Por Gonçalo Duarte Gomes Cumprem-se hoje 111 anos sobre a 1ª edição do jornal “O Algarve”, disponível para consulta na hemeroteca digital… da Câmara Municipal de Lisboa. Assinalo esta efeméride com um excerto do “Nós” que se apresentou, em jeito de editorial, e de onde se empresta, de resto, a expressão que dá título a este texto: Mais um humilde combatente n’este pelejar do interesse publico, em que se debatem tantos campeões, assenta hoje inscripção, sob a denominação “O Algarve”, perante os nossos comprovicianos, a quem dedicamos, e só a elles, o trabalho que vamos empreender. 111 anos volvidos e, mutatis mutandis, quase tudo poderia ser escrito hoje. No Algarve e no País.
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Hoje o Lugar ao Sul tem como convidado Juan Pablo Rodrigues Correia. Licenciado em Informática – Ramo tecnológico e Mestre em Gestão Empresarial pela Universidade do Algarve. Atualmente é responsável pela coordenação comercial do grupo Algardata, onde coordena o negócio no âmbito nacional e internacional. É também Professor Assistente Convidado na Faculdade de Economia da Universidade do Algarve para as disciplinas de Estratégia e Planeamento Empresarial e Métodos de Decisão. Tem como interesses a tecnologia, sobretudo a componente de Análise de Dados e Machine Learning, desporto e leitura. E, claro, é sócio do SPORTING! Muito recentemente, a ANI (Agência Nacional de Inovação), entidade a quem a CCRD Algarve recorre para analisar candidaturas de projetos de inovação, chumbou uma série de projetos propostos por empresas Algarvias, por considerar os projetos “não inovadores” ou por considerar que a empresa não reúne as condições (inovação, capital, etc.) para poder realizar o projeto a que se candidata.
Para referência, alguns números (apenas de projetos submetidos pelo CRIA): No programa QREN, o número de projetos submetidos à medida de Sistema de Incentivos à Investigação e ao Desenvolvimento Tecnológico, foram 25, com 88% de taxa de aprovação (22 projetos). Neste programa, a “peritagem” foi realizada pela ADI, antiga Agência De Inovação, entidade que deu origem à ANI, ou seja, basicamente, a mesma entidade. O número de projetos submetidos à medida de Sistema de Incentivos à Investigação e ao Desenvolvimento Tecnológico, no âmbito do Portugal 2020, o programa em vigor, foi de 59, um crescimento muito significativo em relação ao programa anterior. No entanto, o número de projetos aprovados foi de apenas 21, i.e. 35,6% do total. Ou seja, houve mais candidaturas de inovação mas houve menos aprovação de projetos do que no quadro anterior em volume e uma redução dramática em percentagem (de 88% para 35,5%). É pois imperativo colocar uma questão: será que as empresas deixaram de ser inovadoras com o tempo ou estaremos num quadro onde as análises foram mal feitas no programa anterior, estando agora em curso uma “correção” materializada através da aplicação de critérios de avaliação mais restritivos? É compreensível e até recomendável que, para projetos de maior complexidade, a CCDR Algarve recorra a especialistas externos para poder ter uma avaliação mais justa das candidaturas. Nesse aspeto a ANI aparenta ser uma entidade de referência. No entanto, se o critério é tão apertado que o resultado final é que a verba disponível não é aproveitada e/ou é devolvida para outras regiões, ou ficando no Algarve é redirecionada para linhas que não estão ligadas à inovação, talvez se recomende algum debate sobre o assunto. Importa salientar que um projeto que é reprovado poderá ser sempre corrigido e novamente submetido, algo que pessoalmente já fiz por três vezes sem sucesso. De facto, o mesmo projeto foi sendo chumbado por razões diferentes sendo que, curiosamente, na segunda e terceira volta, os motivos alegados pela ANI não chegaram a ser identificados nos momentos de avaliação precedentes … o que torna complexa qualquer revisão. O problema é muito mais profundo do que aparenta. Se por um lado, os projetos de inovação permitem que as empresas evoluam (novas técnicas, produtos ou tecnologias) e o apoio ao investimento garante essa evolução (não só por via do investimento, como também do controlo da execução do projeto), por outro, permite um reforço da ligação entre o meio académico, onde é fundamental realçar o papel da Universidade do Algarve e o mundo empresarial, que tem evoluído de forma muito significativa nos últimos anos, muito por via dos projetos de inovação. Finalmente, pergunto, como é que as empresas, que não são do âmbito turístico no Algarve, competem neste contexto? Ou será que o esperado é que deixemos de ser incómodos permitindo assim que o dinheiro flua mais livremente para as empresas que estão no