinte, em vez de um encargo com um beneficiário do subsídio de desemprego.
 
Nesta medida, é obviamente muito importante que haja equilíbrio entre o valor total que o Estado passa a poupar em subsídio de desemprego e a receber em contribuições para a Segurança Social e o valor que terá que assegurar aos trabalhadores que entretanto passam a trabalho parcial.
 
De qualquer forma, parece-me um excelente exercício de incentivo à competitividade das empresas, de combate ao desemprego jovem e de valorização da qualidade de vida dos mais experientes.
 
 

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Algarve procura resort para relação pouco séria

19/5/2017

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Por Gonçalo Duarte Gomes

O amor é coisa linda. Mas, dentro dessa lindeza generalizada, nada bate a fase do namoro. Ah, a descoberta, o mimo, o encantamento tamanho...

Num modelo tradicional – tão em crise depois do marialva manifesto do Gonçalo da Câmara Pereira – compete ao menino cortejar a menina, levando-a a passear, oferecendo-lhe flores, apaparicando-a. Mariquices, vá. Mas depois há malta mais burgessa, que tenta abordagens um bocadinho mais kamikaze e paleolíticas, do estilo "adoro-te tal como és, mas mudava tudo em ti". E não é que, pasme-se, resulta?

Vai um exemplo? Algarve. Região formosa, vive em permanente sobressalto amoroso, envolvida em arrebatadores romances de andaime com inúmeros resorts turísticos que lhe prometem a salvação do encalhado marasmo da sua simplicidade provinciana. Embevecidos com a sua beleza natural e os valores paisagísticos presentes neste Éden terreno, estes pretendentes abeiram-se docemente, para depois lhe sussurrarem melosamente ao ouvido: “vou transformar-te de cabo a rabo”. Ternurento.

Ela, bimbalhona, tarda em dar a única resposta adequada a tão tóxicas paixonetas: “Não vai dar. Não sou eu, és mesmo tu”.
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Hoje é Dia Internacional dos Museus, vivam os Museus!

18/5/2017

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Por Dália Paulo

Hoje é Dia Internacional dos Museus, celebração promovida desde 1977 pelo Conselho Internacional de Museus (ICOM). Este ano o tema para celebração e reflexão é Museums and Contested Histories: Saying the Unspeakable in Museums, que foi traduzido para português como: Museus e histórias controversas: dizer o indizível em museus.

Há sempre histórias que ficam e ficarão por dizer. Por medo. Por pudor. Por desconhecimento. E isso é mau? Tudo poderá ou deverá ser dito? Se sim porque o museu holandês Rijksmuseum está a refazer legendas e a ocultar palavras como “negro”, “mouro”, “escravo”? Respeito pela diversidade, pela humanidade não espartilhada ou apagamento da memória? Este é um tema controverso e não consensual entre os profissionais de museus. As palavras ditas ou escritas importam, marcam, têm significado e criam significados. E quando temas controversos têm (devem) de ser trabalhados na atualidade, a escravatura, a homofobia, a igualdade de género, os refugiados, o terrorismo, a pobreza, que palavras utilizamos, eufemismos? Não são os museus casas da resiliência, da transformação e tolerância mas também de interrogação e de permanente inquietação. Devem ser!

Contudo, mais do que a reflexão neste dia privilegia-se a parte da comemoração, para criar relevância, porque, como lembra Nina Simon no livro The Art Of Relevance, isso significa criar compromisso e criar valor. Assim, as equipas estão em festa e abrem as portas do museu a diversas atividades, com dia aberto, gratuito, visitas orientadas a coleções e patrimónios, visitas orientadas a bastidores, passeios descoberta, palcos de música, dança ou teatro são a principais ofertas. Estas ações permitem um engajamento, uma maior aproximação e envolvimento, derrubar resistências e diminuir alheamentos, e a criação de afeto entre os museus e as suas comunidades.

Uma feliz coincidência de datas!

No Dia Internacional dos Museus e no ano em que a Rede de Museus do Algarve completa 10 anos (a 16 de outubro) a região quer tornar-se inteligente e organiza, através da AMAL e CCDR Algarve, nestes dois dias (18 e 19 de maio) o Next.Mov – Smart Region Summit. De forma inovadora este desafio de transformação alimenta um sentimento de grande esperança para modificar o pensamento e a ação da região e torná-los partilhados, integrados e participados. Conceitos e práticas que os museus começam a usar na década de 70 do século XX, com a Declaração de Santiago do Chile, e que pelo Algarve começaram a ganhar novas formas em 2006.

Hoje começa a ouvir-se muito a expressão Economia Colaborativa, como aconteceu na sessão de abertura do Next.Mov – Smart Region Summit, a Rede de Museus do Algarve foi pioneira nessa prática que implica uma partilha de recursos, que exige inovação no fazer, inovação na forma de relacionamento entre instituições, na capacitação das equipas técnicas, que necessita de geometrias variáveis de atuação, que exige confiança entre os parceiros, que exige mais horizontalidade, agilidade e competências de gestão. Nesta feliz e disruptiva ideia de região inteligente podem e devem as instituições promotoras contar com a experiência dos museus, dos teatros e dos arquivos, assim como de forma integrada, inovadora e inteligente trabalhar o Plano de Mobilidade Urbana Sustentável também a partir do conhecimento e ferramentas da área Cultural.

Neste dia de celebração quero terminar, dedicado este apontamento a Sul às equipas dos museus que de forma indizível e resiliente vão sabendo dizer “eu não vou por aí”…

Hoje é Dia Internacional dos Museus, vivam os Museus, os seus profissionais e os públicos!


