Por Anabela Afonso Começou na passada quinta-feira, dia 1 de outubro, mais uma fantástica série na RTP2. Ocupados é uma série Norueguesa, produzida em 2014, que nos coloca perante um cenário em que, cumprindo as suas promessas eleitorais - assumidas no seguimento de um fenómeno meteorológico extremo que matou centenas de compatriotas - o primeiro-ministro norueguês decide interromper a produção petrolífera do país assumindo como prioridade o combate às alterações climáticas. Esta decisão leva a uma crise energética europeia e, em resultado, a uma invasão daquele país pelos russos, com o aval da União Europeia. Daqui desenrola-se uma trama política intensa, na qual se percebe a fragilidade da democracia e da soberania de um país que tem a ousadia de desafiar o sistema. Coincidência ou não, esta série teve início na mesma semana em que, num curto espaço de quatro dias, Faro foi assolado por dois tornados que deixaram claros vestígios de destruição num território que não está muito habituado a lidar com fenómenos meteorológicos extremos, muito menos tão próximos temporalmente. Nos dias que se seguiram, e nos quais a chuva, e sobretudo o vento forte e a agitação marítima foram uma constante, foram vários os registos de derrocadas de arribas na costa algarvia, já para não falar nos estragos em casas e estabelecimentos comerciais. O fenómeno não é novo, mas a sua concentração em tempo e intensidade deixou-nos em alerta e confrontou-nos com a nossa fragilidade. É nos momentos trágicos que percebemos como é fácil o mundo, como o conhecemos, desmoronar de um dia para o outro como se de uma arriba se tratasse, depois do embate da tempestade, e como tudo pode mudar tão repentinamente. Seguem-se os gritos de angústia e os pedidos para que alguma coisa se faça para repor a realidade como a conhecemos. Isto quando já todos sabemos que nada será como antes e que o exercício necessário é o de começar a aprender a recuar, a desocupar, a reduzir, a abrandar, a começar de novo, talvez. Vivemos num mundo com recursos finitos mas continuamos a comportarmo-nos como se não houvesse limite ao progresso, entendido como a possibilidade de termos, sempre, cada vez mais e melhor. Progresso deveria ser preservar aquilo que verdadeiramente é imprescindível à vida e que é, precisamente, termos um planeta viável e saudável que permita aos nossos filhos uma vida plena. Talvez seja pedir muito e talvez sejam ainda necessárias mais tragédias para acordarmos. Até lá, vamo-nos entretendo com a ficção que sabemos nunca conseguir ultrapassar a realidade, enquanto aproveitamos a bonança esperando, serenamente, pela próxima tempestade. -----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Anabela Afonso escreveu a convite de João Fernandes Sobre Anabela Afonso Anabela Afonso é mãe e nasceu em Faro em maio de 1972. Desde cedo tomou contacto com a música, iniciando-se aos 6 anos no acordeão com a acordeonista Eugénia Lima. Frequentou o Conservatório Regional do Algarve entre os 6 e os 15 anos, onde, para além do acordeão teve contacto com a flauta e o piano. A dança foi um amor constante que levou ao contacto, já quando estudava em Lisboa, com as aulas de dança jazz de Bruno Schiappa, e de ballet e barra-chão com Sofia Neuparth. Licenciou-se em Relações Internacionais em 1995. Em 2000 conclui o Curso de Especialização Pós Licenciatura na especialidade de Gestão Cultural, pela Universidade do Algarve em parceria com a Universidade Paris-VII, e em 2013 o Mestrado em Comunicação Cultura e Artes, na variante de Teatro e Intervenção Social e Cultural, também na Universidade do Algarve. Esteve ligada ao projeto do Teatro Municipal de Faro desde o seu início, enquanto Técnica Superior daquele Município, tendo exercido várias funções naquele equipamento, desde assistente de direção, programação, e Direção entre 2010 e 2013. Esteve também ligada ao Museu Municipal de Faro e à Divisão da Cultura, que coordenou entre 2002 e 2004. Em abril de 2016 integrou o júri do projeto “Convite à Criação 2016” da AZUL – Rede de Teatros do Algarve. Foi Chefe de Gabinete do Reitor da Universidade do Algarve, António Branco e é atualmente Comissária do Programa Cultural 365 Algarve.
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