Centro e Norte do país? Se não é, parece, pois esta política leva a que sejam as nossas concorrentes internas a poder evoluir, captando assim o nosso capital intelectual e fazendo com que o Algarve sirva apenas para que a “malta” venha cá passar férias e, se possível, sem gastar muito dinheiro. A verdade é que assistimos a dois fenómenos muito contraditórios: o turismo a ser premiado num âmbito europeu e até mundial e as empresas a ser chumbadas em projetos de inovação a nível nacional... Ainda assim, contra tudo e todos, não desistimos! Missão assumida: por o nome Algarve no mapa de inovação nacional e internacional! Por Anabela Afonso ![]() Hoje quase não escrevia. Falta-me tempo, e às vezes também assunto. Não é que eu não tenha sempre muitas coisas que me inquietam, sobre as quais me interessa conversar, debater, discutir. Só não acho que isso seja sempre o suficiente para escrever. Esta semana, já quase prestes a deitar a toalha ao chão fui desafiada a não desistir, partilhar uma foto que fosse, um pensamento ou um poema até. Lembrei-me então de umas fotos que tinha, de um passeio com os meus pais pelo campo, perto de onde moramos, e de um pedido da minha mãe que este desafio recuperou: "Filha, um dia tens que escrever sobre as abelhas. Com esta febre de cortar o mato, as abelhas já não têm o que comer." Esta é a altura do ano onde, em tempos idos, um passeio pelo campo seria acompanhado do tão característico zumbido das abelhas que por todo o lado recolhiam o pólen de tudo o que são flores apetitosas. A propósito do pedido da minha mãe, olhámos em volta, procurámos, e quase não vimos abelhas. Fizemos silêncio e o zumbido das abelhas já não se faz ouvir. Consegui, finalmente, registar em algumas fotografias, as poucas abelhas que encontrámos e é isso que hoje partilho. Partilho a presença das escassas abelhas que ainda conseguem retirar alimento das também cada vez mais escassas flores do campo, como são o Rosmaninho e a flor da Mariola. Escassas porque para aos Invernos cada vez mais quentes e com cada vez menos chuva, junta-se agora o desbaste de terrenos sem, muitas vezes, acautelar algum bom senso. Pode ser que, assim, à primeira vista, a imagem acima possa parecer só mato, mas neste mato crescem (ainda) o Rosmaninho, a Mariola, a Papoila e muitas outras espécies que são fundamentais para alimentar as nossas abelhas. Nestes campos cresce (ainda) tomilho com fartura e outras ervas aromáticas que muitas vezes pagamos a preço de ouro nos supermercados. Talvez fosse de algum bom senso evitar que esta paisagem seja destruída, apostar mais na vigilância dos nossos campos. Isto a bem da sobrevivência das abelhas, que o mesmo será dizer da nossa. Geek Session Faro - Fotografia Raquel Ponte As condições para a existência de vida em Marte continuam a dividir o mundo científico, ao contrário da existência dos Geeks tecnólogicos no Algarve. Estes sim reais e evidenciaram a sua presença na passada sexta-feira dia 15 de Fevereiro em mais uma Geek Sessions-Faro.
Qualquer semelhança entre a "multiplicação" assistida e alimentar depois da meia noite ou colocar em contacto com água um Mogwai/Gremlin, é pura coincidência! O que é certo é que o anfitrião deste evento já não tinha mãos a medir. Instruídos por Fabian Reich de Berlim com a talk “Alexa: Why do you understand me?” - The technical foundations of Chatbot building, e João Cabrita - “X things to improve on REST APIs”, num “Full House hand" na Contentserv. Para aqueles que perderam o evento, estão/são curiosos ou só agora começam a despertar para o facto de que prolifera tecnologia e eventos associados no Algarve, aqui fica o broadcast dos próximos eventos:
É de salientar que todos os eventos são gratuítos mas normalmente carecem de inscrição. Apareçam e porventura ainda se aprende que afinal a Terra até nem é plana e que há mais do que Turismo no Algarve. Por Luisa Salazar (2 minutos de leitura) Hoje é dia do Pai! Um dia que é comemorado por muitos e cujos sentimentos em todos nós podem ser diferentes… É interessante como ao longo da nossa vida o que sentimos pelo nosso pai vai mudando, mas fica sempre o Amor e a Admiração… Quanto somos pequenos é o nosso super-herói… Quando somos adolescentes é o pai que não nos deixa fazer tudo o que queremos… Quando somos adultos é o nosso conselheiro e companheiro… E quando somos já velhinhos fica na nossa saudade… Hoje pedi à minha amiga Matilde Nicau Valério, de 11 anos, para publicar um dos seus poemas neste dia tão especial. Por isso aqui deixo o meu bem-haja a todos os pais e ao meu pai e ao da Matilde em especial! “A gravata do meu pai Por Gonçalo Duarte Gomes Sá de Miranda, poeta português nascido no Século XV, escreveu: Quando eu, senhora, em vós os olhos ponho, O Algarve tem mais ou menos o efeito da lírica senhora a que o poema se reporta, causando desvario e a perda de chão. Concretamente ao nível das intenções imobiliárias associadas ao turismo. Numa semana marcada por mais uma exibição épica de Cristiano Ronaldo, o seu feito de pôr a bola onde põe os olhinhos empalidece face à capacidade que certos patos-bravos demonstraram até hoje de, onde poisaram a vista, assentarem betão em monte. Por Sara Luz