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Projectar o amanhã a partir do Algarve

17/5/2017

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Por Bruno Inácio

Tem lugar amanhã e sexta-feira (18 e 19 Maio) o next.mov – smart region summmit no Autódromo Internacional do Algarve em Portimão. Um encontro que conta com expositores e conferências de elevada qualidade  na área da mobilidade e da transformação digital.

Pela primeira vez o Algarve acolhe um certame desta dimensão dedicado ao pensamento estratégico da implementação de novas tecnologias associadas a áreas como a mobilidade e a gestão das cidades.
Adicionalmente o evento contará, em paralelo, com o 1º Encontro Nacional de Autoridades Intermunicipais de Transportes que juntará a mesma mesa um conjunto de players da área desde o Governo, as comunidades intermunicipais passando pelas estruturas do estado com responsabilidades nesta área.

Parece-me particularmente relevante a realização desta iniciativa num contexto da tentativa de a região implementar uma estratégia para a mobilidade regional através da sua Associação de Municípios.

Esta é também a oportunidade para o Algarve mostrar que tem capacidade de produção de conteúdos – do ponto de vista do pensamento estratégico, mas também da colocação em prática – que possam ser uma referência junto dos municípios e de outras entidades com responsabilidade de gestão territorial.

Fica o site com informação do evento: www.smartregion.pt

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Economia Portuguesa: o (outro) elefante na sala

16/5/2017

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Por Luís Coelho

Quinta-feira passada o Negócios brindou os seus leitores com vários apontamentos sobre os desafios actuais da economia Portuguesa. Como seria de esperar, tópicos como o excesso de dívida pública, o desemprego e a falta de competitividade foram longamente apontados como centrais naquela que parece ser uma camisa-de-forças que impede o desenvolvimento económico do nosso País. Mas há mais…
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Vejamos o caso do peso da dívida privada no Produto Interno Bruto (PIB). Parece-me importante escrever sobre este tema pois tenho a sensação que o mesmo é pouco conhecido do público em geral na medida em que os media preferem centrar o debate no problema da dívida pública. No entanto, segundo o Negócios, no final de 2016, empresas e particulares residentes em solo nacional tinham acumulado um stock de dívida que representava 172% do PIB. Isto é muito ou pouco? Bom, é colossal. Se tivermos em conta que a dívida pública nacional representa “apenas” 130.4% do PIB podemos perceber a dimensão do problema que temos entre mãos. Mais, a Comissão Europeia considera que o peso da dívida privada não pode exceder os 133% do PIB. Nesse sentido, Portugal está na mira de Bruxelas no que toca aos requisitos relativos ao Procedimento dos Desequilíbrios Macroeconómicos. Este mecanismo tem uma filosofia similar ao do Procedimento dos Deficits Excessivos – mais conhecido dos cidadãos por ser citado amiúde nas notícias – mas é mais abrangente pois não se foca apenas no deficit público mas sim num conjunto alargado de indicadores económicos.

Macroeconomês à parte, qual é a importância de termos tanta dívida privada? Há pelo duas questões a considerar. Primeiro, empresas endividadas têm menos capacidade para investir. De facto, o endividamento (quando excessivo) garrota a possibilidade das empresas expandirem o seu negócio, inovarem e reagirem de forma rápida a mudanças do mercado. Segundo, dívida (a mais) tem implicações sobre o crédito malparado. A crise que ainda estamos a passar é a prova deste fenómeno. Quando a economia entra em recessão, empresas e particulares têm tendência para deixar de cumprir as suas obrigações para com os seus credores. É isto que origina o malparado, verdadeiro cancro do sistema financeiro. Em particular, quanto maior for o malparado menor será a capacidade dos bancos para emprestarem dinheiro. Logo, as empresas vêem-se impossibilitadas de renovar os seus créditos (o que aumenta o malparado) ou arranjar dinheiro para fazer crescer o negócio (o que agrava a recessão). Por outro lado, os particulares deixam de aceder ao crédito o que agrava ainda mais a falta de dinamismo económico pois a procura por bens e serviços só pode cair. Se há menos procura as empresas produzem menos. Despendem mais. Pagam menos impostos. Estão a ver o filme: se nada for feito, podemos assistir ao colapso absoluto de toda uma economia.

Para piorar o cenário, resolver a questão não é fácil. De todo. Do ponto de vista empresarial, o remédio passa por substituir crédito por capital próprio. Em português: os accionistas têm de colocar dinheiro do seu bolso nas empresas e com isso pagar o crédito acumulado. Alternativamente, o negócio é tal ordem rentável que permite por ele próprio consolidar uma estrutura de capital menos assente em dívida. Já no caso dos particulares a solução passa por alterar os hábitos de poupança. Em particular, se se aumentar a poupança (o que implica consumir menos ou gerar maior rendimento) reduz-se a necessidade de pedir emprestado. Claro, maior poupança também significa uma maior capacidade para pagar a dívida já contraída. Parece difícil, certo?

