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Notas de uma quarentena improvável (6)

3/4/2020

2 Comments

 

O que precisamos inventar para nos reinventarmos?

Por Anabela Afonso

Descubro-me, nas conversas que, com os amigos, com os colegas, ou com as muitas pessoas com quem, por motivos de trabalho, vou mantendo à distância, a referir-me, ou a ouvir do outro lado a referência à necessidade que vamos todos ter de nos reinventarmos. E dou, depois, por mim, a perguntar-me: como é que isso se faz? Como se inventa a nossa própria reinvenção? Será essa uma tarefa nossa, ou será isso um resultado dos processos a que somos sujeitos?

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Os lírios do meu quintal.


Se fosse só uma tarefa nossa, já muita coisa teria mudado. O que não nos tem faltado, nos últimos anos, concordarão, é conversa sobre como este paradigma de sociedade está esgotado e como vai ser necessária uma mudança. Se nos concentrarmos apenas na temática das alterações climáticas e fizermos um exercício para lembrar as muitas declarações da jovem ativista  Greta Thunberg,  percebemos agora, de um modo trágico, infelizmente, como ela estava certa nos apelos drásticos que fazia. De cada vez que ela dizia que se estava numa situação de emergência, e que já não havia tempo para conversa sem ação, e que era preciso fazer alguma coisa rapidamente, nunca imaginaríamos que a receita dela estava prestes a ser aplicada. Também não imaginaríamos que, apesar do sofrimento que esta súbita paragem global nos está a provocar a nós, seres, humanos, ela seria tão eficaz na redução dos efeitos negativos da ação humana no planeta.


​Poucos levavam a sério aqueles que falavam na necessidade de mudarmos hábitos de vida, e deixarmos cair algumas das comodidades a que já nos tínhamos habituado para podermos deixar um planeta saudável para os nossos filhos. Mas a prova está aí, à vista de todos. Neste artigo da BBC Future, Will Covid-19 have a lasting impact on the environment?, a jornalista de ciência Martha Henriques, fala das reduções drásticas que, à data de 27 de março (data de publicação do artigo), já se verificavam da presença de CO2 na atmosfera em zonas do planeta como a China, a Europa e os Estados Unidos da América. Deixa também uma chamada de atenção sobre se conseguiremos, quando tudo isto passar, manter os novos hábitos na medida suficiente para que não se percam estes resultados. 


Um dos grandes desafios está particularmente ligado à enorme dependência da economia mundial das deslocações de carro e de avião. Este último caso da poluição provocada pelos aviões está diretamente ligado à dependência que a economia portuguesa, e a do Algarve em particular, tem do Turismo. Isto quer dizer que estes são dois dos hábitos que teremos (ou deveríamos, pelo menos) repensar quando tudo isto acabar. Citando o artigo: "Driving and aviation are key contributors to emissions from transport, contributing 72% and 11% of the transport sector’s greenhouse gas emissions respectively. We know that for the duration of reduced travel during the pandemic, these emissions will stay lowered. But what will happen when measures are eventually lifted?"

Ao que parece, estará nas nossas mãos decidir se quando tudo isto terminar, vamos estar ansiosos por recuperar os velhos hábitos (consumir sem sentido crítico, viajar sem preocupações do impacto nos nossos ecossistemas, e continuar a usar o veículo particular com opção primária para as deslocações do dia-a-dia), ou se apesar de todas as dificuldades que vamos atravessar, esta experiência nos permitirá vislumbrar um outro mundo possível ao ponto de esse se tornar mais apetecível que o anterior.


Poderá esta crise durar o tempo suficiente para percebermos que, parar, reduzir o ritmo, estar mais em casa, e ao mesmo tempo perceber que precisamos de passar mais tempo com os nossos mais próximos, que tantas vezes descuramos na azáfama das nossas vidas ocupadas, pode ser a receita para termos futuro? Precisaremos de viajar tanto, quando tantos de nós nem conhecem a beleza do nosso país? Sim, viajar dá-nos mundo. Mas há quem corra todos os continentes e não aprenda nada sobre o que o mundo é. 
​
Na perspetiva profissional então, se há coisa que estes dias de clausura nos vieram demonstrar é que andamos todos a fazer quilómetros para trás e para a frente, para ter reuniões que resultam com igual eficácia, com um computador ou um telemóvel com câmara, e qualquer uma das inúmeras aplicações que, de repente, descobrimos estarem ao nosso dispor.


Só com estes "pequenos" exemplos, já fica no ar a impressão de que provavelmente nem teremos que inventar muito, se nos quisermos reinventar. Só precisamos saber que sacrifícios estaremos dispostos a fazer depois ultrapassados estes tempos que serão, já por si, de muitas dificuldades.

O que nos pode esperar se estivermos dispostos a isso, parece começar a não haver dúvidas que é, finalmente, podermos dizer que vamos deixar um planeta melhor para os nossos filhos e netos.

Não se esqueçam de aproveitar o fim de semana e lembrem-se que, no final, #Vaificartudobem

2 Comments
Miguel
4/4/2020 15:11:46

Anabela acredite que quero acreditar que irão existir mudanças no actual paradigma, quanto mais não seja pelos factos que correm mundo, e os factos são indesmentíveis; será isso o fim do negacionismo climático ou dos populismos como muitos vaticinam? Duvido seriamente.
O problema de tantos "ismos" é que assumem componentes religiosos e tantas vezes desafiam qualquer lógica, porque o exercício da mesma invalidaria muitos deles e se há coisa que o ser humano resiste é a dizer "estava errado".
Há praticamente meio século que o Algarve é uma região turística com as mudanças (nem todas necessariamente más) e os problemas que conhecemos, sabendo nós que nenhuma região pode e deve viver apenas de um sector económico, tenho sérias duvidas que o turismo deixe de ser a actividade económica maioritária do Algarve, se pode ser "des-massificado" talvez resida ai a questão.
Tem razão, muita gente não conhece sequer bem o seu país nem a sua região atrevo-me a dizer, e o Algarve é imensamente rico naquilo que pode oferecer da praia à serra, e que normalmente requer muitas e prolongadas visitas (ou habitação) nesses locais para os conhecer a fundo e compreender, e nas memórias e vivências criadas em tais lugares com o tempo vem a paixão a compreensão, essenciais para a preservação.
Cumprimentos!!

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Anabela Afonso
4/4/2020 22:06:20

Olá Miguel,
Percebo o cepticismo, mas acreditar já é meio caminho andado. Isso, e fazer a nossa parte na medida do que nos é possível a cada momento.
Bem haja!

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