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Bem-vindo

Parar de descascar a cebola

25/4/2018

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Por Bruno Inácio
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Hoje é dia 25 de Abril. Data fundamental da história de Portugal. Existe um antes e um depois do 25 de Abril de 1974 e claramente o depois é melhor que o antes. Não quero deter este texto num conjunto de frases feitas que ouvimos muitas vezes por ocasião desta efeméride, não sei se vou conseguir, mas vou tentar.

No scroll que o meu polegar (e as vezes o indicador) vai fazendo pelas redes sociais encontrei um post do Professor António Branco, ex-reitor da Universidade do Algarve, que chamava a atenção para uma citação de Mussolini encontrada num recente livro de Madeleine Albright, intitulado “Fascism: A Warning”. O ditador, Mussulini, terá dito o seguinte: “Se depenarmos uma galinha pena a pena, ninguém dará conta.”. Esta frase é de uma força, de uma brutalidade e, infelizmente, de uma actualidade incrível.

Vivemos tempos que de tão acelerados que são, não nos permitem parar, olhar e pensar sobre o que se passa a nossa volta. A ansiedade do amanhã, a necessidade da inovação tornou-se um facto não passível de discussão. Todos temos que ser inovadores ou não existe lugar para nós no mundo moderno. Associada a esta efervescência de modernidade, somos inundados por dois grandes males: a intolerância e a ansiedade. O respeito pelo próximo deixou de ser uma pedra angular dos valores humanos para se tornar um acessório utilizado conforme dá mais jeito.

Sobre esta frenética necessidade de fazermos tudo hoje, tudo bem feito hoje, tudo muito bem feito hoje, a superior escritora Lídia Jorge nos deixou um texto no Lugar ao Sul em Fevereiro do ano passado, intitulado "Algarve da Lentidão"

Mussulini sabia do que falava. Sabia que a forma de eliminar a democracia e os contrapoderes era criar condições para que gradualmente eles fossem renegados pelo povo até surgir a “necessidade” de os eliminar. Hoje vivemos situações que nos devem obrigar a parar para pensar se a nossa democracia não estará a ser descascada camada por camada como uma cebola que vai perdendo a sua vitalidade.

O exemplo mais paradigmático veio da rede social que surgiu como uma forma de dar voz popular aos invisíveis. A forma e força que o Facebook ganhou é de tal forma gigante que hoje é possível mentir (sim, mentir!) e milhares (ou milhões!?) de pessoas acreditarem nessa mentira por mais estapafúrdia que possa parecer. Veja-se este exemplo: no dia 01 de Abril, dia das mentiras, um português publicou um texto no facebook, com uma foto montagem, a informar que nas próximas semanas o nível da maré entre a Ilhas do Faial e a Ilha do Pico, no arquipélago dos Açores, atingiria uma cota mínima que permitiria uma travessia a pé entre ilhas. A publicação vai nas 10 mil partilhas e se algumas entenderam o gozo da coisa a verdade é que muitos comentários são de gente que efectivamente acreditou que seria possível percorrer 10kms no meio do oceano atlântico porque a maré iria baixar.

Não nos admiremos pois que escândalos como o da Cambridge Analytica, que terá adquirido dados ao facebook para manipular a opinião pública norte-americana na eleição para a presidência do país e que o terá alegadamente feito em outros locais do globo, sejam cada vez mais recorrentes.

Esta ameaça é real e tenho sérias dúvidas que sejamos passíveis de a travar. Acredito pois que a solução para este gigante problema não passará só por maior regulamentação mas acima de tudo por mais educação. Nos grandes momentos de crise a educação foi sempre a resposta mais eficaz. Deve ser esse o nosso foco: educarmos melhor para termos melhores cidadãos que sejam cada vez mais capazes de colocar em causa o que lêem e o que vêem. Apostar numa educação cada vez mais virada para a capacidade de formar opinião de forma correta, contrapondo o que por vezes parece óbvio, é essencial para garantir o que o 25 de Abril nos trouxe. 
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Algarvies? Nã, obrigade.

20/4/2018

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Por Gonçalo Duarte Gomes

Na semana passada, o Bruno Inácio chamou a atenção (aqui) para um problema que aflige o Algarve: o preço inflacionado do metro quadrado para habitação por força do efeito especulativo do turismo.