O governo avançou com algumas medidas para tentar atalhar parte do problema que descrevo acima. Por um lado, tem vindo a implementar uma política de reposição de rendimentos que, em tese, deveria ajudar a aliviar os problemas com a dívida dos particulares. Por outro lado, dentro do seu plano nacional de reformas, avançou com o programa capitalizar e prepara-se para apresentar uma versão melhorada do processo judicial que visa regular a insolvência empresarial. Resultará? Cá estaremos para ver.
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Descentralizar a banca no Algarve

15/5/2017

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Por Pedro Pimpão

Ao longo dos últimos anos, tenho assistido a uma crescente centralização da tomada de decisão por parte da banca portuguesa, seja devido à crise e por isso maior controlo na decisão das operações de crédito, seja simplesmente devido aos avanços tecnológicos. Não sendo assim a descentralização somente uma matéria exclusivamente da Administração Pública.

Esta situação provocou o fecho de balcões que continuará nos próximos anos e consequente fuga de quadros da área financeira para as capitais, muitos deles graduados nas respetivas Instituições de Ensino Superior sediadas da Região. Além do próprio emprego destruído em termos imediatos, as pequenas e médias empresas a nível local e regional ressentiram-se das “apertadas” análises de risco, por vezes “cegas” nas concessões de crédito. Bem sei que tal deve ter subjacente uma rigorosa análise ao financiamento por parte das Instituições de Crédito de forma a prevenir eventuais valores elevados de imparidades. Mas também perceciono que tal análise, também de âmbito qualitativo, tem como base o risco local de enquadramento, muitas vezes menosprezado por políticas meramente centralizadoras de controlo, não tendo em conta a componente de empreendorismo e inovação necessariamente incutida. 
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No caso do Algarve existe atualmente uma Instituição de Crédito – a Caixa de Crédito Agrícola Mútuo (CCAM) (não querendo fazer publicidade gratuita) que poderá aproximar-se deste meu apelo à descentralização na análise de risco e respetiva tomada de decisão na concessão de crédito. Mas é pouco. A Região enfrenta, nos dias de hoje, um “boom” de turismo, já muito debatido neste “Lugar ao Sul”, mas não existem há alguns anos até ao momento, mecanismos suficientes à disposição de pessoas e empresas, como resposta a um ambiente “amigo” de investimento local e regional para esta atividade – turismo – e para as de “arraste direto”, tais como a agricultura e o mar, entre outras. Os fundos comunitários à disposição da Região ajudam, mas não são suficientes. Por esta razão, deve ser “redesenhado” o Banco de Fomento do Algarve em parceria com o CCAM e outras se possível, como uma Instituição capaz de financiar desde os micro projetos às denominadas PME’s locais e regionais. Seguindo os princípios orientadores de rigor e transparência das regras bancárias em vigor, esta nova Instituição, outrora criada em 18 de Março de 1932, teria de ser capaz de fomentar e incentivar a economia exportadora da Região, financiar projetos empreendedores em colaboração com os fundos estruturais e com as Autarquias e por fim, capaz de ser um canal de intermediação e de lançamento de projetos com o Banco Europeu de Investimento e diversos programas de investimento europeu.

Fica a ideia e proposta para reflexão futura dos nossos decisores políticos locais e regionais, bem como empresários e população em geral.  

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Regionalização táctica

12/5/2017

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Por Gonçalo Duarte Gomes

A regionalização está para as aspirações algarvias mais ou menos como aqueles chanatos milagrosos e joelheiras elásticas das televendas estão para os coxos e marrecos: no fundo, no fundo, sabe-se que não serve para nada, mas o desespero é tão grande, que já se está disposto a tentar de tudo.

Isto porque, tal como sabemos que calçar umas pantufas – ainda que estilosas e caras para burro, quase parecendo que foram desenvolvidas pela NASA, ali taco a taco com as viagens a Marte – não nos mete a correr a maratona, também sabemos que a regionalização não vai mudar a realidade do Algarve ou resgatar a política, que é, nas palavras do Frei Fernando Ventura, “o exercício mais nobre da cidadania”, do labirinto da partidarite profissional.

Mas nem por isso se deixa de sacrificar todos os cordeiros em honra a esse Sétimo Céu administrativo, numa espécie de messiânico Sebastianismo institucional. Hoje até nem é mau dia para crendices, já que é dia santo, de acordo com o calendário laico...

E depois, pensando bem, num País que acreditou até em mamografias por satélite – em tempos bem mais divertidos do que estes, note-se – provavelmente estou a ser picuinhas.
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Financiamento colaborativo – uma oportunidade (ainda) por explorar!

11/5/2017

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Por Dália Paulo
Já dizia o poeta que o mundo é composto de mudança. O novo milénio traz-nos uma nova forma de financiamento colaborativo ou crowdfundig. Na primeira década dos anos 2000 foi instituída, em vários países europeus, regulamentação para esta nova forma de democratização financeira, a título de exemplo a Alemanha, em 2006, e a França em 2008. Em Portugal a legislação é mais recente, remontando ao ano de 2015. A Lei n.º 102/2015, de 24 de Agosto, regulamentada pela Portaria n.º 344/2015, de 12 de Outubro e, no ano passado, a Comissão de Mercado de Valores Imobiliários aprova o Regulamento da CMVM n.º 1/2016 para o Financiamento Colaborativo de capital ou por empréstimo. Leis que regulamentam a forma de fazer a oferta através de comunidades on-line, depois há todo um trabalho a fazer por quem quer “vender” o seu projeto e uma mudança de atitude e implicação da sociedade nestes novas formas de economia.

