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Janelas de esperança num mundo que quer (re)construir muros …

10/11/2016

4 Comentários

 
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Por Dália Paulo
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Começo o apontamento desta semana com uma questão de Gilles Lipovetsky (filósofo que teremos a oportunidade de ouvir em Loulé este mês - 29.11): “Quem se queixará desta suave anestesia para a qual tudo concorre?”. Mas descansem que não vou falar de Trump ou das consequências da sua eleição para o Mundo.
 
Contudo, a eleição de Trump leva-nos a (re)pensar o Mundo tal como o conhecemos e o papel da Cultura, da Educação e da Cidadania num tempo em que a Comunicação Social e a Economia (ou melhor os mercados financeiros) dominam as nossas vidas e “guiam” a nossa perceção do real, criando (tentando criar) um imaginário coletivo. Dão-nos, na maior parte das vezes, “uma história única”, para utilizar uma expressão de Chimamanda Ngozi Adichie e nós, como que anestesiados, concorremos pouco para a construção coletiva da sociedade, questionamos pouco e exigimos menos, como aliás lembrava hoje, no jornal Público, Jorge Almeida Fernandes: “O catastrofismo incita à passividade”.
 
Aqui chegados, a um tempo de mudança, de repensar valores e modelos de sociedade, a Cultura (a par da Educação) tem um papel fundamental na construção do pensamento contemporâneo, na leitura do mundo, numa atitude prospetiva mas, mais do que isso, numa atitude resiliente, promovendo espaços de debate, de questionamento, de inquietação e de perturbação, assim como de possíveis respostas a anseios e medos. Estamos perante um tempo claramente de combate político (e ideológico), de dizer não à indiferença de, através da promoção da cidadania ativa, lutar por um mundo plural, multicultural, justo.
 
E isso, em nosso entender, faz-se do local para o global. Por isso termino com dois exemplos de como há espaço de ação para cada um de nós, para nos juntarmos e, como cidadãos, debater, refletir e propor novas agendas:

 1. Esta semana um grupo de cidadãos farenses convidou para a iniciativa de reflexão “Faro à conversa”; juntaram-se três dezenas de pessoas, de vários quadrantes políticos e ideológicos, em torno de um “Menu” que tinha como objetivo pensar Faro e construir um “corpus” de ideias para o seu futuro. Num modelo participado e colaborativo, todos foram convidados a partilhar sonhos e ideias. Numa primeira leitura percebeu-se que muito do exposto eram ideias consensuais (o que pode mostrar que ainda estamos a falar entre os mesmos) ou sonhos já antigos (o que demonstra que o diagnóstico está feito há muito), mas o que quero partilhar como fator de valorização e diferenciador desta iniciativa é que a mesma nasce de um conjunto de cidadãos que deixaram o seu “confortável” lugar de espetadores e juntaram-se para contribuir para a construção da vida da pólis, como grupo de influência e de pressão junto dos decisores da cidade. Como dizia Michell Foucault, “O meu [nosso] trabalho é construir janelas onde antes só havia paredes”; como esta ideia ganhou novos significados e relevância a partir de ontem! Esperamos que este grupo de cidadãos possa voltar a surpreender-nos com abordagens novas, com atitude e com novas formas de exercer a cidadania, tão necessária para garantir a democracia e a liberdade, valores que amiúde nos esquecemos que não são adquiridos. Que para além da escuta (tão necessária) este grupo consiga influenciar atitudes e escolhas na construção das prioridades para a cidade, construir alternativas e promover novas formas de atuação cívica.

2. Na próxima terça-feira (15/11) vai debater-se, no que é o último debate do ano da Acesso Cultura, o tema “O que é o elitismo na Cultura?” (às 18h30 no Ginásio Clube de Faro). Num país em que numa entrevista recente Maria Filomena Mónica (27.10, Sapo 24) afirmava que não temos elites em Portugal e em que ainda ouvimos com frequência “isso não é para mim”, em que a Educação e a Cultura ainda não conseguiram uma articulação estrutural e duradoura; em que os níveis de participação/fruição cultural são os mais baixos da Europa, debater o elitismo na Cultura é entrar num universo ainda cheio de preconceitos, de inibições, de intolerâncias, de posições que se extremam sem se entreolharem, de falsos pudores. Contudo, é uma discussão muito atual e necessária, confirmada pelo Nobel da Literatura atribuído a Dylan que veio retirar o “elitismo do armário” e acicatar conceitos – cultura popular e cultura erudita. Neste tempo onde a intolerância cresce, debater o “elitismo para todos” (expressão do Irish Arts Council) é uma necessidade.  

Porque como diz o ditado popular “não se pode abraçar o mundo com as duas mãos” mas pode abraçar-se quem está ao nosso lado, fazendo a diferença, este é um apontamento de esperança de que localmente se vá criando lastro e mudando o (nosso) mundo!


4 Comentários
Isabel Lima Araújo
20/11/2016 06:29:08

Belo texto, Dália! Obrigada.
Gostava de saber mais sobre esse grupo de cidadãos de Faro. Talvez aquando de um próximo jantar chez Elisabete? Ou por esta via?
Um abraço...
Isabel

Responder
Isabel Lima Araújo
20/11/2016 06:30:01

Belo texto, Dália!
Obrigada.

Gostava de saber mais sobre esse grupo de cidadãos de Faro. Talvez aquando de um próximo jantar chez Elisabete? Ou por esta via?
Um abraço...
Isabel

Responder
Isabel Lima Araújo
20/11/2016 06:30:26

Belo texto, Dália!
Obrigada.

Gostava de saber mais sobre esse grupo de cidadãos de Faro. Talvez aquando de um próximo jantar chez Elisabete? Ou por esta via?
Um abraço...
Isabel

Responder
Isabel Lima Araújo
20/11/2016 06:30:33

Belo texto, Dália!
Obrigada.

Gostava de saber mais sobre esse grupo de cidadãos de Faro. Talvez aquando de um próximo jantar chez Elisabete? Ou por esta via?
Um abraço...
Isabel

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