Por Luís Coelho. 133.4% é o valor mais recente que o Eurostat apurou para o montante da dívida pública nacional medido em percentagem do nosso Produto Interno Bruto (PIB). É um número simplesmente avassalador. De forma simplista, poder-se-á dizer que o mesmo traduz a ideia de que um ano de trabalho em terras Lusas não chega para pagar tudo o que o Estado já pediu emprestado até ao momento; na verdade, neste cenário, seria necessário produzir mais um terço nesse mesmo ano… Bem sei que esta é uma história recorrente nos meus escritos; no entanto, é algo de verdadeiramente crucial para o nosso futuro colectivo. Todas as nossas ambições de viver melhor neste lindo País à beira-mar plantado ficam em cheque por conta da monstruosidade deste singelo número. Lamentavelmente, não ficamos por aqui. Os dados divulgados hoje pelo Eurostat mostram que no terceiro trimestre do ano passado Portugal registou a segunda maior dívida pública entre os estados da União Europeia (UE) - somos batidos unicamente pela Grécia - sendo que a nossa dívida foi das que mais subiu em cadeia e em termos homólogos. Estamos, pois, em forte contra-ciclo com o que se passa no conjunto da zona euro e da UE o que se constitui como uma péssima notícia para o País.
Temo, no entanto, que o pior venha do lado de lá da nossa fronteira. Basta pensar que três dias de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos já mexeram com aspectos fundamentais do mundo em que vivemos (veja-se a questão do médio oriente - Israel vs. Estado Palestino, o romper dos acordos comerciais com vários países, o ataque ao "Obama care", o apagar da versão espanhola da página da presidência e a declaração de guerra feita pela nova administração aos média). Some-se a posição de Theresa May na questão do Brexit, as tensões políticas na França, as quais podem levar a Extrema-Direita ao poder no país da Liberté, Égalité e Fraternité e o que parece ser o fechar do ciclo Merkel na Alemanha, para se perceber que temos o caldo internacional (quase) entornado. Nem tudo são más notícias. António Costa anunciou na semana passada que o deficit em 2016 ficará perto dos 2.3%. As agência de rating parecem não se ter preocupado com o aumento das yields (e do spread face ao custo da dívida alemã) da nossa dívida na semana passada. O nosso Presidente da República revelou na sua entrevista de Domingo à SIC que espera que o crescimento Português em 2017 se cifre perto dos 1.7%, ao mesmo tempo que nos exortava a todos a fazer o melhor que pudermos pelo País. Será que chega? Honestamente não consigo responder. Posso, no entanto, afirmar que agora mais do que nunca é da estrita responsabilidade dos políticos nacionais (e restantes responsáveis) encontrar o denominador comum que permita ao País navegar estas águas conturbadas e mui turbulentas. Os Portugueses não podem nem devem tolerar mais jogos de bastidores, birras políticas e afins. É tempo de pensar no e o País, relegando de formar definitiva as tricas partidárias para o plano que merecem.
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