O Lugar ao Sul conta hoje com a opinião de mais uma convidada especial. Ana do Nascimento, lacobrigense de gema é uma mente inquieta, curiosa e sempre à procura de conhecimento. Quem a conhece, sabe bem das suas duas paixões na vida. A primeira é o Serviço Nacional de Saúde, não fosse a Ana enfermeira de profissão. A segunda é o Sporting, algo que atesta bem do seu excelente bom gosto e forte personalidade. É pois “material” de Lugar ao Sul! Nota Biográfica de Ana Cristina Soares do Nascimento Ana Cristina Soares do Nascimento, da colheita de 1982, nascida em Lagos mas com naturalidade no belo e ímpar concelho de Vila do Bispo, onde só vive malta rija, até aos 18 anos cresceu e estudou em Portimão mas sem nunca perder a ligação à sua adorada Costa Vicentina. Chegou a Faro na viragem do milénio para se licenciar em Enfermagem na Escola Superior de Saúde da Universidade do Algarve. Enfermeira no Hospital de Faro, onde exerce desde 2004, trabalhou com diversas especialidades médicas e cirúrgicas e hoje está na Unidade de AVC (Acidente Vascular Cerebral). Vive o Serviço Nacional de Saúde (SNS), uma causa pela qual acredita valer a pena lutar, e que espera não vir a entrar na caixa das causas perdidas. A sede por novos conhecimentos e a afinidade com a área de gestão levaram-na a regressar aos bancos da universidade, licenciou-se em Gestão de Empresas e é mestre em Gestão de Unidades de Saúde pela Faculdade de Economia da Universidade do Algarve. Entretanto especializou-se em Enfermagem de Reabilitação na Universidade Atlântica e agora regressa aos estudos e à investigação como doutoranda em Enfermagem pela Universidade Católica Portuguesa. Sair pelo mundo é-lhe libertador, Ginástica e Surf são os desportos do coração, Com o mar sempre por perto se faz favor, A praia e os livros fazem a perfeita combinação! A família e os amigos ensinaram-lhe a amar, a profissão a ser resiliente, E não podia faltar…sportinguista para aprender a ser paciente! Por Ana do Nascimento A saúde constitui uma das primeiras preocupações dos portugueses e quem nunca ouviu «o que é preciso é saúde»! O nosso estado de saúde é fundamental para a nossa liberdade e sem a qual a nossa capacidade de viver de forma plena fica comprometida. Em Portugal foi estabelecido como princípio do nosso Estado de Direito que o acesso aos cuidados de saúde não deve ser condicionado pelos recursos financeiros que cada indivíduo detém, e que a saúde não é um produto que se transacciona como mercadoria. Qualquer um destes graciosos pressupostos dava direito a uma discussão. O acesso aos cuidados de saúde continua a ser um tema chave no Serviço Nacional de Saúde, e as desigualdades de acesso continuam na ordem do dia, porque aos cuidados de saúde disponíveis variam de região para região e o Algarve já se sabe que só aparece no mapa em Julho e Agosto. Mas é aqui que nós estamos, o ano inteiro e com a nossa vida por inteiro, no Algarve! A novidade na região, na perspetiva de melhorar o acesso aos cuidados de saúde diferenciados, foi a criação do Centro Hospitalar Universitário do Algarve, o abreviado CHUA. Uma solução sustentada para a resolução do acesso aos cuidados de saúde na região? Muito provavelmente não. Cria a ideia de que algo está a ser feito, o que politicamente é vantajoso, incute esperança nos profissionais e nos eleitores, mas na prática pode não passar de uma mudança cosmética, porque já foi Hospital Distrital de Faro, Hospital de Faro, Hospital Central de Faro, Centro Hospitalar do Algarve e agora chegamos ao CHUA, isto no espaço de pouco mais de uma década e os problemas já conhecidos na região no período “pós-troika” agravaram.
A nova administração do CHUA integra elementos que já passaram pelo Conselho de Administração durante os governos liderados pelo Eng.º José Sócrates, a experiência adquirida é uma mais-valia mas a realidade que agora os espera é que é bem diferente. Existem certamente algumas vantagens com a criação do CHUA, o reforço na continuidade do curso de medicina é importante para a região e o ganho de autonomia das diferentes unidades hospitalares, podia ser uma mais-valia se, de facto, houvesse autonomia. Essa foi uma vantagem com a passagem do hospital a Entidade Pública Empresarial mas perdida aquando das medidas de austeridade e que até ao momento não foi recuperada, a contratação de profissionais continua presa na tutela. Quanto ao curso de medicina, atrair e fixar médicos na região e no sector público é um problema sobejamente conhecido, a formação na Universidade do Algarve é uma mais-valia sob várias óticas mas não parece que dê um contributo significativo neste aspeto, porque na dinâmica atual ficar pelo Algarve não significa ficar no SNS. Agora que se fala da necessidade de concertação entre os vários partidos para os grandes investimentos seria de considerar a introdução nesse pacote de entendimento as linhas políticas de duas áreas estruturais para a sociedade, saúde e educação, porque assistir a inversões estratégicas a cada 4 anos ao sabor da agenda política dos partidos é assistir à deterioração dos serviços públicos. Entretanto pelo CHUA alimenta-se a esperança, «pode ser que isto agora melhore!». E a esperança que é a última morrer foi o recurso paliativo encontrado pelos que por lá continuam.
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