Num estudo de 2015 da Universidade de Cambridge - Moving Mainstream, The European Alternative Finance Benchmarking Report, realizado por Robert Wardrop, Bryan Zhang, Raghavendra Rau and Mia Gray - apresenta uma radiografia de como tem vindo a evoluir esta nova forma de economia partilhada. Referindo-se a um período que medeia entre 2012-2015 verifica-se que o crowdfunding se torna um instrumento económico importante e válido.  Daniel Oliver, Presidente da Associação de Crowdfunding espanhola diz-nos que “a perda de relevância nas instituições tradicionais faz com que aumente a confiança na economia partilhada”, acrescentaria eu que a mudança de necessidade do consumidor final também. Aliás estes novos processos trazem associados mais-valias que os cidadãos consumidores hoje valorizam: transparência, rapidez, mensagens claras e diretas, capacidade de envolvimento e de compreensão desse envolvimento, capacidade de escolha e de construção de projetos que possam ser socialmente mais próximos das pessoas. 

Uma pergunta impera: o que leva as pessoas a escolher apoiar um projeto de forma colaborativa? Dos vários estudos, sigo o de Elizabeth Gerber da Universidade de Northwestern: Crowdfunding: Why People Are Motivated to Post and Fund Projects on Crowdfunding Platforms, neste seu artigo aponta 4 motivos para a implicação dos doadores: simpatia e empatia, culpa, felicidade e identidade.

Em Portugal, as plataformas de crowdfunding remontam ao início desta década. Duas das principais plataformas existentes iniciam atividade em 2011. Na vertente Cultural a música tem sido a área com mais projetos colocados em plataforma de financiamento colaborativo, seguida da Dança, Cinema e Teatro e com muito menor expressão, diria mesmo quase residual, temos as Artes Plásticas. Na PPL - uma das maiores plataformas portuguesas de crowdfunding -  há dois projetos culturais na lista de recordes de campanhas: o filme Por Ela com um apoio angariado de 40 563 € realizado por 1879 pessoas está em primeiro lugar e o projeto Ó brigada - discografia completa da Brigada Victor Jara - 40 anos, apoiado em 23 643 € por 512 pessoas.

Estes dados levantam várias questões: o que implica na transformação dos projetos culturais? Que impacto tem hoje este novo tipo de financiamento? Como se redimensiona o papel do Estado? Que novas relações de poder e de influência esta forma de participar vai gerar?  Que competências se exige aos promotores dos projetos para atrair financiamento? Faltam, ainda, estudos em Portugal para que possamos ter uma ideia mais concreta sobre o real impacto do financiamento colaborativo.

Esta verdadeira democratização financeira está associada ao que hoje o cidadão consumidor está predisposto a participar e a implicar-se quando acredita num projeto, de uma forma direta, sem intermediários. Se por um lado estamos perante um processo de relação mais direta, esta é também uma relação com impacto maior porque, sendo feita on-line, chega a mais pessoas, permitindo que o impacto dos projetos seja maior.

Este tipo de alternativa a financiamento tradicional permite a construção de projetos que têm impacto social, cultural e ambiental, que são próximos das pessoas e que se enquadram num quadro conceptual e mental mais largo de colaboração, de partilha e de implicação. A maior modificação com este financiamento colaborativo será a necessidade de criar relações mais diretas e bilaterais entre quem apoia e quem é apoiado. Assim como de implicar de forma mais prolongada quem quer o financiamento, na preparação da campanha como na sua divulgação. Não se trata apenas de preencher um formulário e esperar o resultado! Trata-se de criar envolvimento, interesse, de tornar a campanha viral. Para ter sucesso creio que o crowdfundig exigirá profissionalização na área da comunicação pela parte dos promotores.

A utilização das plataformas para financiar projetos é uma forma de concretizar sonhos como muitos promotores identificam. Exigente do ponto de vista da relação, o financiamento colaborativo permite a impressão digital de cada um de nós nos projetos que financia e marca este novo milénio onde o cidadão é decisor ativo e direto da sociedade e dos valores comuns que quer construir.


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Sobre o (novo) mercado de trabalho

10/5/2017

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Por Bruno Inácio

Talvez inspirado pelo texto do João Fernandes desta segunda-feira no Lugar ao Sul, o PM António Costa alertou nos últimos dias para a alteração que o mercado de trabalho tem vindo a sofrer e irá sofrer no futuro próximo.

O PM alertou os jovens de Portugal que as novas tecnologias vão mudar as formas de relação laboral e para o consubstanciar revelou um conjunto de dados. Desde as empresas com menos de 5 anos que criam a maior parte do trabalho em Portugal até ao número de jovens a trabalhar nestas áreas, são fartos os exemplos que dão corpo a esta nova normalidade em construção.

A economia partilhada, cujas empresas que a constituem tantas polémicas têm gerado, veio para ficar e é hoje uma realidade que vale biliões de euros e de dólares. Não sei se será melhor ou pior, mas a história da evolução necessita de muitos anos para poder olhar para trás e perceber o que realmente aconteceu.

O meu texto de hoje quer acima de tudo chamar a atenção para o que considero ser incongruências de discurso que, ao que parece, se vão transformar em força de lei e como tal vão contribuir para o que chamo uma tentativa falhada de regulamentação deste novo mercado de trabalho.

António Costa, refere que o caminho correto a seguir "não assenta nos baixos salários e na limitação dos direitos dos trabalhadores, passa, antes, pela revalorização dos direitos laborais, apostando nas qualificações e na dignificação do trabalho". Tudo certo, estamos de acordo. A questão é que foi o mesmo António Costa a assinar um compromisso de entendimento com o Bloco de Esquerda, no inicio da legislatura, que entre outras propostas, prevê a introdução em Portugal da chamada “taxa de rotatividade”. Ora, se existe área onde a rotatividade de pessoas é elevada é nas empresas de valor acrescentado enquadradas na economia social. E tal acontece porque na sua génese está uma geração que hoje valoriza (como bem dizia o João Fernandes) a ideia de “não precisamos de um CD, do que realmente necessitamos é da música”.

