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Murmúrios, ruídos e livros a Sul…

9/2/2017

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Créditos: Elisabete Rodrigues, Sul Informação, 5.02.2017

Por Dália Paulo

Há imagens que nos marcam e nos mostram quão impotentes somos! Que nos fazem questionar sobre cidadania e o seu exercício ou sobre solidariedade (ou a falta dela). Há momentos em que devemos perguntar: palavras para quê? Ou como dizia António Ramos Rosa num texto de prosa-poesia: “Não é tempo de afirmar nada”. Não quero afirmar nada mas neste apontamento a Sul tinha de passar pela imagem que me levou a estes pensamentos – a fila de centenas de pessoas que se deslocaram ao alfarrabista Simões, em Faro, a fim de gratuitamente levarem livros para casa. É uma cidade que vê as suas livrarias fecharem – Odisseia, Pátio de Letras… - projetos empreendedores, diferenciadores mas com pouco impacto comercial; duas pessoas que ousaram concretizar um sonho tão desejado por alguns e que tanta falta fazem como espaços de encontro, de pensamento, de construção de cidadania, de cumplicidades, de afetividade e onde se encontrava o “tal livro”. Mesmo numa cidade universitária, cada vez mais sólida, estes projetos não vingaram. O nosso muito obrigada ao Luís Guerreiro e à Liliana Palhinha por terem acreditado e por nos terem proporcionado momentos inesquecíveis de beleza, cultura e conhecimento.

Um incauto que passasse na rua do alfarrabista Simões, em Faro, no sábado passado, duvidaria dos resultados do Eurobarómetro de 2013, nomeadamente o relatório Cultural access and participation, que indicavam que 40% dos inquiridos em Portugal não tinham lido um único livro no ano anterior. Estamos perante uma sociedade do espetáculo, do efémero em que os fenómenos mediáticos e consumistas nos entram diariamente pela casa dentro e conseguem mudar hábitos e criar necessidades (des)necessárias. Tenho um desejo que aquelas pessoas possam fruir dos livros que levaram e possam, assim, contaminar mais e mais pessoas para a leitura! E que não seja para os vender a peso para reciclagem; de forma a que não caiamos no que Enrique Vila-Matas, no Dublinesca, chama de “gente com velocidade, mas sem pensamento”.

Voltando um pouco ao tema da lentidão que a belíssima crónica de Lídia Jorge nos trouxe a passada semana e porque acredito que estes fenómenos de alienação, de mediatismo, de consumo se combatem (também) com afetos e com poesia, recordo aqui a publicação “ALGARVE – 12 poetas a Sul do século XXI”. Uma obra organizada por Fernando Esteves Pinto, que é um diálogo de afetos entre 12 poetas do Algarve, aqui nascidos ou que escolheram esta região para viver e escrever e que, certamente, estaria nas estantes que ficaram vazias na Rua do Alportel.

Nesta obra perpassa a importância do lugar na formação do eu – a luz, a geografia, os costumes, as tradições, as pessoas – assim, estes poetas, a Sul, têm, consciente ou inconscientemente, em comum esse lugar: uns por nascimento outros por escolha de afetividade. Este Sul que nas palavras de Nuno Júdice é “Tudo, ali, é simples e complexo: a luz,/ a solidão, o olhar que se comove com o cair/ da noite e o nascer do dia(…)”. A leitura deste livro desvenda-nos precisamente 12 olhares sobre o Mundo, sobre nós, sobre a vida, que nos são transmitidos por cada poeta e que em comum têm, atrever-me-ia a dizer, sobretudo a mesma curiosidade sobre a vida e sobre os seus mistérios: a infância, a casa, a solidão, o vazio, o amor, a beleza, entre outras. Ou como diz Nuno Júdice “mais forte do que tudo é o desejo de viver”!

António Carlos Cortez, na introdução, afirma que “importa-nos o nosso tempo (…) e dar a conhecer o que o Algarve tem de poetas” e acrescenta que é um “livro feito ‘para’ o Algarve, isto é, um livro para que os leitores, no Algarve possam saber que há poetas, e dos maiores da nossa língua”. Acrescento que é um livro que permite ao leitor, em simultâneo, revisitar ou conhecer poetas. É, ainda, um livro que possibilita uma leitura diacrónica da poesia a Sul desde meados da década de 50 (poema mais antigo de Casimiro de Brito “Do poema” de 1959) até aos nossos dias.

Um livro para conhecer (e dar a conhecer) um pouco mais do Sul…  
Boas leituras!


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