Como ele bem frisou, a coisa não é nova. Há décadas que qualquer pessoa que queira, precise ou seja obrigada a viver no Algarve se depara com um mercado imobiliário desregulado em alta, e com frequentes e frequentemente gritantes desfasamentos entre preço e qualidade construtiva – sem falar na qualidade arquitectónica ou urbanística do tecido envolvente.

Esta é porventura a face mais visível de um processo regional de gentrificação (hoje tão na moda) que afecta a região como um todo. Por isso tive a oportunidade de comentar que, obviamente achando a questão preocupante, me parece mais sintoma do que causa, e empalidece face a outros aspectos em que esta desvalorização dos residentes se faz sentir, e que se me afiguram mais perversos e seguramente mais profundos, como as opções de construção de um futuro ao dispor de quem queira por cá viver.

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Algarve 1.0 ou Algarve 4.0?

17/4/2018

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O Lugar ao Sul conta hoje com a opinião de um convidado especial. O João Durão é um jovem Alentejano que passou por Faro para se formar em Gestão de Empresas na Academia Algarvia. Rumou então à capital do império, onde tem vindo a desenvolver uma brilhante carreia numa das principais consultoras internacionais sediadas no nosso País. Jovem atento, interventivo e com fortíssimas convicções pessoais, o João nunca deixou de pensar  e sentir o nosso belo Algarve. É pois com prazer que lhe dou voz na medida em que é, seguramente, “material” de Lugar ao Sul.
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Por João Durão

Em 2016, a despesa total em Investigação e Desenvolvimento (I&D) registada em Portugal ascendeu a €2.388 milhões (aproximadamente +7% face a 2015). Na região do Algarve, as despesas em I&D ascenderam a €29.929,9 milhares (aproximadamente +2,7% face a 2015). As Empresas executaram €4.906,9 milhares e o Ensino Superior executou €24.361,8 milhares. Curiosamente, no mesmo ano, as despesas em I&D foram de €748.158 milhares, €447.220,5 milhares, €1.071.716,2 milhares e €65.973,8 milhares, respetivamente nas regiões Norte, Centro, Área Metropolitana de Lisboa e Alentejo. Nestas regiões, a dispersão das despesas em I&D insere-se no intervalo de 40% a 50% para Empresas/Ensino Superior. Já a região do Algarve regista uma distribuição relativa distinta, i.e., 20% para Empresas e 80% para Ensino Superior.

Ficam então três notas que nos parecem importantes.

#1: A região do Algarve regista um baixo contributo nacional para I&D de novos produtos, serviços e processos.
  • Será que os agentes económicos presentes na região do Algarve estão preparados para eventuais alterações conjunturais na atividade económica?
  • Em que medida empresas, instituições e órgãos de responsabilidade política estão a cooperar no desenvolvimento de uma metodologia de disseminação/partilha de dados, e boas práticas?
É fulcral sistematizar as necessidades para responder a um propósito objetivo. Neste sentido, para assimilar uma estratégia de reorganização de recursos endógenos ou para desenvolver sinergias com novos parceiros, importa analisar, de forma objetiva, quais são as nossas necessidades, através da resposta à questão:
  • Possuo internamente conhecimento e equipamentos para responder às novas necessidades das empresas e/ou para competir em novos mercados?

#2: Reforçar a cooperação entre Universidade, Empresas e Municípios para desenvolvimento de novas atividades de I&D, nomeadamente na perspetiva matricial de CoLab (labotarórios colaborativos). As novas colaborações têm de intervir em matérias tecnológicas essenciais para a próxima década.

Vide, a este nível, a lista de matérias tecnológicas em Top 18 Tech Trends at CES 2018 e The Symphonic Enterprise - Deloitte US. Ainda neste  âmbito, três indivíduos, de áreas e regiões distintas, partilham breves inputs para uma discussão mais ampla e agregadora; e que, no limite, represente o início do processo de desenvolvimento de uma nova visão para a região.

José Salgado (Técnico Superior na Direção-Geral das Atividades Económicas): Numa perspetiva de longo prazo, é fundamental que todos os atores nacionais, públicos e privados, definam as suas próprias estratégias relativamente à União Europeia, enquanto um dos principais centros decisórios de políticas e de investimento público. Muitas são as regiões europeias que, além da representação que obtêm mediante a presença dos seus governos no Conselho da UE, dos deputados no Parlamento Europeu (21, no caso português), e no Comité das Regiões (órgão consultivo onde o Algarve também tem o seu representante), têm ainda uma presença autónoma: uma busca rápida no Registro de Transparência mantido pela Comissão Europeia devolve diversos exemplos de regiões acreditadas para fazer lobby junto das instituições europeias.

