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A vida associativa: um grito claro para uma sociedade livre                       A propósito do 10.º aniversário da Tertúlia Farense

27/4/2017

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"Paisagem", Manuel Baptista (Artadentro ), um dos tertulianos da Tertúlia Farense

Por Dália Paulo

Faro tem uma história de cidadania atuante desde os tempos do regime salazarista. Nessa época, como forma de oposição ao regime, o grito pela liberdade dava-se através da transformação de ações e pensamentos pela Cultura e pela Educação. Foram um verdeiro oásis para algumas gerações neste Sul; umas organizadas formalmente, outras em forma de tertúlia.

Quero aqui recordar três exemplos que nos permitem sentir o fervilhar da cidade ou da sua elite intelectual, conjunto de pessoas que tinha eco fora da região e que por cá foi a porta de muitos para a Cultura e a Arte:
1. O Círculo Cultural do Algarve (1940) que teve um forte impacto na vida cultural da cidade e da região. A ele estiveram associados nomes como Joaquim Magalhães e Campos Coroa, entre tantos outros. Neste momento, o Círculo Cultural do Algarve pela mão e entusiasmo juvenil de João José da Ponte e Castro, aprovou novos estatutos e está em fase de reativação, pretendendo dar um contributo importante para a valorização cultural e patrimonial e para a dinamização da dimensão associativa da região, como agregador de vontades e dinamizador de uma rede cultural da cidade e/ou da região.

2. O grupo que se junta em torno de António Ramos Rosa quando este regressa a Faro em 1951, com a fundação da revista Árvore e quatro anos depois da revista Cassiopeia (1955) ou dos Cadernos do Meio-Dia inseridos na Coleção A Palavra (1958), dirigida por Casimiro de Brito. A Biblioteca Municipal de Faro, que tem o nome do poeta, celebrou, no passado dia 21 de abril, 16 anos de inauguração do atual edifício com a organização da Primavera Literária, onde se teve o privilégio de escutar Gastão Cruz que generosamente partilhou connosco a sua relação com o poeta e com a obra, dizendo-se “discípulo de Ramos Rosa”, tendo afirmado que “abriu-me os horizontes, fez-me ver mais além”.

3. O Cineclube de Faro (1956) com um forte impacto na promoção da cultura cinematográfica no Algarve, foi (continua a ser) um pólo cultural de referência e excelência na região. Com o Cineclube de Faro aprendeu-se através do cinema a refletir sobre a sociedade, a resistir pelo pensamento, a ter contacto com realidades distintas e distantes, a promover os valores da tolerância, acima de tudo com esta instituição cultural difundiu-se cinema de qualidade e aprendeu-se a amar cinema.

Neste novo milénio novas formas de cidadania associativa se foram construindo. Aqui quero partilhar três exemplos que contribuem significativamente como “palcos” onde se convida a exercer o direito de cidadania ativa e atuante e que, com o seu empenho e criatividade, dão um significativo contributo para Faro.

1. A constituição da CIVIS, Associação para o Aprofundamento da Cidadania (1997), pioneira e inovadora a trabalhar estas matérias na região e no país, relacionando-as igualmente com a educação, tendo iniciado projetos como o Encontro de Partilhas de Práticas Educativas de Cidadania (ENPAR), hoje da responsabilidade da Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares - Direção de Serviços da Região Algarve; ou o ciclo de conferência “Património, Memória e Cidadania” (2013); ou no último ano (abril 2016 a abril de 2017) quando organizou - conjuntamente com a Associação 25 de Abril, a Universidade do Algarve e os Municípios de Faro e Loulé - as comemorações dos 40 anos da Constituição da República Portuguesa e que marcaram a agenda regional das comemorações nacionais.

2. A Tertúlia Farense, uma organização informal - que comemora hoje o seu 10.º aniversário - que pela força, empenho, notável organização e iniciativa de Fernando Leitão Correia tem vindo a desenvolver o sentido crítico dos farenses, a ajudar a pensar a cidade, a reivindicar, a constituir-se como massa critica e a impelir os poderes públicos a agir. Vigilantes e resilientes os tertulianos, destes permitam-me que destaque Fernando Grade, têm dado, na última década, um forte contributo para a construção da cidade e para cumprir a cada dia os valores de Abril. Um espaço plural, em que convergem diferentes opiniões; em que se aprende a ouvir, a escutar o outro, a refletir e a divergir. Um espaço que quebra barreiras de comunicação, que (des)une, um espaço que não pretende consensos mas que discute abertamente vários temas que afetam a vida da cidade e que concorre para a solução de várias matérias de gestão da cidade.

3. Faro à Conversa, um grupo informal, que nasceu este ano, tem vindo a dinamizar e a congregar diferentes gerações de farenses e sensibilidades políticas e sociais em torno do pensar a cidade e o concelho, realizando ações concretas sobre temas como a Mobilidade, entre outros. Um grupo que quer influenciar as decisões mas, acima de tudo, quer exercer o seu papel cidadão e a liberdade de construir um projeto para a cidade. Um projeto de cidadania em primeiro lugar, de capacitação das pessoas, ousado e que provoque alguma rutura, para que a transformação seja efetiva.

Escolhi este tema para dar os parabéns e desejar longa vida à Tertúlia Farense e  porque acredito que, nesta semana que se comemora Abril, a democracia e a liberdade se conquistam, a cada dia, se existirem projetos fortes, impactantes e disruptivos na (dita) sociedade civil. Hoje, se queremos afirmar as cidades e a região precisamos de densificar o conhecimento, o pensamento e os níveis de ação, para que possamos chegar mais longe e construir territórios inclusivos e felizes.

Porque estamos em ano de eleições autárquicas, é preciso que as propostas de pensamento e de projeto para as cidades sejam capazes de, por um lado, utilizar o pensamento produzido pela sociedade civil, e, por outro, de prospetar as múltiplas realidades, sensibilidades e que possam inspirar-se no conceito de Michel Foucault, Heterotopia - indica que as realidades não são homogéneas – para a construção de um projeto de cidade onde tenham presente a integração das diferenças e as contaminações de que deve ser feita a pólis e, a partir daí, desenvolver um projeto de futuro (e presente) alicerçado nas pessoas e na inovação dos territórios.


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