O Lugar ao Sul conta hoje com a opinião de um convidado especial. O João Durão é um jovem Alentejano que passou por Faro para se formar em Gestão de Empresas na Academia Algarvia. Rumou então à capital do império, onde tem vindo a desenvolver uma brilhante carreia numa das principais consultoras internacionais sediadas no nosso País. Jovem atento, interventivo e com fortíssimas convicções pessoais, o João nunca deixou de pensar e sentir o nosso belo Algarve. É pois com prazer que lhe dou voz na medida em que é, seguramente, “material” de Lugar ao Sul. Por João Durão Em 2016, a despesa total em Investigação e Desenvolvimento (I&D) registada em Portugal ascendeu a €2.388 milhões (aproximadamente +7% face a 2015). Na região do Algarve, as despesas em I&D ascenderam a €29.929,9 milhares (aproximadamente +2,7% face a 2015). As Empresas executaram €4.906,9 milhares e o Ensino Superior executou €24.361,8 milhares. Curiosamente, no mesmo ano, as despesas em I&D foram de €748.158 milhares, €447.220,5 milhares, €1.071.716,2 milhares e €65.973,8 milhares, respetivamente nas regiões Norte, Centro, Área Metropolitana de Lisboa e Alentejo. Nestas regiões, a dispersão das despesas em I&D insere-se no intervalo de 40% a 50% para Empresas/Ensino Superior. Já a região do Algarve regista uma distribuição relativa distinta, i.e., 20% para Empresas e 80% para Ensino Superior. Ficam então três notas que nos parecem importantes. #1: A região do Algarve regista um baixo contributo nacional para I&D de novos produtos, serviços e processos.
#2: Reforçar a cooperação entre Universidade, Empresas e Municípios para desenvolvimento de novas atividades de I&D, nomeadamente na perspetiva matricial de CoLab (labotarórios colaborativos). As novas colaborações têm de intervir em matérias tecnológicas essenciais para a próxima década. Vide, a este nível, a lista de matérias tecnológicas em Top 18 Tech Trends at CES 2018 e The Symphonic Enterprise - Deloitte US. Ainda neste âmbito, três indivíduos, de áreas e regiões distintas, partilham breves inputs para uma discussão mais ampla e agregadora; e que, no limite, represente o início do processo de desenvolvimento de uma nova visão para a região. José Salgado (Técnico Superior na Direção-Geral das Atividades Económicas): Numa perspetiva de longo prazo, é fundamental que todos os atores nacionais, públicos e privados, definam as suas próprias estratégias relativamente à União Europeia, enquanto um dos principais centros decisórios de políticas e de investimento público. Muitas são as regiões europeias que, além da representação que obtêm mediante a presença dos seus governos no Conselho da UE, dos deputados no Parlamento Europeu (21, no caso português), e no Comité das Regiões (órgão consultivo onde o Algarve também tem o seu representante), têm ainda uma presença autónoma: uma busca rápida no Registro de Transparência mantido pela Comissão Europeia devolve diversos exemplos de regiões acreditadas para fazer lobby junto das instituições europeias. Pedro Brasil (Strategy Consultant at Pinto Brasil Group): Os serviços HoReCa, tal como os conhecemos hoje, manter-se-ão inalterados durante os próximos 10-20 anos? Dessa forma creio que regiões como o Algarve, com uma grande penetração do turismo e de indústria e serviços relacionados na economia, têm um clima favorável ao desenvolvimento de soluções que vão de encontro a essa evolução. Sucesso nessas soluções posicionam não só o nosso país e as nossas empresas na vanguarda de um sector em que nos podemos considerar fortes e que podemos fortalecer muito mais, mas também criar, dentro de um sector com tantos países concorrentes, uma forte e merecida distinção e vantagem competitiva. Vítor Vasques (Leader of the Social-Democratic Youth District of Beja): Num futuro que se quer o mais próspero, quer para as instituições, quer para a população do Algarve, é importante que haja uma forte relação entre o mundo académico e as diversas organizações. Esta relação, funda a sua importância no facto, de se assistir a um desfasamento cada vez maior entre as academias e o chamado mundo real. O Algarve não é exceção. Contudo, pode ser pioneiro, na aposta de uma associação entre estes dois mundos. Beneficiando as organizações de um maior conhecimento científico e as academias das necessidades das organizações. #3: Disseminar uma visão objetiva para a convergência em matérias de I&D. As figuras de responsabilidade regional (publicas e privadas), têm de investir em soluções que minimizem riscos futuros inerentes à inevitável mutabilidade das variáveis que influenciam a procura. Passar de Algarve 1.0 para Algarve 4.0 exige uma motivação coletiva, na construção de um novo ecossistema na região. “Think global, act local”. -- O João Durão tem 26 anos, é natural de Barrancos e desde 2015 colabora na firma Deloitte Consultores. Licenciado em Gestão de Empresas e Pós-graduado em Finanças Empresariais pela Universidade do Algarve, detém também um Executive Program em Effective Leadership pela Nova SBE e frequenta atualmente o Mestrado em Ciência Política e Relações Internacionais pela Universidade Católica de Lisboa. Foi Membro do Conselho Geral da Universidade do Algarve (mandato 2015/17), colaborou ainda na Agência para a Competitividade e Inovação (IAPMEI) e na Delegação Regional do Instituto de Emprego e Formação Profissional do Algarve.
1 Comment
Luís Pita Ameixa
21/4/2018 15:14:40
Desafiante artigo, para o Algarve, de João Carlos Durão.
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