Adicionalmente, a tal “taxa de rotatividade” (que basicamente passa pelo agravamento da Taxa Social Única (TSU) para as empresas que tenham mais contratos precários) irá afectar de forma directa e com grande impacto as empresas do sector do turismo, área onde a necessidade de rotatividade de trabalhadores é altamente elevada. E cá está o Algarve a apanhar mais uma vez por tabela! Mais impostos para as empresas que se vão traduzir em aumentos de preços ou diminuição de rendimentos.

Posso estar a ser demasiado simplista, ou a descurar argumentos fiscais mais sólidos, admito que sim, no entanto a ideia base está lá, e devemos nos debruçar sobre os efeitos que estão a caminho.  
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Greves na saúde agitam estado de graça social?

9/5/2017

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Por Sara Luz 

Antes de tratar uma vez mais tema de digno interesse – o da saúde –, emerge a vontade de, sem o escrutínio que lhe é merecido, prestar reconhecimento àqueles que no domingo passado fizeram uso do direito ao voto em oposição ao movimento político de extrema direita de Marine Le Pen. Depois das eleições na Áustria e Holanda, foi agora a vez dos franceses colocarem um travão ao populismo (anti)europeu em prol dos valores fundamentais do estado de direito democrático.

No seguimento do intróito, importa agora refletir sobre matéria que vai dar pano para mangas durante o mês de maio: as greves na saúde. De paciência esgotada, alguns dos sindicatos dos trabalhadores da saúde decidiram unir esforços no protesto à falta de respostas objetivas por parte daquele que é acusado de “dar o dito por não dito”, de manter uma “postura de quem não quer negociar” e de estar “refém do Ministério das Finanças”. Já dizia o ditado popular: de maio a abril há muito a pedir! E ao fim de mais de um ano de negociações, sobre questões que se prendem essencialmente com horários de trabalho e regimes de carreira e salariais, os sindicatos, com o apoio das ordens profissionais, vão materializar a contestação através das greves convocadas, a primeira agendada já para os dias 10 e 11 de maio. À classe médica juntar-se-ão os enfermeiros com uma greve de zelo por tempo indeterminado, e a fechar o mês está prevista a greve dos técnicos de diagnóstico e terapêutica.

Será caso para pensar que os profissionais de saúde poderão agitar o atual estado de graça social? Ora se considerarmos que o Governo tem tido a tarefa facilitada no que se refere ao número de greves e trabalhadores abrangidos face aos anos anteriores, essa hipótese não pode ser afastada. Contudo, se as ações de quem nos governa se mantiverem fiéis ao discurso de quem não está interessado em desviar-se do caminho delineado no Orçamento do Estado para 2017, os resultados das reivindicações sindicais poderão deitar por terra o desiderato daqueles que estão cansados de carregar às costas o pesado fardo a que chamamos de Serviço Nacional de Saúde (SNS). Este é pragmatismo que dói. Não fosse estar ainda muito presente a mão cheia de nada de que resultaram as 13 paralisações dos enfermeiros no ano de 2016, a abordagem até podia ser feita de outra maneira.

Entre todos as medidas, a falta de prudência na manutenção de um número insuficiente de profissionais nas instituições de saúde e as desigualdades dentro das próprias classes profissionais são as que mais me assolam. Primeiro, porque não está garantido o equilíbrio entre produtividade e qualidade dos cuidados. Segundo, porque vai contra valores subjacentes ao estado de direito democrático. E terceiro, porque é demasiado perverso manter o SNS a funcionar à conta da conduta ética e do sentido de responsabilidade dos profissionais. É razoável dizer-se que a despesa em saúde coloca pressão na hora de fazer escolhas, mas não é também o investimento no capital humano uma estratégia para a criação de valor nas organizações de saúde? Agora tudo dependerá das lentes com que vemos o mundo e por aqui dificilmente se abdica das pessoas como o ativo mais precioso de uma organização.
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Economia Partilhada – Quando Ter menos é Ser mais

8/5/2017

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por João Fernandes
A ideia de que temos que ter o que, na maioria dos casos, verdadeiramente não necessitamos está a ser fortemente contrariada. Os bens que adquirimos são feitos para um tempo de vida muito diminuto, novos modelos passam a obsoletos pouco após o seu lançamento e vendem-nos a ideia de somos mais quando compramos mais. Isto não pode terminar bem!
 
Vários autores defendem que a crise mundial de 2008 ditou o momento em que o potencial do mercado, a própria vivência em sociedade e mesmo a disponibilidade dos recursos naturais chegaram a um ponto crítico.
 