Pedro Brasil (Strategy Consultant at Pinto Brasil Group): Os serviços HoReCa, tal como os conhecemos hoje, manter-se-ão inalterados durante os próximos 10-20 anos? Dessa forma creio que regiões como o Algarve, com uma grande penetração do turismo e de indústria e serviços relacionados na economia, têm um clima favorável ao desenvolvimento de soluções que vão de encontro a essa evolução. Sucesso nessas soluções posicionam não só o nosso país e as nossas empresas na vanguarda de um sector em que nos podemos considerar fortes e que podemos fortalecer muito mais, mas também criar, dentro de um sector com tantos países concorrentes, uma forte e merecida distinção e vantagem competitiva.

Vítor Vasques (Leader of the Social-Democratic Youth District of Beja): Num futuro que se quer o mais próspero, quer para as instituições, quer para a população do Algarve, é importante que haja uma forte relação entre o mundo académico e as diversas organizações. Esta relação, funda a sua importância no facto, de se assistir a um desfasamento cada vez maior entre as academias e o chamado mundo real. O Algarve não é exceção. Contudo, pode ser pioneiro, na aposta de uma associação entre estes dois mundos. Beneficiando as organizações de um maior conhecimento científico e as academias das necessidades das organizações.

#3: Disseminar uma visão objetiva para a convergência em matérias de I&D. As figuras de responsabilidade regional (publicas e privadas), têm de investir em soluções que minimizem riscos futuros inerentes à inevitável mutabilidade das variáveis que influenciam a procura.

Passar de Algarve 1.0 para Algarve 4.0 exige uma motivação coletiva, na construção de um novo ecossistema na região.

“Think global, act local”.

--
O João Durão tem 26 anos, é natural de Barrancos e desde 2015 colabora na firma Deloitte Consultores. Licenciado em Gestão de Empresas e Pós-graduado em Finanças Empresariais pela Universidade do Algarve, detém também um Executive Program em Effective Leadership pela Nova SBE e frequenta atualmente o Mestrado em Ciência Política e Relações Internacionais pela Universidade Católica de Lisboa. Foi Membro do Conselho Geral da Universidade do Algarve (mandato 2015/17), colaborou ainda na Agência para a Competitividade e Inovação (IAPMEI) e na Delegação Regional do Instituto de Emprego e Formação Profissional do Algarve.
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Habitação: problema no Algarve, resolução em Lisboa. Normal, portanto.

11/4/2018

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Por Bruno Inácio
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Em Lisboa tudo é resolvido. O resto do país é paisagem. Não é novo, não é de agora, não é novidade. É apenas recorrente, descarado e injusto.  

O problema da habitação é algo com que os Algarvios aprenderam a conviver nos últimos 40 anos. Gerações após gerações sofreram o efeito turístico na região. A inflação que o metro quadrado das habitações teve é um dos mais significativos. Os Algarvios souberam-se adaptar. Souberam encontrar em locais menos turísticos zonas residenciais. Quando tal não era possível assumiram que teriam de pagar esse valor extra, que a procura turística pela nossa região nos trouxe.

Não é novo, não é de agora, não é novidade que existe um conjunto de problemas associados ao incremento da procura turística. Uma espécie de efeitos secundários que como qualquer bom paciente, procuramos atenuar tendo em conta que o problema é derivado, à partida, por um bem maior.

Recentemente o “Observador” (esse órgão de comunicação social que aquela elitezinha da esquerda caviar lesboeta adora desdenhar) fez um trabalho muito interessante sobre o custo da habitação em Portugal. Podem ver a sua totalidade aqui.  Transcrevo somente uma parte:

“É nos municípios do distrito de Faro que os preços e as rendas das casas estão mais desfasados dos salários locais.”

“No terceiro trimestre de 2017, os alojamentos familiares vendidos em Albufeira registaram um preço mediano de 1.524 euros por metro quadrado, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), o que significa que uma casa de 101 metros quadrados custa perto de 154 mil euros. Porém, em 2015, o vencimento mensal bruto dos albufeirenses rondava 884 euros, de acordo com o Gabinete de Estratégia e Planeamento do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social. Uma habitação custa, assim, o equivalente a 15 anos de trabalho.

