Por Hugo Barros Começo por salientar que de forma alguma sou, ou pretendo ser (ou até parecer) um especialista na gestão de unidades de saúde ou na definição de politicas de saúde. Neste campo, tenho a sorte de ser acompanhado neste fórum, por pessoas muitíssimo mais competentes e experientes no tema.Sou sim, feliz e infelizmente, um cliente (desculpem-me os que preferem a nomenclatura de Utente, mas eufemismos à parte, considero-me um cliente, pelo que me continuarei a apresentar como tal) do Sistema Nacional de Saúde e da rede de Unidades de Saúde Privadas.
Digo feliz e infelizmente porque muito embora a permanente conotação negativa da visita ao hospital, gosto de recordar que alguns dos momentos mais felizes, gratificantes e enriquecedores das nossas vidas acontecem nas unidades de saúde, independentemente se pública ou privada. Penso que não será necessário justificar a afirmação supra a qualquer pessoa que assiste à recuperação de um familiar ou amigo, após um acidente ou doença, ou a qualquer pai que dá entrada no hospital em pânico, para sair dias depois extasiado e nervoso, convicto de que independentemente da fila e dos assobios na estrada, o caminho de volta a casa, com o carro mais cheio, será feito a uma média de 20 quilómetros por hora. Não querendo entrar numa discussão mais aprofundada sobre o tema, permito-me também clarificar que sou um claro defensor do Sistema Nacional de Saúde, e da necessidade de existência de uma eficiente e eficaz rede de Hospitais Públicos, suportados por uma rede de centros de saúde que permitam um acompanhamento preventivo mais eficaz. Penso que se existe uma característica que nos deve diferenciar enquanto pais desenvolvido (juntamente com a educação e a justiça), será seguramente a qualidade e capacidade de resposta do Sistema de Saúde. Complementarmente (e penso que não antagonicamente), sou um defensor (e cliente) da existência de uma rede de hospitais privados, complementando e diferenciado a oferta publica. Finalmente, dizer apenas que, recorrendo a um chavão popular, falar é fácil. Isto é dizer, criticar é fácil. Sou capaz de me identificar em menos de 1 minuto, 20 criticas individuais. Se por um lado será fácil porque me deveria conhecer bem, por outro será claro que possivelmente não serei a pessoa mais isenta para me autocriticar. Isto para dizer que mais importante que identificar erros e incorreções (muitas vezes numa análise enviesada porque não detemos todos os factos), considero que igualmente (senão mais) importante é procurar identificar pontos de valorização. Neste sentido, enquanto cliente, e por uma multiplicidade de razões, tive oportunidade (diga-se necessidade) de transitar nas ultimas semanas por uma miríade de entidades de saúde da região do Algarve. Desde diferentes Hospitais Privados, a centros de saúde, culminando no Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA), mais concretamente no nosso conhecido Hospital de Faro. Desta forma, das possíveis considerações pessoais na qualidade de cliente, e muito embora o possível enviesamento da análise (permitida por não ser especialista), salientaria dois pontos fulcrais – INFRAESTRUTURA e PESSOAL, sobre as quais penso que importa debater. Ao nível da INFRAESTRUTURA, independentemente de considerações ou justificações político-partidárias, penso que dificilmente será possível encontrar (se existir, por favor contribua para a discussão) quem discorde do enorme gap qualitativo no que respeita às condições dos edifícios, espaços comuns, equipamentos ou mesmo envolvente externa, entre as entidades públicas e privadas. Muito embora este ponto possa parecer insignificante, penso que o mesmo contribui de forma significativa para a qualificação do setor. Que me desculpem os mais conhecedores, mas enquanto cliente, não posso deixar de pensar que caso as entidades publicas fossem alvo de auditorias como as entidades privadas, muitas delas deixariam de ser acreditadas. Enquanto cliente, parece-me claro o desinvestimento continuo das entidades responsáveis na manutenção e requalificação dos espaços de saúde publica. Aponto questões mínimas como espaços comuns, acesso a estacionamento para grávidas e deficientes, qualidade das áreas de espera e áreas de triagem, salas de atendimento, insuficiência de materiais, entre tantas outras. Muito embora a eventual inexistência de fundamento, acabamos de não poder deixar de nos sentir como diz a sabedoria popular, que em qualquer visita ao hospital publico, “entramos com um pé partido e saímos com uma gripe”. Neste ponto, ambiciono um serviço publico de saúde renovado e alvo de reinvestimento, oferecendo um serviço mais qualificado ao cliente (utente, e contribuinte) local, potenciador de uma imagem de referencia global. Complementarmente, numa ligação ao setor turístico, que (particularmente) neste período tutela as dinâmicas regionais, gostaria de ver que a posição que o turismo Algarvio detém atualmente a nível internacional, se possa manter, não apenas pela qualidade da hotelaria e serviços anexos, mas também pelo reconhecimento da qualidade e eficiência do serviço de saúde regional, nomeadamente ao nível do sistema público. Para além da inequívoca necessidade de resposta às lacunas regionais de saúde e ao bem-estar dos residentes, este é um fator preponderante na competitividade da marca ALGARVE no que ao turismo diz respeito. Ao nível do PESSOAL, muito embora a diferença ao nível da média de idades (reforçando a inexistente politica de reinvestimento), e enquanto cliente, permito-me salientar a qualidade e excelência dos técnicos do sistema de saúde, desde o auxiliar de ação médica ao cirurgião. São eles a base de toda a estrutura e serviço ao cliente, e quem ouve e dá a cara a toda e qualquer critica, fundamentada ou não. Como qualquer gestor (publico ou privado) dirá, uns por convicção outros por obrigação, o recurso mais importante de qualquer instituição são as suas pessoas. No caso do Hospital Publico, todos temos acompanhado (e desesperado com) as sucessivas greves, exigências, promessas, e reviravoltas, quer ao nível da promessa do novo Hospital Distrital, como da progressão dos técnicos, do reinvestimento em equipamento, do reforço e rejuvenescimento dos recursos humanos, (não apenas nas épocas turísticas, porque no Algarve existe vida 365 dias), do reforço de especialidades, entre tantas outras. Igualmente, penso que não será necessário justificar ou explanar sobre a inexistência ou existência de parcas políticas de formação contínua dos técnicos do setor público, atrofiando a inovação e a melhoria dos serviços. Não obstante, muito embora plenamente satisfeito com as condições do sistema privado de saúde, recorrendo sempre que necessário e com uma boa avaliação do mesmo, continuo a ser um fiel cliente do sistema público, pelo menos para aquilo que é importante. Isto APENAS É POSSIVEL PELA QUALIDADE, DEDICAÇÃO, SIMPATIA, e CAROLICE dos profissionais que integram o Sistema Nacional de Saúde. Bem hajam! Apesar de todas as criticas, limitações, imposições e constrangimentos, estes configuram a base do sistema regional de saúde e a primeira defesa do verdadeiro utente neste Lugar ao Sul. Permito-me imaginar o que poderiam estas pessoas fazer, caso lhes fossem disponibilizados os recursos e ferramentas adequadas ao cumprimento da sua atividade. Enquanto cliente, a todos eles o MUITO OBRIGADO!
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