Não se trata apenas de uma moda "minimalista", para além de um desencanto com o consumismo, a entrada dos millennials na vida adulta trouxe uma maior valorização da partilha e da colaboração, em prejuízo da posse.
Segundo Rachel Botsman, especialista na matéria, a Economia Partilhada abrange 3 áreas-chave:
1. Mercados de redistribuição: Um bem usado que já não é necessário num certo local passa a estar disponível noutro onde pode ser utilizado.
2. Estilos de vida colaborativos: baseia-se na partilha de recursos, tais como equipamentos, utensílios, dinheiro, habilidades e tempo.
3. Sistemas de produtos e serviços: o consumidor está disponível para pagar pelo benefício do produto e não pela sua aquisição. Assenta na lógica de que “não precisamos de um CD, do que realmente necessitamos é da música”.
A rapidez com que as empresas com este modelo atingem a escala global não seria possível sem plataformas digitais associadas a uma nova eficácia na gestão de grandes volumes de dados, que permitem fornecer o que pretendemos, quando e onde necessitamos. Qual catalisador, o despontar das economias digitais e da inteligência artificial possibilitaram as inúmeras respostas a que hoje assistimos.
No Mercado de trabalho (Freelancing; Coworking; talent-sharing); nos transportes (Car sharing); no alojamento (couchsurfing, apartment/home lending), na revenda de bens (reselling); na partilha de utensílios e ferramentas de jardinagem ou cozinha entre vizinhos (Sharing resources); nos media e entretenimento; no empréstimo de dinheiro entre pessoas (peer-to-peer lending); ou mesmo para boleias de avião.
Outra particularidade é que estas empresas raramente são fornecedoras do bem ou serviço final, atuando como facilitadores na relação entre a procura e a oferta. Casos como a Uber e a Airbnb, “apenas” tornam a transação mais ágil, mais fácil e mais barata entre os proprietários de carros e casas e os passageiros e turistas.
 
É certo que estas novas empresas quebram barreiras que de outra forma não seriam questionadas pelo modelo instalado. Não é menos verdade que, na maioria dos casos, o respeito pelas leis nacionais, pelo pagamento de impostos ou a assunção de outras responsabilidades civis e criminais não estão garantidos.
 
Seja como for esta é uma onda imparável, segundo a Forbes, a receita gerada pela economia colaborativa deve crescer 25% ao ano. As grandes empresas mundiais já estão a investir fortemente na mudança dos seus modelos de negócio, a estabelecer parcerias e a adquirir empresas nesta área. A Price Water House dedica-lhe um relatório onde afirma que os consumidores estão a demonstrar um robusto apetite por este modelo.
 
Estamos no início do que parece ser uma autêntica revolução e qualquer consideração hoje, pode vir a constatar-se precipitada. Mas, sobretudo numa fase de transição, que será inevitavelmente curta para acomodar a nossa capacidade de adaptação, os riscos na desestruturação do tecido empresarial instalado e, consequentemente, do próprio mercado trabalho, não são negligenciáveis.
 
As inquietações quanto à sustentabilidade ambiental, a recessão económica global, o impacto das tecnologias no mercado de trabalho, a forma como as pessoas se relacionam através das redes sociais decretaram que não era mais defensável um modelo baseado no consumismo. Mas não deixa de ser necessária regulação da atividade de empresas que geram riqueza exponencial e que atualmente não garantem uma concorrência leal ou um contributo para um bem-estar social.   



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Pecado (da) capital

5/5/2017

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Por Gonçalo Duarte Gomes

Pese embora a aparente inspiração litúrgica do título, não, não vou falar de um certo terço gigante que por aí penduraram, e por maioria de razões. Em primeiro lugar porque a aparecida teve mau gosto e não deu o ar de sua graça no Algarve, em segundo lugar porque o governamental dia santo é de hoje a uma semana e, finalmente, porque já chega de malta que anda por aí a copiar os outros.

Se escrevo este segundo parágrafo é bom sinal, pois quer dizer que nem fui fulminado por um raio de divina indignação nem a Joana Vasconcelos se sentou em cima de mim. Que posso dizer? Sou um gajo com sorte.

Do mesmo não se pode gabar Faro. Seja por uma cruel partida dos deuses ou um bizarro lote de terrenas e bem humanas más opções urbanísticas, a capital do Algarve é perseguida por uma terrível maldição: a do mamarracho.
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Desenho de Fernando Silva Grade, que serve de cartaz ao debate "Não à destruição do património arquitectónico de Faro"

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Somos (uma espécie de) contentamento descontente!

4/5/2017

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Por Dália Paulo

Uma característica que faz parte do ADN do povo português é o nunca estar contente: se fazemos é porque fazemos (ou fazemos mal) e se não fazemos é porque não fazemos, isto a propósito do último artigo do meu colega de pena Gonçalo Duarte Gomes, Algarve em animação suspensa.

Esse assunto faz-me voltar a uma ideia que já qui expus quando falei sobre a necessidade de tempo
(apontamento de 23.03.2017) e de como a sensação que fica é que na região não temos tempo para lançar a semente à terra e deixa-la germinar e ganhar vida. Na área Cultural há uma tendência em comparar o incomparável – Lisboa e Porto – e depois a frustração que daí advém, de sermos diferentes. De perceber que os caminhos têm de ser distintos mas que para consolidá-los, para criar lastro, é necessário uma atuação e intervenção continuada.

Contudo, voltando ao que impeliu este apontamento, quero começar por mapear cinco premissas:
1. Há um preconceito muito grande, para o qual nós algarvios (de coração ou nascimento) concorremos para manter, de que no Algarve durante os meses de outubro a maio não se passa nada;
2. Há também, não nego, uma realidade cultural ( frágil, com uma comunidade criativa a necessitar de investimento, de consolidação, de estratégia e de densificação;
3. Há, por outro lado, uma confusão constante entre animação cultural e/ou turística de Verão e do grande evento e uma prática cultural regular, continuada, que alia cultura e educação, cultura e formação de públicos, cultura e criação, cultura e conhecimento e que esta, apesar de necessitar de novos desafios e investimentos, acontece nesta tal época onde a animação está suspensa. E acontece muito por persistência de equipas de “fazedores” de cultura;
4. Há uma necessidade de promover e difundir hábitos culturais na região;
5. Há uma necessidade de articular agendas e de construir programações complementares entre Municípios.