Arrendar pode não ser mais fácil. Em 2017, os novos contratos de arrendamento em Albufeira tiveram um valor mediano de 5,78 euros por metro quadrado, o que representa uma renda de 584 euros para uma casa de 101 metros quadrados. Isto quer dizer que seria preciso aplicar mensalmente 66% do ganho bruto médio de um trabalhador. Para o Governo, existe uma sobrecarga das despesas com arrendamento quando as rendas ultrapassam 40% dos rendimentos líquidos do agregado familiar.”

Estes dois parágrafos demonstram claramente que o problema está mais do que identificado. Todos nós que aqui nascemos, crescemos ou escolhemos esta região para viver sabemos que é assim desde sempre (ou desde que o fenómeno turístico se intensificou). Em Lisboa não sabiam. Alguém se esqueceu de os avisar que o turismo tem efeitos secundários. Um dia acordaram e perceberam que as casas para os lisboetas estavam a ficar mais caras, que as zonas nobres da cidade estavam a ficar ocupadas pelo sector turístico e que as zonas históricas eram cada vez mais difíceis de ser habitadas por naturais da cidade. Uma sacanagem. Foi isso que aconteceu. Uma sacanagem não ter havido aviso aos inocentes responsáveis pela cidade, pelo governo e pelos pais de que tal ia acontecer.

Mas, como em tantas outras coisas e outros sectores, se o problema é em Lisboa, então é urgente, o que quer dizer que é preciso resolver. Ao contrário do resto do país em que convém estudar, pensar, planear e nunca executar. Veja-se em mais detalhe os acontecimentos dos últimos dias.

O Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, anunciou que iria concretizar um protocolo com a Segurança Social (esse instituto NACIONAL) no sentido de disponibilizar habitação a cerca de 1100 pessoas das classes médias e a preços acessíveis. Ou seja, a Segurança Social, paga por habitantes de todo o pais, tem um conjunto de prédios em Lisboa, pagos por todos nós, que agora irá disponibilizar através de protocolo com a Câmara Municipal de Lisboa, para as pessoas de Lisboa poderem ter habitação acessível para a sua classe média devido aos efeitos que o turismo tem provocado na cidade.

Leia-se as declarações de Fernando Medina:

“Talvez com mais significado, porque é um processo em que estamos a mobilizar tudo o que conseguimos mobilizar na cidade, é o trabalho que estamos a fazer com a Segurança Social no sentido de assegurar que vamos conseguir disponibilizar à cidade habitação para mais de 1100 pessoas, entre habitação permanente e residências universitárias, quartos para estudantes universitários. A Segurança Social e a Câmara estão a trabalhar em conjunto para que o património da SS na cidade - os prédios da SS onde estavam e ainda estão instalados serviços que vão ser relocalizados num novo edifício que foi destinado para esse fim - possa ser mobilizado para o programa de renda acessível. É uma iniciativa muito importante, um sinal muito claro também da Segurança Social de querer participar neste projeto, que vai significar conseguirmos disponibilizar habitação nas zonas nobres da cidade de Lisboa; (…) Assim, no global, dez prédios nas zonas nobres e centrais de Lisboa vão permitir que tenhamos mais de 200 apartamentos e cerca de 200 quartos para estudantes universitários. Estamos a falar de um universo global de mais de 1100 pessoas que vão ter acesso à habitação. Contamos fechar o protocolo que nos permita a utilização desses fogos muito em breve; a seguir vamos requalificar esses fogos.”  (veja a totalidade da entrevista aqui)

Não se pasme senhor leitor. Se está a ler este texto, se nasceu, cresceu ou escolheu o Algarve para viver estou certo que se recorda das inúmeras vezes que a Segurança Social (ou a Administração Pública Central e o Governo) colocou um conjunto de habitações a preços controlados para a classe média no Algarve. Não se recorda? Pois, é normal, isso no Algarve não acontece. 
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Se for enfermeiro numa UCC, não conduza!

10/4/2018

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Por Sara Luz
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Se for enfermeiro numa Unidade de Cuidados na Comunidade (UCC), não conduza! Este parece ser o movimento que está a ganhar corpo entre os enfermeiros a exercer funções nas UCCs da Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve, em virtude da ARS em questão ter decidido notificar duas enfermeiras a exercer funções nas UCCs de Faro e Portimão para pagar danos em viaturas de serviço (i.e., uma jante riscada e um espelho partido) no prazo de dez dias úteis, sob pena de procedimento disciplinar.