Quando o tema da equidade de género está em cima da mesa há quem insista no argumento que não existe misoginia em Portugal, mas o certo é que os factos o desmentem de forma inequívoca. Segundo o mais recente relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), as mulheres ganham em média menos 22,1% do que os homens apesar de mais escolarizadas, apresentam condições contratuais mais precárias e têm maior probabilidade de ficarem no desemprego. Os cargos de direção e políticos são maioritariamente ocupados por homens e é, igualmente, curioso que nas áreas onde a força de trabalho é na sua maioria constituída por mulheres, como no caso da saúde, que os cargos de liderança sejam também eles predominantemente ocupados por homens. Realçar, ainda, que as mulheres são quem mais sofre com assédio laboral e sexual, e com violência doméstica que, fatidicamente, continua a vitimizar um sem número de mulheres em Portugal – entre 2004 e 2018 registaram-se mais de 500 femicídios e este primeiro trimestre de 2019 que, embora ainda não tenha terminado, já conta com 12 vítimas mortais. Compreende-se, portanto, que os factos tornam a crença – de que a misoginia não existe em Portugal – frágil e inconsistente. O problema é que por detrás da mesma existe uma falácia lógica que continua a ter impacto na liberdade das mulheres, expressa na desigualdade de oportunidades e participação na vida económica, científica e política. Ou seja, há uma significativa franja da sociedade portuguesa que considera que os comportamentos misóginos fazem parte do passado e crer o contrário não é mais do que uma elaboração irrealista ou proveniente de um discurso feminista que tem como fim a luta dos direitos das mulheres por via da misandria; ao fim ao cabo, em Portugal o acesso à educação é igualitário entre géneros, os casos de mutilação genital feminina e violência física e sexual feminina estão ambos previstos no código penal e as mulheres podem conduzir, votar, casar, utilizar contraceção e recorrer aos serviços de saúde com base em escolhas livres…Ora, assim, “como pensar de forma diferente?”. Pois é precisamente esta narrativa social que asfixia, silencia, desvaloriza e normaliza uma realidade que, infelizmente, teima a persistir em Portugal. A opressão patriarcal mantém-se e constitui, a meu ver, um manifesto obstáculo às medidas que visem promover a igualdade e equidade de género. Veja-se, por exemplo, o caso da mais controversa das medidas: a nova Lei da Paridade e Representação Equilibrada. Há quem parta do pressuposto que a Lei da Paridade não faz sentido porque as desigualdades não existem, sugerindo que a falta de representatividade feminina nos cargos políticos se deve ao desinteresse pela política, ou a haver são residuais e mutáveis ao longo do tempo (“mão invisível na cultura”). Há também outros que se referem ao facto da mesma não garantir que a escolha seja baseada no mérito ou, ainda, que atenta às desigualdades que, sim, devem persistir (referindo-me em concreto, neste último caso, a uma opinião publicada recentemente n’Observador) (pode ler-se aqui). E quanto a isto cabe-me dizer que se não fossem 209 os anos necessários para a mulher deixar de ser encarada como a principal cuidadora familiar, segundo o relatório da OIT; a inexistência ou o escasso número de medidas que visam a conciliação da vida profissional, pessoal e familiar, sobretudo, para as mulheres condicionadas pela maternidade; ou as escolhas poderem, e deverem sim, privilegiar o princípio da meritocracia; (e, quanto ao argumento da defesa da misoginia publicado n’Observador, opto realmente por me abster!); até eu me sujeitava a acreditar nisso. Termino parafraseando Simone de Beauvoir, em “O segundo sexo”, as mulheres, herdeiras de um passado pesado, devem, em conjunto com os homens, almejar e forçar um novo futuro; futuro esse em que as mulheres estão devidamente representadas nas áreas da ciência, política e economia, em conciliação com a vida pessoal e familiar e sem que isso acarrete a supremacia de qualquer um dos géneros. Esta é a convicção do que acredito ser vital em matéria de género para a coesão social e para o progresso do país. Por Anabela Afonso
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