Por outro lado, voltando à ideia inicial, recorrentemente ouvimos que existe programação a mais ou não existe nada. Há muitos matizes e nuances e não é preto ou branco. Pelo que, nesta suspensão do grande evento, existe o que gosto de chamar a Cultura pela Cultura - a Cultura da formiguinha - aquela que quotidianamente é feita pelas associações culturais, pelas bibliotecas, pelos museus, pelos Teatros e Cineteatros, pelas Galerias, pelos Centros Culturais e que existe, sem ser subsidiária, como elemento central para a vida das comunidades algarvias. Cultura que necessita de um olhar atento, de ser trabalhada de forma articulada, de se lhes dar a possibilidade de encontros com gente de fora para criar contaminações no fazer. Região aberta e cosmopolita como o Algarve, deve refletir-se na sua prática e hábitos culturais, e, para isso, é necessário um trabalho cada vez maior em rede. Nesse sentido, só a sua existência permite que a região possa ter uma oferta cultural de qualidade para usufruto turístico.

Este trabalho tem sido reforçado pela ação das redes de Museus, Arquivos e Cineteatros que têm contribuído, ainda que de forma ténue, para uma programação complementar, para qualificar a capacidade técnica e para ter uma oferta mais qualificada. Fazer o exercício de consultar as Agendas Municipais permite perceber a oferta quer na Educação para a Leitura e Literacias várias, quer na Educação para o Património e para a Arte, assim como uma oferta regular de programação (embora desigual) dos seus equipamentos culturais, que se reinventaram na crise e que são ofertas que acontecem sobretudo nestes meses de suspensão; veja-se mais especificamente a programação de Teatros e Cineteatros que começam as temporadas no final de setembro e terminam em junho/julho.

Há muito caminho a percorrer, mas bem dizia o poeta que não há caminho, o caminho faz-se a andar! Nesse sentido, o caminho da Cultura deve ser um caminho de resiliência, de transformação, de oferta diferenciadora, de escutar o que por cá se faz e de possibilitar que também pelos nossos palcos passe o que de melhor se cria no país e no Mundo. Só este caminho longo, continuado, longe dos holofotes permite densificar a oferta, criar comunidades criativas e formar públicos. E este é o caminho diferenciador e disruptivo que a região precisa também para se afirmar como destino Cultural.

Este nosso contentamento descontente, que significa que por um lado há a ideia por cá somos muito bons e não precisamos dos de fora, - ideia completamente contrária ao que a região sempre foi uma plataforma de contactos com o exterior e completamente contrária ao modus faciendi atual de criação, onde a contaminação externa acrescenta valor, tanto ao criador como ao espetador. Descontente ainda, porque temos dificuldade em somar, em dar valor ao que por cá se faz. Já diz o ditado popular se eu não gostar de mim quem gostará? Enquanto nós algarvios não gostarmos de nós, no sentido de transformar as nossas fragilidades em forças não será um eterno lá longe e lá fora (expressão de Eduardo Lourenço) que nos salvará.

Façamos por somar, por construir em conjunto e, acima de tudo, por quebrar preconceitos e por aumentar a autoestima de ser algarvio.

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Os que não vemos

3/5/2017

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Por Bruno Inácio 

No primeiro de maio, dia simbólico que muitos aproveitam para desfrutar do convívio da família e dos amigos, quatro pessoas perderam a vida no mar em Portugal. Na Costa da Caparica, um homem de trinta e um anos, na praia da Nazaré um casal de espanhóis com cerca de sessenta anos e na Póvoa do Varzim uma austríaca. 
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Créditos fotográficos João Pedro Canhoto

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Empreender ao Sul…Uma questão de cidadania!

2/5/2017

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O Lugar ao Sul conta hoje com a opinião de um convidado muito especial. Francisco Banha é um dos principais impulsionadores do empreendedorismo moderno em Portugal, tendo tido um papel fundamental na concepção e operacionalização do nosso sistema de Business Angels e de Venture Capital. Mais recentemente, Francisco adoptou como desiderato a nobre tarefa de potenciar o ensino do empreendedorismo no nosso País, algo que realmente o apaixona. Pessoa experiente e de trato fácil, tem uma mente crítica e um olhar muito atento sobre a realidade que nos envolve. É, por isso, "material" de Lugar ao Sul.
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Luís Coelho

Francisco Banha 

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Francisco Banha é Presidente do Grupo Gesbanha e Fundador e CEO da Gesventure, GesEntrepreneur, Gesevolution e Geslearning. Foi Presidente do Business Angels Club (2000/2016) e Membro da Direcção da World Business Angels Association (2009/2015). Foi fundador e Presidente da Federação Nacional de Associações de Business Angels no período compreendido entre 2007 e Fevereiro de 2015. Foi também Director da Rede Europeia de Business Angels entre 2007 e Maio de 2014.
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É licenciado em Organização e Gestão de Empresas, tem um Mestrado em Gestão e um MBA em Business Strategy. Frequenta actualmente o Doutoramento em Ciências Económicas e Empresariais na Faculdade de Economia da Universidade do Algarve. O Francisco é também docente no ensino Superior, colaborando regularmente com o ISEG e com a Faculdade de Economia da Universidade do Algarve.

Empreender ao Sul…Uma questão de cidadania!