Apesar da condução de viaturas não fazer parte do conteúdo funcional de Enfermagem, a constante falta de motoristas e/ou viaturas nas UCCs do Algarve têm levado a que muitos enfermeiros assegurem as visitas domiciliárias e outras atividades na comunidade conduzindo as viaturas de serviço, deslocando-se a pé ou até mesmo utilizando viaturas próprias sem que lhes sejam pagas as despesas de deslocação. Se o têm feito, muito se deve à sua deontologia profissional e, ainda que a ARS do Algarve não reconhecesse esse facto, o mínimo que se esperaria é que o comportamento a adotar não fosse de cariz punitivo. Por esse motivo, e porque não há sentimento que indigne mais o ser humano que o da injustiça, os enfermeiros das UCCs de Faro, Portimão, Lagos e Silves recusaram continuar a conduzir as viaturas de serviço em solidariedade com as colegas, sendo esperado que outros tantos se juntem à causa.

Posto isto, de quem é a responsabilidade pelo sucedido? Creio que os responsáveis são vários.

Os enfermeiros não devem assumir uma responsabilidade que não lhes compete e, muito menos, ceder a pressões relacionadas com processos disciplinares, pois está visto que são “presos por ter cão e por não ter”. Neste caso em concreto, o procedimento disciplinar decorre em virtude dos danos causados às viaturas de serviço conduzidas pelos enfermeiros. Mas, se recuarmos no tempo, em agosto de 2017, os nove processos disciplinares instaurados pela ARS do Norte aos enfermeiros da UCC de Arcozelo/Espinho deveram-se à recusa dos enfermeiros em conduzir as ditas viaturas.

À ARS do Algarve, pesa o facto de não disponibilizar os meios necessários à prestação de cuidados. Mais grave, ainda, é o facto de ter conhecimento que os cuidados são prestados sem que sejam acauteladas as situações que colocam em risco os profissionais e utentes. Não basta que conste no Decreto-Lei n.º 22/2012, de 30 de janeiro, que as ARSs devem “assegurar o planeamento regional dos recursos humanos, financeiros e materiais, incluindo a execução dos necessários projectos de investimento, das instituições e serviços prestadores de cuidados de saúde, supervisionando a sua afectação”, é também preciso colocar em prática essa atribuição, não dispensando nunca do bom senso na sua aplicação. Deste modo, não se espera outra atitude da ARS do Algarve que não a revogação da decisão tomada e a adoção de medidas concretas na resolução do problema, como sejam a contratação de motoristas e/ou aquisição/arranjo de viaturas para as UCCs onde esses recursos estão em falta.

Quanto ao suspeito do costume, o Sr. Ministro da Saúde, talvez importe pouco falar, não por resignação, mas porque pouco se espera de quem segue o lema “somos todos Centeno”!
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Hacker Time

7/4/2018

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As últimas semanas têm sido profícuas em notícias que destacam o Algarve como local de dinâmica empresarial, o que, felizmente, contraria a dinâmica a que temos vindo a assistir. É, de facto, muito bom assistir a esta alteração.

No seio desta dinâmica, sobressai um significativo e dinâmico conjunto de empresas na área das tecnologias de informação e comunicação (TIC) que escolheram o Algarve para desenvolver a sua atividade, criar emprego e contribuir para o desenvolvimento de um setor que é transversal a outros (como o turismo, por exemplo) considerados estruturantes para a Região.

O Algarve acompanha assim aquela que já é uma realidade nacional e que se projeta além das nossas fronteiras, com impacto significativo. Ao que parece, Portugal está na moda e a moda está para continuar! Aos exemplos que contribuem para este frenesim em torno do potencial que o mundo parece estar (só) agora a descobrir em Portugal, e que vão desde os prémios meritórios atribuídos ao setor do turismo e às distinções ao nosso espetacular acolhimento, ao contributo que investigadores portugueses espalhados pelo mundo oferecem ao avanço da ciência em áreas de ponta, até ao impacto que as acrobacias estratosféricas do Cristiano Ronaldo têm na projeção do nosso país, adiciona-se um outro: ao que parece, também o hacker mais valioso é Português!
É, por isso, o momento de tirarmos partido do bom momento em que nos encontramos e fazermos o possível para destacarmos setores, como o das TIC, que adicionam um valor acrescentado bastante significativo a este nosso Lugar ao Sul.

