Por Luís Coelho O Algarve está de parabéns. De facto, dados disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) no passado dia 13 de Dezembro de 2018 revelam que em 2017 (último ano para o qual há informação disponível) esta região atingiu a pole position do crescimento regional. Vejamos porquê. Em 2017, o crescimento real (i.e., descontado do efeito inflação) estimado para o Produto Interno Bruto (PIB) da Região ascende a 3.5%, sendo este o mais elevado de todos aqueles que foram estimados pelo INE na sua nota sobre contas regionais. Por outro lado, a autoridade estatística nacional revela ainda que o crescimento real definitivo para o Algarve em 2016 foi de 4.8%. Estes são valores muito simpáticos para o Algarve já que em 2016 Portugal cresceu “apenas” “apenas” 1.9%, sendo o crescimento estimado do País em 2017 uns “meros” 2.8%.
As boas notícias não se ficam por aqui, permitindo-me destacar dois aspectos que me parecem particularmente importantes. Primeiro, o facto da Formação Bruta de Capital Fixo em 2016 ter crescido em termos homólogos 3.3% no Algarve. Segundo a informação disponível, este efeito está concentrado nos sectores tradicionais da economia algarvia (i.e., comércio, transportes, alojamento e restauração e atividades imobiliárias), algo que ainda assim se constitui como um aspecto positivo já que, pelo menos em teoria, permite reforçar a nossa capacidade competitiva. Em segundo lugar há que mencionar a situação das famílias. Em 2016, o Rendimento Primário Bruto na região ascendeu aos 5.856 milhões de euros, sendo o equivalente para o Rendimento Disponível Bruto de 5.763 milhões de euros. A estes valores corresponde um crescimento anual homólogo de 5.9% e 5.8%, respectivamente, o que coloca uma vez mais o Algarve na primeiro lugar do pódio nacional. Assim, em 2016, em termos per capita, o Algarve é a segunda região mais rica do País em PIB (19.246 euros), Rendimento Primário Bruto (13.266 euros) e Rendimento Disponível Bruto (13.046 euros). Neste contexto torna-se difícil argumentar que o Algarve deve alterar o seu modelo de desenvolvimento económico. No entanto, importa recordar que 2016 e, especialmente 2017, foram anos excepcionalmente positivos para o Algarve pelo que uma modesta retracção da procura turística poderá colocar em causa o indesmentível sucesso económico alcançado pela região nos últimos anos. Os desafios com que a região se depara já em 2019 merecem pois reflexão apurada (veja-se a questão do Brexit ou o aumento da concorrência de países como a Turquia, Tunísia ou Egipto), aconselhando-se a adopção de uma atitude ao estilo de “formiga” por forma a evitar um desfecho similar ao da cigarra para parafrasear o popular conto infantil onde pontificam estes dois simpáticos insectos.
1 Comment
Miguel
23/1/2019 12:02:40
Sempre disse que seria impossível retirar o turismo, restauração, enfim a economia de sol e praia do Algarve, mas como referiu no ultimo parágrafo, tal não significa que se deva apostar na mesma ad nauseam sem tentar criar, reforçar e expandir sectores e actividades que não estejam directamente relacionados com os referidos, para que não se crie a dependência exclusiva apresentada, e sobretudo para a valorização de recursos e saberes a perda ou menosprezo dos quais significaria um enorme erro sob vários prismas para a região .
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