Por Luís Coelho Estava eu a passar os olhos pela imprensa regional no início desta semana quando me deparo com a seguinte chamada de capa: “Joao Bento Algarvio é o novo campeão do mundo de WBU”. Confesso que na altura não fazia a mais pálida ideia sobre o significado das siglas WBU; no entanto, fiquei imediatamente interessado no tema pois, na verdade, não é todos os dias que um dos nossos conterrâneos merece distinção planetária. Investiguei um pouco mais e… … fiquei agradavelmente surpreendido com o que encontrei. Comecemos pelo início. O António João Bento é um Farense de 41 anos que dedicou boa parte da sua vida à prática do pugilismo. Começou nestas lides muito tenrinho (15 anos) e com arte, esforço e uma pitada de sorte alcançou glórias imensas de luvas calçadas: 24 cinturões entre títulos europeus e mundiais.
O último episódio deste invejável trajecto foi escrito na madrugada do passado dia 02 de Março, com António João Bento (a.k.a. Bento “Algarvio”) a derrotar o seu contendente num combate que teve como pano de fundo a bonita cidade colombiana de Cartagena. No final, o nosso herói sai amachucado mas vitorioso, arrecadando desta forma o título mundial da World Boxing Union (i.e., WBU) na sua categoria. Desenganem-se aqueles que pensam que o caminho percorrido pelo nosso herói não teve os seus contratempos e momentos de desilusão. Ao invés, pelo que li, este foi bastante árduo e difícil. Uma ilustração singela mas bem significativa desta situação pode ser encontrada nas palavras proferidas pelo pugilista no rescaldo da sua estrondosa vitória. Em particular, quando agradecia o apoio e carinho recebidos, Bento Algarvio não deixou de mencionar a Câmara de Faro e o Turismo do Algarve ao mesmo tempo que lamentava o total desinteresse demonstrado pela Federação Portuguesa de Boxe pela sua pessoa. A história do António João Bento faz-me lembrar a essência do nosso Algarve. Região única no País e no mundo, abençoada pela mãe natureza em vários aspectos, o Algarve tem sido o campeão nacional do turismo há mais de 40 anos. Ainda assim e apesar de todas as provas já dadas, a Região continua a ter dificuldade em reclamar para si os instrumentos de que necessita (e seguramente merece) para alavancar ainda mais a sua economia e, com isso, melhorar o bem-estar de quem por cá vive e trabalha. É lamentavelmente notória a insistência do “poder central” em olhar para esta Região com sobranceria e desinteresse. Não é de hoje; será, seguramente, algo do nosso amanhã. Resta-nos um caminho: sermos os nossos próprios heróis. Juntos. A falar a uma só voz. Em tom calmo mais assertivo, bem ao estilo do último uppercut deferido pelo nosso Bento “Algarvio” na passada madrugada de dia 02 de Março.
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