A este respeito, decorreu em Faro há cerca de 2 semanas, um Hackathon (penso que pela primeira vez a Sul do Tejo!) – o Shift Faro.

Mas que raio é um Hackathon?! O que é o Shift Faro? E porquê no Algarve?

O Shift Faro é uma “maratona” tecnológica que desafia os participantes a criar um projeto tecnológico num período de 48 horas, submetendo-o à análise de um júri. Durante este período, os participantes acedem a um conjunto de palestras e workshops, com oradores nacionais e internacionais, em diversas áreas.

Mas mais importante, mais que um conjunto de workshops ou uma competição tecnológica, o evento afirma a capacidade regional para agregar os principais agentes do setor, públicos e privados, numa lógica de cooperação. É um evento de networking que revela o dinamismo e o potencial instalado na Região, ambicionando que o todo se torne mais agregador do que a soma das suas partes.
Pessoalmente, este é o ponto que me deleita realçar. O facto de existir uma dinâmica conjunta que ambiciona algo mais, para além dos interesses privados de cada agente e que dá forma e impulso ao desenvolvimento do ecossistema tecnológico da região. Um ecossistema que, sem ambição financeira ou necessidade de verbas significativas, permite uma atuação conjunta orientada para um objetivo comum, mostrando que é possível concretizar iniciativas de sucesso que reforçam a competitividade da região.

Procurando concretizar, permitam-me salientar iniciativas como o Share Algarve ou o Shift Faro, que considero reflexo destas novas dinâmicas. Estas iniciativas resultam de um trabalho cooperativo e altruísta de um conjunto de pessoas e entidades, que procuram dar corpo ao potencial e à massa critica regional, afirmando o Algarve como solução de investimento e de habitação.

Porque conhecemos aquele que é o potencial do Algarve, e porque temos recursos para fazer mais e melhor, importa valorizar os exemplos de sucesso e reforçar a cooperação, para que este Lugar ao Sul se assuma como um efetivo polo de competitividade económica, com capacidade de captação de recursos internacionais.

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E reabrir a Casa do Algarve em Lisboa?

6/4/2018

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Por Gonçalo Duarte Gomes

É dito que os emigrantes sentem a Pátria de outra forma, a proximidade emocional ampliada pela distância física.

O escrito de hoje, lavrado em migrante itinerância pela capital do Reino, é ínfima amostra.

Ora, pensando o e no Algarve em Lisboa, a pergunta que se impõe é obviamente: e reabrir a casa do Algarve em Lisboa?
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Tecnologia: uma realidade virtuosa chega ao Algarve

3/4/2018

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Por Paulo Pereira

O recente anúncio de uma startup brasileira que escolheu Faro para instalar um Centro de Investigação e a Unidade de Produção para a Europa, contando já com o apoio da Universidade e do Município, é um sinal de que o Algarve tem condições para se posicionar e cativar empresas de base tecnológica. Para quem não acompanhou a notícia, pode ler tudo aqui https://goo.gl/ba6PmL ou aqui
https://goo.gl/HBi2kG .
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Esta (boa) notícia é um sinal de que é necessário retomar o projeto de criação de um Pólo Tecnológico que tem estado na gaveta seguramente há mais de 15 anos. Apesar de terem sido feitos estudos de viabilidade e projetos de instalação, na realidade nunca chegou a passar do papel. Esta ideia, que me parece estruturante para a Região, tem vindo a ganhar um novo fôlego nos últimos tempos, com a emergência de um conjunto de empresas da região ligadas à área das novas tecnologias. À sua escala, a região apresenta hoje um conjunto de empresas que conseguiram colocar a tecnologia “made in Algarve” a nível internacional e em áreas verdadeiramente diversificadas, desde os sistemas de alarme, aos sistemas de som domésticos, à automação, à imobiliária, aos sistemas de reservas aplicados à hotelaria, golfe, spa e rent-a-car, entre outros. Temos hoje empresas do Algarve que lideram segmentos nos mercados em que estão e que têm na sua lista de clientes multinacionais da área do Turismo, da Banca, do setor Automóvel e em diversas áreas industriais. Podemos encontrar tecnologia desenvolvida no Algarve, instalada em geografias tão dispares como Madrid, Berlim, Londres, Nova Iorque, Las Vegas, Miami ou São Paulo, só para citar alguns casos mais simbólicos. Deixo a análise especifica dos casos de sucesso de internacionalização para uma proximidade oportunidade.