​A dedicação à defesa de causas e a valorização do papel da sociedade civil enquanto agente de promoção da mudança, do progresso e do empreendedorismo sempre mereceu a minha melhor atenção e respeito. Pelo facto da plataforma de opinião “Lugar ao Sul” proporcionar um contributo para o debate público a Sul, através da participação ativa na construção de mais e melhor opinião pública, não poderia deixar de merecer o meu humilde reconhecimento dado que se torna, cada vez mais, importante compreender a realidade presente para assim podermos enfrentar melhor os desafios posteriores que a sociedade nos coloca. Enquanto entusiasta de iniciativas que partilham conhecimentos, veiculam informação e contribuem para a criação de uma teia de relações suscetível de apoiar a resolução de problemas e responder às mudanças de um mundo cada vez mais globalizado e globalizante, só poderia ficar sensibilizado e privilegiado por poder partilhar, nesta Plataforma, o meu conhecimento e experiência, em particular na área do Empreendedorismo. Tenho consciência que, para alguns, o empreendedorismo continua a ser visto, com desconfiança, porque apesar de estar em todo o lado (políticas públicas, discursos de responsáveis de organizações, comunicação social …), não contribui, segundo estes, para apoiar a resolução dos problemas com que a sociedade se debate, não sendo mais que um disfarce que serve, por exemplo, para iludir a chaga do desemprego. Naturalmente que não me revejo nesta visão, pois acredito no empreendedorismo enquanto condição absolutamente necessária para dinamizar a atividade económica de um país e garantir um crescimento inclusivo, equilibrado e sustentável. Este entendimento assenta numa definição ampla, de empreendedorismo, que se centra sobre a criação de valor cultural, social ou económico. Compreende[1], portanto, diferentes tipos de empreendedorismo incluindo o intrapreneurship, empreendedorismo social, empreendedorismo verde e o empreendedorismo digital. Aplica-se a indivíduos e a grupos e remete para a criação de valor no setor privado, no setor público, no terceiro setor e em qualquer híbrido que combine os três primeiros. Desta forma estamos perante uma competência transversal, passível de ser aplicada ao nível do desenvolvimento pessoal, participação ativa na sociedade, (re)entrada no mercado de trabalho como trabalhador por conta própria ou por conta de outrem, desenvolvimento de iniciativas e empreendimentos culturais, sociais e/ou comerciais. Neste contexto o empreendedorismo assume-se com uma prioridade política na União Europeia uma vez que é crucial para a recuperação económica, o crescimento, a criação de emprego, a inclusão, a redução de pobreza e também para a inovação e competitividade. Torna-se, por isso, compreensível que a Europa precise de cidadãos mais empreendedores e que as políticas de educação e formação desempenhem um papel fundamental neste âmbito ao contribuírem para que os jovens possam adquirir os conhecimentos e as competências de que necessitam através do sistema de ensino. Nesse sentido importa redobrar os esforços que permitam alcançar níveis de criatividade e inovação por parte da futura força de trabalho interligando o empreendedorismo e a educação. Promover uma educação empreendedora que permita aos jovens beneficiar de experiências empreendedoras práticas nas aprendizagens escolares realizadas e de um curriculum empreendedor, transversal a todas as disciplinas é algo ambicioso mas perfeitamente possível de implementar. Mesmo sabendo que em termos globais menos de 5% dos jovens, em idade escolar, se encontram envolvidos em programas de educação para o empreendedorismo ao longo de cada ano letivo, o facto é que a disseminação do espirito empreendedor no nosso Sistema Educativo é já uma realidade, junto de vários Agrupamentos de Escolas, Escolas não Agrupadas e Escolas Profissionais. Se por um lado é difícil aceitar a universalização de modelos, só porque há um número considerável de projetos educativos com resultados positivos, por outro importa ter consciência que estudar e tirar um curso superior dificilmente será condição suficiente e necessária para continuar a abrir as portas para um bom emprego e respetiva ascensão social.

Pela experiência vivida e suportado na investigação recentemente desenvolvida, no âmbito da academia, sou defensor de que a educação para o empreendedorismo é uma via privilegiada na formação das nossas crianças e jovens que se virão a revelar cidadãos ativos, socialmente integrados, participativos e, sobretudo, capazes de decidir o seu próprio futuro. Gostaria que este meu apontamento contribuísse para que todos nós, enquanto sociedade civil, nos envolvêssemos mais na conceção, planificação, implementação e avaliação de iniciativas que encorajem abordagens curriculares interdisciplinares, tendo em vista apoiar e ampliar a adoção de metodologias empreendedoras por parte das instituições educativas. Este facto assume particular importância na Região do Algarve, a qual, possuindo um nível residual de implementação destas metodologias, dificilmente conseguirá inverter os mais baixos índices de atitude para empreender – 16% comparado com 57 a 60%[2] noutras Regiões do País. Se assim for estamos perante um verdadeiro exercício de cidadania que implica, por parte de cada indivíduo e daqueles com quem interage, uma tomada de consciência e atuação sobre a importância da aprendizagem empreendedora na sociedade Algarvia através da articulação entre educação, o mercado de trabalho e a comunidade. Vamos Empreender ao Sul?

Francisco Banha
Doutorando em Ciências Económicas e Empresariais da Faculdade de Economia da Universidade do Algarve
25.04.2017


[1] Report Entrepreneurship Competence: An Overview of Existing Concepts, Policies and Initiatives. (EC, 2015).
​[2] Amway - VI Relatório Global de Empreendedorismo (AGER 2016).
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