Lugar ao Sul
  • Sobre nós
  • Autores
  • Convidados
  • Personalidade do Ano a Sul
    • Personalidade de 2017
  • Contactos
  • Sobre nós
  • Autores
  • Convidados
  • Personalidade do Ano a Sul
    • Personalidade de 2017
  • Contactos

Bem-vindo

À espera do milagre algarvio

5/6/2020

0 Comments

 
Por Gonçalo Duarte Gomes

Foi ontem publicado pelo Instituto Nacional de Estatística o Índice Sintético de Desenvolvimento Regional ao nível das NUTS III, referente ao ano de 2018 (disponível aqui), um referencial que leva em conta três índices parciais, nomeadamente competitividade, coesão e qualidade ambiental).

Lembrando que hoje se assinala o Dia Mundial do Ambiente, o Algarve tem razões para se orgulhar: é a região portuguesa com pior desempenho no indicador de qualidade ambiental!

Imagem
Qualidade Ambiental - 2018 (Fonte: INE, 2020)
Felizmente, tão honrosa distinção não surge à toa. É que o Algarve surge em 17º lugar (de 25 possíveis) no tal índice sintético de desenvolvimento regional, provando que vale a pena o sacrifício.
Imagem
Índice sintético de desenvolvimento regional - 2018 (Fonte: INE, 2020)
Já na consideração do índice compósito de desenvolvimento regional e dos índices parciais em relação à média nacional, o Algarve inclui-se no grupo 6, que é como quem diz, a Liga dos Últimos, e com desempenhos abaixo da média nacional em todos os indicadores.
Imagem
Índice sintético de desenvolvimento regional e índices parciais de competitividade, de coesão e de qualidade ambiental: situação face à média nacional - 2018 (Fonte: INE, 2020)
O chamado show de bola, e que só prova que tudo está impecável, ou pelo menos estava em 2018. Considerando que, de lá para cá, não houve alterações estruturais significativas no Algarve, podemos, ainda que com reservas até que sejam publicados os índices de 2019, assumir que tudo se mantenha inalterado.

Já se sabe que estes índices são como a arbitragem dos jogos (ainda que aqui os critérios sejam mais objectivos): quando favorecem a nossa fé clubística, não lhes vemos mácula, quando sucede o contrário... bom, aí claramente foi o anti-cristo quem controlou o apito. Não será portanto este cenário que vai estragar o cândido optimismo da fantasia regional do milagre económico do Algarve, em que, comprando uns prémios de turismo e uns artigos numas revistas de referência, "tudo vai pelo melhor no melhor dos mundos possíveis".

Por outro lado, estes índices, ainda que envergonhem o Algarve, não são também um fim em si mesmo. Servem de aviso à navegação. Mas só se quem vai ao leme da região quiser prestar atenção.

Bem a propósito, hoje discute-se a Economia Circular na região, tema que tem merecido o empenho da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, e o labor empenhado de muitas pessoas.

O que será sempre um esforço inglório, enquanto não alterarmos o facto de, no Algarve, as bolas económicas serem quadradas, tema que já foi abordado (aqui).

Continuamos sem saber – e sem querer saber – do ponto da Curva de Hubbert (que representa a extracção acumulada de um recurso não renovável ao longo do tempo) em que nos encontramos relativamente aos recursos do Algarve.

O nosso modelo de turismo continua a perseguir uma rota autofágica, com a sua pornográfica promiscuidade com a construção civil e a especulação imobiliária, recusando-se a reconhecer ou respeitar quaisquer limites ou capacidade de carga – há sempre mais um hotel para construir, uma zona para artificializar para o postal, um troço de costa selvagem para “domesticar”, prostituindo.

Os objectivos, mesmo nos alegados esforços de diversificação económica, continuam a ser o crescimento contínuo e desmesurado, deixando atrás de si pouco mais que terra queimada, através de desordenamento e assimetrias territoriais, maior vulnerabilidade e exposição aos fenómenos extremos potenciados pelo quadro de alterações climáticas – ou, como agora vemos, pandemias – bem como à exaustão dos recursos, por consumo directo ou desequilíbrio e descaracterização da sua matriz. Se lhe juntarmos questões como a pegada ecológica do transporte dos turistas (maioritariamente por via aérea) ou dos consumos de energia e recursos hídricos, entre muitos outros, corremos mesmo o risco de concluir que o Turismo é uma "indústria" linear por definição e impossível de arredondar, por defeito crónico de design.

Por isso mesmo, a menos que quebre o seu paradigma de crescimento até ao infinito e mais além, o melhor a que a região pode aspirar em termos de arredondamento económico será a optimização cosmética de comportamentos individuais. O que não é Economia Circular.

Assim, a aplicação do conceito de economia circular ao modelo territorial do Algarve continua a estar distante.

Este índice espelha isso mesmo.
0 Comments



Leave a Reply.

    Visite-nos no
    Imagem

    Categorias

    All
    Anabela Afonso
    Ana Gonçalves
    André Botelheiro
    Andreia Fidalgo
    Bruno Inácio
    Cristiano Cabrita
    Dália Paulo
    Dinis Faísca
    Filomena Sintra
    Gonçalo Duarte Gomes
    Hugo Barros
    Joana Cabrita Martins
    João Fernandes
    Luísa Salazar
    Luís Coelho
    Patrícia De Jesus Palma
    Paulo Patrocínio Reis
    Pedro Pimpatildeo
    Sara Fernandes
    Sara Luz
    Vanessa Nascimento

    Arquivo

    October 2021
    September 2021
    July 2021
    June 2021
    May 2021
    April 2021
    March 2021
    February 2021
    January 2021
    December 2020
    November 2020
    October 2020
    September 2020
    August 2020
    July 2020
    June 2020
    May 2020
    April 2020
    March 2020
    February 2020
    January 2020
    December 2019
    November 2019
    October 2019
    September 2019
    August 2019
    July 2019
    June 2019
    May 2019
    April 2019
    March 2019
    February 2019
    January 2019
    December 2018
    November 2018
    October 2018
    September 2018
    August 2018
    July 2018
    June 2018
    May 2018
    April 2018
    March 2018
    February 2018
    January 2018
    December 2017
    November 2017
    October 2017
    September 2017
    August 2017
    July 2017
    June 2017
    May 2017
    April 2017
    March 2017
    February 2017
    January 2017
    December 2016
    November 2016
    October 2016
    September 2016

    RSS Feed

    Parceiro
    Imagem
    Proudly powered by 
    Epopeia Brands™ |​ 
    Make It Happen
Powered by Create your own unique website with customizable templates.