Por Gonçalo Duarte Gomes
A Algfuturo, um lobby empresarial – sem qualquer sentido pejorativo – regional, que se reveste de forma associativa, veio recentemente publicar uma “carta aberta em defesa da honra e bom nome do Algarve e seus agricultores”, que endereça “aos responsáveis oficiais regionais e nacionais e outros detratores das culturas de regadio no Algarve, em particular a do abacate, que falsamente afirmam ser de carácter intensivo” (aqui). Trata-se portanto de uma defesa da honra da cultura do abacate, que tão badalada tem sido na região, fundamentalmente devido à questão do consumo dos recursos hídricos. E o abacate anda ofendido.
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Por Gonçalo Duarte Gomes
Foi lançado à consulta pública o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR - aqui), o documento para a recuperação pós-Covid, que define os alvos para as “bazucadas” dos 14.000.000.000 € de dinheiro fresco que aí vem, direitinho da União Europeia! Por Gonçalo Duarte Gomes
Sendo esta pandemia, que tão dramaticamente afecta a vida de todos nós, uma anomalia pegada, não deixam de se conseguir destacar, dentro dela, estranhas anormalidades. Foram ontem anunciados pelo Presidente da República e pelo Primeiro-Ministro os termos gerais do novo Estado de Emergência que vigorará entre 15 de Fevereiro e 1 de Março. Em mais uma arroba de dias de normalidade feita de excepcionalidade, parece que não há grande novidade. Ou até há. Por Andreia Fidalgo Fala a Loucura: O que quer que os vulgares mortais digam de mim – e não sou tão tola que não saiba quanto de mal se ouve dizer da Loucura, mesmo entre os mais loucos – no entanto sou eu, só eu, a única que com o meu espírito alegro os deuses e os homens. A prova é evidente, pois mal apareci diante deste numerosíssimo auditório, logo os olhos de todos brilharam com uma súbita e insólita alegria, tão de imediato aliviastes o sobrolho carregado, e o vosso amável riso me aplaudiu alegremente que, na certa, me parece que todos os que vejo ao meu redor estais, como os deuses de Homero, ébrios pelo néctar, misturado com um pouco de nepente, enquanto instantes antes estáveis sentados, ansiosos e tristes, como se tivésseis escapado do antro de Trofónio. Quem nunca ouviu falar de Erasmo de Roterdão ou d’O Elogio da Loucura? A obra foi escrita pelo humanista em 1509, publicada pouco tempo depois, e tornou-se numa das obras mais famosas do Renascimento europeu, ainda lida nos dias de hoje. Erasmo de Roterdão foi um dos mais destacados intelectuais do seu tempo. O seu percurso deve ser entendido no âmbito de um movimento cultural que dominou o Renascimento e que ficou conhecido por Humanismo. Depois de uma época medieval marcada pelo teocentrismo, o Humanismo, muito inspirado pelos ideais da Antiguidade Clássica, devolveu o protagonismo ao homem, colocando-o no centro do mundo, numa postura marcadamente antropocêntrica. Numa perspectiva abrangente, o Humanismo corresponde à valorização do papel do homem neste mundo, à valorização das suas capacidades enquanto ser racional, e à valorização da sua acção transformadora. Nada disto significou, porém, que o Cristianismo tivesse perdido primazia. Erasmo de Roterdão dialogava particularmente com o Humanismo Cristão – a que, por sua causa, também podemos chamar de Erasmismo, uma vez que foi ele o seu principal percursor. O Humanismo Cristão, na visão erasmiana, pautava-se pela ideia de que a prática religiosa formalista da Idade Média deveria ser transformada numa prática religiosa interior e pessoal. Isso só seria possível de atingir, em pleno, pelo homem que fosse formado pela literatura clássica e transformado pelo Evangelho. As línguas e as literaturas clássicas seriam, pois, essenciais na formação do homem, mas era na Bíblia se encontrava a moralidade e o sentido da vida. Este pensamento erasmiano encerrava em si a ideia de que era possível a renovação e reforma da sociedade daquela época através da síntese entre a cultura clássica e o pensamento cristão. Erasmo era, assim, crítico do seu próprio tempo. Porém, enquanto pacifista que era, nunca defendeu uma cisão da Cristandade, como a que viria a acontecer com a Reforma de Lutero. O Elogio da Loucura insere-se precisamente nesta lógica reformista e crítica de Erasmo. Através da ironia, do sarcasmo e da sátira, o humanista cria uma personagem mitológica, a Loucura, filha de