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A ARTE EM VIAGEM: POR QUE ESTRADAS?

10/12/2018

4 Comentários

 

Itinerâncias
Por Patrícia de Jesus Palma

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Belíssima a iniciativa da Fundação Calouste Gulbenkian para colocar obras do seu Museu, o Coro e a sua Orquestra em circulação pelo país até 2020 ao abrigo do programa «Gulbenkian Itinerante» (https://gulbenkian.pt/gulbenkian-itinerante/), trazendo à memória a acção fecunda das «bibliotecas itinerantes».

No Algarve, serão os museus de Portimão (8.12.2018-Mar./2019) e de Tavira (23.11.2019-23.2.2020) a acolher obras do Museu Calouste Gulbenkian, durante o período da designada «época baixa».

O que me parece mais interessante nesta iniciativa não é a mudança do espaço expositivo – o que já teria algum interesse –, mas que manteria uma perspectiva «proprietária» das obras artísticas. O que me parece verdadeiramente estimulante e inovador é o especial cuidado em relacionar as obras em itinerância com os contextos e as colecções de acolhimento, produzindo novas narrativas expositivas. Portimão conduz-nos por «Lugares, Paisagens, Viagens» a partir dos textos de Manuel Teixeira Gomes e, em Tavira, «Mares sem Tempo» ligará a contemporaneidade à herança histórico-cultural da região, para celebrar os 500 anos de Tavira-cidade.

Criam-se, deste modo, diálogos originais e sentidos inéditos pela relação de todas as obras em presença e para todas as obras em presença.

Estes circuitos fluídos de circulação cultural, que espero possam intensificar-se em diferentes escalas em prol da consolidação de um território colaborativo e em rede, contrastam, porém, com o mau estado, o anacrónico estado, de múltiplas vias de acesso, como a Estrada Nacional 125 (Vila do Bispo-Vila Real de Santo António) ou a degradada Estrada Nacional 124 (Silves-Porto de Lagos), que pouco contribuem para a mobilidade e itinerância dos públicos, para a segurança, para a coesão do território ou para a fruição de uma viagem que é ela própria quadro vivo e pórtico exuberante dos espaços museológicos acima referidos.

São múltiplas, pois, as temporalidades a que nos conduz a itinerância.

Termino, evocando esse grande protector das artes e – das estradas – que foi D. Francisco Gomes do Avelar, bispo do Algarve (1789-1816), cujo 202.º aniversário da morte se assinala a 16 deste mês, citando as suas Instrucções que deverão observar os inspectores da reparação das estradas:

«Primeiramente devemos todos persuadirnos, que as boas Estradas servem muito para o bem Publico; e por isso todos os Povos civilizados sempre cuidárão, e hoje cuidão, com grande eficacia neste ponto.
Em segundo lugar deve haver sumo cuidado em que as Estradas se fação de modo, que permaneção, para não se perder o trabalho e despesa.
Em terceiro lugar se deve atender a que huma Estrada he huma especie de edificio; e deve ter fundamento solido, paredes bem construidas, pavimento livre de obstaculos; e tambem admitte sua formosura e ornato: e com especialidade lhe dá belleza o ser direita, quanto for possivel.» (subs. meus).
 
Para continuar a leitura deste tão oportuníssimo texto, clique em: http://purl.pt/17465 (Biblioteca Nacional de Portugal).

4 Comentários
Zé Gonçalo
12/12/2018 08:48:24

Olá Patricia.
Apreciei muito este seu trabalho. Fica dois temas que me interessam. D. Francisco Gomes pela reverência que me merece fazer lhe e as estradas, pelo que sempre significaram, como traços de ligação humana mas também pela atualidade quase criminosa das suas múltiplas formas de degradação.
Parabéns.
Obrigado.
Boas Festas

Responder
Patrícia de Jesus Palma
13/12/2018 09:09:56

Caro José Gonçalo,
Muito obrigada pelo seu interesse e pela leitura atenta!
É impossível ficarmos indiferentes a essa "atualidade quase criminosa" como bem diz.
Um grande abraço e votos de Festas Felizes!
Patrícia

Responder
Sandra Martins
13/12/2018 11:13:26

Um texto muito bom e oportuno.

Responder
Patrícia de Jesus Palma
13/12/2018 13:57:46

Cara Sandra, muito obrigada, pelo interesse e leitura! Vivemos, realmente, múltiplos tempos na nossa região e as iniciativas plenamente contemporâneas contrastam com estruturas e serviços obsoletos e decadentes, como são os que dizem respeito à mobilidade.
Grande abraço e votos de Festas Felizes!

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