Ao mesmo tempo que empresas da região partem à procura de oportunidades no mercado internacional, começam-se a registar os primeiros casos de empresas internacionais que localizam parte dos seus serviços no Algarve. Para além da mais recente, com origem no Brasil, temos a registar também empresas da Alemanha e Reino Unido que criaram unidades de desenvolvimento na Região. As condições naturais da região, a facilidade das comunicações aéreas com ligações diretas a cerca de um centena de cidades da Europa, o bom sistema de saúde (privado) a relativamente boa qualidade de vida, o baixo custo de vida em comparação com o que se passa na Europa, são seguramente alguns dos elementos que estão a motivar esta dinâmica, ainda ténue, de fixação de profissionais qualificados ligados ao desenvolvimento tecnológico e às industrias criativas na Região do Algarve. Além dos casos de empresas que se estão a instalar diretamente na Região, acresce o movimento natural de Quadros de topo de multinacionais que têm a sua segunda residência ou casa de férias no Algarve. Tudo isto tem acontecido, pelo menos que se saiba, sem qualquer tipo de coordenação ou estratégia oficial. Tanto quanto se saiba, não é do conhecimento publico nenhum plano ou anúncio oficial de qualquer tipo de entidade regional que tenha assumido essa estratégia. Ao contrário do que podemos assistir em outras cidades, como Lisboa, Porto, Coimbra, Braga ou Aveiro, onde as autoridades locais assumiram uma estratégia de dinamização das áreas tecnológicas, não se conhece nenhuma estratégia assumida na Região do Algarve neste âmbito. E é neste quadro, em que o setor privado começa a ter massa crítica e provas dadas, que surge o movimento de criação do ALGARVE TECH HUB, ideia lançada há cerca de 5 anos por Miguel Fernandes, fundador da Dengun, que tem como visão criar uma estrutura que promova e dinamize o setor das Tecnologias da Informação de forma estruturada e sistematizada. Os desafios são grandes e há muito para fazer, nomeadamente em áreas como a capacitação técnica, internacionalização, captação de investimento, investigação e financiamento.  A saber:

1.Capacitação técnica e profissional: neste domínio é necessário ajustar a oferta formativa da Universidade e do Ensino Profissional e Especializado à procura existente e às necessidades do mercado. Por outro lado, faz também sentido desenvolver competências de gestão de equipas e de projetos, capacitando recursos humanos para funções de liderança.

2. Internacionalização: é necessário capitalizar o esforço de captação de novos mercados que tem sido desenvolvido por algumas das principais empresas tecnológicas da região, ao mesmo tempo que se motivam outras empresas a arriscar na abordagem aos mercados externos.

3. Captação de investimento: o Algarve tem condições naturais e infra-estruturas que podem facilitar a criação de novas empresas, a captação de centros de serviços de empresas estrangeiras, ou o desenvolvimento de novos projetos. Importa desenvolver uma estratégia de captação direta de novos investimentos que contribuam para criar o ecossistema tecnológico da região.

4. Investigação: através da ligação ao meio académico, é possível e desejável aprofundar o desenvolvimento de projetos de investigação em co-promoção, envolvendo uma ou várias empresas articuladas com Investigadores universitários.

5. Financiamento: Nesta área é necessário refazer os mecanismos de apoio e incentivo existentes e criar novas tipologias de veículos de investimento. A forma como estão montados os sistemas de incentivos financiados pela União Europeia, não favorecem um ambiente de apoio à inovação e investigação, em que a análise dos projetos chega a demorar pelo menos entre 6 e 9 meses. Numa área em que o “ time to market” é critico, a experiência demonstra que a burocracia não é compatível com uma dinâmica de apoio à inovação. Para dinamizar o setor será necessário desenvolver novos mecanismos de financiamento que dêem resposta às necessidades de investimento em tempo útil.

O desenvolvimento destes e outros tópicos podem contribuir para a criação de uma dinâmica positiva nas empresas do setor tecnológico na Região. A oportunidade está criada. Compete às empresas do setor concretizar o projeto e ao Estado perceber que é preciso mudar para acelerar todo este processo.
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