Pluto, deus da riqueza e de Neotetes, ninfa da Juventude, que se faz acompanhar pelo Amor-próprio, pela Adulação, pelo Esquecimento, pela Preguiça, pela Volúpia, pela Irreflexão, pela Moleza, pelo Festejo e pelo Sono Profundo. Erasmo utiliza a Loucura para explicar o comportamento de todos os que são criticados ao longo da sua obra, e a sua crítica passava por toda a sociedade, sendo que nem o Papa, nem os Príncipes escaparam incólumes. A Loucura, que fala na primeira pessoa, afirma que “nenhum homem pode viver de modo feliz se não for iniciado nos meus ritos e se não me tiver por propícia”. “A Fortuna ama os homens insensatos, os mais audazes, e agrada-lhe os que dizem: «A sorte está lançada!”. A Sabedoria, por outro lado, torna-os tímidos e é por isso que vedes os sábios no meio da pobreza, da fome e do fumo; vivem esquecidos, sem glória, sem simpatia. Os loucos, pelo contrário, nadam em dinheiro, tomam o governo do Estado, numa palavra, prosperam sob todos os aspectos”. Diria que a leitura de O Elogio da Loucura surpreende ainda nos dias de hoje pela sua actualidade. É certo que a sociedade é, actualmente, muito diferente daquela que Erasmo criticava, assim como os problemas que nos assolam são muito distintos. No entanto, a natureza humana parece não ter sofrido grandes alterações. Não raras vezes dou por mim a pensar que tanto do comportamento errático, alucinado e completamente amoral que por aí se vê, inclusivamente nas mais altas esferas, só se pode dever à presença de uma boa dose de loucura. Não será esta uma boa forma de o explicar? Na Loucura se contém a ganância, a sede de poder, de riqueza e de fama, o “salve-se quem puder”, a falta de amor ao próximo, a falta de humanidade. A Loucura exclui a sabedoria, exclui o bom-senso, exclui o racionalismo. A Loucura exclui o Humanismo e os seus valores intrínsecos de defesa da dignidade humana. A Loucura corrompe e destrói. Alastra-se, essa, sim, numa verdadeira pandemia difícil de exterminar. Mas, ainda há que a contrarie, quem lute contra essa corrente, quem coloque os valores humanistas à frente de tudo… Termino, recordando as palavras de António Rosa Mendes, grande Mestre que me iniciou no pensamento de Erasmo de Roterdão: “Para Erasmo, só a moral poderia salvar o mundo da autodestruição. As suas lições não perdem a sua premente actualidade e todos os que hoje reclamam a subordinação da política à moral são seus discípulos”. NOTA: A edição citada neste texto foi: Erasmo de Roterdão, O Elogio da Loucura, edição bilíngue, trad. do latim e notas por Alexandra de Brito Mariano. Lisboa: Nova Veja, 2012. Por Gonçalo Duarte Gomes
Foi publicado, como todos os anos acontece, o Relatório Anual dos Serviços de Águas e Resíduos em Portugal (RASARP). Desta feita, o RASARP 2020 (disponível aqui), que compila informação referente ao ano de 2019. E, como todos os anos acontece, o Algarve apresenta alguns indicadores que devem merecer reflexão, numa óptica de minimização do desperdício da água – já que em termos qualitativos, quer a distribuição em alta, quer em baixa, apresentam resultados cada vez melhores. Um dos recursos mais importantes do nosso País e da nossa região é o mar. Importa, por isso, aferir de que forma podemos desfrutar dos seus imensos frutos de forma sustentável. É por isso com entusiasmo que me associo ao texto abaixo, assinado pelo Henrique Folhas e o Nicolas Blanc, ambos membros muito activos da Sciaena, uma ONG dedicada a promover a melhoria do ambiente marinho fomentando formas de exploração sustentáveis através da comunicação, educação e intervenção política. A não perder. Luís Coelho Por Henrique Folhas e Nicolas Blanc*
No dia 28 de novembro de 2018, o Município de Silves, a Fundação Oceano Azul, a Universidade do Algarve, através do Centro de Ciências do Mar (CCMAR), a Associação de Pescadores de Armação de Pêra e a Junta de Freguesia de Armação de Pêra, promoveram uma sessão de apresentação, onde estiveram presentes as mais variadas entidades locais e regionais, sobre as bases de um projeto para a criação de uma Área Marinha Protegida de Interesse Comunitário (AMPIC) na Baía de Armação de Pêra. A necessidade deste projeto está alicerçada num estudo do CCMAR que assenta no reconhecimento do recife da Baía de Armação de Pêra como uma das áreas com maior biodiversidade e produtividade da costa portuguesa. |
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